Descobertas quatro novas espécies de moscas-formiga na Península Ibérica

Tachydromia stenoptera

A Tachydromia stenoptera apenas existe em Portugal

Imagem cedida por ARG

As moscas-formiga são moscas pertencentes ao género Tachydromia, têm diminutas dimensões (cerca de 2 mm), habitam a manta morta de bosques nativos de folha caduca e marcescente, tais como carvalhais, e não possuem asas funcionais. Podem confundir-se com formigas à primeira vista, não só no seu aspeto morfológico como por vezes também nos seus comportamentos. Encontram-se frequentemente junto a formigas que tendem a ignorá-las.

Ana Rita Gonçalves concluiu o mestrado em Biologia da Conservação na Ciências ULisboa e no âmbito da sua tese estudou e (re)descreveu a morfologia de todas as moscas-formiga conhecidas da Península Ibérica e de Itália - dez espécies no total. Quatro delas são novas para a Ciência: Tachydromia ebejeri, Tachydromia stenoptera, Tachydromia nigrohirta e Tachydromia cantabrica.

A Tachydromia stenoptera apenas existe em Portugal, numa área relativamente restrita da Serra da Estrela e Serra da Malcata, em zonas de floresta de folha caduca ou marcescente, sobretudo em carvalhais.

Este trabalho foi publicado como uma monografia no European Journal of Taxonomy. Mediante os dados recolhidos os cientistas avaliaram o estado de conservação da Tachydromia lusitanica para o Livro Vermelho dos Invertebrados de Portugal e, de seguida, também serão avaliadas outras moscas-formiga.
Ana Rita Gonçalves estudou as moscas-formiga a vários níveis. Na maioria dos casos, apenas se conhecia a localidade em que os únicos espécimes conhecidos tinham sido coletados pela primeira e única vez (há mais de 100 anos).

Espécies moscas-formiga
As novas espécies das moscas-formiga
Imagem cedida por ARG

Uma das características mais interessantes é que, em alguns casos, os machos das moscas-formiga têm asas reduzidas a pequenos segmentos tubulares com um lobo na extremidade apical, que parece uma pequena bandeira. Em algumas espécies este tipo de asa é utilizado durante a cópula, em que o macho as abana em frente aos olhos da fêmea, de modo a mantê-la "entretida" e evitando assim que tente escapar. Estas asas têm então uma função sinalizadora.

“Com base em dados moleculares reconstruiram-se as relações filogenéticas entre todas as moscas-formiga. Esses resultados estão de acordo com as relações que nos pareciam fazer sentido quando se estuda a morfologia de cada espécie, o que ajudou a fundamentar a descrição destas novas espécies e a entender que a redução das asas não tem importância taxonómica”, diz Ana Rita Gonçalves.

Para Ana Rita Gonçalves o mestrado foi uma excelente oportunidade para aprender sobre conservação de espécies e ecossistemas. “Desde técnicas de genética até técnicas de amostragem no campo, há muitas disciplinas que darão as bases necessárias para enveredar por uma carreira de sucesso”, diz, mencionando ainda que os estágios ao abrigo do programa Erasmus +, por exemplo, podem abrir os horizontes. A jovem também aconselha a participação em congressos e encontros científicos, mesmo que os mestrandos não tenham ainda nada para apresentar. “É outro método muito eficiente para criar conexões e, sobretudo, ficar a par de mais hipóteses de investigação”, revela.

Durante o mestrado Ana Rita Gonçalves decidiu estudar como ocorre a cópula em espécies com asas diferentes (ou sem asas) e chegou à conclusão de que na espécie T. iberica (áptera) o macho utiliza as patas dianteiras (pretas e amarelas) do mesmo modo em que se utilizam as asas sinalizadoras, abanando-as em frente aos olhos da fêmea. No caso de T. semiaptera, o macho também tem asas reduzidas a uma porção algo tubular com um lobo similar a uma bandeira na extremidade. Contudo, estas asas são muito menos rígidas do que as das outras espécies.

“O que se observou foi que o macho não utiliza de todo as asas como sinalizadoras durante a cópula e, em vez disso, utiliza as patas dianteiras tal como T. iberica. No entanto, o macho de T. semiaptera tem as patas dianteiras muito peculiares por serem distintamente infladas, negras e amarelas, provavelmente características importantes para a função que desempenham”, conta Ana Rita Gonçalves, acrescentando que nas moscas-formiga há vários tipos de redução de asas, desde a sua completa ausência, passando por asas que são minúsculas escamas, até à existência de asas muito reduzidas com o lobo apical. “O que é verdadeiramente interessante é que não só ocorreu um processo de redução das asas (o que é algo que acontece frequentemente com insetos que vivem na manta morta, por exemplo), como uma modificação com importância sexual. Já outras moscas-formiga, seguiram um caminho evolutivo diferente, e apenas ocorreu redução das asas, sendo as patas a estrutura que sofreu modificação de modo a sinalizarem durante a cópula”, conclui.

Recentemente, Ana Rita Gonçalves inscreveu-se no programa doutoral de Entomologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), no Brasil. O seu projeto de doutoramento é focado no desenvolvimento de técnicas para acelerar a descrição taxonómica de forma eficiente e acessível de grupos megadiversos, com aplicação em dois géneros de moscas da família Hybotidae, Elaphropeza e Platypalpus. O segundo objetivo é estudar a evolução e biogeografia destes géneros, de modo a perceber quais os limites entre espécies e padrões de especiação ao longo de diferentes zonas biogeográficas.

mapa
Distribuição das moscas-formiga
Imagem cedida por ARG

 

Ana Subtil Simões, Área Comunicação e Imagem Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Nova espécie de abelha em Portugal
Colisão de Theia com a Terra

Artigo científico promete início de novo paradigma para o estudo do planeta 

Cláudio Fernandes e Duarte Almeida

Depois de três meses de trabalhos informais, a nova Comissão recebeu luz verde para a constituição formal, através de um despacho da direção de CIÊNCIAS, que foi lançado no início de julho. A primeira reunião oficial já teve lugar e o novo elenco já começou a preparar os desafios para os próximos dois anos de atividade.

Foto de uma onda no mar

O oceano já faz muito por nós. Absorve cerca de 30% do dióxido de carbono (CO₂) que emitimos e retém mais de 90% do calor em excesso provocado pelas alterações climáticas. Mas será que pode fazer ainda mais?

Foto de Carlos M. Farinha

Carlos M. Farinha, co-responsável do Laboratório de Investigação em Fibrose Quística de CIÊNCIAS e um dos vice-diretores do BioISI – Biosystems and Integrative Sciences Institute, foi reeleito membro da Direção da European Cystic Fibrosis Society (ECFS).

ilustração de CIÊNCIAS

Primeira fase de candidaturas termina entre 28 de julho e 4 de agosto

alunos no campus de Ciências

Os jovens vão participar em 17 projetos científicos durante uma semana

Margarida Amaral

A Investigadora do BioISI vai assumir novo cargo internacional

Meredith Ringel Morris, investigadora da Google DeepMind

Especialista da Google Deepmind deu palestra no Auditório de CIÊNCIAS 

O Simpósio Internacional sobre Interações e Agregação de Proteínas realizou-se no Caleidoscópio

Mais de 60 investigadores vieram participar no evento organizado por CIÊNCIAS e FCiências.ID

Foto de grupo dos participantes no encerramento da segunda semana do Verão na ULisboa.

Foi com a entrega dos insubstituíveis diplomas que terminou a 11 de julho mais uma edição do programa didático Verão na ULisboa no Campus da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CIÊNCIAS). Durante duas semanas, 170 alunos do ensino básico e do ensino secundário lançaram mãos a experiências, desafios e explicações de princípios científicos com o propósito de conhecer o mundo que os rodeia e eventualmente novas vocações profissionais. 

Logotipo do 24º Encontro dos Caminhos para a Complexidade

A Inteligência Artificial foi o tema do 24º Encontro dos Caminhos da Complexidade

Ana Simões, professora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Professora de CIÊNCIAS diz que vai aproveitar o novo mandato para promover a inclusão e novas metodologias de estudo

Um astronauta olha em frente num jardim ensolarado

Estão abertas, até dia 30 de julho, as candidaturas para a 2.ª edição da Unite! Research School. Esta edição terá como temas a AI e Cibersegurança, Espaço e Tecnologia e Engenharia Biológica.

Cenário reconstituído do sítio de trilhas de Monte Clérigo, gerado por ferramentas de IA.

Um estudo internacional com participação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CIÊNCIAS) identificou as primeiras pegadas fossilizadas atribuídas a Neandertais em território português. O artigo agora publicado na revista Nature Scientific Reports, revela que as pegadas descobertas nas praias do Monte Clérigo e do Telheiro, no Algarve, remontam a cerca de 78 a 82 mil anos atrás.

Rafael Hipólito está a tirar o mestrado de matemática

Aluno de mestrado ganhou competição de cálculos integrais e diz que quer seguir a via da investigação. "O número de problemas em aberto na matemática não tem vindo a diminuir, mas sim a aumentar", recorda Rafael Hipólito  

Bernardo Ferreira e Bruno Cotrim foram premiados com o projeto ArchiveChain

Bernardo Ferreira e Bruno Cotrim foram distinguidos na edição de 2025 dos prémios Arquivo.pt

Foto de teclado com teclas adaptadas a símbolos de acessibilidade.

Um estudo internacional liderado por investigadores de Portugal, Polónia e Irlanda alerta para graves lacunas na acessibilidade digital de grande parte das universidades europeias. A investigação, que envolveu a análise de 171 instituições de ensino superior em 38 países, contou com a participação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Apresentação de projetos de inovação e investigação

Cada um dos projetos das edições passadas recebeu €50 mil de financiamento

Voluntários, professores e parceiros apresentaram as atividades de Voluntariado Curricular

Apresentação pública revela atividades de alunos de CIÊNCIAS junto de 10 parceiros 

Participantes do Verão ULisboa

Iniciativa da Universidade de Lisboa destina-se a alunos do ensino básico e secundário 

Pedro Matos Soares, Angelina Bushenkova e Gil Lemos (fundadores da Phair Earth)

A empresa liderada pelo professor Pedro Matos Soares vai combinar modelos climáticos globais, dados locais e Inteligência Artificial para apresentar projeções que indicam efeitos negativos das alterações climáticas.

O professor Federico Herrera e a professora Manuela M. Pereira posam junto ao roll-up da iniciativa

O evento, intitulado “Ensino Superior para Estudantes com Dificuldades Inteletuais e desenvolvimentais”, foi organizado pela Associação Pais 21, em colaboração com dois professores da Faculdade de Ciências da ULisboa (CIÊNCIAS), Manuela Pereira e Federico Herrera.

Painel de participantes na conferência

Decorreu entre 3 e 6 de junho de 2025, em Nice, o congresso internacional “One Ocean Science Congress” (OOS2025), um Evento Especial dedicado à Ciência da terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (

Sara Magalhães é professora de CIÊNCIAS

Sara Magalhães, investigadora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais na (CE3C), vai assumir a presidência da ESEB até 2029

Prémios Universidade de Lisboa/Caixa Geral de Depósitos distinguem investigadores de CIÊNCIAS

O Pavilhão de Portugal acolheu a 25 de junho a Cerimónia de Entrega da edição de 2025 dos Prémios Universidade de Lisboa/Caixa Geral de Depósitos, nos quais foram distinguidos um total de 10 investigadores da Faculdade de Ci

Páginas