No Campus com Helder Coelho

A ideia de mecanismo

Helder Coelho

Quando falamos de um mecanismo o que queremos dizer de facto? Por exemplo, em Engenharia, queremos referir a disposição (e organização) de uma série de elementos que compõem uma máquina ou artefacto (uma ponte para atravessar um rio), encarregue de alguma força (amplificar um som) ou movimento: traduzir algo em outra coisa. Em Biologia, falamos de algum traço ou aspeto para abordar e explicar os fenómenos, em Filosofia e Sociologia de uma teoria, um conceito ou abstração, e em Medicina de um arranjo de partes encarregues de uma função. Por outro lado, em Bioquímica queremos significar uma interação de drogas visando um certo efeito. Em geral, há uma causalidade (das causas ou das influências para os efeitos ou ações) envolvida com vários processos e a ocorrência de consequências que são esperadas.

Os prémios Nobel da Química 2015 e 2016 são bons exemplos do recurso a mecanismos. No primeiro caso, trata-se da reparação (e preservação) do ADN,  descobertos por Tomas Lindahl, Azis Sancar e Paul Modrich, ou seja, de uma caixa de ferramentas celular capaz de monitorizar e reparar erros de cópia do ADN, eventualmente capaz de fazer novos tratamentos contra o cancro. No segundo caso, Jean-Pierre Sauvage, Fraser Stoddart e Bernard Feringa desenvolveram máquinas moleculares (elástico, elevador, carro), uma espécie de robôs aptos a viajar até às células cancerosas para administrar remédios que as matem e curem o hospedeiro.

O Nobel da Medicina de 2016, atribuído a Yoshinori Ohsumi, recaiu também sobre o lado canibal das células (mecanismos da autofagia), um processo celular que dá origem à degradação (e reciclagem) de componentes da própria célula, importante na adaptação à fome ou na resposta a infeções (sistema de defesa). A autofagia é controlada por várias proteínas e cada uma delas regula uma fase distinta do processo. A degradação das células pode ter um efeito negativo, no crescimento de células cancerosas, e também em outras doenças como o diabetes do tipo 2 e o Parkinson. A compreensão da regulação da autofagia pode levar ao desenvolvimento de estratégias de tratamento de doenças e de fármacos. Por exemplo, através da indução da autofagia, as moléculas podem levar à diminuição das células tumorais.

Nas Ciências Sociais podemos também identificar os mecanismos de comportamento social, como a disposição espacial dos lobos quando vão de um lado para o outro (forma e ordem em fila indiana), a organização dos rebanhos (cardumes, manadas, bandos) de animais (os corvos em pequenos grupos) ou das multidões de pessoas (em atos de protesto), de contágio, ou ainda visando a ordem social construída sobre as relações pessoais (poder, ligações familiares, de amizade, e de amor e ódio). Por exemplo, nos conflitos sociais podemos encontrar a agressão e a violência (geradas pelo ódio e raiva), e recorrer a mecanismos  para as inibir (deixar de fazer), como a detenção via prisões (o controle temporal da atividade), o redirecionar para outro espaço e durante algum tempo, ou a observação/vigilância graças a mecanismos de agregação em grupos ou de classificação (processo encarregue de transformar factos físicos em entidades mentais) em tipos.

Os comportamentos dos indivíduos são ditados mais pela inteligência (razão, cultura, instinto) e menos pela moralidade. Numa demonstração ou manifestação (disposição política) sobre quem é o responsável por conduzir os protestos: um líder, a injustiça, a mágoa ou a raiva - Quem controla a agressão: o instinto ou a inibição?

Pode-se recorrer ao instinto (medo, ansiedade, frustração, depressão, solidão, culpa) dos indivíduos (tendência herdada de um organismo para dar uma resposta aos estímulos do ambiente envolvente, sem necessidade de recorrer ao pensamento analítico), à sua inteligência emocional, ou ainda a mecanismos de sobrevivência inata para reforçar a paz social ou reconduzir as vontades.

Como estudar as sociedades e os seus comportamentos? Olhando para as relações entre coisas, entre os homens e as coisas, ou entre homem e homem? Olhando para as ações dos homens, dos seus pensamentos, para a dinâmica das opiniões subjetivas ou para os factos objetivos? Recorrendo à simulação (modelos) social ou aos inquéritos (de pessoas) e à estatística?

Tomar conta do tempo, para o controlar ou observar a sua passagem, pode ser alcançado por um mecanismo neuronal, que envolve a representação, a medida e a tomada de decisão, e é conseguido pelo cérebro, o qual encarrega-se também de guiar o comportamento e de aprender a partir das consequências. No caso das ações terem resultados com êxito é o cérebro que assume a gestão do comando via o controle do eu. O comportamento envolve o pensamento (raciocínio) e os sentimentos (instinto, regras de contexto), e uma série de outros mecanismos, como a intervenção, a inibição, o ataque, a compensação, a identificação, a reação, a regressão, o desfazer, etc..

Helder Coelho, professor do Departamento de Informática de Ciências
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt

“O que realmente me aqueceu o coração foi o facto de que, depois da apresentação, algumas pessoas dedicaram tempo a dirigirem-se a mim para discutir o tema em mais profundidade, explicar-me os seus pontos de vista e opiniões”, declara Helena Calhau, aluna do 2.º ano da licenciatura em Física.

Ao serviço de quem está a ciência e a tecnologia? Devemos ter medo das suas utilizações? Há mesmo o perigo de uma superinteligência fazer-nos mal? Em 2014 e 2015, um conjunto de personalidades pôs em causa o controlo (ou a sua falta) da disciplina da Inteligência Artificial (IA) e abriu o debate com os temas da superinteligência e do domínio dos humanos por máquinas mais inteligentes. Graças a Elan Musk, Bill Gates, Stephen Hawking, Nick Bostrom e Noam Chomsky podemos estar mais descansados com o alerta (na singularidade defende-se que a Inteligência Artificial ultrapassará a humana para criar uma IA geral ou forte), mas mesmo assim cuidado.

“Sempre achei as áreas da educação e comunicação bastante interessantes, sonho desde jovem em incorporar um pouco destas duas áreas na minha carreira científica”, declara Hugo Bettencourt, aluno do mestrado integrado em Engenharia Biomédica e Biofísica.

“O Malcolm Love é uma pessoa incrível e ensinou-nos muitas coisas, desde como agir numa entrevista, como contar uma história de forma fascinante, como controlar o nervosismo e principalmente como cativar o público quando falamos”, conta Andreia Maia, aluna do mestrado em Biologia Molecular e Genética, finalista do concurso FameLab Portugal.

A que cheira a sardinha? Cheira bem, cheira a Portugal. Na próxima quinta-feira, 18 de maio, junte-se a Miguel Santos e a Susana Garrido, dois investigadores do IPMA envolvidos no processo de avaliação do estado dos recursos da pesca em águas nacionais e internacionais para mais uma sessão de 60 Minutos de Ciência, desta vez no Edifício Caleidoscópio.

Cristina Branquinho e Paula Matos propõem utilização dos líquenes como um novo indicador ecológico global.

Mais de mil alunos do ensino secundário visitaram o campus de Ciências no dia 3 de maio.

Assunção Bispo

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de maio é com Assunção Bispo, assistente técnica do Departamento de História e Filosofia das Ciências.

Andreia Maia, Helena Calhau, Hugo Bettencourt e Rúben Oliveira são os alunos de Ciências que apresentam assuntos científicos de forma simples e descomplicada em três minutos, na edição 2017 do FameLab Portugal.

Pela 13ª vez, realizou-se em Ciências a fase de semifinal das Olimpíadas de Química Júnior. 67 alunos dos 8.º e 9.º anos conheceram a Faculdade, o Departamento de Química e Bioquímica e testaram conhecimentos de Química, em provas escritas e experimentais.

A 8.ª edição da feira anual de emprego de Ciências aconteceu em abril. Esclarecimento de dúvidas através do contacto pessoal com empresas, workshops, treino de entrevistas de emprego e análises de currículos foram algumas das atividades que marcaram os dois dias.

“Alargar horizontes, mudar atitudes” é o lema do “Girls in ICT @CienciasULisboa” que acontece este sábado, dia 6 de maio de 2017, em Ciências.

A pergunta “Pode uma máquina pensar?” abre a busca por agentes inteligentes capazes de interatuarem com os seres humanos através de linguagens (a proposta do jogo de imitação como teste de inteligência), e sobretudo de serem autónomos em ambientes sofisticados.

Realiza-se este mês a 7th International Conference on Risk Analysis, em Chicago. Nela, a professora de Ciências Maria Ivette Gomes é homenageada pelo seu trabalho na área da Análise de Risco.

Faltam poucos dias para o Dia Aberto. A Faculdade volta a abrir portas aos alunos do ensino secundário no próximo dia 3 de maio.

Nos dias 27 e 28 de abril de 2017 realiza-se a 8.ª edição da feira anual de emprego da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

sistema ótico

A componente tecnológica do espectrógrafo ESPRESSO que irá conduzir a luz dos telescópios do VLT para o instrumento, o coudé train, a ser instalado no ESO, é feita por uma equipa portuguesa da qual fazem parte professores e investigadores de Ciências. Neste artigo, fique a conhecer o trabalho realizado pelo grupo.

No mesmo espaço, associações de voluntariado, voluntários e estudantes de Ciências com interesse na disciplina de Voluntariado Curricular reuniram-se. O objetivo foi dar a conhecer o trabalho feito na disciplina de Voluntariado Curricular, através da partilha de histórias e experiências.

O Núcleo de Física e Engenharia Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa foi fundado no dia 19 de maio de 2016, curiosamente no dia do Físico, com o intuito de representar os estudantes de Física e Engenharia Física.Uma das atividades organizadas com o intuito de alargar a perspetiva profissional destes alunos foi a Conferência Física Fora da Academia.

A distribuição geográfica atual dos tojos do género Stauracanthus - arbustos espinhosos que ocorrem nas dunas interiores das praias portuguesas - deve-se a acontecimentos geológicos de grande escala ocorridos no Mar Mediterrâneo há cerca de cinco milhões de anos.

O planeta Terra está em constante mudança. Pegue em qualquer livro de Geologia e uma das primeiras frases que vai encontrar será esta ou uma muito parecida. Se continuar a ler, ficará a saber que a Terra tem mais de 4500 milhões de anos e que nem sempre foi como a conhecemos. Antes, existiam supercontinentes rodeados por vastos oceanos que, ao longo de milhões de anos, se fragmentaram e relocalizaram dando forma aos seis continentes e cinco oceanos que compõem atualmente o planeta azul.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de abril é com Ana Pereira, técnica superior do Gabinete de Empregabilidade da Área de Mobilidade e de Apoio ao Aluno de Ciências.

O dryVHP venceu o prémio Inovação Ageas – Novo Mundo. Construir aparelhos de esterilização mais rápidos e eficazes, ou aparelhos de esterilização portáteis e não elétricos para missões humanitárias é o objetivo deste projeto, desenvolvido em Ciências.

“Estes programas de bolsas e estímulos são muito importantes para os alunos que, como eu, ambicionam tornar-se investigadores”, declara o aluno de Ciências, um dos vencedores da edição 2016/2017 do prémio Novos Talentos em Matemática, da Fundação Calouste Gulbenkian.

O programa CSA (community supported agriculture) refere-se a uma comunidade de produtores e consumidores que partilham os benefícios e os riscos da produção numa inspiradora experiência de responsabilidade conjunta em torno do alimento. 

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