Opinião

Amostragem aleatória

Base para um roteiro serológico nacional

É fundamental recolher uma amostra aleatória, naturalmente estratificada por classes relevantes, como sexo, idade e região, de cobertura nacional

unsplash - freestocks
Tiago Marques
Tiago Marques
Fonte Rogers Media

Soraia Pereira
Soraia Pereira
Imagem cedida por SP

O primeiro pico desta pandemia já passou, e agora? Apenas uma amostragem aleatória com uma cobertura alargada a nível nacional vai permitir tirar a fotografia necessária para compreender qual a estratégia a seguir nos próximos tempos. E foi por este motivo que o Centro de Estatística e Aplicações da Universidade de Lisboa (CEAUL) se associou ao roteiro serológico que está a ser promovido pelo Instituto Gulbenkian de Ciência.

Qual a proporção da população que já esteve exposta ao SARS-COV2? A pergunta é simples, mas a resposta complicada. Temos disponíveis testes serológicos (que medem a resposta do sistema imunitário). Então porque é difícil estimar essa quantidade? Até ao momento, têm sido testados indivíduos que pertencem a grupos de risco, ou apresentam sintomas, ou são residentes do concelho X que tem disponibilidade financeira para tal. Será esta uma amostra representativa da realidade nacional? Ninguém pensaria em estimar o número de desempregados a partir de inquéritos nas ruas de bairros onde existem centros de desemprego. Da mesma maneira, esperar que amostras selecionadas num contexto hospitalar, ou laboratorial, ou voluntário, seja ele qual for, dão uma imagem não enviesada da população é na melhor das hipóteses um ato de fé. E atos de fé não podem ser a base de um processo científico. Mas são esses atos de fé que até agora guiam a maior parte dos estudos serológicos que têm sido apresentados a nível mundial.

Scripta manent. O que se esceve, fica, permanece.
Tiago Marques responde a questões sobre este roteiro no programa Europa Minha, transmitido no passado dia 13 de junho na RTP [10:40 - 13:11].

A forma mais eficiente de o fazer é neste caso conhecida. Os nuestros hermanos espanhóis já o fizeram e esse estudo tem sido elogiado internacionalmente. Porque não aproveitarmos esta oportunidade para sermos, mais uma vez, um bom exemplo lá fora, o que, até surpreendentemente para os velhos do Restelo, temos sido várias vezes nesta pandemia? É fundamental recolher uma amostra aleatória, naturalmente estratificada por classes relevantes, como sexo, idade e região, de cobertura nacional. O Instituto Nacional de Estatística é sem dúvida a entidade mais competente para o fazer e tem todas as infraestruturas necessárias preparadas. O problema é fundamentalmente logístico, mas o retorno é sem dúvida significativo. Na implementação no campo, o INSA - Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, pela experiência que já acumulou em inquéritos de saúde e outros estudos serológicos, poderia contribuir decisivamente para o sucesso deste projeto. Este documento é também, e acima de tudo, isso mesmo: uma tentativa de arranjar parceiros que estejam dispostos a implementar uma ideia que nos parece o melhor caminho nesta fase.

A contribuição do CEAUL e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa neste projeto passa pela inferência da proporção da população imunizada e pela sua análise espacial, a partir dos dados recolhidos no roteiro, utilizando as metodologias estatísticas mais apropriadas para esse efeito. Depois de termos os dados através dessa amostragem aleatória, estimar a sero-prevalência não é muito diferente de estimar o número de desempregados no pais, algo que nós no CEAUL já fizemos com grande sucesso (link, link).

Este é apenas mais um exemplo de como o mundo de hoje é completamente dominado pela necessidade imperiosa de saber recolher e analisar dados. Esse é o trabalho da Estatística, e que justifica a necessidade de haver grupos de estatística fortes em qualquer universidade que pretenda ter investigação de ponta. Ficamos por isso muito contentes por poder associar Ciências ULisboa a esta iniciativa, cientes que este trabalho vem mais uma vez realçar a vontade da Faculdade em contribuir para a resolução dos grandes problemas societais.

Tiago A. Marques e Soraia Pereira, investigadores do CEAUL Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Sumário gráfico do trabalho

Um grupo de investigadores utilizou gânglios linfáticos, amígdalas e sangue para mostrar como as células que controlam a produção de anticorpos são formadas e atuam. Estes dados permitirão desenhar estratégias que controlem a regulação do sistema, podendo contribuir para a resolução de doenças autoimunes ou alergias.

Logotipo Radar

Décima sexta rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade.

Pessoa lendo um jornal

A agenda temática avalia a importância que os meios de comunicação de massas têm quando distribuem determinados temas, dando atenção a certos assuntos e esquecendo outros.

lagoas de filtração

As águas residuais podem ser usadas para identificar precocemente novos surtos da COVID-19 e investigar a diversidade dos genomas do vírus SARS-CoV-2 que circulam numa comunidade, segundo comunicado de imprensa emitido pela Águas de Portugal. Os resultados do projeto de investigação COVIDETECT foram apresentados a 26 de maio.

Combinação de imagens de técnicas e aplicações da Geodesia

"Um dos marcos interessantes da contribuição da Geodesia para a sociedade foi a definição do metro formulada em 1791 , que teve como base a medição do arco de meridiano entre Dunkerque e Barcelona, efetuada ao longo de sete penosos anos (em plena revolução francesa)", escreve Virgilio de Brito Mendes, professor do DEGGE Ciências ULisboa, por ocasião do centenário do curso.

Fluviário de Mora

A exposição permanente do Fluviário de Mora inclui “Sons dos Peixes” produzida no âmbito do projeto de investigação “Deteção de Peixes Invasores em Ecossistemas Dulciaquícolas através de Acústica Passiva - Sonicinvaders”, liderado pelo polo da Faculdade do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente.

Modelo do espectrógrafo MOONS no VLT

Portugal colidera o projeto do Espectrógrafo Multiobjetos no Ótico e Infravermelho próximo, ou MOONS, assim como alguns dos seus grupos de trabalho. Um dos componentes principais do MOONS é o corretor de campo e foi desenhado por uma equipa do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

Planta

A fenotipagem (medição sistemática de caracteres fenotípicos, i.e., do corpo das plantas) foi eleita, depois dos grandes avanços verificados na fenotipagem nas últimas décadas, como um grande desígnio atual da comunidade da ciência das plantas. Leia a crónica da autoria de Jorge Marques da Silva, professor do DBV Ciências ULisboa e presidente da SPBP.

Vista aérea de florestas de mangal no arquipélago dos Bijagós

O estudo da autoria de Mohamed Henriques, José Pedro Granadeiro, Theunis Piersma, Seco Leão, Samuel Pontes e Teresa Catry realizado no ecossistema influenciado por mangal será publicado em julho deste ano no Marine Environmental Research, volume 169.

Cartas com Ciência

O conhecimento e a empatia não têm fronteiras, prova disso é o projeto Cartas com Ciência, que parte das palavras dos cientistas para criar laços e encurtar distâncias no que à educação diz respeito.

Satélite

"Com a Engenharia Geográfica/Geoespacial sabemos de onde vimos, para onde vamos, qual o melhor caminho e ainda o que vamos encontrar", escreve Paula Redweik, professora do DEGGE por acasião do centenário do curso.

Exposição “Empty space of the Unknown/ Nothing Is Right Now”

Catarina Pombo Nabais coordena o SAP Lab - Laboratório Ciência-Arte-Filosofia do Centro de Filosofia das Ciências da ULisboa e em entrevista dá conta da importância da relação interdisciplinar entre ciência e arte e dos projetos futuros.

Pepino do mar

Os pepinos do mar - espécies de equinodermes ainda muito desconhecidas - cumprem uma importante função ecológica: reciclam a matéria orgânica dos sedimentos e redistribuem nutrientes. O grupo de Pedro Félix, investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) e da Ciências ULisboa, é o único atualmente a trabalhar na ecologia e aquacultura de pepinos do mar em Portugal.

Anfiteatro com várias cadeiras e uma pessoa sentada a ler

O Grupo de Fala e Linguagem Natural dedica-se à Inteligência Artificial com enfoque especial no Processamento de Linguagem Natural e é o coordenador da PORTULAN CLARIN Infraestrutura de Investigação para a Ciência e Tecnologia da Linguagem.

cientista ao microscópio

Maria Helena Garcia, professora do DQB Ciências ULisboa e Andreia Valente, investigadora do DQB Ciências ULisboa, lideram A Something in Hands – Investigação Científica, Lda, uma spin-off desta Faculdade, que recebeu 100 mil euros da Portugal Ventures e que visa desenvolver novos medicamentos para o tratamento dos cancros metastáticos.

Centro de Testes Ciências ULisboa

O Centro de Testes Ciências ULisboa recebeu o primeiro lote de 110 zaragatoas a 1 de maio de 2020, provenientes de um conjunto de cinco lares de terceira idade do concelho de Mafra, no que viriam a ser os primeiros de várias dezenas de milhar de testes de diagnóstico molecular da COVID-19.

Logotipo Radar

Décima quinta rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade. A empresa em destaque volta a ser a Nevaro.

Há um conjunto de normas e princípios legais que regulam as relações dos indivíduos em sociedade. O direito de autor é um deles. Todo o conteúdo produzido e publicado em órgãos de comunicação social é considerado conteúdo editorial. Estas obras coletivas estão protegidas pelos direitos de autor.

Iris Silva

Iris Silva, investigadora do Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI) na Ciências ULisboa, venceu pela segunda vez o Best Young Investigator Award da Sociedade Europeia de Fibrose Quística (ECFS), segundo comunicado de imprensa emitido esta sexta-feira pela Faculdade. O galardão será atribuído durante o 44th European Cystic Fibrosis Conference, que se realiza online entre 9 e 12 de junho de 2021.

Margarida Ribeiro e Hugo Anjos, alunos de Ciências ULisboa do mestrado em Bioestatística

Em reunião do Infarmed, os alunos Margarida Ribeiro e Hugo Anjos, do mestrado em Bioestatística, receberam palavras de agradecimento da DGS pelo trabalho desenvolvido em contexto COVID-19.

Pessoas a trabalhar numa mesa

O projeto SKIES (SKilled, Innovative and Entrepreneurial Scientists), iniciado em março passado e com a duração de 18 meses, pretende fornecer a estudantes de doutoramento e jovens investigadores doutorados na área da Astronomia um conjunto de competências ao nível da ciência aberta, inovação e empreendedorismo.

Tachydromia stenoptera

Ana Rita Gonçalves concluiu o mestrado em Biologia da Conservação na Ciências ULisboa e no âmbito da sua tese estudou a morfologia de todas as moscas-formiga conhecidas da Península Ibérica e de Itália - dez espécies no total. Quatro delas são novas para a Ciência e uma apenas existe em Portugal.

Imagem gráfica das comemorações do aniversário da Faculdade

Esta segunda-feira, dia 19 de abril, a Faculdade celebra 110 anos. Para acompanhar a cerimónia comemorativa que será realizada uma vez mais online no próximo dia 21 de abril, a partir das 14h00, deverá ligar-se ao canal YouTube.

Exposição Variações Naturais – uma viagem pelas paisagens de Portugal

Após 18 meses de desenvolvimento de projeto e montagem, Variações Naturais – uma viagem pelas paisagens de Portugal abriu portas ao público em novembro passado e vai estar em exibição até 25 de novembro de 2022.

ferramenta de saída de campo

Ícaro Dias da Silva recebeu uma menção honrosa na última edição (2019) dos Prémios Científicos ULisboa / Caixa Geral de Depósitos. O investigador do IDL Ciências ULisboa estuda a geodinâmica das margens continentais relacionadas com a abertura e fecho de oceanos no Paleozoico.

Páginas