Retrospetiva dos oito anos de mandato de Margarida Duarte Amaral no BioISI

Margarida Amaral

"Apesar de serem muitos os objetivos alcançados no BioISI ao longo destes oito anos, julgo que o mais relevante é a produtividade científica", responde Margarida Duarte Amaral, quanto aos principais marcos do BioISI

BioISI

Margarida Duarte Amaral dirigiu o Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI) durante oito anos. Esta entrevista é sobre o passado, o presente e o futuro e como “o todo é maior do que a simples soma das suas partes”.

BioISI Communication Office (BioISICom) - Qual era a visão que tinha para o BioISI, no momento da sua criação, em 2015?

Margarida Duarte Amaral (MDA) - Quando em 2015 decidimos fundir três centros de investigação nas áreas de Biologia Molecular/Bioquímica, Física e Ciências da Computação para criar o BioISI, a minha visão era a de fundar um centro interdisciplinar, no qual os investigadores de diferentes áreas pudessem propor e realizar ideias ousadas/disruptivas que fizessem avançar as suas áreas de investigação mais do que apenas através dos (pequenos) avanços conseguidos em cada área individualmente. Por outras palavras: a visão de criar um centro de investigação que fosse muito mais do que “soma” dos seus investigadores.

BioISICom - Quais foram as ações estratégicas mais importantes que concretizaram a missão do BioISI?

MDA - Estou convencida que a ação mais importante foi a criação das Core-Facilities BioISI. Estas são mais do que meras infraestruturas, uma vez que têm investigadores e técnicos disponíveis para ajudar outros investigadores a colocar as suas ideias em prática. Destaco como outras ações estratégicas importantes os Projetos BioISI que financiam investigação interdisciplinar (que mobilizam, pelo menos, duas áreas científicas distintas) e que são destinados ao desenvolvimento de ideias inovadoras, levadas a cabo sobretudo pelos investigadores principais mais jovens. Devo também mencionar a criação do Programa de Post-docs e do programa BioISI Junior (para estudantes de mestrado), ambos financiados pelo BioISI. Devo confessar que a minha inspiração veio do EMBL, o prestigiado Laboratório Europeu de Biologia Molecular (em Heidelberg, na Alemanha), onde trabalhei durante dois anos. Outro aspeto que gostaria de mencionar – dada a sua “raridade” – é o apoio dado pelo BioISI (nomeadamente pelos grupos de Microbiologia e Biotecnologia) às start-ups no Tec Labs, trabalhando lado a lado com as mesmas e, por isso, contribuindo para o sucesso destas empresas. Considero que estas atividades se revestem de especial relevância para a sociedade.

BioISICom - Quais são os principais marcos que acredita serem a materialização da missão do instituto?

MDA - Apesar de serem muitos os objetivos alcançados no BioISI ao longo destes oito anos, julgo que o mais relevante é a produtividade científica. Neste sentido posso apresentar alguns exemplos de indicadores Key Performance Indicators (KPI), dos últimos sete anos, que representam a robustez e consistência da investigação no BioISI.

  • O número médio de publicações por investigador doutorado por ano é de 2,2 (80% das quais em publicações Q1;
  • O top 25% dos artigos do BioISI tem um índice de impacto médio de 8;
  • No BioISI, anualmente, são concluídas, em média, nove teses de doutoramento e 24 teses de mestrado;
  • Cinco investigadores do BioISI fazem parte da lista de investigadores mais citados em todo o mundo (publicada pela Universidade de Stanford, USA): um no top 1% e os restantes quatro no top 2%.

Para além destes indicadores, outro aspeto do qual me orgulho muito é o nível de internacionalização alcançado pelo BioISI. Este facto reflete-se na existência do programa internacional de doutoramento concebido pelo BioISI, na organização de escolas de verão e workshops internacionais, nas colaborações contínuas com outros grupos de investigação europeus e de fora da Europa. Também o elevado número de publicações em coautoria com grupos internacionais e o facto do Scientific Advisory Board do BioISI ser integralmente internacional são reflexo dessa internacionalização.

BioISICom - Tendo em consideração a visão do BioISI inicialmente estabelecida, o que é que ainda falta implementar e porquê?

MDA - Há ainda muito por alcançar, mas vou apenas mencionar o aspeto que considero mais premente: a consolidação das Core-Facilities como infraestruturas integrantes da Ciências ULisboa. Não conseguimos assegurar a sustentabilidade de infraestruturas com tecnologia de ponta oferecendo condições de trabalho precárias aos nossos investigadores e técnicos, altamente qualificados, cujo período de formação foi longo, nomeadamente nos mais prestigiados centros internacionais. A abertura de novas posições na Universidade em geral e na Faculdade, em particular, não pode contemplar apenas as necessidades de ensino, mas deve sobretudo alicerçar-se na investigação das suas unidades de investigação, fomentando o desenvolvimento das áreas científicas nas quais Ciências ULisboa é mais competitiva e produtiva. Só assim poderá a nossa escola atrair os melhores investigadores de forma a consolidar e reforçar o know-how até aqui desenvolvido. Esta foi, na verdade, uma forte recomendação recentemente efetuada pela Comissão Externa de Aconselhamento da Ciências ULisboa.

BioISICom - Durante o seu mandato, qual foi o aspeto mais desafiante no trabalho realizado enquanto diretora do BioISI?

MDA - O aspeto mais desafiante foi, sem dúvida, o último exercício de avaliação das unidades de investigação e desenvolvimento (UID) pela FCT, em 2019. Com efeito, a abolição dum painel de avaliação interdisciplinar teve como resultado uma avaliação injusta do BioISI como centro fortemente interdisciplinar. Tanto mais que isto contrastou drasticamente com o anterior exercício de avaliação da FCT (2015), no qual se tinha fortemente incentivado a fusão de centros de investigação de várias áreas científicas para alcançar a interdisciplinaridade e diminuir a fragmentação das UID, um desafio verdadeiramente acolhido através da criação do BioISI. A ausência de um painel adequado em 2019 conduziu a uma avaliação muito parcial e subjetiva do BioISI, com a principal consequência do decréscimo de financiamento de base atribuído. Muito mais poderia ter sido alcançado com fundos adicionais e é por isso que o resultado desta avaliação foi muito frustrante. Auspiciosamente, recebi esta semana a avaliação do relatório plurianual pela FCT que reconheceu o valor do BioISI, decorrente dos seus resultados e indicadores de excelência.

BioISICom - Olhando para trás, há algo que gostasse de ter feito de forma diferente?

MDA - Embora retrospetivamente seja sempre mais fácil ter uma melhor perspetiva de como as coisas poderiam ter sido melhoradas globalmente, acho que não teria mudado a orientação geral que dei ao plano de investigação estratégico do BioISI.

BioISICom - Na sua opinião, quais são os grandes desafios que o BioISI enfrenta hoje?

MDA - Para além do aspeto anteriormente referido sobre a consolidação das Core-Facilities do BioISI como parte integrante da Ciências ULisboa, o BioISI tem agora de enfrentar um novo exercício de avaliação, o que é sempre um desafio. Espero sinceramente que este inclua um painel de avaliação interdisciplinar. A este respeito, já escrevi à presidente da FCT, para que, desta vez, esse painel interdisciplinar "não seja esquecido".

BioISICom - A coordenação de um instituto de investigação deve ser uma missão exigente, mas também gratificante. Quais são os aspetos pelos quais está mais grata por estes anos de coordenação?

MDA - Para além da elevada produtividade científica do BioISI, o aspeto mais gratificante da minha coordenação é o feedback que tenho recebido ao longo dos anos por parte dos jovens investigadores principais sobre o apoio contínuo do BioISI à sua investigação e às suas carreiras, em particular quando da sua instalação no BioISI Ciências ULisboa.

BioISICom - A partir de agora, ocupará uma posição diferente no BioISI e, possivelmente, terá mais tempo para liderar a sua própria investigação. O que acha que vai mudar nas suas tarefas diárias e quais são os aspetos aos quais pretende dedicar mais tempo?

MDA - Com efeito, não ter de lidar com o número (incrivelmente elevado!) de tarefas burocráticas que advém do "pacote de coordenação" é algo que anseio. Aliás, esta saída da coordenação do BioISI coincide com uma licença sabática. Por isso, vou aproveitar esta oportunidade para me concentrar mais na investigação do meu próprio grupo, talvez até para iniciar novas "aventuras" de investigação (alguns projetos da UE estão já a alinhar-se...).

BioISICom - Que palavras gostaria de dirigir ao professor Rui Malhó como novo diretor do BioISI?

MDA - Continua [o trabalho desenvolvido] e sobe a fasquia!

BioISICom com GJ Ciências ULisboa
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"Existem várias teorias que dão contexto a este medo, mas sobretudo há uma ideia subjacente: o medo de não viver, sentir ou fazer qualquer coisa em vida, uma sensação de vida não vivida", escreve Andreia Santos, psicóloga no GAPsi Ciências ULisboa.

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Brainteaser é o nome do consórcio que coloca a inteligência artificial ao serviço da saúde, nomeadamente dos doentes com Esclerose Lateral Amiotrófica e Esclerose Múltipla. A Universidad Politécnica de Madrid lidera o consórcio composto por 11 parceiros de Espanha, Itália, Portugal, Sérvia, Irlanda e Bélgica.

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As partículas de aerossol atmosférico podem modificar as nuvens e o clima ou contribuir para a poluição urbana. O estudo “Role of iodine oxoacids in atmospheric aerosol nucleation” publicado na Science apresenta os resultados da experiência CLOUD (Cosmics Leaving Outdoor Droplets), anuncia o CERN. Este artigo é assinado por mais de cem investigadores, entre os quais se contam João Almeida, António Amorim, António Dias e António Tomé.

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A descoberta de duas novas galáxias gigantes na emissão no rádio sugere que muitas mais destas estruturas impressionantes estarão prestes a revelar-se, segundo um estudo internacional que contou com a colaboração do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

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A redução de oxigénio nos oceanos é o fator com mais impacto negativo nos organismos marinhos. Esta é a principal conclusão de um estudo publicado na revista Nature Ecology and Evolution, liderado por membros do Laboratório Marítimo da Guia do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, polo da Ciências ULisboa, segundo comunicado de imprensa emitido esta segunda-feira.

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Vídeochamada com membros do ATP no complexo interdisciplinar a partir do KITP, na Califórnia, em abril de 2014

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Uma mudança cultural e a criação de uma nova mentalidade na conceção de ferramentas para atividades profissionais e privadas para todos os cidadãos europeus, na posse das suas totais capacidades ou com alguma limitação, é o objetivo da ação LEAD-ME COST, que tem Carlos Duarte, professor do Departamento de Informática, investigador do LASIGE Ciências ULisboa, como membro do comité de gestão desta ação.

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2020 é um ano que ficará para a história por muitas razões relacionadas com a pandemia, mas também pelos avanços registados na ciência que estuda os fotões, particularmente na fotónica linear e não linear e cujos estudos foram publicados na Nature, Nature Photonics e Science e contaram com a colaboração teórica de Vladimir Konotop, professor do Departamento de Física e investigador do Centro de Física Teórica e Computacional da Ciências ULisboa.

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O livro “Alterações Climáticas Desafios para Portugal depois do Acordo de Paris” pretende mostrar a diversidade temática associada ao problema das alterações climáticas, e fornecer ao leitor interessado uma fonte acessível e em português, que lhe permita ficar a par dos desenvolvimentos mais recentes nas diferentes áreas abordadas.

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