Opinião

Em homenagem a Ricardo Augusto Quadrado


Ricardo Quadrado

Faleceu recentemente, com 95 anos, Ricardo Augusto Quadrado. Foi um professor de Cristalografia e Mineralogia da FCUL, e da Universidade da Madeira, extremamente marcante para quantos tiveram o privilégio de com ele privar. Operações de simetria, teoremas de interdependência, da resolução de triângulos esféricos e de tantos outros “bichos-de-sete-cabeças” com que eram confrontados, logo no seu 1.º ano, os alunos da licenciatura em Geologia. Apesar da aparente complexidade destas matérias, muitos foram conquistados pelo raciocínio matemático e rigoroso de Ricardo Quadrado e descobriram a beleza e simplicidade da simetria dos minerais. Alguns desses discípulos viriam a ser, anos mais tarde, seus seguidores nesta mesma Escola.

Mas com ele aprendemos muito mais que Cristalografia e Mineralogia.

Ricardo Quadrado licenciou-se em Matemática em 1947/1948, e posteriormente em Engenharia Geográfica e Geologia. Estagiou como engenheiro na mina da Panasqueira, nos anos 1950, e foi convidado para assistente por Carlos Torre de Assunção em 1957. Doutorou-se em Cristalografia, em Madrid, através de uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian de 1962 a 1967. Em 1975 alcança a categoria de professor extraordinário, em 1980 a de professor catedrático. Jubilou-se, por limite de idade, em 1990, mas continuou a leccionar, graciosamente, durante alguns anos ainda. Foi militante do MUD Juvenil, nos anos quarenta, o que lhe valeu dissabores com a poderosa PIDE.

Ricardo Quadrado foi um professor quase obcecado pela importância de compreender os assuntos a fundo. Era capaz de passar semanas pesquisando livros e mais livros até compreender um determinado tópico, ou até concluir que este ou aquele estavam errados. A sua atitude crítica e exigente ajudaram-nos muito a prosseguir a busca da essência dos conceitos, e a tentar transmiti-la a outros.

Foi um transmontano “rijo”, de bondade e generosidade inexcedíveis, sempre pronto a defender os fracos e os desprotegidos. Com ele aprendemos também o valor da honestidade científica. Um dia trouxe para a aula um grosso volume de enciclopédia, e leu uma descrição cristalográfica. No fim disse: “Isto está errado. E estou à vontade para o afirmar, pois o autor sou eu. Quando escrevi este artigo sabia pouco acerca do assunto”. Acrescente-se que Ricardo Quadrado é (e já então era) licenciado em Geologia, Engenharia Geográfica e Matemática, e doutorado em Cristalografia. Aprendemos que é normal não saber tudo e que é importante ensinarmos o que sabemos, não o que não sabemos.

Muitos de nós fomos alunos de Ricardo Quadrado durante a ditadura. Nessa época era muito arriscado enfrentar o regime. Ricardo Quadrado salientou-se muito neste aspecto, dando exemplo de alguém que preferiu ser vítima de perseguições e injustiças a prescindir das suas convicções e ideais. Aprendemos que há alturas em que temos que nos bater pelos nossos valores, mesmo que isso nos acarrete consequências indesejáveis.

Ricardo Quadrado foi um grande professor, sobretudo por transbordar de conhecimento, por saber ouvir e saber dialogar. Estava sempre pronto a explicar. Os seus exames orais ficaram conhecidos pelo muito que neles se aprendia.

O respeito e amizade entre professores e alunos é bem conhecido na Geologia, em parte devido aos laços criados durante os trabalhos de campo. Ricardo Quadrado contribuiu muito para o estabelecimento de um altíssimo padrão de respeito pelos alunos, quer no trato directo, quer ao defender os direitos dos estudantes nos mais variados areópagos.

Ricardo Quadrado deixou uma marca muito forte no “GeoFCUL”, sobretudo na memória e forma de estar de inúmeros estudantes e dos actuais professores. Compete-nos continuar e transmitir o muito de excelente que dele herdámos.

Nota da redação: os autores não seguem o atual Acordo Ortográfico.

Fernando Barriga e Isabel Costa, Departamento de Geologia de Ciências

“Estes programas de bolsas e estímulos são muito importantes para os alunos que, como eu, ambicionam tornar-se investigadores”, declara o aluno de Ciências, um dos vencedores da edição 2016/2017 do prémio Novos Talentos em Matemática, da Fundação Calouste Gulbenkian.

Raquel Conceição, chair da Ação MiMed-TD1301 e Pedro Almeida, um dos representantes nacionais da Ação COST FAST, participaram no “Portugal in the Spotlight”. Os professores de Ciências deram a conhecer o sucesso das ações COST em que estão envolvidos, participando ainda no debate “Making the added value of networking tangible. The Portuguese perspective".

A Faculdade visita escolas secundárias há 19 anos e em parceria com a empresa Inspiring Future, desde 2014, por forma a divulgar a sua oferta formativa. Este ano letivo foram agendadas 95. Até agora Ciências já esteve em 56 escolas, após as férias escolares irá visitar mais 39.

A história ensinou-nos que quem faz a língua é quem a fala e escreve e estou em crer que todos estes e muitos outros termos, goste-se ou não, vieram para ficar.

Bruno Carreira, doutorado em Biologia por Ciências e atualmente investigador de pós-doutoramento no cE3c - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, é o vencedor da edição de 2016 do Prémio Fluviário de Mora - Jovem Cientista do Ano.

Quando Leibniz e Newton se enfrentaram no século XVII, sobre a origem do Cálculo, criaram um espaço para exercerem o contraditório, argumentando e criticando, em defesa dos seus argumentos. Esse exercício chama-se controvérsia (debate ou polémica), considerada por muitos como a máquina do progresso intelectual e prático. Cada um dos lados apresenta a sua explicação (causa) das suas razões, como factos (pro ou contra), e os quais sustentam e justificam a sua posição.

Ciências participou no Google Hashcode 2017. Das 12 equipas concorrentes, cinco resolveram corretamente os desafios de programação, numa maratona marcada, segundo os participantes, pela aquisição de competências e boa disposição.

Maria Amélia Martins-Loução, investigadora do cE3c e professora do DBV Ciências, é a nova presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia.

A 3.ª corrida de carros movidos a energia solar conta com a participação de 30 pilotos e dez carros construídos por alunos dos ensinos secundário e universitário.

“Estou a adorar a minha experiência académica. Ao estar no ramo da Matemática, consegui desenvolver algumas softskills, tais como a organização, a atenção ao detalhe, a capacidade para questionar e o rigor”, declara Diogo Ramalho, campeão nacional universitário de Taekwondo e aluno de Matemática de Ciências.

“Chocolate – do laboratório à fábrica” é uma das 159 palestras apresentadas por professores, cientistas a pedido das escolas secundárias.

No programa Novos Talentos em Matemática, edição 2016/2017, da Fundação Calouste Gulbenkian, foram distinguidos três alunos de Ciências. Desta vez, entrevistamos a aluna do 3.º ano do curso de Matemática de Ciências, Isabel Nobre.

Uma circulação de vento entre o equador e os polos foi detetada em ambos os hemisférios de Vénus pela primeira vez, e poderá contribuir para explicar a superrotação da atmosfera deste planeta, segundo estudo liderado por Pedro Machado, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaçoe professor do Departamento de Física de Ciências.

No filme “The man who knew infinity” (sobre a colaboração de Ramanujan com Hardy em Cambridge, Reino Unido) aborda-se a resolução de problemas e a discussão do recurso à intuição. O terreno da Matemática é o escolhido, tal como no problema de Kadinson-Singer (sem resolução durante 50 anos), e onde se trata da reconciliação da Física Quântica com a Matemática (Marcus, Spielman e Srivastava, 2015).

Filipe Duarte Santos foi designado presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS), segundo comunicado do Conselho de Ministros de 9 de março.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de março é com Rui Batista, especialista em Informática da Área de Sistemas de Informação e Desenvolvimento da Direção de Serviços Informáticos de Ciências.

Proteger a biodiversidade. Engane-se quem pensa que só os biólogos participam nesta árdua tarefa. 

Um estudo publicado na revista “Quaternary Science Reviews”, fruto de cinco anos de trabalho de investigadores portugueses e espanhóis, permitiu reconstruir a evolução da vegetação, paisagem e clima da ilha de São Miguel nos últimos 700 anos, através da análise dos sedimentos da Lagoa Azul.

A American Physical Society (APS) já anunciou a lista de homenageados pelo "Outstanding Referee Program" em 2017 e José Pedro Mimoso, professor do Departamento de Física e investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, é um deles.

As populações de várias espécies de anfíbios na Serra da Estrela estão a diminuir drasticamente, devido a uma infeção por uma nova estirpe de vírus, também já detetado noutras partes de Espanha e da Europa, segundo comunicado de imprensa emitido recentemente pelo cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.

Durante o Green Day ocorrido esta segunda-feira no campus de Ciências foi apresentado o Ecokart Twin, o primeiro kart elétrico português de dois lugares.

“Pequenas ações fazem a diferença, não tenham medo de sair da zona de conforto”. João Paulo Silva, um dos membros do projeto Movetech Telemetry, “apaixonado pela natureza”, dedicado ao estudo da ecologia das aves dos meios agrícolas, nomeadamente em projetos de seguimento remoto de vida selvagem como o Lince ou a Águia Imperial, deixa este conselho aos jovens que se interessam por esta área da Biologia. Saiba mais sobre este cientista, antigo aluno de Ciências e coordenador da componente científica e de desenvolvimento de software do Movetech Telemetry.

João Paulo Silva, doutorado em Ecologia por Ciências, investigador do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos e do cE3c, é um dos membros da equipa do Movetech Telemetry, no âmbito do qual estão a ser desenvolvidos equipamentos ultraleves e de grande autonomia para monitorização eficaz da vida selvagem.

O mercado do processamento da língua natural (PLN), segmentado em codificação automatizada, análise de textos, reconhecimento de carateres óticos, resposta interativa em voz, reconhecimento de padrões e imagens, e analítica da voz, tenderá a aumentar muito nos próximos dez anos.

O “XV Encontro de Jovens Investigadores em Paleontologia (EJIP)” realiza-se de 19 a 22 de abril de 2017, na cidade de Pombal, um concelho cuja riqueza paleontológica é salientada pela comissão organizadora desta 15.ª edição. Carlos Marques da Silva e Mário Cachão, professores do Departamento de Geologia e investigadores do Instituto Dom Luiz, são oradores convidados do encontro, cujas inscrições decorrem até ao final de março.

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