Debate praias e saúde pública

As misteriosas microalgas da praia de Carcavelos

Os recentes episódios de alarme nas praias de Carcavelos e da Caparica incitaram-me a escrever este artigo no sentido de elucidar a opinião pública sobre as microalgas do fitoplâncton, no geral, e sobre as microalgas tóxicas, em particular.

Os media transmitiam o que soava como uma ameaça própria de um filme de ficção científica: microrganismos invisíveis, microalgas tóxicas que causam comichão nos banhistas da Linha do Estoril. Nem os prazeres independentes da crise, como apanhar sol e tomar banho de mar ao preço de um bilhete de comboio suburbano, pareciam estar a salvo neste início de verão politicamente tão conturbado. Quando as queixas chegaram à costa da Caparica, o panorama alastrava-se para uma verdadeira catástrofe regional com honras de primeira página.

As microalgas são organismos microscópicos, fotossintéticos, que englobam uma grande variedade de grupos taxonómicos. Há que lembrar que a vida surgiu no mar, e que de todos os grupos que aí se originaram e evoluíram, só um deles, o das algas verdes, colonizou a componente terrestre — poderíamos ter um mundo vegetal vermelho, castanho ou amarelado, se a evolução tivesse enveredado por outro caminho. Constituem a base da cadeia alimentar nos oceanos e são essenciais para o equilíbrio biogeoquímico do planeta.

Algumas espécies de microalgas produzem toxinas. Tal como algumas espécies de plantas e de animais produzem compostos venenosos. Os efeitos das toxinas das microalgas nos seres humanos são conhecidos e são objeto de programas de saúde pública. Há vários tipos de toxinas, cuja designação está relacionada com o efeito que provocam no ser humano. Assim, na costa portuguesa, ocorrem as toxinas DSP, que provocam intoxicação diarreica, as toxinas PSP, que provocam intoxicação paralisante, as ASP, toxinas amnésicas, que, para além de um quadro gastrointestinal, desencadeiam um quadro neurológico. A monitorização das toxinas é da responsabilidade do IPMA; no site http://www.ipma.pt pode verificar-se que várias zonas da costa portuguesa, incluindo à volta de Lisboa, têm estado interditas para a colheita de bivalves devido à presença de toxinas DSP, durante as últimas semanas. Há ainda outras toxinas produzidas por outro grupo muito abundante em águas doces, as cianobactérias. Na literatura, são relatados casos de irritação cutânea para espécies presentes em água doce.

As microalgas existem sempre na coluna de água (e não apenas quando as temperaturas da água são elevadas, como foi adiantado em algumas notícias). Considerando apenas aquelas que são observáveis ao microscópio ótico (dado que há algumas que só o são no microscópio eletrónico), podemos dizer que coexistem entre 10 e 100 espécies diferentes, podendo a concentração total de indivíduos atingir milhões de células por litro. A sua abundância relativa vai variando ao longo do ano, dependendo das condições oceanográficas, que condicionam os fatores fundamentais que regulam o seu crescimento: a luz, os nutrientes e a possibilidade de se manterem nas camadas superficiais da coluna de água. Na sucessão das comunidades ao longo do ano, as espécies do grupo dos dinoflagelados são as que tipicamente surgem em alturas onde a temperatura é mais elevada e a coluna de água tem menor turbulência, condições frequentes no verão, correspondentes às que ocorreram no mês de julho. O grupo dos dinoflagelados contém o maior número de espécies tóxicas conhecidas (cerca de 75-80%). As toxinas DSP são produzidas por dinoflagelados do género Dinophysis.

Mas na bibliografia não estão reportados, até agora, casos de irritações cutâneas ligadas às espécies deste género.

Voltando às queixas dos banhistas, faltam dados para chegar a conclusões. Falta também a outra componente, a opinião de dermatologistas sobre as comichões. No Centro de Oceanografia da FCUL, onde temos vindo a desenvolver investigação sobre esta área, seguimos com grande curiosidade as informações disponíveis sobre esta matéria, tendo consciência de que estas questões são complexas, e que a investigação sobre as microalgas tóxicas e os seus efeitos envolve questões complexas e incompletamente esclarecidas, onde a natureza nos surpreende continuamente. O tema das microalgas tóxicas motiva importantes programas interdisciplinares em todo o mundo, dado que aborda desde as áreas da toxicologia e farmacologia até à oceanografia, passando pela socioeconómica (a proibição da apanha de bivalves por largos períodos tem fortes implicações nas comunidades piscatórias). É seguramente um tema desafiante, que desperta paixões.

Com efeito, de entre as matérias que ensino, esta tem sido inspiradora, transformando discretos alunos em cientistas empenhados: “Professora, consegui a bolsa para as microalgas tóxicas, vou seguir o meu sonho…”. Talvez seja a nossa sub-reptícia e antiquíssima atração pelos venenos, pela sua silenciosa e molecular eficácia.

(Este texto teve a colaboração da minha colega Ana Amorim, à qual muito agradeço.)

Vanda Brotas, professora catedrática da FCUL
cienciasdomar@fc.ul.pt
Propagação de bactérias (E.coli) num meio com obstáculos. Cada linha representa a trajetória de uma bactéria diferente

A propagação de bactérias perto de superfícies é fortemente influenciada pela presença de obstáculos. Investigadores da University College London, no Reino Unido e do Centro de Física Teórica e Computacional da Ciências ULisboa publicaram recentemente um estudo na revista Nature Communications, cujos resultados contribuem para o conhecimento de uma das áreas mais ativas da Física da Matéria Condensada - o estudo de matéria ativa em ambientes complexos.

"Quando há 50 anos, em julho de 1969, astronautas norte-americanos (missão Apollo 11) pousaram pela primeira vez na Lua as suas impressões registaram uma imensa desolação. O ambiente, sem vida ou atmosfera, que aí foram encontrar quadrava bem com o nome atribuído à grande planície crivada de crateras onde haviam chegado: o Mar da Tranquilidade." Crónicas em Ciências com Luís Tirapicos.

Campus Ciências ULisboa

No passado dia 4 de outubro ocorreu um incidente num laboratório do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), em Ciências ULisboa.O edifício foi evacuado e dado o alerta para os meios externos de socorro, que em articulação com o sistema de segurança da Faculdade rapidamente controlaram a ocorrência.Não houve qualquer vítima, nem danos materiais a registar.

LMG

Investigação liderada por cientistas do polo da Ciências ULisboa do MARE revela como os mutualismos de limpeza marinhos lidam com o aquecimento e acidificação dos oceanos. José Ricardo Paula, primeiro autor do artigo publicado recentemente na revista Scientific Reports do grupo Nature, está inscrito no doutoramento de Biologia - especialidade de Biologia Marinha e Aquacultura e sempre foi apaixonado por comportamento animal, cooperação e mutualismos - especialmente debaixo de água.

 LxUs

"Fomos os mais rápidos, mas não conseguimos trazer o troféu para casa. Não importa, a jornada já foi o próprio prémio." Crónicas em Ciências com o professor Hugo Ferreira. O tema em foco é a competição internacional de estudantes universitários SensUs e a equipa da ULisboa que competiu ao lado de outras 13, provenientes de universidades da Europa, América do Norte, China e Egito.

Projeto RESISTIR visa apoiar e implementar novos sistemas de medicina preditiva, personalizada, preventiva e participativa

Ciências ULisboa e a Maxdata Software apresentam a 26 de setembro, entre as 14h00 e as 17h45, na sala de atos, no edifício C6, no campus da Faculdade, os principais resultados do RESISTIR. O projeto visa apoiar e implementar novos sistemas de medicina preditiva, personalizada, preventiva e participativa e insere-se num consórcio que junta o BioISI, o LaSIGE; entidades empresariais na área de eHealth e diversas instituições de saúde.

Um grupo de investigadores da ULisboa está cada vez mais perto de conseguir criar um processo economicamente viável de reciclagem do dióxido de carbono responsável pelo efeito de estufa

Um grupo de investigadores da ULisboa está cada vez mais perto de conseguir criar um processo economicamente viável de reciclagem do dióxido de carbono responsável pelo efeito de estufa. Paulo N. Martinho, investigador de Ciências ULisboa, coordenou este trabalho, que dada a relevância dos resultados obtidos foi capa recentemente de uma das edições da conceituada revista Chemistry – A European Journal.

Rebecca Bell

Rebecca Bell, professora do Imperial College London, no Reino Unido, é a oradora da palestra do distinguished lecturer programme do European Consortium for Ocean Research Drilling (ECORD), coorganizada pelo Instituto Dom Luiz Ciências ULisboa. A especialista em Tectónica irá falar sobre um novo tipo de sismos, os chamados sismos lentos.

João Ricardo Silva, Deyi Xiong, António Branco, Changjian Hu, diretor do Grupo de Linguagem Natural da Lenovo, Rodrigo Santos e João Rodrigues

Um grupo de investigadores do Grupo de Fala e Linguagem Natural (NLX) do Departamento de Informática de Ciências ULisboa visitou, em julho passado, o Laboratório de Inteligência Artificial da Lenovo, no âmbito de um projeto de intercâmbio científico, coordenado por António Branco, professor do DI e coordenador do NLX.

Siluro marcado na albufeira da Barragem de Belver por investigadores do projeto FRISK

FRISK visa descobrir as rotas predominantes de chegada dos novos peixes não indígenas através da utilização integrada de ferramentas moleculares, modelação espacial, seguimento dos movimentos dos peixes e ciência cidadã. Leia a crónica de Filipe Ribeiro, investigador principal do projeto e do polo de Ciências ULisboa do MARE.

Campus Ciências ULisboa

Ciências ULisboa continua a ser uma referência no ensino superior, preenchendo a totalidade das vagas na 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao ensino superior. Leia o artigo de Pedro Almeida, subdiretor da Faculdade.

Samsung Galaxy

A maior conferência Android do mundo, com 11 anos de existência e presente em mais de 25 cidades por todo o mundo, - Droidcon Lisboa 2019 - realiza-se pela primeira vez em Portugal nos dias 9 e 10 de setembro, no campus de Ciências ULisboa.

LxUs

A equipa LxUs integra alunos das faculdades de Ciências e de Farmácia da ULisboa e é a primeira a representar Portugal no SenSus. Os estudantes desenvolveram biossensores para medição dum fármaco biológico, utilizado para tratar doenças como a artrite reumatoide. Grande parte da equipa é da área da Engenharia Biomédica e Biofísica.

Marissa Verhoeven na HortaFCUL

“O meu estágio foi muito desafiante”, conta Marissa Verhoeven, estudante de Biologia Aplicada na Holanda, após a experiência no projeto de permacultura experimental da HortaFCUL. Na crónica sobre esta experiência partilha os resultados da sua investigação sobre a produção e o uso do vermicomposto, bem como um livro infantil sobre a importância das abelhas.

Paula Simões

Paula Simões ora leciona e orienta alunos, o que geralmente ocupa grande parte das suas manhãs ou tardes, ora ocupa o restante tempo com outras atividades como é exemplo o projeto “Cigarras de Portugal – Insetos Cantores”, no âmbito do qual os cidadãos são desafiados a estarem atentos aos sons das cigarras!

Tiago Guerreiro

O professor de Ciências ULisboa Tiago Guerreiro é um dos novos editores chefes da Association for Computing Machinery (ACM) Transactions on Accessible Computing (TACCESS).

Planta

Grupo de investigadores e responsáveis de instituições de investigação escreveram uma carta aberta de protesto sobre decisão do Tribunal de Justiça Europeu sobre genoma.

Prémio Doutoramento em Ecologia

Francisco Pina Martins, Adrià López-Baucells e Inês Gomes Teixeira são os vencedores do Prémio de Doutoramento em Ecologia 2019. Os trabalhos galardoados serão apresentados durante o 18.º Encontro Nacional de Ecologia, que se realiza em simultâneo com o 15.º Congresso Europeu de Ecologia, entre 29 de julho e 2 de agosto em Ciências ULisboa.

Complexidade da diversidade

"É um erro pensarmos que uma boa equipa de I&DE só deve ser construída com os mais espertos: de facto, é o coletivo, constituído com pessoas que trazem uma gama variável de perspetivas (pontos de vista) para um problema, que obtém os melhores resultados", in no Campus com Helder Coelho.

Chegada à Lua

O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e o Museu da Presidência da República celebram os 50 anos da chegada à Lua.

Campus Ciências ULisboa

Professores de todo o país vão estar reunidos no maior evento de formação acreditada na área do ensino das ciências realizado em Portugal. O VI Encontro Internacional da Casa das Ciências acontece entre os dias 10 e 12 de julho, no campus de Ciências ULisboa.

Logotipo

Tal como sucedeu em edições anteriores, vários professores e investigadores de Ciências ULisboa participam no Ciência 2019 - Encontro com a Ciência e Tecnologia em Portugal, que decorre em Lisboa até 10 de julho.

Mara Gomes, aluna do 2.º ano do mestrado em Ciências do Mar participou no cruzeiro oceanográfico RV Polarstern em junho passado, sob o lema “Changing Oceans – Changing Future”. “Mara Gomes teve a dupla experiência de participar como cientista e de ensinar os alunos do programa POGO”, conta Vanda Brotas, professora do Departamento de Biologia Vegetal e investigadora do polo de Ciências ULisboa do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE).

Ciências ULisboa

As classificações excelente e muito bom destacaram-se na avaliação feita aos centros de investigação afetos a Ciências ULisboa. Para os próximos quatro anos, Ciências ULisboa pretende continuar a sua aposta na investigação de excelência, agora com um pouco mais de fundos (um acréscimo de mais de quatro milhões de euros).

Falecimento

Ermesenda Fernandes, assistente técnica do Gabinete de Orçamento e Prestação de Contas da Área Financeira da Direção Financeira e Patrimonial de Ciências ULisboa, faleceu esta quarta-feira, dia 19 de junho de 2019. A Faculdade lamenta o triste acontecimento, apresentando as condolências aos seus familiares, amigos e colegas.

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