Entrevista com João Paulo Silva

João Paulo Silva

Tome nota

Os equipamentos do Movetech Telemetry [consulte o flyer] estão disponíveis para a comunidade científica e custam entre 400 e 750 libras (entre 463 e 869 euros). O Movetech Telemetry tem sido financiado pela Earth and Life Systems Alliance, Norwich Science Park, NERC e Fundação para a Ciência e a Tecnologia. “O projeto beneficiou de um financiamento de 100.000 libras [115.801,05 euros], principalmente para desenvolver o proof of concept das nossas soluções GPS/GSM acelerómetro. No ano passado ganhamos um projeto NERC no valor de 200.000 libras [231.602,11 euros] para desenvolver uma tecnologia de seguimento usando um protocolo de transmissão de dados usando rádios de onda larga, designado como LoRa”, refere João Paulo Silva. As receitas obtidas até agora têm sido usadas no desenvolvimento de tecnologias. “Quando tivermos lucro, este reverterá para as respetivas instituições”, conclui.

“Pequenas ações fazem a diferença, não tenham medo de sair da zona de conforto”. João Paulo Silva, um dos membros do projeto Movetech Telemetry, “apaixonado pela natureza”, dedicado ao estudo da ecologia das aves dos meios agrícolas, nomeadamente em projetos de seguimento remoto de vida selvagem como o Lince ou a Águia Imperial, deixa este conselho aos jovens que se interessam por esta área da Biologia. Saiba mais sobre este cientista, antigo aluno de Ciências e coordenador da componente científica e de desenvolvimento de software do Movetech Telemetry.

Como surgiu o seu interesse pela área de Ecologia?

João Paulo Silva (JPS) - Desde novo que sou um apaixonado pela natureza. Quando comecei a ter noção de como o nosso património natural estava a ser ameaçado, quis dar o meu contributo.

Foi aluno em Ciências. Que momentos guarda desse tempo?!

JPS - O meu percurso académico foi um pouco invulgar. Fui trabalhador estudante durante o curso. Contudo foi o desafio do estágio, o meu primeiro projeto de investigação, que mais me marcou enquanto aluno de Biologia. Ter a oportunidade de ser mais independente e tomar as decisões necessárias para levar a cabo um projeto científico que apresentasse bons resultados, foram experiências estimulantes. Foi um verdadeiro despertar para a ciência.

Que conselhos deixa aos jovens que se interessam por temas relacionados com Ecologia?

JPS - Que experimentem, no terreno, os diferentes ramos da Ecologia e vejam quais as áreas com que mais se identificam, apostem na tese para se especializarem. Pequenas ações fazem a diferença, não tenham medo de sair da zona de conforto.

Como é que é o seu dia-a-dia enquanto cientista?

JPS - Preenchido… Entre a investigação relacionada diretamente com o meu tema de estudo: ecologia das aves dos meios agrícolas; tenho também que gerir as várias parcerias em que estou envolvido e dedicar tempo ao projeto da Movetech Telemetry. Estas parcerias estão sobretudo relacionadas com projetos de seguimento remoto de vida selvagem como o Lince ou a Águia Imperial.


Lince Ibérico, Águia Imperial Ibérica e Gaivota de Audouin com dispositivos de telemetria
Fontes Carlos Carrapato, Roberto Sanchez e Pedro Rodrigues

Como é que surgiu a hipótese de trabalhar com a Aldina Franco e o Phil Atkinson?

JPS - Quando adaptei os primeiros equipamentos GPS/GSM com acelerómetros para fazer o seguimento da minha espécie de estudo, o sisão, gerou interesse por parte de outros investigadores. Foi assim que eu, a Aldina e o Phil começamos a trabalhar conjuntamente num grande projeto de seguimento de Cegonha branca. O primeiro ano do projeto foi um sucesso o que nos levou a arquitetar um consórcio tendo em vista o desenvolvimento de tecnologia de seguimento remoto de animais, low cost, para promover ciência tendo por base os movimentos dos animais.

O João Paulo Silva é o coordenador da componente científica e de desenvolvimento de software do Movetech Telemetry. Quais são as expetativas que tem a curto, médio e longo prazo?

JPS - A Movetech tem grandes desafios pela frente no que respeita a novas soluções, visando principalmente a miniaturização.

Estamos presentemente a validar uma solução GPS/GSM/acelerómetro solar de 12 gramas, que deverá estar disponível no mercado dentro de três meses. Isto representa uma redução de peso significativa relativamente ao nosso atual modelo mais leve. Irá corresponder a um dos equipamentos mais pequenos com esta tecnologia para fazer o seguimento de animais.

Com base num financiamento recente da Natural Environment Research Council (NERC) estamos a desenvolver equipamentos de seguimento remoto de vida selvagem usando um novo protocolo de transmissão de dados usando GPS/LoRa. Tem a vantagem de se complementar ao GSM e de gastar menos bateria, o que por sua vez viabiliza equipamentos com maior longevidade e menor peso.

Vamos também procurar desenvolver, num futuro próximo, um micro GPS com capacidade de transmissão de dados via rádio, de forma a permitir o seguimento de animais pequenos.

Quando é que foram desenvolvidos os primeiros testes no âmbito deste projeto?

JPS - Os primeiros testes dos equipamentos foram desenvolvidos para o sisão, a minha espécie de estudo, ainda sem uma solução solar, em 2012. No início da minha bolsa, sem dinheiro para investigação, eu e o meu colega de pós-doutoramento David Santos procurámos adaptar uma solução comercialmente disponível. O primeiro ano foi um sucesso e foi um incentivo para continuar.

Os artigos publicados no site do Movetech Telemetry dão conta dos resultados surpreendentes alcançados no projeto?

JPS - Os primeiros artigos começam a sair e a mostrar a potencialidade das nossas soluções tecnológicas. Não só por providenciarem dados de elevada qualidade e frequência, como também pelo facto de se tratar de uma tecnologia com um preço acessível que viabiliza projetos com um maior número de animais seguidos, o que por sua vez aumenta a capacidade preditiva dos modelos estatísticos e consequentemente fazer melhor ciência.

Pretendem continuar a recolher informação detalhada acerca da posição e comportamento de que espécies?

JPS - A tecnologia está à disposição dos investigadores. O peso limita o número potencial de espécies que poderão vir a ser seguidas remotamente, mas com os desenvolvimentos recentes visando uma maior miniaturização, um maior número de espécies poderão vir a ser seguidas com esta tecnologia.

"Os primeiros testes dos equipamentos foram desenvolvidos para o sisão, a minha espécie de estudo, ainda sem uma solução solar, em 2012. No início da minha bolsa, sem dinheiro para investigação, eu e o meu colega de pós-doutoramento David Santos procurámos adaptar uma solução comercialmente disponível. O primeiro ano foi um sucesso e foi um incentivo para continuar."
João Paulo Silva

Ana Subtil Simões, Área de Comunicação e Imagem de Ciências
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Movetech Telemetry
Trajeto de transferência eletrónica num óxido metálico misto de molibdénio e tungsténio

Os fenómenos de transferência de eletrões são omnipresentes em toda a natureza e em Biologia Molecular representam ainda a “transdução de energia”, isto é o transporte de eletrões através de uma enzima ou proteína. Os resultados desta investigação podem ajudar a melhorar a compreensão de como os eletrões se movem nas junções moleculares em dispositivos eletrónicos, ou na transferência de eletrões em biomoléculas com mediação de espécies metálicas.

Pormenor da conceção artística do interior do futuro telescópio espacial de raios X Athena, da ESA

A componente ótica portuguesa, liderada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, e que irá integrar o futuro telescópio espacial europeu nos raios X, passou na revisão de requisitos e entra agora na fase de projeto. O IA lidera o conceito e desenho de um sistema de metrologia, ou OBM (do inglês “Onboard Metrology System”), que permitirá orientar com exatidão o espelho do Athena, um telescópio espacial nos raios X, para o sensor de cada um dos dois instrumentos científicos desta missão.

Alunos e professor no campus da Faculdade

A equipa CGD/MATHFCUL ficou classificada em 5.º lugar na final nacional do Global Management Challenge 2020. Exigência foi a palavra escolhida pela equipa para classificar esta experiência. "Fico muito satisfeito e grato pela dedicação e crescimento destes meus alunos", diz João Telhada, professor do DEIO Ciências ULisboa e mentor da equipa.

Mulher esconde rosto com relógio

"O efeito da mudança de hora no consumo de energia é cada vez menos relevante nas nossas sociedades desenvolvidas e, por isso, a avaliação da sua premência deve valorizar sobretudo outros efeitos, como o impacto na saúde, na economia ou no bem-estar dos cidadãos", escreve Miguel Centeno Brito, professor do DEGGE Ciências ULisboa e investigador do IDL.

A distribuição potencial dos continentes no Arcaico e a profundidade do oceano em metros

Mattias Green, professor da Bangor University (BU), no Reino Unido, coorientador de Hannah Davies, estudante do programa doutoral Earthsystems, ganhou uma Bolsa Leverhulme no valor de 245.884,00 £, equivalente a 287.331,58 €, para estudar o clima da Terra no Arcaico, juntamente com João C Duarte, professor do Departamento de Geologia da Ciências ULisboa, investigador do Instituto Dom Luiz e membro da comissão coordenadora do referido programa. 

Pernas de crianças

Inês Lima, Leonor Pires, Mariana Oliveira e Raquel Sales Rebordão, estudantes de Engenharia Biomédica e Biofísica da Ciências ULisboa, classificaram-se em 2. º lugar na 3ª edição do BioMind – Make it in 24 hours! com o produto IMAGI, um projeto que conjuga técnicas de hipnoterapia e realidade virtual com o objetivo de reduzir e controlar a dor crónica em crianças.

Representação de uma bicamada fosfolipídica usada como modelo de uma membrana celular (à esquerda); representação de uma ligação de halogéneo (a amarelo) efetuada entre um átomo de bromo e um átomo de oxigénio de um fosfolípido (à direita)

Investigadores do BioISI Ciências ULisboa conseguiram demonstrar que moléculas halogenadas interagem com membranas biológicas por via de ligações de halogéneo, um fenómeno que pode ser determinante para a eficácia terapêutica de fármacos.

Arame

Mais um artigo do GAPsi Ciências ULisboa. Desta vez a temática é dedicada ao ciclo das relações abusivas.

painéis solares

A 38th European Photovoltaics Specialists Conference - EUPVSEC 2021 realiza-se de 6 a 10 de setembro de 2021, no formato online. João Serra, professor do Departamento de Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia da Ciências ULisboa, é o chairman da maior e mais importante conferência europeia dedicada à energia fotovoltaica.

Helena Avelar de Carvalho

"A Helena era, sem qualquer dúvida, uma das melhores na sua área, no mundo inteiro, e a sua carreira académica estava só a começar", escreve Henrique Leitão, presidente do Departamento de Histórioa e Filosofia das Ciências.

Caneta e números

“A matemática é uma parte essencial do património cultural da humanidade”, dizem Ana Rute Domingos e Maria Manuel Torres, docentes do Departamento de Matemática da Ciências ULisboa, a propósito do Dia Internacional da Matemática, que se celebra a 14 de março.

Miguel Marques de Magalhães Ramalho, vulto destacado da comunidade geológica, que foi vários anos professor catedrático convidado da Ciências ULisboa, faleceu a 8 de março de 2021. "A ele se deve a introdução da conceção moderna de Estratigrafia no curso de Geologia do Departamento, enriquecida por saídas de campo de elevado valor didático", escreve a professora Ana Cristina Azerêdo. Ciências ULisboa apresenta sentidas condolências aos seus familiares, amigos e colegas.

Peixes

O primeiro “Guia de Peixes de Água Doce e Migradores de Portugal Continental” coordenado por Maria João Collares-Pereira, professora da Ciências ULisboa e do cE3c, publicado em 2021, já está à venda. Os peixes de água doce são um dos grupos de vertebrados mais ameaçados em todo o mundo. Portugal não é exceção, com mais de 60% das espécies nativas em risco de extinção.

Vinhas Douro, Portugal

A Comissão Nacional da Organização Internacional da Vinha e do Vinho premiou “The interplay between membrane lipids and phospholipase A family members in grapevine resistance against Plasmopara viticola” com a Distinção CNOIV 2020, atribuído ao melhor trabalho nacional de divulgação, experimentação ou investigação no domínio da viticultura, da autoria de um grupo de investigadores da Ciências ULisboa.

Cristina Santos, Margarida Amaral, Claudina Rodrigues-Pousada, Alexandre Quintanilha, Ana Ponces, Pedro Moradas-Ferreira, Ruy Pinto

É com grande tristeza que informamos o falecimento duma grande mulher cientista, a professora Claudina Rodrigues-Pousada, uma grande mentora de vida na Ciência pelo seu empenho, persistência, foco e determinação.

Joana Carvalho

Joana Carvalho, de 28 anos, investigadora na Fundação Champalimaud, alumna da Universidade de Groningen, na Holanda, e Ciências ULisboa, foi uma das cientistas galardoadas com a 17ª edição das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para Mulheres na Ciência e com uma Individual Fellowships Marie Skłodowska-Curie Actions.

Logotipo Radar

Décima terceira rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade. A empresa em destaque é a Lean Health Portugal.

Inês Fragata

Doutorada em Biologia Evolutiva pela Ciências ULisboa e atualmente investigadora de pós-doutoramento no cE3c Ciências ULIsboa é uma das quatro jovens cientistas portuguesas premiadas com as Medalhas e vai estudar a contaminação do solo por metais pesados através do tomateiro e ácaros-aranha.

Pilar com frase

Valorizar o conhecimento é a oportunidade para dar a conhecer um outro Portugal que tantas vezes passa despercebido. O press kit da Faculdade tem uma página de especialistas com 162 nomes e mais de 200 temas científicos. É fundamental que os mass media coloquem a ciência no centro das atenções.

O terceiro meeting científico da ação COST EUTOPIA ocorreu entre 15 e 17 de fevereiro passado.Trata-se de um projeto de colaboração interdisciplinar que explora a importância crescente da topologia em sistemas físicos e biológicos, e no desenvolvimento de novos materiais. Esta ação reúne 29 países e mais de 100 participantes. Portugal está representado em dois dos cinco grupos de trabalho temáticos e Patrícia Faísca é responsável pela liderança de um deles.

Perspetiva dos Valles Marineris de Marte

"Os objetivos destas missões compreendem: a preparação clara de uma futura colónia humana em Marte, e a tentativa de responder à questão se houve vida em Marte", escreve o cientista Pedro Mota Machado.

Pisco-de-peito-ruivo

+Biodiversidade@CIÊNCIAS: Mobilizar a comunidade de Ciências para a promoção da sustentabilidade no Campus” é uma iniciativa do Laboratório Vivo para a Sustentabilidade. Para colaborar neste projeto basta participar nas ações de monitorização, através da plataforma BioDiversity4All ou da app iNaturalist/BioDiversity4All.

Uma pessoa a trabalhar no Centro de Testes

O Centro de Testes (CT) da Ciências ULisboa  atingiu 100% de concordância nas provas a que foi submetido no âmbito do programa mundial de controlo de qualidade da Organização Mundial de Saúde - OMS “WHO Global Round of Laboratory Proficiency Testing” e no Programa Nacional de Avaliação Externa da Qualidade promovido pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

Logotipo do projeto

A participação no Projeto Lisboa Romana (Felicitas Iulia Olisipo) vem na sequência de vários anos de colaboração entre os geólogos da Ciências ULisboa e várias equipas de arqueólogos que têm por missão o estudo e a salvaguarda do património arqueológico que ocorre durante as escavações associadas a várias obras na região de Lisboa.

Pessoas no topo de uma colina

O Young Leaders Access Program visa ajudar jovens, entre os 18 e os 26 anos, a impactar as suas comunidades. Leia a crónica de Vasco Medeiros, um dos 50 jovens selecionados em 2020 para realizar este programa. As candidaturas à edição de 2021 terminam em março.

Páginas