Pioneiro da fotogrametria em Portugal, o general Norton de Matos, mais conhecido pela sua vertente política, impulsionou, no início da década de 1930, o uso de fotografia aérea e fotogrametria na produção da cartografia nacional, tornando esta tarefa muito mais rápida de executar face aos métodos anteriormente utilizados, constituídos exclusivamente por levantamentos no terreno efetuados a pé e a cavalo. Como diretor técnico da primeira firma em Portugal que fez cartografia por fotogrametria - a Sociedade Portuguesa de Levantamentos Aéreos Lda. (SPLAL) -, deixou uma obra exemplar no que respeita à organização de projetos cartográficos, os quais se conseguem perfeitamente reproduzir passados quase 100 anos.

As primeiras coberturas fotogramétricas 3D do país, efetuadas em 1934 e 1938 pela SPLAL, foram obtidas a partir de um avião equipado com uma máquina fotográfica de grandes dimensões apontada para o solo, captando-o ao longo do voo. Durante mais de sete décadas, foi este o modo privilegiado de obtenção de fotografia aérea. As plataformas não tripuladas (vulgo: drones) surgiram na década mais recente como opção para a fotografia aérea e são preferidas, pela sua flexibilidade e reduzido custo, para cartografar áreas de pequenas dimensões por fotogrametria.

A fotogrametria é a técnica que permite não só posicionar uma fotografia no espaço no momento em que foi tirada, como também reconstruir tridimensionalmente o objeto fotografado. É por isso aplicada para reconstruir a forma do terreno com tudo o que sobre ele esteja construído, informação que é depois representada em cartas, e para modelar edifícios e objetos em 3D, com grande utilidade em áreas do património.

Uma aplicação mais recente da fotogrametria é a robótica com base em câmaras estéreo, usada em veículos autónomos terrestres e espaciais, como é o caso do Perseverance. Não é de mais dizer, que hoje em dia, a fotogrametria é indispensável na cartografia da Terra e que leva a Engenharia Geoespacial até à superfície de Marte.