“O Círculo dos Saberes”

Entrevista com... Olga Pombo

Professora Olga Pombo, autora do livro "O Círculo dos Saberes"
Cedida por Olga Pombo

"Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos, um catálogo de estilos, onde tudo pode ser constantemente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis”
Italo Calvino, “Lezioni Americane - Sei Proposte per il Prossimo Millennio”

Se numa frase fosse possível ilustrar a essência e atitude perante a vida da professora Olga Pombo, esta seria a indicada. Movida pela busca incessante da riqueza do saber, Olga Pombo, doutorada em História e Filosofia da Educação pela FCUL, é docente da Secção Autónoma de História e Filosofia das Ciências na Faculdade e coordenadora de uma das unidades de investigação que a assiste, Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa (CFCUL).

A docente da FCUL distingue-se ainda por ser autora de dez livros e editora de outros 17, tendo associado ao seu currículo académico e científico um vastíssimo leque de publicações. E porque para Olga Pombo “o tempo é inexorável”, este mês (29 de outubro), prepara-se para lançar a sua mais recente obra – “Círculo dos Saberes”. Um livro inspirado em Leibniz cujo desenvolvimento se baseia na máxima de que o “círculo é a figura por excelência da unidade do conhecimento”.
Fique a conhecer os pormenores da obra bem como da apresentação oficial que irá marcar o seu lançamento na entrevista com a autora.
 

FCUL - Como surgiu a ideia de criar esta obra intitulada de “O Círculo dos Saberes”?

Olga Pombo (OP) - Este livro surge no cruzamento e no desenvolvimento de duas investigações anteriores. Por um lado, o trabalho que realizei no âmbito de um projeto da Fundação para a Ciência e Tecnologia (1999-2002), intitulado Enciclopédia e Hipertexto. Um dos resultados desse projeto foi a edição de um livro com o mesmo título, no qual publiquei três estudos sobre a história do enciclopedismo desde a Antiguidade Clássica até ao século XX. Esses estudos foram agora retomados e completados com um longo trabalho sobre o enciclopedismo filosófico (de Ramon Lull a Neurath, passando por Bacon, Leibniz, o enciclopedismo positivista e romântico); Por outro lado, uma investigação muito ampla que venho realizando desde a minha tese de doutoramento sobre um tema clássico da filosofia do conhecimento científico: o projeto da unidade da ciência, trabalho esse que desenvolvi no livroUnidade da Ciência. Programas, Figuras e Metáforas”, recentemente reeditado pela editora Gradiva (2011) em associação com o CFCUL.

FCUL - Porquê o título “Círculo dos Saberes”?

OP - Antes de mais porque este livro persegue a hipótese de um efetivo reenvio da enciclopédia à sua etimologia como círculo dos saberes. Mas também porque me parece que a rede hipertextual que nos rodeia, por mais aberta e descentrada que seja, por mais instável e inacabada, por mais complexa e nunca inteiramente atualizável que possa ser, não escapa ao sortilégio do círculo, ao seu infinito rodopio, à sua força geradora, à sua vontade de verdade, harmonia e perfeição. Penso que a imagem da capa é eloquente. Da autoria de Andreas Kaberle: Processing Flickr Group, de 2007, ela foi retirada do livro de Manuel Lima (2008), “Visual Complexity. Mapping Patterns of Information.

Ela mostra com grande clareza de que modo a complexidade acaba por remeter para a figura do círculo. Por outras palavras, estou convencida que a imagem do círculo constitui um arquétipo, uma determinação conceptual prévia a toda a investigação. Ele é uma entidade transcendental reificada que pensa antes mesmo de nós começarmos a pensar.


Fonte: Cedida por Olga Pombo
Legenda: "Este livro persegue a hipótese de um efetivo reenvio da enciclopédia à sua etimologia como círculo dos saberes", explicou a autora Olga Pombo

FCUL - A que público se destina?

OP - Filósofos, historiadores, investigadores de todas as áreas científicas, mas também informáticos, webdesigners, especialistas em teoria dos media, em visualização da informação.

FCUL - O que pode o público encontrar nela?

OP- Uma leitura que atravessa o tempo e que, sem deixar de ser erudita, está muito atenta ao mundo que nos é dado viver.

FCUL - Que importância julga ter para o leitor que a irá receber?

OP - Gostaria que este livro mostrasse à exaustão que o novo se tece com o antigo, que aquilo que não inventámos ainda já está anunciado desde os gregos, que a rede aberta e descentrada que hoje nos cerca e constitui (estou a falar da Internet e da WWW), tem a sua matriz na ideia de enciclopédia, isto é, reenvia a um círculo que honra a nossa inteligência e o nosso sentido da beleza.

FCUL - Há algum momento/passagem que gostaria de destacar na obra? Qual?

OP - Talvez o facto de este livro se inscrever no trabalho sobre Leibniz que venho realizando há quase trinta anos. Leibniz é a grande inspiração e a figura tutelar deste livro. Ele está por toda a parte. Foi Leibniz quem pensou de forma mais profunda e radical o projecto de estruturação sistemática dos conhecimentos humanos. Foi Leibniz quem mais se bateu por uma heurística combinatória e, juntamente com Neurath, foi Leibniz quem melhor compreendeu a articulação entre enciclopédia e unidade da ciência. Gostaria ainda de sublinhar que este livro é também uma homenagem que presto à memória do professor Fernando Gil, ele mesmo um grande estudioso do projeto da enciclopédia.

FCUL - Shahid Rahman, professor da Universidade de Lille III, irá apresentar o livro. A que se deve o convite?

OP - Convidei o professor Shahid Rahman porque ele é um grande especialista sobre o modelo enciclopedista da Unidade da Ciência, diretor de uma prestigiada coleção na editora Springer intitulada “Logic Epistemology and the Unity of Science”. Foi nessa coleção que editei recentemente dois livros, juntamente com outros autores: “Otto Neurath and the Unity of Science, e “Special Sciences and the Unity of Science”.

FCUL - Esta sessão insere-se no “International Symposium of Epistemology, Logic and Language (ISELL2012)” que vai ter lugar, na FCUL, nos próximos dias 29 a 31 de outubro. Porque razão?

OP - Por uma feliz coincidência que me permite aproveitar a estadia em Portugal do professor Rahmann enquanto invited speaker do ISELL2012 e fazer a apresentação do livro no contexto de um colóquio que trabalha os grandes temas da Lógica Universal e da Filosofia da Ciência.

FCUL - Já há previsão para a realização de trabalhos futuros?

OP - Tenho quase pronto um livro em que reúno a minha lição de agregação – “Tarefas da Epistemologia e Filosofia da Ciência para o Século XXI” - e um conjunto de conferências que tenho vindo a fazer e cujo conjunto, subitamente, descubro fazer algum sentido.

Além disso, estou a terminar a coleção “A imagem na Ciência e na Arte” que dirijo na editora Fim de Século. Já estão publicados sete volumes. Dois devem sair ainda este ano e, no ano de 2013, espero que sejam publicados os restantes. Ao todo 12 volumes dos quais oito foram editados por mim.

Depois, tenho há muito tempo dois livros quase prontos que gostaria de acabar com brevidade. Só lhes falta o quase. Um é sobre Rousseau. Comecei a escrevê-lo há mais de 20 anos. O outro é sobre o “Protagoras” de Platão. Inclui um conjunto de estudos e um CD-ROM com uma versão do diálogo em hipertexto, um trabalho que, em determinada altura, contou com a colaboração de diversas turmas de alunos. São dois livros sobre paixões muito antigas. Estão prontos. Só falta despedir-me deles.

Até este momento tenho publicado mais de 100 títulos, mais exactamente, 150, sou autora de dez livros editora de outros 17. Depois disso, veremos. O tempo é inexorável.

Raquel Póvoas, Gabinete de Comunicação, Imagem e Cultura da FCUL
info.ciencias@fc.ul.pt

João Carlos Marques, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra é o novo diretor do MARE, sucedendo no cargo Henrique Cabral, professor do Departamento de Biologia Animal de Ciências.

A iniciativa possibilita aos estudantes a recolha de informação sobre diversas áreas do saber das 18 escolas da Universidade de Lisboa.

Ciências presta homenagem a Dmitri Ivanovich Mendeleev a 8 de fevereiro de 2018, data em que se assinala o 184º aniversário do seu nascimento. Nesse dia, 118 alunos do 9.º ano do Colégio de Santa Doroteia, em Lisboa, visitam a tabela periódica existente neste campus universitário.

O artigo “The Little Ice Age in Iberian mountains” publicado em fevereiro de 2018 na Earth-Science Reviews caracteriza com maior precisão o último grande evento frio do hemisfério norte, de acordo com comunicado de imprensa emitido esta quinta-feira.
A Little Ice Age (LIA) ou a Pequena Idade do Gelo ocorreu aproximadamente entre 1300 e 1850 e afetou as comunidades dos Pirenéus. Os resultados desta investigação está a ter algum impacto em Espanha.

Pormenor da capa do livro

“Ao contrário do que aparentava no início deste projeto, foi relativamente fácil dar um ritmo de arte sequencial (banda desenhada) ao argumento.

A 2.ª edição do mestrado em Gestão e Governança Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto (FCUAN) deverá arrancar no último trimestre do ano letivo 2018/2019 e contará novamente com o apoio de Ciências. Na 1.ª edição 16 estudantes concluíram com sucesso os programas de estudo.

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Quando João Graça Gomes iniciou o estágio “Cenarização Sistema Elétrico 100 % Renovável em 2040”, com a duração de um ano, no Departamento Técnico da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), sob a orientação de José Medeiros Pinto, engenheiro e secretário-geral daquela associação, quis “dar o melhor e mostrar a qualidade do ensino de engenharia na FCUL”. O ano passado foi distinguido com um dos prémios de maior destaque da engenharia nacional.

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Nesta fotolegenda destacamos uma passagem da entrevista com o climatologista Ricardo Trigo e que pode ser ouvida no canal YouTube e na área multimédia deste site.

Por forma a gerir a ansiedade de uma forma mais eficaz antes dos momentos de avaliação são propostas algumas estratégias que não eliminam a ameaça mas podem ajudar a lidar de um modo mais eficaz com a ansiedade.

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Vinte e três alunos estiveram na Faculdade de Ciências a estudar as bases metodológicas para a classificação sistemática de plantas. O curso inseriu-se no projeto HEI-PLADI, um programa ERASMUS + e ocorreu pela primeira vez em Portugal.

Parte do antigo bar do edifício C1 de Ciências dá agora lugar a um novo laboratório de investigação em Ecologia Evolutiva. Aqui vai ser explorado um sistema biológico composto por duas espécies de ácaro aranha, Tetranychus urticae Tetranychus ludeni, que competem por um alimento - a planta do tomate.

O livro Faça Sol ou Faça Vento reúne seis histórias infantojuvenis sobre energias renováveis. Todas elas são escritas por autores com ligação à Faculdade de Ciências da ULisboa.

Será possível ter uma pessoa dentro de um scanner e dizer-lhe para mudar a atividade de diferentes zonas do seu cérebro, com base no que estamos a observar num monitor desse mesmo scanner? Pode a Inteligência Artificial (IA) abordar e interatuar com a Neurociência, e vice-versa?

Quase a terminar o ano, surgem as frequentes resoluções de ano novo, um conjunto de ideias e desejos para aquele que se perspetiva ser um ano talvez igual ou melhor que o anterior. Existem assim duas perspetivas temporais: o ano que passou (o passado) e o que vem (futuro), e é sobre a integração destas duas perspetivas que gostaria de deixar uma reflexão.

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A cidade é um bom exemplo de um sistema adaptativo, inteligente e complexo. Fala-se hoje muito em cidades espertas, onde os peões e os habitantes só encontram motivos para viverem contentes, porque tudo é pensado para os ajudar, graças à capacidade analítica sobre os dados das pessoas e das cidades. A sua manutenção é imprescindível, e a sua renovação deve obedecer à inteligência e jamais à usura. Nem sempre isso ocorre.

O projeto AQUA LINE, da empresa PEN Wave, vencedor do concurso MAREINOV Montepio, destina-se a produzir de forma inovadora microalgas e copépodes para o sector da aquicultura.

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O Prémio Luso-Espanhol de Química 2017 foi atribuído a Amélia Pilar Rauter, professora do Departamento de Química e Bioquímica e coordenadora do Grupo da Química dos Glúcidos do Centro de Química e Bioquímica de Ciências.

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