“As Ciências dão-nos espírito crítico”

Entrevista com Ana Cachudo, professora de Físico-Química, Física e Química do Colégio Vasco da Gama

Ana Cachudo

"Não seria quem sou hoje se não tivesse passado pela Faculdade. Esta passagem marcou-me: pelos professores, pelas amizades, pelas histórias. É a casa que me formou", diz Ana Cachudo

DCI CIÊNCIAS

Ana Cachudo, de 34 anos, natural de Lisboa, é licenciada em Química, pela Faculdade. Este ano letivo, começou a dar aulas de Físico-Química, Física e Química no Colégio Vasco da Gama. Antes passou pela Escola EB 2,3 da Bobadela, Escola Soeiro Pereira Gomes e Escola dos Moinhos da Arroja. Deu explicações, ainda nos tempos da Faculdade e mais tarde em centros de estudo. Obteve o Certificado de Competências Pedagógicas e começou a dar formação na Escola Profissional de Coruche e no IEFP. Quando terminou a licenciatura fez controlo de qualidade numa fábrica do ramo alimentar.

Ana Cachudo assistiu à palestra da Faculdade com entusiamo durante o Futura-te, uma atividade do Colégio. Enquanto aluna foi monitora do Dia Aberto. Agora pensa trazer os alunos à Faculdade porque se trata de uma atividade interessante.

Ana Cachudo
"Conseguir criar relações entre conceitos físicos e químicos, para o dia-a-dia, é uma mais-valia e acaba por prepará-los para o mundo", diz Ana Cachudo
Fonte DCI CIÊNCIAS

Porque escolheu o curso de Química?

Ana Cachudo (AC) – Sempre tive o fascínio pelas Ciências Forenses, contudo os meus pais não podiam pagar esse curso. Analisei o que podia fazer e apareceu o curso de Química. Eu gostava de Química, Físico-Química, Matemática.

Quais foram os professores que mais a inspiraram e porquê?

AC – O professor Carlos Borges, pela sua dinâmica e à vontade a explicar. Era um professor "fora da caixa". Conseguia tornar uma aula divertida. Ele dava Termodinâmica e Química Física I, “bichos de sete cabeças”, mas na realidade conseguia desmistificar as disciplinas. Uns anos mais tarde, a professora Maria José Calhorda, que deu Química Inorgânica. Ver a sua paixão desbloqueou alguns conceitos. Deu-nos outras realidades. Os professores Pedro Vaz e Carla Nunes - fiz com eles o projeto final – pela motivação, por estarem sempre presentes e por ajudarem.

Como foi estudar na Faculdade entre 2009 e 2013?

AC – Tivemos regalias que os alunos agora se calhar não conseguem ter. Nós criávamos grupos de estudo. Fazíamos noitadas no “aquário” no C1, uma mesa com nove ou dez pessoas, todos unidos, com doces para nos motivar. Havia uma entreajuda gigante. Podermos estar mais horas na Faculdade, até de noite, facilitava-nos imenso.

Nesses anos sentiu adversidades?

AC – Acho que há um impacto muito grande quando passamos do ensino secundário para o ensino universitário. Eu tinha acabado o 12.º ano com uma boa média e já tinha encontrado o meu método de estudo. Chegar à Faculdade e ver que aquele método não dava foi marcante. Lembro-me de estar a chorar, falar com a minha mãe e dizer que não tinha capacidade para estar na faculdade porque só tinha conseguido fazer quatro cadeiras à primeira. Lembro-me da minha mãe dizer: “Estás a chorar para quê? Tu estudaste. Para o ano corre melhor”. Ajudou-me a entreajuda entre os colegas e amadurecer. Comecei a focar-me no que tinha de melhorar. Encontrei o ritmo de trabalho que era necessário. Os professores também foram excecionais.

Quais foram as maiores alegrias que teve durante esse período?

AC – Os resultados e as dinâmicas. Tinha uma boa relação com a D. Maria de Fátima Amaral e o sr. Rui Mateus, os responsáveis pelos laboratórios do nosso departamento, que eram incansáveis. O espírito do DQB também era de outro mundo, uma harmonia.

Ana Cachudo no dia aberto e com um poster
Ana Cachudo foi monitora do Dia Aberto. Poster de um dos seus trabalhos de Faculdade
Imagens cedidas por AC

Sempre quis dar aulas?

AC – Não. Começou a dar-me gosto ensinar Físico-Química enquanto estava na Faculdade, dei explicações, do 7.º ao 9.º ano.

O que mais a fascina no ensino?

AC – Desmistificar a Físico-Química. “A professora está a dizer-me que esta mesa é composta por átomos, mas eu não os vejo”, dizem. Os alunos têm essa dificuldade. Poder demonstrar através da experiência que isso é verdade, e ver na cara deles que está a fazer sentido, é super gratificante.

Que importância tem esta área científica, para o presente e futuro académico e profissional dos alunos?

AC – A semana passada estava a falar de variações de energia e falei das escapatórias que existem nas autoestradas e para que serviam, eles ficaram fascinados. Conseguir criar relações entre conceitos físicos e químicos, para o dia-a-dia, é uma mais-valia e acaba por prepará-los para o mundo. As Ciências dão-nos espírito crítico.

Quais são os principais desafios da sua profissão?

AC - As barreias que os alunos criam às disciplinas. É um desafio gigante! Eles também não gostam muito da aplicação de conceitos com Matemática.

O que representa para si a Faculdade?

AC – Não seria quem sou hoje se não tivesse passado pela Faculdade. Esta passagem marcou-me: pelos professores, pelas amizades, pelas histórias. É a casa que me formou.

Ana Cachudo com os colegas e professora da Faculdade
Ana Cachudo em momentos de convívio e durante uma aula
Imagens cedidas por AC

Ana Subtil Simões, Gabinete de Imprensa da DCI CIÊNCIAS
alsimoes@ciencias.ulisboa.pt

“O que realmente me aqueceu o coração foi o facto de que, depois da apresentação, algumas pessoas dedicaram tempo a dirigirem-se a mim para discutir o tema em mais profundidade, explicar-me os seus pontos de vista e opiniões”, declara Helena Calhau, aluna do 2.º ano da licenciatura em Física.

Ao serviço de quem está a ciência e a tecnologia? Devemos ter medo das suas utilizações? Há mesmo o perigo de uma superinteligência fazer-nos mal? Em 2014 e 2015, um conjunto de personalidades pôs em causa o controlo (ou a sua falta) da disciplina da Inteligência Artificial (IA) e abriu o debate com os temas da superinteligência e do domínio dos humanos por máquinas mais inteligentes. Graças a Elan Musk, Bill Gates, Stephen Hawking, Nick Bostrom e Noam Chomsky podemos estar mais descansados com o alerta (na singularidade defende-se que a Inteligência Artificial ultrapassará a humana para criar uma IA geral ou forte), mas mesmo assim cuidado.

“Sempre achei as áreas da educação e comunicação bastante interessantes, sonho desde jovem em incorporar um pouco destas duas áreas na minha carreira científica”, declara Hugo Bettencourt, aluno do mestrado integrado em Engenharia Biomédica e Biofísica.

“O Malcolm Love é uma pessoa incrível e ensinou-nos muitas coisas, desde como agir numa entrevista, como contar uma história de forma fascinante, como controlar o nervosismo e principalmente como cativar o público quando falamos”, conta Andreia Maia, aluna do mestrado em Biologia Molecular e Genética, finalista do concurso FameLab Portugal.

A que cheira a sardinha? Cheira bem, cheira a Portugal. Na próxima quinta-feira, 18 de maio, junte-se a Miguel Santos e a Susana Garrido, dois investigadores do IPMA envolvidos no processo de avaliação do estado dos recursos da pesca em águas nacionais e internacionais para mais uma sessão de 60 Minutos de Ciência, desta vez no Edifício Caleidoscópio.

Cristina Branquinho e Paula Matos propõem utilização dos líquenes como um novo indicador ecológico global.

Mais de mil alunos do ensino secundário visitaram o campus de Ciências no dia 3 de maio.

Assunção Bispo

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de maio é com Assunção Bispo, assistente técnica do Departamento de História e Filosofia das Ciências.

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Pela 13ª vez, realizou-se em Ciências a fase de semifinal das Olimpíadas de Química Júnior. 67 alunos dos 8.º e 9.º anos conheceram a Faculdade, o Departamento de Química e Bioquímica e testaram conhecimentos de Química, em provas escritas e experimentais.

A 8.ª edição da feira anual de emprego de Ciências aconteceu em abril. Esclarecimento de dúvidas através do contacto pessoal com empresas, workshops, treino de entrevistas de emprego e análises de currículos foram algumas das atividades que marcaram os dois dias.

“Alargar horizontes, mudar atitudes” é o lema do “Girls in ICT @CienciasULisboa” que acontece este sábado, dia 6 de maio de 2017, em Ciências.

A pergunta “Pode uma máquina pensar?” abre a busca por agentes inteligentes capazes de interatuarem com os seres humanos através de linguagens (a proposta do jogo de imitação como teste de inteligência), e sobretudo de serem autónomos em ambientes sofisticados.

Realiza-se este mês a 7th International Conference on Risk Analysis, em Chicago. Nela, a professora de Ciências Maria Ivette Gomes é homenageada pelo seu trabalho na área da Análise de Risco.

Faltam poucos dias para o Dia Aberto. A Faculdade volta a abrir portas aos alunos do ensino secundário no próximo dia 3 de maio.

Nos dias 27 e 28 de abril de 2017 realiza-se a 8.ª edição da feira anual de emprego da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

sistema ótico

A componente tecnológica do espectrógrafo ESPRESSO que irá conduzir a luz dos telescópios do VLT para o instrumento, o coudé train, a ser instalado no ESO, é feita por uma equipa portuguesa da qual fazem parte professores e investigadores de Ciências. Neste artigo, fique a conhecer o trabalho realizado pelo grupo.

No mesmo espaço, associações de voluntariado, voluntários e estudantes de Ciências com interesse na disciplina de Voluntariado Curricular reuniram-se. O objetivo foi dar a conhecer o trabalho feito na disciplina de Voluntariado Curricular, através da partilha de histórias e experiências.

O Núcleo de Física e Engenharia Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa foi fundado no dia 19 de maio de 2016, curiosamente no dia do Físico, com o intuito de representar os estudantes de Física e Engenharia Física.Uma das atividades organizadas com o intuito de alargar a perspetiva profissional destes alunos foi a Conferência Física Fora da Academia.

A distribuição geográfica atual dos tojos do género Stauracanthus - arbustos espinhosos que ocorrem nas dunas interiores das praias portuguesas - deve-se a acontecimentos geológicos de grande escala ocorridos no Mar Mediterrâneo há cerca de cinco milhões de anos.

O planeta Terra está em constante mudança. Pegue em qualquer livro de Geologia e uma das primeiras frases que vai encontrar será esta ou uma muito parecida. Se continuar a ler, ficará a saber que a Terra tem mais de 4500 milhões de anos e que nem sempre foi como a conhecemos. Antes, existiam supercontinentes rodeados por vastos oceanos que, ao longo de milhões de anos, se fragmentaram e relocalizaram dando forma aos seis continentes e cinco oceanos que compõem atualmente o planeta azul.

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O dryVHP venceu o prémio Inovação Ageas – Novo Mundo. Construir aparelhos de esterilização mais rápidos e eficazes, ou aparelhos de esterilização portáteis e não elétricos para missões humanitárias é o objetivo deste projeto, desenvolvido em Ciências.

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