No Campus com Helder Coelho

Ainda sobre a consciência

Helder Coelho

Quando falamos no presente (maio de 2017) em consciência (consciousness e awareness), esse grande mistério da ciência (vejam-se os últimos livros de Susan Greenfield, Steven e Hilary Rose, e Daniel Dennett), já conseguimos formular uma definição breve, tal como “uma complexa variedade de aptidões”, “consciência como duração” (Bergson), ou mesmo recorrer à definição mais antiga de Damásio, “a composição de um eu com muitas propriedades mentais”.

Contudo, graças aos progressos das ciências do cérebro, nos últimos anos, sabemos que ela emerge do ponto de vista funcional, aleatoriamente, a partir da atividade coordenada de muitos e diferentes mecanismos (vejam, na Internet, a palestra TED de Damásio, em dezembro de 2011, “Em busca de compreender a consciência”, onde se vai um pouco além do livro de 2010 na explicação dos fenómenos subjacentes à consciência). Ainda, outra via, é olhar para a consciência como antecipação do futuro.

Damásio tem andado a fazer, nos últimos 30 anos, teorias sobre o trabalho do cérebro e da mente, apoiado na neuroanatomia e na neurobiologia. Não bastou perceber o que é, foi mais além dizendo onde tudo se passa. Daí a resolução de mistérios sobre o jogo entre o cérebro e o corpo, em redor da sobrevivência e ao longo da evolução: como o sistema cérebro guarda o equilíbrio interno (homeostase). E, a sua convicção que a consciência se centra no eu (ligado à mente).

Para compreendermos as capacidades de cada um de nós é preciso entender como as células nervosas se comportam e como interatuam entre si, isto é, pode sempre existir uma outra hipótese que consiga explicar um pouco mais. E, existem sempre os factos e as interpretações.

Voltemos de novo ao mistério da consciência, e separemos as duas questões essenciais: o que é e como se constrói no nosso cérebro? Falamos muito de uma mente consciente, como um fluxo ou uma coleção de imagens visuais e auditivas, mais ou menos, integradas, e mais um eu (no Livro da Consciência de Damásio, de 2010, o título original era “Self Comes to Mind”). O eu serve para introduzir a perspetiva subjetiva na mente (na experiência mental, Damásio separa o subjetivo dos sentimentos (originários no tronco cerebral), embora na Filosofia não se opte pelo eu para descrever a subjetividade).

Para sabermos bem o que é a consciência temos de diferenciar o modo como as mentes são formadas (o lado mais fácil, hoje investigado nas neurociências), do modo como o eu é construído (o mais difícil). Conhecemos que o cérebro gera mapas do interior do nosso corpo (dos organismos), e recorre a eles amiúde como referência para todos os outros mapas que tem de elaborar, pois tem a seu cargo a gestão (governo) da vida (continuidade) desse corpo.

Nós estamos sempre a ser informados do estado do nosso corpo! Sabe-se que a ligação entre o corpo e o cérebro é realizada através do tronco cerebral (uma das suas partes encarrega-se da consciência, uma outra mantem a ligação com o corpo). O estudo de pacientes em coma (sem consciência) ou paralisados (tetraplégicos, embora capazes de comunicar via interfaces), feito com o recurso à ressonância magnética (fMRI), estabeleceu a localização precisa daquelas duas partes do tronco cerebral. Este aparece em muitos outros animais, com uma estrutura idêntica, e todos eles (por exemplo, os primatas) devem, também, ter, por isso, consciência.

A mente está ligada à vida, a qual permite a consciência. Isto quer dizer ser capaz de regular/controlar os sentimentos (do bem/prazer ao mal estar/morte), e por causa dos estados a que podem ser conduzidos. Damásio apontou os três níveis do eu, o proto (a representação do organismo na mente, a subjetividade) em baixo, o nuclear (a noção de existência) sobre o proto, e o autobiográfico (o sentido do passado, a identidade ou a memória, o raciocínio, a imaginação, a criatividade e a linguagem) em cima. A construção da subjetividade passa ao lado dos sentimentos (por exemplo, da emoção).

E, de novo, o significado da consciência, torna-se mais preciso, se focarmos agora a nossa vivência (experiência mental) como um estado da mente, no qual existe o conhecimento da nossa existência e da existência de tudo o que nos cerca. Damásio fala da ligação do cérebro ao corpo, em interação, introduzindo o sentido de si próprio como hipótese, isto é, o proprietário da mente está sempre a sentir o que está a passar-se, no interior e no exterior. Portanto, estamos sempre a assistir a tudo aquilo que se passa, mesmo ao pé de nós.

Helder Coelho, professor do Departamento de Informática de Ciências
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt

Seminário Informal em Matemática no próximo dia 15 de Maio, 6ªfeira, às 14h na sala 6.2.44.

 

O seminário "CSI – Sismologia" realiza-se a 14 de maio de 2015, entre as 12h00 e as 13h00, no edifício C8, anfiteatro 8.2.47.

O Instituto Nacional de Estatística pretende recrutar 20 técnicos superiores. Os interessados devem preencher os requisitos indicados no anúncio

Pretendendo estimular o estudo e a investigação científica em Probabilidades e Estatística entre os jovens, a SPE atribui um número limitado de bolsas para participação no Congresso da SPE 2015, de acordo com o seguin

Durante a iniciativa serão apresentados projetos desenvolvidos no território nacional, na área dos portos, vinha, cadastro, energia e Geologia.

Haverá seminário de Lógica (21 de maio) e de Análise e Equações Diferenciais (28 de maio).

 

THURSDAY, MAY 21, 4:30PM ROOM: C8.2.11

A Associação dos Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa organiza mais uma edição da Jobshop FCUL, de 4 a 8 de maio de 2015, no edifício C3.

O seminário "Wind Waves: from climate to forecasting scales" realiza-se a 7 de maio de 2015, entre as 12h00 e as 13h00, no edifício C8, anfiteatro 8.2.47.

Andra Stroe, do Observatório de Leiden, em breve vai estar em Lisboa, para trabalhar em novas descobertas com o astrónomo David Sobral, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e da Faculdade de Ciências da ULisboa.

Com a fusão da Universidade de Lisboa e da Universidade Técnica de Lisboa, em 2013, foi possível equacionar formatos de formação, que beneficiam da cooperação entre as 18 escolas da atual ULisboa.

O seminário "On the Use of Muse of Meteorological Satellites for Land Surface Monitoring" realiza-se a 30 de abril de 2015, entre as 12h00 e as 13h00, no edifício C8, anfiteatro 8.2.47.

MÁRIO EDMUNDO

Mais de mil participantes parecem ter aceite o desafio, anunciado no site da faculdade. As inscrições encerraram a 22 de abril e são muitas as atividades com lotação esgotada.

A próxima atividade deste ciclo ocorre a 29 de maio e conta com a presença do cientista Henrique Leitão, que irá abordar o tema “A Luz na História da Ciência”.

O Gabinete de Mobilidade, Estágios e Inserção Profissional da Faculdade de Ciências da ULisboa, em colaboração com a Fundação da Juventude e o Novo Banco, promove uma "Sessão de Apresentação de Estágios de Verão", destinada a alunos pré-finalistas e finalistas de licenciatura e de mestrado. 

"As editoras académicas internacionais estão abertas a propostas de livros”, dizem Paulo Teixeira e João Casquilho.

É preciso desfazer o mito de que as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) são uma área para homens, onde se trabalha de forma isolada e sem espaço para a criatividade.

Seminário Informal em Matemática no próximo dia 8 de Maio, 6ªfeira, às 14h na sala 6.2.44.

 

Tema: Derivação microscópica da equação do calor, apresentado por Alexandra Symeonides.

Seminário Informal em Matemática no próximo dia 24 de Abril, 6ªfeira, às 14h na sala 6.2.44.

 

Tema: Jogos de azar - estratégias ousadas e tímidas, uma perspectiva matemática, apresentado por Cristina Serpa.

Os utilizadores da FCUL que necessitem de acesso VPN à FCUL devem deixar de utilizar a anterior configuração baseada no servidor vpn.ul.pt ou webvpn.ul.pt e reconfigurar a sua ligação para as novas configurações.

Estão disponíveis através do Portal da FCUL novas plataformas e ferramentas de Tecnologias de Informação para toda a Comunidade da FCUL.
 

O seminário "METABOLISMO URBANO" realiza-se a 23 de abril de 2015, entre as 12h00 e as 13h00, no edifício C8, anfiteatro 8.2.47.

Temos de acreditar que vamos chegar onde queremos. Para isso, todos teremos de continuar a dar o nosso melhor, a bem da família de Ciências – alunos, docentes e não docentes.

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