No Campus com Helder Coelho

Existe uma ciência para as cidades?

Helder Coelho

Num artigo da New York Times Magazine, Luis Bettencourt e Geoffrey West, físicos teóricos do Santa Fe Institute (SFI), defenderam que a interação humana e a inovação parecem acelerar quando a população de uma cidade cresce (no SFI existe um projeto em curso sobre as cidades como sistemas complexos, “Cities, Scaling and Sustainability”). Não parece ser o caso de Lisboa que diminuiu (Sintra e Oeiras têm aumentado por causa da habitação), mas o trabalho destes cientistas da complexidade é interessante, pois ensaiam passar das teorias do planeamento urbano para o lado da ciência, e para o jogo entre as várias disciplinas que abordam a cidade. Neste caso, a  interdisciplinaridade junta a Economia, o Planeamento Urbano, a Sociologia, a Psicologia Social, a Antropologia, a Ciência da Complexidade e a Arquitetura, em redor de facetas interdependentes, como as sociais, as económicas, as infraestruturais e as espaciais dos sistemas complexos.

A Macroeconomia tem focado o papel que as cidades desempenham na criação do PIB, a Psicologia descobriu que a vida na cidade tem implicações no autocontrolo e na memória de curto prazo, e a Arquitetura deveria também se preocupar com o tratamento do espaço entre os prédios e não só com a sua forma e beleza (Bettencourt, 2013). É curioso, constatar que todas as teorias da ciência não são sobre a forma, mas sim sobre a função. Isto é, são sobre como as coisas se desenvolvem e mudam. São acerca de processos.

Olhando para os planos futuros da rua Fontes Pereira de Melo, em Lisboa, foi anunciado que o lado do Hotel Sheraton irá receber um novo edifício de 17 andares, enquanto mais algumas árvores irão ser plantadas naquela artéria. Existirão regras que governam aqueles dois factos? Tem Lisboa ficado mais amigável com os seus habitantes, ou existe uma tendência para ela continuar a ser um sítio urbano agreste. E, a baixa ficou de desempenar o papel de sedutor dos turistas?

Os túneis debaixo do Marquês de Pombal, e das ruas António Augusto Aguiar e  Joaquim António Aguiar, lembram-se, eram para melhorar a entrada e saída (fluidez) da cidade via a ponte Duarte Pacheco. Atualmente, os engarrafamentos começam mais cedo e acabam mais tarde, de segunda a sexta, impedindo que o Shopping Amoreiras possa eventualmente sobreviver. E, a praça do Marquês ficou mais complicada para se circular.

As cidades escalam, porque as suas populações aumentam, como na América do Sul, vítimas da debandada do campo e do interior para as periferias, sobretudo para o lado do mar. Irrompem as favelas e os bairros de lata, e a sustentabilidade fica ameaçada. Por isso, as cidades exigem novas formas interdisciplinares de ser pensadas e sínteses quantitativas capazes de abordarem os aspectos dinâmicos e organizacionais das sociedades humanas, pois existe um jogo entre a inovação, a apropriação de recursos e o consumo. A densidade espacial e os padrões das massas edificadas não são alheias às redes sociais e à distribuição de recursos. E, as formas das construções podem ser previstas em função do tamanho das populações, com implicações nas emissões de carbono e na sustentabilidade.

No passado, não existiam muitos princípios no jogo da teoria urbana, entre os métodos das ciências sociais, cheios de restrições, e a falta de condicionantes da arquitetura. E, daí ser importante olhar as cidades de outras maneiras, e como sistemas complexos e adaptativos, destinadas a crescerem e a colapsarem, e isso impõe a existência de grandes quantidades de dados e algum método para pensarmos com disciplina.

A primeira coisa que Bettencourt e West descobriram foi a existência de variáveis urbanas ligadas por equações simples (ligar a população de uma área metropolitana com a renda e o sistema de esgotos, com uma precisão de 85%). Que constantes (qualidade de vida) descrevem então uma cidade? O que podemos prever (leis que liguem o número de crimes violentos e a área de estradas), e o que conseguimos compreender (estrutura profunda, padrões)?

Uma cidade é como um organismo que se alastra em função da sua infraestrutura. A razão porque uma cidade cresce, e continua crescendo, é a sua capacidade de criar uma economia de escala. Por exemplo, quando duplica de tamanho, exige um aumento de recursos de 85%, e cada medida de atividade económica (desde a construção de edifícios até à quantidade de depósitos bancários) aumenta aproximadamente de 15% per capita. Não importa quão grande é, pois a lei permanece a mesma, incluindo os crimes violentos, o tráfico e a sida! E, isto quer dizer que as cidades modernas são os centros reais da sustentabilidade de um país. De acordo com os dados, as pessoas que vivem em lugares densamente povoados exigem menos calor no inverno e necessitam de menos kms de asfalto por pessoa.

Este trabalho de I&DE, dirigido por um português (educado na ULisboa) e ao longo de alguns anos,  permitiu elaborar um Relatório Presidencial (2016), da Casa Branca dos EUA, capaz de apontar para políticas mais refletidas sobre o crescimento das cidades, e também para se descobrir que vale a pena continuar este esforço científico,  agora virado para as empresas, consideradas também como sistemas complexos.

Referências
Bettencourt, L. The Origins of Scaling in Cities, Science Vol. 340, Issue 6139, 21 June, pp. 1438-1441, 2013.

Helder Coelho, professor do Departamento de Informática de Ciências

Nos dias 27 e 28 de abril de 2017 realiza-se a 8.ª edição da feira anual de emprego da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

sistema ótico

A componente tecnológica do espectrógrafo ESPRESSO que irá conduzir a luz dos telescópios do VLT para o instrumento, o coudé train, a ser instalado no ESO, é feita por uma equipa portuguesa da qual fazem parte professores e investigadores de Ciências. Neste artigo, fique a conhecer o trabalho realizado pelo grupo.

No mesmo espaço, associações de voluntariado, voluntários e estudantes de Ciências com interesse na disciplina de Voluntariado Curricular reuniram-se. O objetivo foi dar a conhecer o trabalho feito na disciplina de Voluntariado Curricular, através da partilha de histórias e experiências.

O Núcleo de Física e Engenharia Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa foi fundado no dia 19 de maio de 2016, curiosamente no dia do Físico, com o intuito de representar os estudantes de Física e Engenharia Física.Uma das atividades organizadas com o intuito de alargar a perspetiva profissional destes alunos foi a Conferência Física Fora da Academia.

A distribuição geográfica atual dos tojos do género Stauracanthus - arbustos espinhosos que ocorrem nas dunas interiores das praias portuguesas - deve-se a acontecimentos geológicos de grande escala ocorridos no Mar Mediterrâneo há cerca de cinco milhões de anos.

O planeta Terra está em constante mudança. Pegue em qualquer livro de Geologia e uma das primeiras frases que vai encontrar será esta ou uma muito parecida. Se continuar a ler, ficará a saber que a Terra tem mais de 4500 milhões de anos e que nem sempre foi como a conhecemos. Antes, existiam supercontinentes rodeados por vastos oceanos que, ao longo de milhões de anos, se fragmentaram e relocalizaram dando forma aos seis continentes e cinco oceanos que compõem atualmente o planeta azul.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de abril é com Ana Pereira, técnica superior do Gabinete de Empregabilidade da Área de Mobilidade e de Apoio ao Aluno de Ciências.

O dryVHP venceu o prémio Inovação Ageas – Novo Mundo. Construir aparelhos de esterilização mais rápidos e eficazes, ou aparelhos de esterilização portáteis e não elétricos para missões humanitárias é o objetivo deste projeto, desenvolvido em Ciências.

O programa CSA (community supported agriculture) refere-se a uma comunidade de produtores e consumidores que partilham os benefícios e os riscos da produção numa inspiradora experiência de responsabilidade conjunta em torno do alimento. 

“Estes programas de bolsas e estímulos são muito importantes para os alunos que, como eu, ambicionam tornar-se investigadores”, declara o aluno de Ciências, um dos vencedores da edição 2016/2017 do prémio Novos Talentos em Matemática, da Fundação Calouste Gulbenkian.

Raquel Conceição, chair da Ação MiMed-TD1301 e Pedro Almeida, um dos representantes nacionais da Ação COST FAST, participaram no “Portugal in the Spotlight”. Os professores de Ciências deram a conhecer o sucesso das ações COST em que estão envolvidos, participando ainda no debate “Making the added value of networking tangible. The Portuguese perspective".

A Faculdade visita escolas secundárias há 19 anos e em parceria com a empresa Inspiring Future, desde 2014, por forma a divulgar a sua oferta formativa. Este ano letivo foram agendadas 95. Até agora Ciências já esteve em 56 escolas, após as férias escolares irá visitar mais 39.

A história ensinou-nos que quem faz a língua é quem a fala e escreve e estou em crer que todos estes e muitos outros termos, goste-se ou não, vieram para ficar.

Bruno Carreira, doutorado em Biologia por Ciências e atualmente investigador de pós-doutoramento no cE3c - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, é o vencedor da edição de 2016 do Prémio Fluviário de Mora - Jovem Cientista do Ano.

Quando Leibniz e Newton se enfrentaram no século XVII, sobre a origem do Cálculo, criaram um espaço para exercerem o contraditório, argumentando e criticando, em defesa dos seus argumentos. Esse exercício chama-se controvérsia (debate ou polémica), considerada por muitos como a máquina do progresso intelectual e prático. Cada um dos lados apresenta a sua explicação (causa) das suas razões, como factos (pro ou contra), e os quais sustentam e justificam a sua posição.

Ciências participou no Google Hashcode 2017. Das 12 equipas concorrentes, cinco resolveram corretamente os desafios de programação, numa maratona marcada, segundo os participantes, pela aquisição de competências e boa disposição.

Maria Amélia Martins-Loução, investigadora do cE3c e professora do DBV Ciências, é a nova presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia.

A 3.ª corrida de carros movidos a energia solar conta com a participação de 30 pilotos e dez carros construídos por alunos dos ensinos secundário e universitário.

“Estou a adorar a minha experiência académica. Ao estar no ramo da Matemática, consegui desenvolver algumas softskills, tais como a organização, a atenção ao detalhe, a capacidade para questionar e o rigor”, declara Diogo Ramalho, campeão nacional universitário de Taekwondo e aluno de Matemática de Ciências.

“Chocolate – do laboratório à fábrica” é uma das 159 palestras apresentadas por professores, cientistas a pedido das escolas secundárias.

No programa Novos Talentos em Matemática, edição 2016/2017, da Fundação Calouste Gulbenkian, foram distinguidos três alunos de Ciências. Desta vez, entrevistamos a aluna do 3.º ano do curso de Matemática de Ciências, Isabel Nobre.

Uma circulação de vento entre o equador e os polos foi detetada em ambos os hemisférios de Vénus pela primeira vez, e poderá contribuir para explicar a superrotação da atmosfera deste planeta, segundo estudo liderado por Pedro Machado, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaçoe professor do Departamento de Física de Ciências.

No filme “The man who knew infinity” (sobre a colaboração de Ramanujan com Hardy em Cambridge, Reino Unido) aborda-se a resolução de problemas e a discussão do recurso à intuição. O terreno da Matemática é o escolhido, tal como no problema de Kadinson-Singer (sem resolução durante 50 anos), e onde se trata da reconciliação da Física Quântica com a Matemática (Marcus, Spielman e Srivastava, 2015).

Filipe Duarte Santos foi designado presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS), segundo comunicado do Conselho de Ministros de 9 de março.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de março é com Rui Batista, especialista em Informática da Área de Sistemas de Informação e Desenvolvimento da Direção de Serviços Informáticos de Ciências.

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