Mestrados

Aluna de CIÊNCIAS ganha prémio da conferência redeSAÚDE com investigação sobre proteína TDP43

Carolina Silva revelou uma forma de travar os agregados de TDP43

DCI-CIÊNCIAS

A proteína TDP43 é produzida pelas mais variadas células humanas estando associada a várias doenças neurodegenerativas – e é também a protagonista do projeto de mestrado que acaba de valer a Carolina Silva um dos prémios na 9ª Conferência Anual da redeSAÚDE no passado 26 de novembro na Reitoria da Universidade de Lisboa.

A aluna da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa) confessa “a honra” de figurar entre os investigadores distinguidos pelos Prémios ULisboa redeSAÚDE, mas tudo leva a crer que os €250 de prémio de melhor tese de mestrado na categoria de Envelhecimento ou Doenças Cardiovasculares ou Doenças Neurodegenerativas são apenas o primeiro indicador de todo o filão desbravado por uma tese de mestrado em Bioquímica e Biomedicina que pôs a TDP43 a interagir com outra proteína conhecida por S100B para estudar uma possível ação protetora. Além de inéditos, os resultados da investigação podem ter dado um primeiro passo na resolução de alguns enigmas e, eventualmente, no desenvolvimento de terapias para doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, demência frontotemporal, ou Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).

“Daquilo que sabemos, terá sido a primeira vez que foram observadas as interações entre estas duas proteínas e também os efeitos inibitórios da S100B nos processos patológicos desenvolvidos pela TDP43”, adianta Carolina Silva. “É uma linha de investigação que gera novo conhecimento e que pode abrir caminho para, no futuro, desenhar proteínas com potencial farmacológico que ajudam a modular as interações com a TDP43”, acrescenta Cláudio M. Gomes, professor do Departamento de Química e Bioquímica de Ciências ULisboa e investigador do Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI), que orientou a tese de mestrado de Carolina Silva, que teve como co-orientadora a Professora Margarida Gama-Carvalho.

Carolina Silva foi premiada pelo projeto de mestrado com o título “TDP-43 self-assembly in neurodegenerative diseases: regulation of phase separation and aggregation by S100B chaperone” (tradução: “Auto-assemblagem da proteína TDP-43 em doenças neurodegenerativas: regulação da separação de fases e agregação pela chaperona S100B”).

A redeSAÚDE foi lançada pela Universidade de Lisboa para fomentar a cooperação entre investigadores e promover respostas aos desafios científicos e de inovação no sector da Saúde – e o trabalho que a aluna de Ciências ULisboa desenvolveu no BioISI distingue-se precisamente por dar resposta a uma questão científica fundamental na bioquímica da neurodegeneração –  como é que as células nervosas regulam a agregação proteica no cérebro, que poderá inspirar futuras aplicações práticas.

A TDP43 é produzida de forma ubíqua na maior parte dos tecidos, estando particularmente enriquecida em diferentes células do sistema nervoso central onde participa em processos fisiológicos. Mas estudos recentes também revelam que esta proteína dispõe de capacidade de interagir consigo própria, levando à formação de agregados tóxicos quando há desregulação dos sistemas de controlo de qualidade celulares. A esta tendência de auto-assemblagem juntam-se outros indicadores: alguns estudos revelam que os agregados tóxicos de TDP43 foram detetados em 97% dos doentes de ELA, e em cerca de 50% dos pacientes de demência de doença neurodegenerativa fronto-temporal.

Na doença de Alzheimer, há estudos que indiciam a presença dos indesejados agregados de TDP43 em combinação com depósitos patológicos das proteínas amilóide beta e tau, também elas causadoras de neurodegeneração, o que perspetiva um complexo cenário de interações bioquímicas que permanece por desvendar.

Carolina Silva e Cláudio M. Gomes
Carolina Silva e Cláudio M. Gomes nos laboratórios do BioISI

Ciente da desregulação que leva à formação de agregados tóxicos que podem contribuir para a perda da função normal funcional, o projeto de Carolina Silva testou se a proteína S100B, também abundante no sistema nervoso central e já conhecida como fazendo parte de um sistema de proteção contra a agregação proteica anteriormente descoberto no laboratório de Cláudio Gomes, poderia também travar a auto-assemblagem da TDP43. Os testes in vitro recorreram a uma combinação de métodos bioquímicos e moleculares que permitiram determinar a interação entre as duas proteínas e o efeito protetor da chaperona S100B. Nos ensaios sem presença da S100B, a TDP43 forma agregados – mas nos testes que juntavam as duas proteínas, verificou-se que as interações com a S100B retardaram a formação de agregados tóxicos e chegaram mesmo a impedir a formação dessas fibras nefastas. 

Cláudio M. Gomes admite que a investigação iniciada por Carolina Silva seja decisiva para conhecer melhor os processos biológicos de regulação da agregação e a função da proteínas TDP43, bem como o fenómeno de separação de fases através do qual moléculas se auto-organizam em condensados tipo gota, sem membrana. Estes microambientes celulares transitórios concentram funções essenciais, mas estão também envolvidos em mecanismos cuja disfunção está associada a doenças neurodegenerativas.

“Vamos dar continuidade a esta linha de investigação através do projeto NeuroPHASE, que arranca, em 2026, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, e com o reforço da equipa através de novas candidaturas a doutoramentos e financiamento para as atividades científicas”, adianta o Cláudio M. Gomes.

Carolina Silva já está a preparar-se para um novo ciclo de estudos, mas seguramente que a tese de mestrado premiada vai permanecer por bastante tempo na memória. “Sei que segui o caminho certo devido ao gosto que me deu trabalhar nesta linha de investigação. O próprio prémio, de alguma forma, também prova que esta investigação pode vir a produzir impacto na ciência e eventualmente na saúde da população”, conclui Carolina Silva.

Ibéria Medeiros

Ibéria Medeiros, professora do Departamento de Informática da Ciências ULisboa, é a protagonista do terceiro vídeo do projeto “Porquês com Ciência”, divulgado no YouTube da Faculdade a 3 de novembro.

estantes com livros e revistas na biblioteca do C4

"September 2022 data-update for 'Updated science-wide author databases of standardized citation indicators'” divulga as bases de dados com os nomes dos cientistas mais citados a nível mundial em 2021 e ao longo da carreira. Estas bases de dados publicadas recentemente pela Elsevier têm o contributo de John Ioannidis, professor da Universidade de Stanford, na Califórnia.

A Faculdade presta homenagem a Carlos Sousa Reis, antigo professor da Ciências ULisboa nos domínios da Ecologia Marinha, Recursos Vivos Marinhos, Pescas e Ordenamento do Litoral.

grande auditório no evento de 2021

“Este é um momento de celebração da qualidade da investigação e da inovação desenvolvidas na Ciências ULisboa, a ocasião ideal para a partilha de conhecimento e para o estabelecimento de colaborações", diz Margarida Santos-Reis, subdiretora da Ciências ULisboa para a área da investigação, a propósito do Dia da Investigação.

José Rebordão, Luís Carriço e Manuel Silva assinam o protocolo

A Faculdade e a FCiências.ID assinaram um protocolo de cooperação com a Cercal Power, uma sociedade da Aquila Clean Energy, a plataforma de energia renovável da Aquila Capital na Europa, dedicada ao desenvolvimento, construção e exploração da central fotovoltaica do Cercal, em Santiago do Cacém.

Imagem de um cérebro em fundo digital

"A linha de investigação em Filosofia da Inteligência Artificial e da Computação surgiu pela primeira vez em Portugal na Ciências ULisboa, nomeadamente, no Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa (CFCUL), com o intuito de contribuir para um debate que interessa à sociedade no seu todo", escrevem João L. Cordovil e Paulo Castro, investigadores do CFCUL Ciências ULisboa.

logotipo do projeto

O Gabinete de Apoio Psicológico (GAPsi) da Ciências ULisboa partilhou o primeiro episódio do podcast “Chá do Dia”, no passado dia 19 de setembro. O quinto episódio deste projeto inovador já está disponível na plataforma Spotify.

Estúdio da FCCN

João Telhada é um dos protagonistas do projeto "Porquês com Ciência", nomeadamente no vídeo “É seguro pagar online com cartão VISA?”, disponível no canal YouTube da Faculdade. Para o professor do DEIO Ciências ULisboa, “a cultura científica é um aspeto essencial no progresso e desenvolvimento de um país”.

grupo de pessoas

Tom Henfrey, Giuseppe Feola, Gil Penha-Lopes, Filka Sekulova e Ana Margarida Esteves publicam na Sustainable Development, no âmbito de relatório da rede ECOLISE, da qual Ciências ULisboa faz parte.

A Faculdade presta homenagem a Henrique Manuel da Costa Guimarães, antigo aluno e professor da ULisboa, especialista em investigação sobre o ensino da Matemática.

Estátua de Alfred Nobel com flores por detrás

Os seis Prémios Nobel 2022 são anunciados entre 3 e 10 de outubro. A poucos dias de conhecer as personalidades que serão distinguidas este ano, recordamos os laureados em 2021, com a ajuda de professores e cientistas da Faculdade. Entre na breve e conheça os laureados da Fisiologia/Medicina e Física.

 

rapariga com vento no cabelo a ouvir música

"Que poder é este da música? Ela tem mesmo uma ligação com as emoções? Apesar de existirem posições contraditórias, a literatura aponta que a música é capaz de induzir emoções", escreve Marta Esteves, psicóloga no GAPsi Ciências ULisboa.

Sara Magalhães no estúdio da FCCN

Sara Magalhães é professora do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa desde 2016 e investigadora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c). “Os ácaros são assim tão feios, porcos e maus?” é o tema apresentado pela professora, que inaugura o projeto “Porquês com Ciência”.

mar

Nos dias 26 e 27 de setembro decorre na Ciências ULisboa o “Fórum Oceano: Atlântico, um bem comum, visões partilhadas franco-portuguesas”, uma iniciativa organizada pela Faculdade e pelo MARE, no âmbito da Temporada Portugal-França 2022.

“Saúde, Dança e Ciência na qualidade de vida sustentável”

No próximo dia 23 de setembro irá decorrer na Ciências ULisboa um workshop que pretende sensibilizar jovens e adultos para a importância do movimento na saúde e na qualidade de vida sustentável.

livros

Ana Simões, presidente do Departamento de História e Filosofia das Ciências e investigadora no CIUHCT, terminou o seu mandato como vice-presidente da European Society for the History of Science no dia 10 de setembro, concluindo seis anos de envolvimento na direção.

imagem abstrata representativa de termodinamica

"Quando ensinamos temos que ter a preocupação de que os alunos compreendem as matérias da melhor forma possível, e essa é a minha forma de ensinar, que procurei refletir neste livro”, diz Patrícia Faísca, professora do DF Ciências ULisboa e autora do novo livro sobre Termodinâmica, publicado na editora CRC Press.

logotipo da iniciativa

“Porquês com Ciência” é o novo projeto de divulgação científica da Direção de Comunicação e Imagem da Faculdade e arranca no início deste ano letivo. Cinco vídeos serão lançados no YouTube até ao final de 2022 e têm como personagens principais João Telhada, Ibéria Medeiros, Marta Panão, Maria Manuel Torres e Sara Magalhães. As temáticas em foco estão relacionadas com as Bolsas de Palestras.

grupo de investigadores

O projeto LIFE PREDATOR, aprovado no âmbito do Programa LIFE, vai arrancar no próximo mês de outubro. Da equipa de trabalho europeia fazem parte sete professores e investigadores de três unidades de investigação da Faculdade, que vão colaborar no estudo e combate da espécie invasora peixe-gato europeu.

Alunos e professores

Portugal conquistou quatro medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze na 15.ª edição das Olimpíadas Internacionais de Ciências da Terra (IESO 2022). Esta foi a melhor participação de sempre de Portugal nestas provas internacionais.

Jovens na praia

Crónica sobre o Roteiro Entremarés da autoria do professor Carlos Duarte. Esta é a segunda aplicação que resulta da colaboração entre o Departamento de Informática da Ciências ULisboa e o Instituto de Educação da ULisboa, depois da publicação em 2017 da aplicação Roteiro dos Descobrimentos.

ilustração SARS-CoV-2

As pessoas vacinadas que foram infetadas pelas primeiras subvariantes Omicron têm uma proteção quatro vezes superior do que à das pessoas vacinadas que não foram infetadas. Estes resultados constam de um estudo liderado por Luís Graça e Manuel Carmo Gomes, publicado na prestigiada revista científica New England Journal of Medicine.

núvens cósmicas

O XXXII Encontro Nacional de Astronomia e Astrofísica terá lugar nos próximos dias 5 e 6 de setembro, na Ciências ULisboa. O evento é organizado pelo Centro de Astrofísica e Gravitação, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Astronomia e a Ciências ULisboa.

Campo com árvores de fruto e hortícolas

O projeto GrowLIFE - coordenado pela Ciências ULisboa, FCiências.ID - Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciências e Turismo de Portugal é financiado pelo Programa para o Ambiente e a Ação Climática (LIFE) no valor de €1.452.673,00 - e arranca em junho de 2023, tem uma duração de cinco anos. O resultado da candidatura coordenada pela Caravana AgroEcológica foi conhecido em abril deste ano e o contrato foi assinado em agosto.

Cientista no laboratório

Em 2022, 134 investigadores doutorados ligados a unidades de investigação da Faculdade submeteram candidaturas à 5.ª edição do Concurso de Estímulo ao Emprego Científico – Individual, tendo sido atribuídos 23 contratos de trabalho. Em quatro edições deste concurso, 714 investigadores doutorados com ligações a unidades de investigação da Faculdade apresentaram candidaturas, tendo sido atribuídos 71 contratos de trabalho.

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