No Campus com Helder Coelho

Renovar a educação da universidade

Campus Ciências ULisboa

Não basta um novo curriculum, sempre outras disciplinas, há que interrogar o que ele impõe à arquitetura do curso

Ciências ULisboa

Helder Coelho
Imagem cedida por HC

“A cultura e a sociedade estão a mudar tão rapidamente e a arquitetura é tão lenta quando comparada com a forma como tudo se move hoje em dia...”
Elizabeth Diller, Ipsilon, 9 mar 2018

O mundo está em mudança, por vezes parece desordenada e não sustentável, com cada país puxando pelo seu lado e gritando que está em primeiro lugar. Os factos já não chegam para impor a razão, porque a ansiedade faz explodir frequentemente a análise fina e impecável (Fernandes, 2018).

Alguém gritou lá de fora que precisamos de mais inteligência. E, havia tanto barulho que ninguém escutou. Hoje em dia, ouvimos pouco, talvez menos do que antigamente.

A compreensão do que se passa em nossa volta impõe uma capacidade extra de interpretação, fria quanto baste, objetiva, e uma multitude de pontos de vista. Porquê os ângulos? Sem contraditório não conseguimos observar o todo e cortar a direito para fazer surgir uma verdade. Em geral, há sempre alguém que afirma que tem a verdade, que tem a razão e que vê mais longe do que os outros.

Temos de duvidar, de pensar criticamente, fora da caixa, sem barreiras ou preconceitos, e, sobretudo, olhar para as imagens que captamos ao acaso, como ao passearmos numa cidade, de um lado para o outro. Cada vez mais as imagens nos ajudam a fazer mais sentido ao que pensamos.

E, ao pensar, apanhamos as contradições, e deixamos que elas nos digam que direção tomar.

Se quisermos conhecer agora o que se passa na Ciência da Computação, do ponto de vista científico e tecnológico, devemos consultar, mensalmente, a revista  CACM - Communications of the Association of Computing Machinery, dos EUA.

Os temas são abordados de forma rigorosa e acessível, e submetidos à análise e opinião dos seus leitores (oito secções: Departments, News, Viewpoints, Practice, Contributed Articles, Review Articles, Last Byte, Research Highlights). A simples observação das escolhas dos artigos mostra-nos o que está “mais quente” ou o que interessa mais à comunidade.

Vejamos um exemplo, do número 11, vol. 60, de novembro de 2017, e um artigo de três páginas assinado pelos professores universitários e escoceses, Richard Connor (de Strathclyde), Quintin Cutts (de Glasgow) e July Robertson (de Edinburgh). É sobre a Educação da Computação, desde a escola pré-primária à universitária, e sobre um novo curriculum (http://www.teaches.scot), não só para abordar o mundo natural, como é habitual se fazer, mas também para enfrentar o novo mundo digital, no qual estamos cada vez mais envolvidos. Segundo os três autores, a abordagem profunda da Ciência do computador exige três aspetos que suportam a compreensão dos domínios que podem ser modelados pelos mecanismos computacionais; dos próprios mecanismos computacionais; e como se devem usar os mecanismos computacionais para modelar os aspetos daqueles domínios.

O exercício realizado pelos professores consistiu em pensar bem na educação digital, e a sério, desde o início (três anos) e até ao ensino universitário (17 anos), de forma articulada e coerente.

Na nova universidade, aquela que se renova permanentemente, que se interroga e que repensa as instituições e as convenções do espaço (sim, porque não basta um novo curriculum, sempre outras disciplinas, há que interrogar o que ele impõe à arquitetura do curso) existem várias coisas que importa sublinhar (e não dizer que se deve fazer a interdisciplinaridade, apenas): combinar as coisas que não costumam ser misturadas, juntar partes, contagiar, inocular relações, infetar, e, o que é mais importante, fazer com que os diferentes lados se interessem uns pelos outros. Todas estas coisas exigem interações, discussões, provocações (seguidas de reações) e a rejeição do status quo. Poderíamos afirmar que uma tal renovação é revolucionária, pois não é só verbal (dizer “inter” não é o mesmo que o fazer).  Talvez isto seja aquilo que alguém já chamou “a universidade como deve ser” em movimento (Feijó e Tamen, 2017)

Referências
Fernandes, J. A. Ponto de Vista (70 artigos de política internacional, 2001-2017), Público, Comunicação Social, S. A., 2018.
Feijó, A. M. e Tamen, M. A Universidade como deve ser, Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2017.

Helder Coelho, professor doDepartamento de Informática de Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt

A União Europeia das Geociências atribui anualmente um prémio que reconhece atividade científica de exceção a nível mundial, realizada por cientistas desta área na fase inicial da carreira. Este galardão foi atribuído pela primeira vez a um investigador a trabalhar em Portugal. João Duarte é investigador do Instituto Dom Luiz e do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e recebeu este prémio pelo seu trabalho na área da Geologia Marinha e Tectónica, bem como pela sua atividade na área da divulgação científica. 

Nos próximos cinco anos, Sara Magalhães vai explorar um sistema biológico composto por duas espécies de ácaro-aranha, Tetranychus urticae Tetranychus ludeni, que competem por um alimento - a planta do tomate, no âmbito do projeto “COMPCON - Competição sob construção do nicho”, com início previsto para maio de 2017 e desenvolvido em colaboração com investigadores da Universidade de Montpellier, em França.

Aplicações médicas e industriais a partir de organismos que produzem bioadesivos... Sim, é possível. No âmbito de uma Ação COST, a Rede Europeia de Especialistas em Bioadesão, trabalha para criar novos produtos.

O tempo tem demonstrado ser possível avançar na criação de mais e melhores condições de equidade para os alunos com Necessidades Educativas Especiais. Mas este é um desafio permanente para as instituições de ensino, como também o é para cada um de nós e a cada momento, num permanente processo de implicação pessoal em prol de algo que tanto prezamos: a igualdade de oportunidades.

Num desporto o treino é comum e faz parte de um plano para conseguir os melhores resultados, estimulando as capacidades físicas a superarem os desempenhos. Mas, também se podem treinar as mentes para fazer ciência.

O dia-a-dia de Luis Filipe Lages Martins divide-se entre a atividade de investigação em Metrologia com aplicação na Engenharia Civil e a gestão laboratorial da Unidade de Metrologia Aplicada do LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil. O primeiro estudante a obter o grau de doutor em Engenharia Física pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa nasceu em Lisboa e aos 34 anos acaba de ser distinguido com o Prémio Inovação em Metrologia.

Luís Filipe Lages Martins, bolseiro de pós-doutoramento do LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, é o vencedor da 1.ª edição do Prémio Inovação em Metrologia da Sociedade Portuguesa de Metrologia (SPMet).

Em parceria com a Universidade de Lisboa e outras instituições que lecionam o curso de Química, a Sociedade Portuguesa de Química atribui prémios de mérito aos alunos com melhores resultados alcançados nesta área científica.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O 11.º Dictum et factum é com Aurora Sardinha, assistente técnica do Tec Labs – Centro de Inovação de Ciências.

Já só faltam dois eventos para a digressão Ignite IAstro terminar. Amanhã acontece um deles, na Covilhã, o último irá ocorrer na Guarda, a 3 de dezembro.

Onde estou? Para onde vou? As células do lugar ajudam-nos a cartografar (guiar) as nossas viagens no mundo, e constituem uma espécie de andaime espaço/temporal/cerebral que suporta a memória autobiográfica. Como o cérebro computa? Não é com Java, mas com um outro tipo de linguagem ainda a descobrir. O caminho para a compreensão dos códigos neuronais da cognição está aberto, e o desafio está lançado simultaneamente à Biologia, à Ciência da Computação e à Filosofia.

capa do livro

A banda desenhada "Reportagem Especial - Adaptação às Alterações Climáticas em Portugal" é lançada em Ciências esta segunda-feira, 7 de novembro de 2016, pelas 17h00, no auditório da Fundação da Faculdade, sito edifício C1, piso 3.

A ciência contemporânea enfrenta um conjunto de novos desafios que podem limitar a sua legitimidade, o seu valor e alcance. Estas notas abordam alguns destes riscos tentando apontar possíveis caminhos para os ultrapassar.

O ESPRESSO vai permitir descobrir planetas semelhantes à Terra, estudar a variabilidade das constantes fundamentais da Física e será essencial para complementar os dados da missão espacial PLATO.

Faleceu recentemente, com 95 anos, Ricardo Augusto Quadrado. Foi um professor de Cristalografia e Mineralogia da FCUL, e da Universidade da Madeira, extremamente marcante para quantos tiveram o privilégio de com ele privar. 

“Ainda há muito para fazer”, responde Nuno Araújo, quando questionado quanto ao futuro desta investigação, que dá um passo significativo num dos maiores desafios da Física da Matéria Condensada e que diz respeito ao desenvolvimento de técnicas experimentais, económicas e eficazes, capazes de sintetizar as estruturas desejadas de forma espontânea.

“O mergulho científico não se reduz à Biologia (…). Se estás interessado em fazer mergulho científico, esta é uma ótima oportunidade para dares os primeiros passos”, esta é a mensagem em jeito de convite do Núcleo de Mergulho Científico de Ciências ULisboa para alunos, professores, investigadores e outros funcionários de Ciências.

Os cientistas João C. Duarte, Filipe M. Rosas e Wouter P. Schellart apresentam o novo supercontinente chamado Aurica.

As florestas de Madagáscar estão em risco, mas um estudo publicado online na revista “Biological Conservation” demonstra que as áreas protegidas da ilha estão a ser eficazes no combate à desflorestação.

Pela primeira vez uma cientista portuguesa é a presidente eleita da European Society for the History of Science.

Na Science de 7 de outubro, no vol. 354, issue 6308, Pamela J. Hines explica como o cérebro se constrói, a mobilidade dos neurónios, das zonas onde proliferam para as localizações finais, e revela que qualquer problema que ocorra durante a migração pode afetar o desenvolvimento de uma criança, nos aspetos físicos e comportamentais.

A resistência aos antimicrobianos é um fenómeno inevitável, pelo que a vigilância, prevenção e controlo são fulcrais, mesmo que futuramente se desenvolvam novos antibióticos, pois será apenas uma questão de tempo até que a resistência a estes seja desenvolvida.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O décimo Dictum et factum é com Fernando Lopes, coordenador do Gabinete de Apoio à Investigação da Direção de I&D de Ciências.

Com o objetivo de sensibilizar e preparar para o risco sísmico e melhorar a qualidade de ensino da Sismologia e das Ciências da Terra em Portugal, Susana Custódio, Graça Silveira, Luís Matias e Catarina Matos desenvolveram um estudo sobre a educação para os sismos, adaptado à realidade de Portugal e a diferentes grupos etários e que foi capa de uma das edições deste ano da revista “Seismological Research Letters”.

O projeto RESISTIR coordenado por Ciências e pela Maxdata Software e cofinanciado pelo Portugal 2020 visa criar até abril de 2019 um sistema de informação - inovador, modular, inteligente e adaptável - para apoiar a tomada de decisão clínica no domínio da vigilância epidemiológica, resistência aos antimicrobianos, controlo de infeção e gestão hospitalar.

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