Clara Grilo, investigadora do CESAM Ciências ULisboa, lidera investigação

Atropelamentos podem acelerar extinção local de populações de mamíferos

Artigo publicado na Global Ecology and Biogeography aponta para 124 espécies particularmente vulneráveis à mortalidade adicional por atropelamento

Um lince Ibérico sub-adulto

Um lince Ibérico sub-adulto (Lynx pardinus) captado em armadilhagem fotográfica na Serra de Andujar, em Espanha

Joaquim Pedro Ferreira.

Os resultados do artigo “Conservation threats from roadkill in the global road network” assinado por Clara Grilo, Luis Borda-de-Água, Pedro Beja, Eric Goolsby, Kylie Soanes, Aliza le Roux, Elena Koroleva, Flávio Z. Ferreira, Sara A. Gagné, Yun Wang, Manuela González-Suárez foram publicados este mês na prestigiada revista científica Global Ecology and Biogeography e chamou a atenção dos média internacionais, como foi o caso da CBN do Grupo Globo.

Mais de 120 espécies de mamíferos terrestres são particularmente vulneráveis à mortalidade por atropelamento e várias populações podem extinguir-se em 50 anos se persistirem os níveis de atropelamentos observados. A declaração é de Clara Grilo investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), polo da Ciências ULisboa, com sede na Universidade de Aveiro.

A cientista lidera uma equipa de investigadores que inclui membros do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) - da rede de investigação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva (InBIO) e do projeto BIOPOLIS em Portugal, e investigadores de diferentes continentes que participaram na avaliação global do impacto dos atropelamentos nos mamíferos terrestres.

Lince Ibérico, urso pardo, urso negro, tigre, jaguar, macaco-cauda-de-leão com registos regulares de atropelamentos

“Analisámos a nível mundial o impacto dos atropelamentos de 71 populações de espécies de mamíferos ameaçados com registos de atropelamentos e ainda de espécies não ameaçadas com as taxas mais elevadas de atropelamento, e verificámos que populações do lobo-guará e gato-do-mato-pequeno no Brasil, a hiena-castanha na África do Sul e o leopardo no Norte da Índia podem extinguir-se localmente caso se mantenham os níveis de atropelamentos observados”, diz Clara Grilo, acrescentando que com base nas características biológicas das 71 populações de mamíferos, o grupo avaliou o grau de vulnerabilidade à extinção de 4677 espécies de mamíferos em todo o mundo e observou que 124 espécies são particularmente vulneráveis à mortalidade adicional por atropelamento, nomeadamente o lince Ibérico, o urso pardo, o urso negro, o tigre, o jaguar, o macaco-cauda-de-leão, com registos regulares de atropelamentos.

Cria de urso-pardo
Cria de urso-pardo (Ursus arctos) a atravessar uma estrada no Canada
Fonte Jillian Cooper

“Neste trabalho desenvolvemos uma ferramenta que permite avaliar o risco de extinção associado aos registos de atropelamentos observados no atual contexto de densidade de estradas e que pode ir sendo atualizado à medida que se vai obtendo novos dados de taxas de atropelamento das espécies em qualquer região do mundo. O nosso estudo apresenta ainda um ranking de vulnerabilidade das espécies ao risco de extinção devido ao atropelamento, o que permite que agências de infraestruturas rodoviárias, organizações não governamentais de ambiente e equiparadas,  administração pública possam identificar, com base na áreas de distribuição das espécies, os segmentos de estradas que devem ser sujeitos a programas de monitorização de atropelamentos para fornecer informação sobre a proporção da população atropelada e deste modo acionar as medidas mais adequadas para evitar que haja um aumento do risco de extinção local nessas populações”, explica Clara Grilo.

Os investigadores apresentaram um ranking de vulnerabilidade das espécies ao risco de extinção devido ao atropelamento: uma ferramenta essencial para agências de infraestruturas rodoviárias e organizações não governamentais de ambiente

De acordo com os investigadores, atualmente existem planos de expansão da rede viária para promover o comércio global futuro, especialmente em países emergentes da América Latina, Ásia, África e Europa. “Estas novas infraestruturas vão facilitar o fluxo comercial regional e intercontinental através da construção de mais de 25 milhões de quilómetros de novas estradas. A expansão da rede viária corresponde a um aumento de 60% no comprimento total das estradas em relação a 2010 e vai colidir com os objetivos globais de sustentabilidade ambiental uma vez que estas novas estruturas rodoviárias vão cruzar áreas ambientalmente sensíveis onde ocorrem várias espécies ameaçadas”, alerta a cientista, que se doutorou em Biologia da Conservação pela Ciências ULisboa.

A equipa que assina este artigo pretende continuar a trabalhar nesta área científica. Em entrevista para a área de notícias do site da Faculdade, Clara Grilo conta que o grupo pretende melhorar o modelo e desenvolver um software que possa ser aplicado a todas as espécies ao mesmo tempo. “É uma ferramenta que vai ser essencial para cada país poder perceber quais são as espécies mais vulneráveis”. Neste momento procuram fontes de financiamento para desenvolver o software. “Temos pessoas que sabem o que fazer, precisamos de tempo e de dinheiro para poder contratar”, conclui Clara Grilo.

Ana Subtil Simões, Área Comunicação e Imagem Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Vanessa Mendonça

“Este prémio simboliza não só o reconhecimento do meu trabalho, mas também de toda a equipa que nele participou”, conta Vanessa Mendonça, segunda classificada pelo Prémio de Doutoramento em Ecologia - Fundação Amadeu Dias 2020. Vanessa Mendonça concluiu o mestrado e o doutoramento na Faculdade e atualmente é investigadora do MARE.

A SPECO anunciou recentemente os vencedores do Prémio de Doutoramento em Ecologia - Fundação Amadeu Dias 2020. José Ricardo Paula é o grande vencedor desta edição e irá apresentar o seu trabalho no 19.º Encontro Nacional de Ecologia, este ano associado às cerimónias dos 25 anos da SPECO, e que se realiza em dezembro, em Ponte de Lima.

Centro de Testes

Rita Loewenstein Simões, de 23 anos, é voluntária no Centro de Testes Ciências ULisboa, na estação Mix e Real-Time PCR, desde maio passado. Para esta jovem bióloga, formada na Faculdade, este trabalho tem um significado muito simples: ajudar. E foi exatamente isso que a motivou - saber que todas as horas que disponibilizasse fariam a diferença.

Informação eletrónica de rua: Keep your distance

Ganna Rozhnova trabalha em modelação epidemiológica na UMC Utrecht, na Holanda. A antiga aluna de doutoramento em Física Estatística da Faculdade, continua a colaborar com o BioISI e é a investigadora principal de um projeto da FCiências.ID, financiado no âmbito do Apoio especial a projetos Research 4 COVID-19.

Spinophorosaurus nigerensis

Uma inovação anatómica pode ser a chave na compreensão da evolução dos dinossáurios saurópodes. Os autores deste trabalho - Daniel Vidal, Pedro Mocho, Ainara Aberasturi, José Luis Sanz e Francisco Ortega - acreditam que parte do êxito evolutivo deste grupo de animais está relacionado com alterações na cintura pélvica e que esse fator contribuiu para os converter nos animais de maior porte da Terra.

Centro de Testes

“Em cada turno processamos uma quantidade significativa de amostras e é sempre importante conseguirmos fazê-lo eficientemente, para que os resultados sejam conseguidos num curto espaço de tempo”, diz Catarina Lagoas, voluntária no Centro de Testes Ciências ULisboa.

Teclado para invisuais

“A tecnologia deve poder ser usada por todas as pessoas!”, diz Carlos Duarte, professor do Departamento de Informática, investigador do LASIGE Ciências ULisboa, e recentemente membro do World Wide Web Consortium (W3C) e da Ação COST LEAD-ME -Leading Platform for European Citizens, Industries, Academia and Policymakers in Media Accessibility.

 olho de choco

Um grupo de investigadores da Ciências ULisboa a trabalhar no Laboratório Marítimo da Guia do MARE conseguiu mostrar que chocos acabados de eclodir (até cinco dias) são capazes de ter uma aprendizagem social. O estudo publicado na  Animal Cognition tem como primeiro autor Eduardo Sampaio, estudante de doutoramento em Biologia (ramo Etologia).

ETAR de Gaia Litoral

A análise de mais de 200 amostras de águas residuais das cinco ETAR monitorizadas no âmbito do projeto COVIDETECT comprova a presença de material genético nos afluentes que chegam às ETAR e evidencia a ausência de deteção do material genético do vírus SARS-CoV-2 nos efluentes tratados.

National Cancer Institute

Investigadores do LASIGE Ciências ULisboa, INESC TEC e Universidade do Minho apresentam uma nova técnica de deduplicação de dados baseado em semelhanças e padrões encontrados nos ficheiros de sequenciação de genomas humanos e uma codificação das alterações para a recuperação desses dados.

logotipo

Sétima rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade. A empresa em destaque é a Keep on Care.

Computador

“O período de confinamento pode ser encarado como um primeiro grande teste à integração de renováveis no sistema elétrico, prelúdio do que se prepara com a transição energética global em curso”, escreve o cientista Miguel Centeno Brito.

Conceção artística do telescópio espacial Athena (Advanced Telescope for High-Energy Astrophysics)

“Ciências ULisboa tem vindo a aumentar a sua capacidade e a sua intervenção no desenvolvimento científico e tecnológico de alguns dos projetos mais importantes para o avanço da Astrofísica, não só nos próximos anos, mas nas próximas décadas”, diz o cientista José Afonso.

post it

Cristina Luís, investigadora do Departamento de História e Filosofia das Ciências e do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia (CIUHCT), é a responsável em Portugal pelo projeto “Citizen Science as the new paradigm for Science Communication (NEWSERA)”, coordenado por Rosa Arias, fundadora da Science for Change e que visa estudar como a ciência cidadã pode mudar o paradigma da comunicação da ciência.

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Entrevista com o cientista Carlos Cordeiro, que lidera o SAFE Coating, um projeto que tem a Biomimetx e o Hospital Curry Cabral como parceiros e que em seis meses procurará implementar uma tecnologia capaz de inativar o SARS-CoV-2 em superfícies, impedindo a sua viabilidade fora do hospedeiro humano e consequentemente, eliminando uma importante via de transmissão viral.

Lusovenator, a nova espécie pertence ao grupo dos carcharodontossáurios - dinossáurios carnívoros, alguns dos maiores predadores do planeta Terra. A sua descoberta mostra que estes dinossáurios estavam presentes no hemisfério norte 20 milhões de anos antes do que indicava o registo conhecido. O estudo foi liderado por Elisabete Malafaia, investigadora do IDL, polo da Ciências ULisboa.

O Roteiro Nacional de Infraestruturas de Investigação de Interesse Estratégico (RNIE) 2020 inclui 56 infraestruturas. Ciências ULisboa coordena a CoastNet, a PORTULAN CLARIN e a RNEM, integrando ainda outras sete infraestruturas.

A fase de implementação da Rede Portuguesa de Monitorização Costeira (CoastNet) terminou recentemente, segundo comunicado de imprensa emitido pela Faculdade recentemente. A apresentação pública da CoastNet coordenada por José Lino Costa, professor do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa, acontece a 7 de julho, num evento a decorrer por videoconferência.

O projeto MarCODE visa desenvolver uma ferramenta multidisciplinar para potenciar o rastreio e a rotulagem ecológica de espécies marinhas de interesse comercial, segundo comunicado de imprensa emitido pela Faculdade. O estudo iniciado este mês de julho deverá terminar daqui a três anos.

Sexta rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade. A empresa em destaque é a Nevaro.

Cláudio Pina Fernandes, coordenador do GAPsi Ciências ULisboa, escreve sobre o Princípio da Incerteza e chama a atenção para alguns aspetos.

O mundo de hoje é completamente dominado pela necessidade imperiosa de saber recolher e analisar dados, escrevem os cientistas Tiago A. Marques e Soraia Pereira. Leia o artigo dedicado ao roteiro serológico nacional, uma iniciativa promovida pelo Instituto Gulbenkian de Ciência e que conta com a colaboração do Centro de Estatística e Aplicações da Universidade de Lisboa, da autoria destes investigadores.

Ciências ULisboa volta a participar com equipas de estudantes no Global Management Challenge (GMC). No passado dia 16 de junho começou a 1ª fase do GMC 2020, que conta com quatro equipas desta faculdade compostas por alunos dos mestrados integrados em Engenharia Biomédica e Biofísica, em Engenharia da Energia e do Ambiente e em Engenharia Física, assim como alunos das licenciaturas em Matemática Aplicada e Tecnologias de Informação.

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Cerca de 194 milhões de aves e 29 milhões de mamíferos podem ser atropelados por ano nas estradas europeias, de acordo com a estimativa de uma equipa internacional de investigadores liderada por Clara Grilo, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), polo da Ciências ULisboa, com sede na Universidade de Aveiro. Os resultados estão publicados na revista científica Frontiers in Ecology and Environment.

“A História do Pi em hipervídeo” está na Internet e pode ser consultada por todos e em toda a parte. O hipervídeo integra de forma estruturada e interativa vídeo e outros tipos de informação, nomeadamente, textos, imagens, áudio e animações. Saiba mais sobre este projeto lendo a entrevista com as professoras Suzana Nápoles e Teresa Chambel.

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