“Na Faculdade eu percebi que aquilo que eu gosto menos, é aquilo que eu tenho de estudar mais”

Entrevista com Cassilda Paz, professora de Matemática na Escola Secundária de Camões

Cassilda Paz junto ao quadro

"Eu gosto imenso de ensinar. Todos os dias pergunto aos meus alunos: vejam lá se estou a chegar aí?", diz Cassilda Paz

DCI CIÊNCIAS

Cassilda Paz, de 59 anos, natural de Almancil, em Faro, licenciada em Matemática, nesta faculdade, é professora de Matemática na Escola Secundária de Camões, em Lisboa, desde 2013. Antes, esteve 20 anos na Escola Artística António Arroio e um ano na Escola Filipa de Lencastre. A sua profissão ajuda a definir gerações.

Porque escolheu o curso de Matemática?

Cassilda Paz (CP) – Quis ser professora de Matemática desde o 9.º ano. Adorava Matemática. Sempre adorei. Gostava imenso de ensinar e sempre gostei muito de trabalhar com miúdos.

Quais foram os professores que mais a inspiraram e porquê?

CP – O professor Franco de Oliveira foi o melhor que tive na Faculdade. Era um querido. Havia sempre um motivo de riso, diversão, conversa, inclusivamente, vinham assistir às nossas aulas de Teoria dos Conjuntos alunos de Filosofia. As aulas eram uma maravilha. Também gostei imenso da professora Elisa Simões, andou atrás de mim para que fosse para Álgebra, mas eu casei-me a meio do curso e, portanto, o percurso mudou. O professor Armando Machado, de Geometria Diferencial, também me marcou. Foram os professores mais próximos de nós.

Cassilda Paz
Cassilda Paz quis ser professora de Matemática logo no 9.º ano
Fonte DCI CIÊNCIAS

Como foi estudar na Faculdade entre 1985 e 1992?

CP - Entrei para a Faculdade com uma nota alta, acima dos 18, e achava que não era preciso estudar. No primeiro ano só fiz duas cadeiras porque não estudava nada. O ritmo era completamente diferente e mais exigente. Lembro-me que no primeiro ano tive 8,3 no exame de Álgebra. Foi a minha primeira negativa na vida e eu pensei: isto não sou eu… No ano seguinte estudei e tive 18. Estudar na Faculdade no início foi duro, mas depois foi um desafio muito interessante.

Nesses anos sentiu adversidades?

CP – As cadeiras anuais eram mais difíceis de fazer do que as outras porque era muita matéria. As cadeiras anuais foram o "Calcanhar de Aquiles" para muitos de nós. Hoje em dia as cadeiras são semestrais e é mais fácil, o conteúdo está dividido. Na Faculdade eu percebi que aquilo que eu gosto menos, é aquilo que eu tenho de estudar mais. Muitas vezes digo isso aos meus alunos.

Quais foram as maiores alegrias que teve durante esse período?

CP – Foram algumas notas boas, por exemplo, o 18. Foi fantástico. Quando terminei o curso, não queria acreditar que não tinha exames para fazer. A vida estava a mudar.

Sempre quis dar aulas?

CP – Sempre quis dar aulas. Fui feita para isto. Eu gosto imenso de ensinar. Todos os dias pergunto aos meus alunos: vejam lá se estou a chegar aí? Há três anos terminei três turmas de 12.º ano, dei oito vintes e tive oito vintes em pauta de exame. Este ano vou terminar outras três turmas, vamos ver se consigo a mesma proeza. Chego ao 12.º ano e sei que sou mentora de muitos para a escolha do curso. Eles vêm falar comigo. Estes miúdos que saíram há três anos, três deles foram para Matemática porque fui eu que os influenciei. Dois deles já estão a finalizar o curso e vieram cá perguntar qual é o mestrado que devem escolher.

O que mais a fascina no ensino?

CP – É saber que consigo de algum modo ensinar Matemática, que é necessária praticamente em tudo. É uma ferramenta que está todos os dias, em todo o lado. É conseguir de algum modo que os alunos aprendam e ganhem gosto e conseguir também transformar gerações. Quando gostamos daquilo que fazemos, quando somos bons professores e quando conseguimos transmitir o conhecimento, de algum modo somos importantes nas suas vidas e conseguimos transformar o futuro. Um dos miúdos que me veio visitar, no 9.º teve três, no 10.º 12, no 11.º 17 e no 12.º 20.

Que importância tem esta área científica, para o presente e futuro académico e profissional dos alunos?

CP – A Matemática é uma ferramenta que está em praticamente todas as situações da nossa vida. Cerca de 80% das licenciaturas têm Matemática como exame de acesso. Deve ser só a disciplina mais importante para o acesso ao ensino superior. É muito importante que não seja por esta disciplina que os alunos não conseguem concretizar os seus sonhos. É o que eu tento fazer.

Migeul Pires, Cassilda Paz e alunos do liceu Camões
Miguel Pires com Cassilda Paz e alunos da Escola Secundária de Camões
Imagens cedidas por MMT

Quais são os principais desafios da sua profissão?

CP – É conseguir passar o conhecimento para o aluno. O professor tem que ter perfil de líder.

Costuma participar com os seus alunos nas atividades de divulgação científica da Faculdade?

CP – Vão ao Dia Aberto e temos uma parceria com a Faculdade, no âmbito da Ciência Viva, com a professora Maria Manuel Torres. Este ano também tivemos o nosso antigo aluno Miguel Pires, no dia aberto da escola a divulgar o curso de Engenharia Geoespacial porque temos alunos interessados neste curso.

O que representa para si a Faculdade?

CP – Vir para a Faculdade foi algo maravilhoso. Venho da província, vivia num meio pequeno. Os meus pais têm os dois o 4.º ano. Vir para a Faculdade significou ter uma licenciatura e puder trabalhar e ter uma vida melhor.

Maria Manuel Torres na Escola Secundária de Camões
Maria Manuel Torres durante uma sessão de divulgação de Matemática na Escola Secundária de Camões
Fonte DCI CIÊNCIAS

Ana Subtil Simões, Gabinete de Imprensa da DCI CIÊNCIAS
alsimoes@ciencias.ulisboa.pt
grupo de pessoas

Ciências ULisboa coordena projeto europeu Twinning em colaboração com a Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, e a Universidade de Tel Aviv, em Israel, e em parceria com a Universidade de Cambridge, no Reino Unido. O objetivo é promover a investigação de excelência e a formação avançada em Bioquímica e Biofísica de Proteínas, com impactos e aplicações em Biomedicina e Biotecnologia.

Ibéria Medeiros

Ibéria Medeiros, professora do Departamento de Informática da Ciências ULisboa, é a protagonista do terceiro vídeo do projeto “Porquês com Ciência”, divulgado no YouTube da Faculdade a 3 de novembro.

estantes com livros e revistas na biblioteca do C4

"September 2022 data-update for 'Updated science-wide author databases of standardized citation indicators'” divulga as bases de dados com os nomes dos cientistas mais citados a nível mundial em 2021 e ao longo da carreira. Estas bases de dados publicadas recentemente pela Elsevier têm o contributo de John Ioannidis, professor da Universidade de Stanford, na Califórnia.

A Faculdade presta homenagem a Carlos Sousa Reis, antigo professor da Ciências ULisboa nos domínios da Ecologia Marinha, Recursos Vivos Marinhos, Pescas e Ordenamento do Litoral.

grande auditório no evento de 2021

“Este é um momento de celebração da qualidade da investigação e da inovação desenvolvidas na Ciências ULisboa, a ocasião ideal para a partilha de conhecimento e para o estabelecimento de colaborações", diz Margarida Santos-Reis, subdiretora da Ciências ULisboa para a área da investigação, a propósito do Dia da Investigação.

José Rebordão, Luís Carriço e Manuel Silva assinam o protocolo

A Faculdade e a FCiências.ID assinaram um protocolo de cooperação com a Cercal Power, uma sociedade da Aquila Clean Energy, a plataforma de energia renovável da Aquila Capital na Europa, dedicada ao desenvolvimento, construção e exploração da central fotovoltaica do Cercal, em Santiago do Cacém.

Imagem de um cérebro em fundo digital

"A linha de investigação em Filosofia da Inteligência Artificial e da Computação surgiu pela primeira vez em Portugal na Ciências ULisboa, nomeadamente, no Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa (CFCUL), com o intuito de contribuir para um debate que interessa à sociedade no seu todo", escrevem João L. Cordovil e Paulo Castro, investigadores do CFCUL Ciências ULisboa.

logotipo do projeto

O Gabinete de Apoio Psicológico (GAPsi) da Ciências ULisboa partilhou o primeiro episódio do podcast “Chá do Dia”, no passado dia 19 de setembro. O quinto episódio deste projeto inovador já está disponível na plataforma Spotify.

Estúdio da FCCN

João Telhada é um dos protagonistas do projeto "Porquês com Ciência", nomeadamente no vídeo “É seguro pagar online com cartão VISA?”, disponível no canal YouTube da Faculdade. Para o professor do DEIO Ciências ULisboa, “a cultura científica é um aspeto essencial no progresso e desenvolvimento de um país”.

grupo de pessoas

Tom Henfrey, Giuseppe Feola, Gil Penha-Lopes, Filka Sekulova e Ana Margarida Esteves publicam na Sustainable Development, no âmbito de relatório da rede ECOLISE, da qual Ciências ULisboa faz parte.

A Faculdade presta homenagem a Henrique Manuel da Costa Guimarães, antigo aluno e professor da ULisboa, especialista em investigação sobre o ensino da Matemática.

Estátua de Alfred Nobel com flores por detrás

Os seis Prémios Nobel 2022 são anunciados entre 3 e 10 de outubro. A poucos dias de conhecer as personalidades que serão distinguidas este ano, recordamos os laureados em 2021, com a ajuda de professores e cientistas da Faculdade. Entre na breve e conheça os laureados da Fisiologia/Medicina e Física.

 

rapariga com vento no cabelo a ouvir música

"Que poder é este da música? Ela tem mesmo uma ligação com as emoções? Apesar de existirem posições contraditórias, a literatura aponta que a música é capaz de induzir emoções", escreve Marta Esteves, psicóloga no GAPsi Ciências ULisboa.

Sara Magalhães no estúdio da FCCN

Sara Magalhães é professora do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa desde 2016 e investigadora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c). “Os ácaros são assim tão feios, porcos e maus?” é o tema apresentado pela professora, que inaugura o projeto “Porquês com Ciência”.

mar

Nos dias 26 e 27 de setembro decorre na Ciências ULisboa o “Fórum Oceano: Atlântico, um bem comum, visões partilhadas franco-portuguesas”, uma iniciativa organizada pela Faculdade e pelo MARE, no âmbito da Temporada Portugal-França 2022.

“Saúde, Dança e Ciência na qualidade de vida sustentável”

No próximo dia 23 de setembro irá decorrer na Ciências ULisboa um workshop que pretende sensibilizar jovens e adultos para a importância do movimento na saúde e na qualidade de vida sustentável.

livros

Ana Simões, presidente do Departamento de História e Filosofia das Ciências e investigadora no CIUHCT, terminou o seu mandato como vice-presidente da European Society for the History of Science no dia 10 de setembro, concluindo seis anos de envolvimento na direção.

imagem abstrata representativa de termodinamica

"Quando ensinamos temos que ter a preocupação de que os alunos compreendem as matérias da melhor forma possível, e essa é a minha forma de ensinar, que procurei refletir neste livro”, diz Patrícia Faísca, professora do DF Ciências ULisboa e autora do novo livro sobre Termodinâmica, publicado na editora CRC Press.

logotipo da iniciativa

“Porquês com Ciência” é o novo projeto de divulgação científica da Direção de Comunicação e Imagem da Faculdade e arranca no início deste ano letivo. Cinco vídeos serão lançados no YouTube até ao final de 2022 e têm como personagens principais João Telhada, Ibéria Medeiros, Marta Panão, Maria Manuel Torres e Sara Magalhães. As temáticas em foco estão relacionadas com as Bolsas de Palestras.

grupo de investigadores

O projeto LIFE PREDATOR, aprovado no âmbito do Programa LIFE, vai arrancar no próximo mês de outubro. Da equipa de trabalho europeia fazem parte sete professores e investigadores de três unidades de investigação da Faculdade, que vão colaborar no estudo e combate da espécie invasora peixe-gato europeu.

Alunos e professores

Portugal conquistou quatro medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze na 15.ª edição das Olimpíadas Internacionais de Ciências da Terra (IESO 2022). Esta foi a melhor participação de sempre de Portugal nestas provas internacionais.

Jovens na praia

Crónica sobre o Roteiro Entremarés da autoria do professor Carlos Duarte. Esta é a segunda aplicação que resulta da colaboração entre o Departamento de Informática da Ciências ULisboa e o Instituto de Educação da ULisboa, depois da publicação em 2017 da aplicação Roteiro dos Descobrimentos.

ilustração SARS-CoV-2

As pessoas vacinadas que foram infetadas pelas primeiras subvariantes Omicron têm uma proteção quatro vezes superior do que à das pessoas vacinadas que não foram infetadas. Estes resultados constam de um estudo liderado por Luís Graça e Manuel Carmo Gomes, publicado na prestigiada revista científica New England Journal of Medicine.

núvens cósmicas

O XXXII Encontro Nacional de Astronomia e Astrofísica terá lugar nos próximos dias 5 e 6 de setembro, na Ciências ULisboa. O evento é organizado pelo Centro de Astrofísica e Gravitação, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Astronomia e a Ciências ULisboa.

Campo com árvores de fruto e hortícolas

O projeto GrowLIFE - coordenado pela Ciências ULisboa, FCiências.ID - Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciências e Turismo de Portugal é financiado pelo Programa para o Ambiente e a Ação Climática (LIFE) no valor de €1.452.673,00 - e arranca em junho de 2023, tem uma duração de cinco anos. O resultado da candidatura coordenada pela Caravana AgroEcológica foi conhecido em abril deste ano e o contrato foi assinado em agosto.

Páginas