Alumnus Vítor V. Vasconcelos

“No complexo, participei em muitas conversas interessantes, muitas acompanhadas de um quadro e giz, e foi onde conheci os meus primeiros colaboradores científicos”

Galardoado com Prémio Bragança Gil pretende aplicar conceitos e métodos da Física aos sistemas sociais

Vídeochamada com membros do ATP no complexo interdisciplinar a partir do KITP, na Califórnia, em abril de 2014

Vídeochamada com membros do ATP no complexo interdisciplinar a partir do KITP, na Califórnia, em abril de 2014

Imagem cedida por VVV
Vítor Vasco Vasconcelos
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Contribuições para o ramo da dinâmica de populações e o estudo de um problema global de cooperação

A dissertação é uma coletânea do principal trabalho desenvolvido durante o meu doutoramento. Contém as minhas contribuições para o ramo da dinâmica de populações e o estudo de um problema global de cooperação. A Teoria de Jogos Evolutiva (EGT) e a dinâmica estocástica de populações são identificadas como ferramentas poderosas para descrever a dinâmica evolutiva em Biologia Evolutiva. Mais recentemente, a EGT tem-se tornado mais popular no estudo de sistemas sociais de resolução de conflitos entre humanos pedindo uma extensão das ferramentas originais de forma a acomodar a grande complexidade humana.

Nesta dissertação, discuto a necessidade de introduzir diferentes níveis de racionalidade e estratégias que recorrem a previsões, mostrando em que circunstâncias as equações que governam estratégias racionais e com racionalidade limitada coincidem. Além disso, uma vez que a tomada de decisão muitas vezes incide num contínuo de estratégias possíveis, proponho uma nova equação para descrever a evolução de populações com um contínuo de estratégias. Finalmente, quando as populações são finitas e são considerados os seus efeitos estocásticos, o aumento do tamanho da população ou do número de configurações individuais possíveis rapidamente torna impraticável a análise de estados estacionários. Aqui, eu também discuto uma nova ferramenta que permite definir uma hierarquia de aproximações para a distribuição estacionária de qualquer dinâmica de populações descrita por um processo de Markov, ultrapassando as atuais limitações.

Estes resultados e métodos são gerais, no sentido de serem aplicáveis ao estudo de diferentes dilemas e da respetiva representação em termos de teoria de jogos. Na última parte desta dissertação, foco-me em problemas relacionados com a coordenação global para a preservação de um bem comum, como a prevenção das alterações climáticas. De facto, a prevenção do aquecimento global requer cooperação a nível global. Contudo, as contribuições vão depender da incerteza sobre as perdas futuras, o que joga um papel crucial na tomada de decisão dos responsáveis. Aqui discuto um modelo de EGT – e os seus efeitos estocásticos em populações finitas – com o qual mostro que as hipóteses de coordenação para salvar o clima do planeta aumentam significativamente se as decisões forem tomadas no seio de pequenos grupos sobre problemas locais que, por um lado, reflitam menor incerteza e, por outro, onde os requisitos para a tomada de ação possam ser apertados. Este resultado pede uma forma de coordenar os esforços para domar o clima do planeta que seja descentralizada, ou policêntrica. Ainda nesta parte, discuto se uma estrutura policêntrica de múltiplas instituições para sancionar comportamentos de pequena escala providencia uma solução viável para resolver problemas globais. Mostro que essa estrutura ajuda a prevenir comportamentos não cooperativos (quando comparada com uma única instituição global), mesmo que sofra, em menor escala, dos mesmos problemas da alternativa top-down: sensibilidade à perceção do risco de desastre e incerteza, em geral. Além disso, também discuto como é que a desigualdade de capacidade contributiva no mundo pode influenciar o resultado deste tipo de dilemas coletivos, estudando como é que a segregação entre jogadores ricos e pobres prejudica a cooperação, mesmo que os ricos, a princípio, tendam a compensar a falta de contribuições dos pobres. Finalmente, discuto em que condições a criação de contratos pode ajudar a ultrapassar parcialmente estes problemas. Os resultados indicam que os contratos são mais eficientes se voluntários e mais prevalentes se entre poucos membros, funcionando como um mecanismo de sinalização com custo para grupos de indivíduos naturalmente cooperativos. Isto, por sua vez, combinado com vantagens intra-contrato, cria mais incentivos para novas adesões o que torna possíveis o aumento tanto da cooperação como do número de membros.

Vítor V. Vasconcelos

“Esta distinção da Sociedade Portuguesa de Física é especialmente importante para mim. A Física é a minha área de treino académico, apesar das aplicações dos meus estudos não serem as da Física tradicional. Recebê-la a propósito do último trabalho académico do meu doutoramento é particularmente marcante”, refere Vítor V. Vasconcelos, professor na Universidade de Amsterdão, na Holanda, antigo aluno da Ciências ULisboa, galardoado com o Prémio Bragança Gil para a melhor tese em Física no biénio de 2017/2018.

Vítor V. Vasconcelos licenciou-se em Física pela Ciências ULisboa, em 2010. Dois anos mais tarde obteve o grau de mestre em Física Estatística e Não-linear também na Ciências ULisboa.

O interesse pela Física deveu-se a uma participação num estágio de verão da Ciência Viva. Vítor V. Vasconcelos visitou Ciências ULisboa com o objetivo de aprender um pouco mais sobre relatividade - “A vida e a morte dos muões” era o nome da atividade em que participou. O interesse por esta ciência surgiu porque queria perceber como é que as coisas funcionam e depois acabou por achar que isso só seria possível entendendo o comportamento e interações entre os constituintes fundamentais da matéria.

Atualmente os seus dias são passados a estudar a literatura, discutir com outros investigadores e muitas horas de escrita, enquanto procura produzir novo conhecimento a curto prazo para financiar uma nova posição. “Felizmente, como professor assistente, agora posso focar-me a desenvolver um programa científico que não esteja a prazo a cada ano, enquanto encontro formas de desenvolver cursos na universidade que providenciem capacidades técnicas aos alunos para desenvolver esse programa. Em tempos de COVID-19 tudo isto significa estar ao computador 100% do tempo, a escrever artigos e projetos, a preparar e dar aulas, a reunir com outros investigadores em workshops ou discussões mais formais ou menos formais”, conta.

Os planos de Vítor V. Vasconcelos para já passam por Amesterdão e por começar a desenvolver o seu plano de investigação e educação e em aplicar muitos dos conceitos e métodos da Física aos sistemas sociais e dessa forma resolver alguns dos grandes dilemas que advêm do comportamento humano, como a boa gestão de bens comuns.

No passado dia 16 de dezembro esteve no campus da Faculdade para receber o Prémio Bragança Gil para a melhor tese em Física no biénio de 2017/2018 e que foi atribuído à sua tese "Emergence and Self-organization of Cooperation". A cerimónia de entrega do prémio foi transmitida via Zoom para os alunos de pós-graduação do Departamento de Física da Ciências ULisboa.

“O ambiente na Ciências ULisboa era bastante familiar, o que permitiu um maior envolvimento com os colegas, professores e disciplinas. Tenho boas memórias desse tempo e foi bom reencontrar alguns professores durante esta visita que me receberam carinhosamente”, conta Vítor V. Vasconcelos, que recorda outros episódios. “Lembro-me de gostar particularmente de ficar a apanhar sol em frente ao C6 entre as aulas, à conversa com os colegas. Os almoços no jardim na cantina velha também estão bem presentes, pela boa companhia, mas também pela textura memorável daquela sopa da ‘macrobiótica’. Também me lembro das aulas de laboratório no C1 e dos momentos de convívio no ‘aquário’, uma sala envidraçada com computadores no 4.º piso. Depois lembro-me de ir para o Complexo para a Investigação Interdisciplinar onde tive o meu primeiro contacto com a investigação através de uma bolsa de iniciação à investigação (BII) com a professora Ana Arriaga e, mais tarde, outra com o professor Pedro Lind. No complexo, participei em muitas conversas interessantes, muitas acompanhadas de um quadro e giz, e foi onde conheci os meus primeiros colaboradores científicos. Foi através dessa última BII que fiz a minha primeira viagem académica internacional até Stuttgart, na Alemanha”, conta.

Em 2017 Vítor V. Vasconcelos concluiu o doutoramento em Física pela Universidade do Minho (UM). Durante o doutoramento foi investigador no Centro de Matemática e Aplicações Fundamentais e Investigação Operacional (CMAFcIO) e no Group of AI for People and Society do INESC-ID. Após terminar o douramento, tornou-se investigador na Universidade de Princeton (UP), nos EUA.

“Durante o doutoramento tive a sorte de ter orientadores e um grupo de investigação excelentes, o Applications of Theoretical Physics (ATP) no CMAFcIO, liderado pelo professor Jorge Pacheco e pelo professor Francisco Santos. Tive muitas oportunidades que abriram os meus horizontes académicos, nomeadamente como participar e organizar conferências, nacionais e internacionais. A oportunidade mais marcante foi quando, com os orientadores, ganhei um prémio da Fundação Calouste Gulbenkian para jovens investigadores e isso, em conjunto com o financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, permitiu-me ir para os EUA. Primeiro para a costa Oeste, para o Kavli Institute for Theoretical Physics University (KITP) e para a University of California Irvine, e mais tarde para a costa Este, para a UP”, realça acrescentando que “estar deslocado em Lisboa a fazer o curso na UM talvez tenha sido a parte mais complicada, visto não ter tido uma turma, ou seja, um conjunto de outros alunos que estivessem a passar pelo mesmo que eu. Agora que estamos todos remotamente talvez isso tivesse sido mais fácil”.

Aos mais jovens que se preparam para prosseguir os estudos ao nível do ensino superior deixa um conselho: “Informem-se das possibilidades e oportunidades que podem surgir, quer apoios, quer prémios, quer o tipo de futuro que é espectável para um investigador em Portugal e no estrangeiro”.

Atividade da Ciência Viva na Faculdade
Estágio ciência viva “A vida e morte dos muões”, em agosto de 2005
Imagem cedida por VVV

Ana Subtil Simões, Área Comunicação e Imagem Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Estudantes a trabalhar

Nuno Silva termina a bolsa Erasmus+ em julho. O programa de mobilidade tem sido na sua opinião uma ótima experiência. Recentemente o aluno de Engenharia Biomédica e Biofísica foi um dos vencedores do Innovation Award da Explore Competition.

Martin O'Halloran, Eoghan Dunne, Nuno Silva e Laura Farina

Nuno Silva, aluno do mestrado integrado em Engenharia Biomédica e Biofísica de Ciências ULisboa a estudar no Translational Medical Device Lab, da National University of Ireland,em Galway, no âmbito de uma bolsa Erasmus+, venceu juntamente com o colega Eoghan Dunne, o Innovation Award da Explore Competition.

João Duarte

Investigadores de Ciências ULisboa propõem um novo mecanismo que permite explicar a existência de uma anomalia tectónica a SW do Cabo de São Vicente.

O neurocientista português Fernando Lopes da Silva nascido em Lisboa a 24 de Janeiro de 1935, faleceu no passado dia 7 de maio, na Holanda, onde vivia há mais de 50 anos. Ciências ULisboa lamenta o triste acontecimento, apresentando as condolências aos familiares, amigos e colegas de Fernando Lopes da Silva.

Permacultura

A rede europeia ECOLISE publicou este mês um novo relatório sobre a eficácia das ações de sustentabilidade e mudança climática realizadas pelas comunidades locais. O investigador de Ciências ULisboa, Gil Penha-Lopes, líder deste projeto, espera que daqui a dois anos haja um novo relatório e que a plataforma online - wiki.ecolise.eu - suporte uma comunidade ainda mais dinâmica e saudável.

"A presença de um 'devias' é muitas vezes uma barreira à congruência entre o eu real e o eu ideal", escreve a psicóloga do Gapsi, Andreia Santos, na rubrica habitual.

Uma equipa internacional constituída por 121 cientistas reconstruiu a complexa história dos cavalos domésticos. O estudo divulgado este mês na revista Cell inclui a participação de Maria do Mar Oom, investigadora do polo de Ciências do cE3c e de Cristina Luís, investigadora do polo de Ciências do CIUHCT, MUHNAC e CIES-ISCTE-IUL, que coordenou o desenvolvimento do trabalho da equipa portuguesa.

O naturalista entomólogo do Museu Bocage desde 1957 até 1975 faleceu no dia 29 de abril de 2019. José Alberto Quartau presta homenagem "a quem lhe abriu as portas" da Entomologia.

ETAPS 2019

Vasco T. Vasconcelos, professor do Departamento de Informática de Ciências ULisboa, Kohei Honda, professor da Queen Mary University of London, no Reino Unido, entretanto falecido e Makoto Kubo, professor da Chiba University of Commerce, no Japão, autores do artigo “Language primitives and type discipline for structured communication-based programming”, apresentado durante o European Symposium on Programming, em 1998, foram galardoados com o ETAPS 2019 Test of Time Award.

Mar

Carlos Antunes, Cristina Catita e Carolina Rocha são os vencedores do Prémio "Engenheiro Empreendedor 2018 - Ano OE das Alterações Climáticas”. Os investigadores de Ciências ULisboa criaram uma aplicação web, suportada por um serviço de mapas na web para a visualização dos cenários de subida do nível do mar em Portugal continental e respetiva cartografia de inundação e de vulnerabilidade física costeira para 2025, 2050 e 2100.

Campus Ciências ULisboa

"Se quisermos conhecer agora o que se passa na Ciência da Computação, do ponto de vista científico e tecnológico, devemos consultar, mensalmente, a revista CACM - Communications of the Association of Computing Machinery, dos EUA", in no Campus com Helder Coelho.

auditório ISCTE-IUL

“Mostramos que estamos no bom caminho e que já temos muitas ações desenvolvidas e que temos potencial para ir muito mais longe”, comenta Margarida Santos-Reis, uma das oradoras do seminário “Integrating the Sustainable Development Goals into Higher Education”.

Fadhil Musa, Rita Maçorano, Ana Faísca, Filipa Tomé e Francisca Canais

A Faculdade participou nos “Encontros com a Inovação em Saúde – 8.ª Edição” e na 4.ª Edição do “Mercado de Inovação em Saúde”.

Esquema

“Gostaria de continuar envolvida em projetos ligados às tecnologias médicas, que sejam inovadores e que procuram ter impacto e melhorar o bem-estar das pessoas”, conta Daniela Marques Godinho, a aluna de doutoramento em Engenharia Biomédica e Biofísica de Ciências ULisboa, distinguida com o 3.ª lugar do Best Student Paper, edição de 2018, durante o 12.º Congresso do Comité Português da URSI.

Biblioteca do IDL

A visita de Sang-Mook Lee a Portugal tem como objetivo científico a magnetometria em furos de sondagens e contempla passagens pelo campus de Aljustrel do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, Almina, Minas de Aljustrel e Mina de Ciência - Centro Ciência Viva do Lousal.

Primeira imagem de um buraco negro, localizado no centro da galáxia Messier 87

A primeira imagem direta de um buraco negro foi divulgada esta quarta-feira, dia 10 de abril, em sete conferências de imprensa simultâneas, pela iniciativa internacional Event Horizon Telescope.

Grupo de Transição Energética do IDL Ciências ULisboa

Raquel Figueiredo, estudante de doutoramento em Sistemas Sustentáveis de Energia, é a primeira autora do artigo que será publicado na edição de junho do Journal of Cleaner Production e que avalia alternativas renováveis às centrais de carvão em Portugal.

"Torna-se urgente e imperativo travar e reverter todo este processo de destruição. Amemos ou odiemos os insetos, o certo é que será difícil sobrevivermos sem eles", escreve o cientista José Alberto Quartau.

Edição 2018 da Jobshop Ciências

A feira de emprego de Ciências já vai na X edição e todos os anos mais empresas estão presentes assim como mais estudantes participam na iniciativa.

livros

Henrique Leitão, investigador do Departamento de História e Filosofia das Ciências e do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia de Ciências ULisboa ganhou uma European Research Council (ERC) Advanced Grant 2018, no valor de dois milhões de euros, no âmbito do projeto “Making the Earth Global: Early Modern Nautical Rutters and the Construction of a Global Concept of the Earth”.

Cérebro

Cláudio Gomes, professor no Departamento de Química e Bioquímica de Ciências ULisboa e investigador no BioISI, apresenta dia 28 de março o mais recente trabalho do seu laboratório sobre um novo mecanismo bioquímico nas células nervosas que retarda a formação de agregados de proteína no cérebro, causadores da doença de Alzheimer, na 14ª Edição daAD/PDTM - Conferência Internacional de Doença de Alzheimer e Parkinson.

Maria José calhorda

O Prémio Ferreira da Silva 2018 da Sociedade Portuguesa de Química (SPQ) é atribuído a Maria José Calhorda, professora do Departamento de Química e Bioquímica de Ciências ULisboa, e será entregue durante o XXVI Encontro Nacional da SPQ, a ocorrer no Porto, de 24 a 26 de julho de 2019.

Participantes da missão oceanográfica a bordo do RV METEOR

Resultados preliminares da missão oceanográfica a bordo do RV METEOR parecem confirmar a presença de eventos catastróficos e que afetaram a costa portuguesa ao longo dos últimos 12 mil anos.

ASSISIbf

"Robots mediating interactions between animals for interspecies collective behaviors" da autoria de Frank Bonnet, Rob Mills, Martina Szopek, Sarah Schönwetter-Fuchs, José Halloy, Stjepan Bogdan, Luís Correia, Francesco Mondada e Thomas Schmickl é um dos artigos da Science Robotics, publicado a 20 de março de 2019.

Direção Ciências ULisboa

A Direção da Faculdade visitou em fevereiro e março os dez departamentos de Ciências ULisboa. “Acho que foi muito positivo”, comenta Luís Carriço, diretor de Ciências ULisboa mencionando ainda que as reuniões permitiram a apresentação e discussão de ideias muito interessantes.

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