No Campus com Helder Coelho

Ensinar e aprender a enfrentar a complexidade com a tecnologia

Ciências

Helder Coelho

“A minha perspetiva é a dos homens do Renascimento,
capazes de olhar o todo... A fachada não é indiferente
ao interior: é de fora que se pode olhar para dentro.”
Dario Fo

Em 2007, graças à colaboração entre a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e o ISCTE, foi lançado o curso de doutoramento em Ciências da Complexidade para as organizações, no âmbito de um esforço (multi, trans e) interdisciplinar do Instituto da Ciência da Complexidade (ICC), uma instituição que agrupa vários cientistas portugueses, de diversas universidades nacionais (responsável pela "Arrábida Workshop on Complexity", que se realizou de 2000 a 2016, no Convento da Arrábida).

Agora, no ano letivo de 2017/2018, foi possível abrir aquele curso (em Inglês), via Internet e online, e a nível mundial, garantindo que os alunos com dificuldades em assistirem presencialmente às edições anteriores (incluindo os de Portugal) pudessem se envolver e trabalhar, com o apoio de professores nesta área.

Nos últimos anos, a UNESCO financiou o projeto internacional - "Complex Systems Digital Campus (UniTwin)" - recorrendo a uma plataforma de e-Meeting, e esse exercício mostrou o caminho certo (alternativo aos massive open online courses ou MOOC) para esta nova experiência pedagógica da informática na educação. Quer isto dizer que a tecnologia, quando bem explorada, pode ser mesmo benéfica.

Atravessamos atualmente, a nível mundial, a era do improvável e imprevisível, onde a volatilidade, a mudança, a incerteza, o aleatório, a complexidade, ou a fragilidade (resiliência) são vulgares e onde nada se perde, e tudo se transforma. É preciso, para resolvermos os problemas que nos envolvem, sermos flexíveis e capazes de engendrar novos olhares e aproximações. Ou seja, ousar fazer o impossível.

O espaço da educação exige sempre novas formas de enlace, sem perder a esperança que a motivação e a vontade empurram qualquer humano a construir pontes para o que era difícil de atingir e atalhos para tocar no futuro. Todos queremos saber mais, e cada conhecimento que dominamos permite irmos sempre mais longe, mas é necessário um trabalho paciente se quisermos passar da informação ao saber. Os prémios Nobel (da Medicina, Física e Química), de 2017, são disso um bom exemplo.

As universidades têm de se abrir, e serem também acessíveis online, aos que querem aprender e experimentar (nos LabFab). Ainda não é possível decidir se o ensino à distância é eficiente (pois tem um aproveitamento fraco), e, mesmo no caso dos MOOC, a mistura de opções, de técnicas ou de tecnologias é correntemente um terreno para testar ideias. Estamos bem longe de ter certezas do que é melhor ou correto, e mesmo o ensino normal e presencial tem presentemente um ponto fraco, as faltas, que é a desistência de muitos alunos, sem qualquer motivação, para certas disciplinas. A disponibilidade dos slides, no Moodle, não funciona com deveria ser: uma ajuda para os alunos prepararem a nova aula e registarem perguntas para fazerem ao professor. O seu uso como material principal de estudo (em vez de um livro) é prejudicial, insuficiente e enganador para os alunos (usar os textos que foram concebidos para lembrar o professor).

O trabalho na aula, desejável pelos professores, é muitas vezes boicotado pelos alunos presentes, desatentos e desinteressados. Muitos deles não prepararam a próxima aula para fazerem as perguntas sobre as suas dúvidas, nem estudam as matérias que foram abordadas anteriormente. Cai-se assim frequentemente em discursos monocórdicos do professor, por falta de interrupções para a interrogação, a discussão e a controvérsia pelos estudantes.

O ensino universitário em Portugal é, muitas vezes, perturbado por maus hábitos, que vêm já de trás (ensinos primário e secundário). E, existe falta de vontade em os alterar e corrigir, ou em os contestar. A frequência das bibliotecas é fraca, os livros pouco usados, e o trabalho duro adiado, sobretudo, para a época dos exames (Feijó e Tamen, 2017).

Esquece-se muito o “espírito de universidade”, nomeadamente a ideia de um estudante ativo e interveniente, capaz de se mobilizar por causas, de descobrir o conhecimento, de compreender as teorias, as técnicas, os princípios, ou mesmo a história da formação do conhecimento. Quando se deram passos gigantes? Que inovações contam mais? Que ligações/articulações foram úteis para resolver os impasses? As questões são sempre interessantes para obtermos respostas, sobretudo na busca dos objetivos.

Referências:
Feijó, A. M. e Tamen, M. A Universidade como deve ser, Fundação F. M. dos Santos, Ensaios da Fundação nº 77, 2017.
Queiró, J. F. O Ensino Superior em Portugal, Fundação F. M. dos Santos, Ensaios da Fundação nº 78, 2017.

Helder Coelho, professor do Departamento de Informática de Ciências
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“OS Diversity for Intrusion Tolerance: Myth or Reality?”, com coautoria de três investigadores da Ciências ULisboa, é um dos artigos distinguidos com o prémio Test-of-Time, atribuído em junho de 2021 pela DSN.

Logotipo da iniciativa - banner promocional

Entre 12 e 17 de outubro de 2021 realiza-se a primeira edição do FIC.A - Festival Internacional de Ciência, no Palácio e Jardins do Marquês de Pombal, em Oeiras. Ciências ULisboa está representada neste evento com dezenas de atividades.

logotipo das comemorações do centenário da licenciatura em engenharia geográfica/geoespacial

Este ano assinala-se o centenário da criação da licenciatura em Engenharia Geográfica/Geoespacial. Para comemorar a efeméride realiza-se a 22 de outubro de 2021, pelas 15h00, no grande auditório da Ciências ULisboa, uma Sessão Solene Comemorativa, organizada pela Faculdade em parceria com a Ordem dos Engenheiros.

Lagoa nos Açores

Um estudo multidisciplinar, da autoria de vários cientistas europeus e norte-americanos, reconstrói as condições em que os Açores foram habitados pela primeira vez e o impacto da presença humana nos ecossistemas.

mapas e dispositivos moveis

"A informação geográfica contextualiza um povo, uma comunidade ou um indivíduo no espaço que o envolve", escreve Cristina Catita, professora do DEGGE Ciências ULisboa, por ocasião das comemorações do centenário do curso de Engenharia Geográfica/Geoespacial.

banda desenhada

“O jogo das alterações climáticas” é o novo livro da autoria de Bruno Pinto (argumento), Quico Nogueira (desenho) e Nuno Duarte (cor). O lançamento do livro vai ter lugar na Ciências ULisboa, já no próximo dia 7 de outubro.

Logotipo Radar

Décima oitava rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade. A empresa em destaque é a Sowé.

"É mais uma vez com uma enorme alegria que constatamos que Ciências ULisboa foi reconhecida como faculdade de excelência, sendo escolhida por mais de nove centenas de alunos na 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso (CNA) ao ensino superior", escreve Pedro Almeida, subdiretor da Faculdade.

trevo

Todos os dias são bons para serendipidades. Todos os dias também são bons para ocasiões previstas e que produzem factos.

Clara Grilo

Clara Grilo é bióloga e tem desenvolvido estudos sobre o impacto das estradas na fauna silvestre, nomeadamente na abundância relativa, comportamento, mortalidade por atropelamento e risco de extinção em aves e mamíferos. É investigadora no CESAM Ciências ULisboa, mas também é uma alumna da Faculdade. Fique a par de como foi estudar nesta faculdade e o que a levou a ir para o estrangeiro.

Um lince Ibérico sub-adulto

Mais de 120 espécies de mamíferos terrestres são particularmente vulneráveis à mortalidade por atropelamento e várias populações podem extinguir-se em 50 anos se persistirem os níveis de atropelamentos observados. A declaração é de Clara Grilo, investigadora do CESAM Ciências ULisboa, que lidera a investigação e que resultou na publicação de um artigo na prestigiada revista científica Global Ecology and Biogeography.

A missão Sentinel marca uma nova era na observação da Terra com o Copernicus

"A deteção remota veio revolucionar a forma de observação da Terra (...) desde as câmaras acopladas a aviões (...) aos mais variados sensores a bordo dos diversos satélites que orbitam a Terra, estes equipamentos têm permitido a aquisição sistemática de grandes volumes de imagens da superfície terrestre, possibilitando a sua monitorização a um nível global, regional e local de modo a uma gestão mais sustentável", escreve Ana Cristina Navarro Ferreira, professora do DEGGE Ciências ULisboa, por ocasião das comemorações do centenário do curso de Engenharia Geográfica/Geoespacial.

Estrutura molecular do óxido aniónico [Mo7O24]<sup>6-</sup>, cuja dissolução apresenta propriedades oncocidas

Investigação conjunta entre o BioISI Ciências ULisboa, a CIC NanoGUNE e a Universidade de Glasgow permite um avanço no conhecimento sobre quimioterapias com óxidos de molibdénio e realça as nuances pelas quais os sucessivos equilíbrios de pH controlam a ação oncocida aparente do {Mo7}.

Cratera inativa em Cabo Verde

António Morais Romão Serralheiro, professor catedrático jubilado da Ciências ULisboas, faleceu no passado dia 25 de agosto. A Faculdade apresenta as sinceras e sentidas condolências aos seus familiares, amigos e colegas. Leia a homenagem de um dos seus antigos alunos, atualmente professor e investigador da Faculdade, José Madeira.

Ricardo Simões no laboratório

Ricardo Simões, antigo aluno da Ciências ULisboa e investigador pós-doutorado do Centro de Química Estrutural da ULisboa, é um dos vencedores do Prémio Franzosini 2020, e o primeiro cientista português a receber este galardão internacional, que devido à situação pandémica foi entregue este verão.

Aula Magna

Os Prémios Científicos ULisboa/ CGD 2020 existem desde 2016. Até 2020 já foram concedidos 83 prémios e 87 menções honrosas a cientistas da Universidade. Desses, 14 prémios e 16 menções honrosas foram entregues a cientistas da Ciências ULisboa. Este ano na Faculdade estão de parabéns oito personalidades.

Dunas Monte Gordo

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e a Ciências ULisboa assinaram recentemente um contrato de cooperação para desenvolvimento de viveiros de espécies dunares.

Quatro cenários diferentes para a formação do próximo supercontinente

Como será o clima da Terra quando o próximo supercontinente se formar? Ana Pires, comunicadora de ciência do IDL Ciências ULisboa, escreve sobre a nova publicação que tem em conta o impacto da tectónica de placas, da rotação do planeta e da radiação solar no clima futuro da Terra. Este novo trabalho publicado na revista Geochemistry, Geophysics, Geosystems da American Geophysical Union é da autoria dos cientistas Michael Way, Hannah Davies, João C. Duarte e Mattias Green.

Uma aplicação mais recente da fotogrametria é a robótica com base em câmaras estéreo, usada em veículos autónomos terrestres e espaciais, como é o caso do Perseverance

"Não é de mais dizer, que hoje em dia, a fotogrametria é indispensável na cartografia da Terra e que leva a Engenharia Geoespacial até à superfície de Marte", escreve Paula Redweik, professora do DEGGE Ciências ULisboa, por ocasião das comemorações do centenário do curso de Engenharia Geográfica/Geoespacial.

Mulher a escrever num quadro e homem ao lado

"A comunicação tem múltiplas funções num organismo. Uma boa prática, por exemplo, passa por acautelar a reputação dessa estrutura, e para que tal aconteça quem trabalha numa organização deve conhecer esse organismo, nomeadamente a sua missão, visão e lema; e o conjunto de pessoas que constituem esse grupo de trabalho", escreve Ana Subtil Simões, editora da Newsletter de Ciências.

Cumprimento entre Bernardo Duarte e o Reitor da ULisboa

A 26 de julho comemorou-se o Dia da ULisboa. A sessão decorreu na Aula Magna, e contou com a Cerimónia de Entrega de Prémios Científicos ULisboa/CGD das edições de 2019 e 2020. Num conjunto de 18 prémios e 23 menções honrosas, nesta edição de 2020, foram atribuídos quatro prémios e quatro menções honrosas a docentes e investigadores da Ciências ULisboa.

Trabalho a decorrer no âmbito da campanha oceanográfica EMSO-PT Leg 1

O Instituto Dom Luiz (IDL) da Ciências ULisboa é responsável pelo desenvolvimento e construção de estações sísmicas de fundo oceânico (OBS).

A aluna está a centrifugar amostras de ácidos nucleicos no âmbito do fluxograma experimental da atividade de sequenciação.

Mónica Vieira Cunha, professora do Departamento de Biologia Vegetal da Ciências ULisboa, investigadora do cE3c e coordenadora científica do projeto COVIDETECT, foi uma das oradoras da sessão “COVIDETECT – Deteção e quantificação de SARS-CoV-2 em águas residuais, como alerta precoce para a disseminação do vírus na comunidade”, organizada pela Águas do Norte, em formato online, no passado dia 13 de julho.

Mão a segurar num telemóvel com o google maps em fundo

Mais uma crónica por ocasião das comemorações do centenário do curso de Engenharia Geográfica/Geoespacial, desta vez da autoria de Ana Cristina Navarro Ferreira, professora do DEGGE Ciências ULisboa.

Jorge Relvas

Jorge Relvas, professor do Departamento de Geologia da Ciências ULisboa e investigador do Instituto Dom Luiz, é o primeiro português a ser distinguido com a medalha da Society for Geology Applied to Mineral Deposits.

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