No Campus com Helder Coelho

Altruísmo Eficaz sobre Viver Eticamente

Helder Coelho

Nos últimos anos da troika (2011-2015), a importância da Filosofia foi bastante apreciada, em particular a nível internacional. Este período não foi bom para Portugal, sobretudo porque os jovens licenciados foram colocados de lado e sem trabalho, os sem emprego (ou bolsa), os precários (com vencimento à hora de ocupação, os temporários, sem férias, direitos de saúde...), e os que estavam a mais (e, forçados a emigrar) juntaram a sua indignação e protestaram. Nem sempre com resultados bem visíveis e de pressão real sobre o poder.

Um livro recente de Peter Singer, “O Maior Bem que Podemos Fazer”, que foi posto à venda este ano em Portugal, justifica a necessidade da Filosofia ao abordar o altruísmo (contra o egoísmo) eficaz, o utilitarismo de Jeremy Bentham e John Stuart Mill, e a Ética prática. Peter Singer nasceu na Austrália e ensina nas universidades de Princeton e de Melbourne. O livro das Edições 70 (2016) resultou das Lições Castle, um exercício realizado graças à filantropia, uma atividade muito vulgar em países anglo-saxónicos e não comum em Portugal, e que incentiva as universidades a serem interventoras socialmente.

As neurociências explicam porque fomos evoluindo para cooperar (aliás como outros animais), viver em grupo, e porque nos sentimos melhor quando ajudamos a caridade, sem ganhar nada com isso. A resposta para este quebra-cabeças (fugirmos de estar sós) é o altruísmo ser favorecido pela sorte (ganhar é melhor do que perder), e o nosso cérebro estar já feito para responder ao altruísmo (somos naturalmente  otimistas e dispostos para a empatia). E, com a idade esta inclinação tende a melhorar e a ficar mais forte.

Os seres humanos passam a vida a fazer escolhas, nem todas com bons resultados, embora muitas possam ter consequências, sobretudo para o bem estar dos que estão ao nosso lado. Esqueçamos por uns minutos os outros que fazem o mal (a preferência dos media para ter audiência), e foquemos a nossa atenção neste movimento do altruísmo eficaz.

Duas coisas sobressaem imediatamente, o modo como fazemos as decisões (cálculo, juízo), entre as várias alternativas (preferências), e o que está por detrás delas, as motivações reais. Alguns autores tratam esta temática pelo nome de álgebra moral (racionalização de uma decisão), pois as nossas mentes fazem operações afetadas por pesos, oriundos de necessidades, de respostas emocionais, de interesses (os nossos e os dos outros), e também associadas à ideia do futuro. O cálculo evoca intuições, benefícios, o que se passou atrás, o que está a acontecer, e, finalmente, o que queremos que seja o que vem aí.

Costuma-se dizer que os mercados eficientes são denominados por agentes que maximizam as suas escolhas. Conhece-se hoje que isto não é bem verdade, pois os que têm maior sucesso são precisamente os que não maximizam, nos negócios ou na política. Enfrentar a complexidade, resolver os problemas do dia a dia, com bom senso, implica muitas vezes mais de que uma mente, e é por isso que ouvimos frequentemente as opiniões dos outros e ponderamos depois as nossas próprias escolhas, muitas vezes baseados nas nossas experiências e no que aprendemos com os nossos erros.

Viver eticamente contribui também para uma satisfação interior, e a maior parte das vezes implica usar uma parte substancial dos nossos recursos de sobra para fazermos do mundo um lugar melhor (beneficência). Porém, fazer o bem é uma ideia vaga, reconhece Singer, embora levante muitas questões interessantes. Em primeiro lugar, o que quer isso dizer (veja-se o sítio da Internet GiveWell). Depois, importa saber se os sofrimentos têm o mesmo valor para todos. E, para alguns que benefícios podem daí resultar. No fundo, as boas decisões são sempre um produto de processos ordenados, embora os objetivos sejam quase sempre imprecisos e o cálculo dependa de muitos fatores e variáveis.

De facto, o uso da razão para reorganizar as verdades morais essenciais é exigido durante a análise das situações difíceis e, frequentemente, quando o comportamento humano está muito envolvido. E, como podemos fazer o bem de forma mais eficiente? É possível ser altruísta sempre, ou apenas quando descobrimos alguém a sofrer muito? Será que o grau de empatia depende dessa pessoa ser uma criança, ou então disso ocorrer mais perto de nós e de nos impressionar?

É melhor evitar dar logo uma resposta rápida e fácil. O que costumamos fazer é avaliar bem os nossos recursos secundários e pensar um pouco como eles poderiam ser gastos, em múltiplos fins. Em seguida, executamos um cálculo expedito atribuindo o máximo benefício ao maior número de indivíduos possível (ato de beneficência), associando a obrigação moral de dar à compreensão geral do que acontecerá se realizarmos essa  oferta. Alguns filantropos preferem estar certos de que o que dão irá mesmo ser aplicado e terá uma utilidade precisa. Outros, ficam satisfeitos apenas pelo ato de dar a quem precisa. Esta variedade do oferecer condiciona aquela tipo de cálculo.

Nos últimos anos assistimos ao incremento da obrigação moral de dar, e graças ao aparecimento de vários movimentos sociais predispostos a incentivar o nosso altruísmo natural. No que respeita ao trabalho, isso não se verificou e aumentaram os casos de jovens vivendo em casa dos pais e avós, em regime de grande dependência. O que podemos fazer para melhorar as coisas? Pensem no valor que Portugal está perdendo quando não entra em linha de conta com o investimento que faz com a formação da juventude (capital humano), e que são os outros países que irão aproveitar e tirar vantagem sobre nós.

Helder Coelho, professor do Departamento de Informática de Ciências
imagem do Perserverance em Marte

Carlos Mão de Ferro, estudante do doutoramento em Informática, relata a sua experiência de estágio na NASA, na Califórnia, EUA. O estudante está a participar num projeto cujo objetivo é lançar pequenos robots na superfície de Marte, a partir de um rover principal, formando uma rede de sensores inteligente, com o intuito de estudar a existência de água no planeta.

Carlos Castro a receber a nomeação

Carlos Nieto de Castro, professor catedrático jubilado do Departamento de Química e Bioquímica e investigador no Centro de Química Estrutural (CQE), foi eleito Fellow da International Association for Advanced Materials (IAAM), como reconhecimento pela sua contribuição na área da Termofísica de fluidos e materiais com aplicações energéticas. É o segundo investigador português a obter esta distinção.

tubarão-martelo

Novo estudo recentemente publicado na revista Frontiers in Marine Science, desenvolvido por investigadores portugueses e cabo-verdianos, revela zona de berçário de tubarões na baía de Sal Rei, na ilha da Boa Vista, em Cabo Verde. Albergando juvenis de várias espécies ameaçadas, incluindo o icónico tubarão-martelo, trata-se de uma região única no Atlântico Este.

vistas da tibia, dinossauro e silueta humana

Trabalhos de investigação na jazida de Lo Hueco, Cuenca, em Espanha permitiram identificar restos fósseis de um dinossáurio carnívoro, com aproximadamente 75-70 milhões de anos, estreitamente relacionado ao grupo dos velocirraptorinos.

Galopim de Carvalho e Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou, em cerimónia no Palácio de Belém no passado dia 31 de janeiro, o professor catedrático jubilado António Galopim de Carvalho com as insígnias de Grande-Oficial da Ordem da Instrução Pública, ordem honorífica que reconhece a dedicação à causa da educação e do ensino.

mapa, com desenho de um dinossauro e vertebras caudais

Foi publicado recentemente na revista internacional Historical Biology um novo estudo sobre a diversidade dos dinossáurios saurópodes do Maastrichtiano da antiga ilha de Hațeg, que corresponde atualmente ao atual território da Roménia. O estudo foi liderado pelo paleontólogo Pedro Mocho, investigador no DG Ciências ULisboa, no Instituto Dom Luiz (IDL), e no Dinosaur Institute do Natural History Museum of Los Angeles County, na Califórnia.

Michele Vendruscolo, Ehud Gazit e Kresten Lindorff-Larsen

A propósito do arranque do projeto europeu TWIN2PIPSA, irá decorrer na Ciências ULisboa, entre os dias 1 e 3 de fevereiro de 2023, uma série de conferências plenárias, abertas a toda a comunidade académica, proferidas por especialistas das universidades parceiras do projeto: Michele Vendruscolo, da Universidade de Cambridge; Ehud Gazit, da Universidade de Tel Aviv; e Kresten Lindorff-Larsen, da Universidade de Copenhaga.

Artigo em homenagem ao professor do Departamento de Educação da Ciências ULisboa, Eduardo Veloso, falecido em dezembro de 2022, da autoria de Suzana Nápoles, professora aposentada do DM Ciências ULisboa.

Ana Marta de Matos

Novo artigo da autoria de Ana Marta de Matos, investigadora do Centro de Química Estrutural, do Institute of Molecular Sciences, sobre o potencial terapêutico dos antibióticos à base de açúcares, foi publicado a 24 de janeiro, na 4.ª edição da revista European Journal of Organic Chemistry, uma publicação dedicada à Química Orgânica. O artigo foi destacado na capa da revista.

Tarantula Nebula

Dois investigadores da Ciências ULisboa integram a nova direção da Sociedade Portuguesa de Astronomia, que tomou posse a 1 de janeiro.

espaço da exposição

Entrevista a José María Moreno Madrid, curador da exposição “A Porta do Pacífico: Uma viagem cartográfica pelo Estreito de Magalhães”, inaugurada no dia 3 de novembro de 2022. A exposição constitui uma mostra cartográfica sobre a construção da imagem do Estreito de Magalhães nos inícios da Idade Moderna. Pode ser visitada até junho de 2023, na Galeria de Ciências (Edifício C4).

Margarida Amaral

Margarida Amaral, professora do Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade e investigadora principal do grupo de investigação em Fibrose Quística, no BioISI, integra o Conselho de Acompanhamento Científico da Emiliy’s Entourage.

David Moreno, Vicente Miguel e Pedro Gil

A Fundação Calouste Gulbenkian atribuiu Bolsas Gulbenkian Novos Talentos a três estudantes de mérito da Ciências ULisboa das áreas de Matemática, Física e Biologia. David Moreno, Pedro Gil e Vicente Miguel vão participar no desenvolvimento de um projeto de investigação ao longo de um ano.

ilustração SARS-CoV-2

Um novo estudo liderado por Luís Graça, investigador principal Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) e professor catedrático da Faculdade de Medicina da ULisboa, e por Manuel Carmo Gomes, professor associado com agregação da Ciências ULisboa, ambos membros da Comissão Técnica de Vacinação contra a COVID-19 (CTVC) da Direção Geral de Saúde (DGS), publicado em janeiro na revista científica Lancet Infectious Diseases, mostra que a proteção conferida pela imunidade híbrida contra a subvariante de SARS-CoV-2 Omicron BA.5, obtida pela infeção de pessoas vacinadas, mantém-se até pelo menos oito meses após a primeira infeção.

grupo das raparigas e uma pessoa da organização

Estudantes da Ciências ULisboa representaram a Faculdade no Digital Health Summit 2022, um encontro internacional dedicado ao futuro dos cuidados de saúde, promovido pela empresa Premivalor. Os alunos, organizados em dois grupos, apresentaram os projetos “The Golgi Printer” e “Cloudia”, tendo este último ficado classificado em 3.º lugar no concurso de projetos H-INNOVA - Health Innovation HUB, uma empresa de inovação no sector da saúde.

Salão da Academia das Ciências de Lisboa

Em 2022 a Academia das Ciências de Lisboa elegeu para a sua Classe de Ciências novos membros efetivos e correspondentes nacionais. Entre eles estão os professores da Ciências ULisboa Fernando Ferreira, nomeado membro efetivo; João Duarte e Jorge Buescu, nomeados correspondentes nacionais.

salão nobre da Reitoria da ULisboa

Oito professores e investigadores da Ciências ULisboa foram agraciados com prémios e menções honrosas, na edição de 2022 dos Prémios Científicos ULisboa/Caixa Geral de Depósitos (CGD). Errata da notícia publicada em novembro.

vários barcos no mar

Cinco docentes e investigadores do IDL participaram no consórcio do projeto NAVSAFETY, cujo principal objetivo foi o desenvolvimento de uma plataforma digital de auxílio às entidades portuárias na gestão do tráfego marítimo. O projeto, coordenado pela Universidade de Aveiro, e financiado pelo programa Fundo Azul, terminou no mês de setembro.

três pessoas a assinar o protocolo

Ciências ULisboa celebrou um protocolo de cooperação com a Câmara Municipal de Lisboa, através do Regimento de Sapadores Bombeiros e do Departamento de Desenvolvimento e Formação. A assinatura do protocolo decorreu ontem, dia 19 de dezembro, nas instalações da Ciências ULisboa.

Boia na foz do estuário do Tejo

A Rede Portuguesa de Monitorização Costeira (CoastNet) integra o Programa da Década da Ciência dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável 2021-2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e representa Portugal neste programa da ONU. A CoastNet é uma infraestrutura de investigação do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), da Ciências ULisboa e da Universidade de Évora.

aves a voar com mar em fundo

Estudo, da autoria de quatro investigadores da Ciências ULisboa, que aborda as alterações ambientais em zonas húmidas e os impactos no habitat de aves limícolas costeiras, foi publicado na revista Science of the Total Environment.

paisagem da caatinga

O Prémio Científico Mário Quartin Graça 2022, na categoria de Tecnologias e Ciências Naturais, foi atribuído a Ana Cláudia P. Oliveira, aluna do doutoramento em Biologia e Ecologia das Alterações Globais na Ciências ULisboa e investigadora do cE3c.

Estepe na Patagónia Argentina

Para avaliar o impacto do pastoreio nas regiões áridas do planeta, uma equipa internacional com mais de uma centena de investigadores, destaque para Alice Nunes e Melanie Köbel, investigadoras do cE3c Ciências ULisboa, aplicou, pela primeira vez, o mesmo método de análise em 25 países de seis continentes.

rua interior à Alameda da Universidade, na Faculdade de Ciências

A 16 de novembro de 2022 foi instalado um sensor de tubo, na entrada da rua de acesso ao edifício C7 (rua interior à Alameda da Universidade), que permite detetar a passagem de bicicletas e trotinetes. Esta instalação insere-se na atividade do projeto europeu Tr @ nsnet – Um modelo de Living Lab Universitário para a Transição Ecológica

Campus da Faculdade

A cerimónia de entrega dos Prémios Científicos ULisboa/Caixa Geral de Depósitos (CGD) 2022, acontece no próximo dia 28 de novembro, pelas 17h30, no Salão Nobre da Reitoria da ULisboa.

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