1 de dezembro - Dia da Antártida

O que acontece na Antártida não fica na Antártida

Descubra como os investigadores Carlos Rafael Mendes, Bernardo Duarte, Paulo Catry e Catarina Frazão Santos do MARE estão a fazer a diferença no continente branco

Navio de investigação no mar antártico
Carlos Rafael Mendes

Assinalado a 1 de dezembro, o Dia da Antártida celebra a assinatura, em 1959, do Tratado da Antártida que consagrou este continente como um território dedicado à paz e à investigação científica.

Num momento em que o planeta enfrenta desafios ambientais claros, esta data recorda que a Antártida é um dos principais barómetros das alterações globais. O que ali acontece reflete-se no oceano, no clima e na vida do planeta.

A transformação do Oceano Austral é hoje claramente observada por quem o estuda há décadas, como é o caso de vários investigadores portugueses, muitas vezes integrados em equipas internacionais. As observações de longo prazo destas equipas incluem testemunhos importantes de um mundo em mudança. O fitoplâncton, base da cadeia alimentar marinha, está a alterar o seu calendário natural. Com a redução do gelo sazonal, as microalgas crescem por mais tempo e apresentam maior biomassa no final do verão austral. Este aumento ocorre, porém, quando muitos consumidores já migraram para norte. Há mais alimento disponível, mas na época errada, e o desfasamento compromete a transferência de energia para os níveis superiores da cadeia alimentar.

Foto de iceberg a flutuar.
Fonte  Catarina Guerreiro

Em paralelo, a composição das comunidades de fitoplâncton também está a mudar. Em zonas costeiras, as diatomáceas, essenciais para alimentar o krill, estão a ser substituídas por criptófitas, microalgas de menor dimensão que muitos organismos não conseguem consumir. Esta substituição altera a base da cadeia alimentar e reduz a disponibilidade de alimento para aves, baleias e focas que dependem da produtividade da região durante o verão austral. As consequências para o ecossistema podem ser profundas e levantam dúvidas sobre a sua resiliência perante as alterações em curso.

Mesmo num continente que imaginamos isolado, surgem sinais claros da atividade humana. Na Ilha de Deception foram detetados fármacos oncológicos, drogas ilícitas, biocidas, derivados de plásticos e compostos persistentes provenientes das bases de investigação, da navegação e das atividades turísticas. Estes poluentes afetam o funcionamento do fitoplâncton e desencadeiam a proliferação de mecanismos de resistência a antibióticos em bactérias induzidos pela presença de poluentes. A presença de mercúrio natural associado à atividade vulcânica mostra que as pressões naturais coexistem com as humanas e que ambas precisam de ser compreendidas para avaliar a saúde destes ecossistemas remotos.

Bando de albatrozes-sobrancelha.
Fonte Paulo Catry

Os impactos não se limitam à base do ecossistema. As aves marinhas são indicadores sensíveis das alterações ambientais. Os albatrozes-sobrancelha das Ilhas Falkland/Malvinas, acompanhados ao longo de mais de vinte anos, revelam um padrão notável. Em anos mais quentes, quando o sucesso reprodutor diminui devido a condições menos favoráveis, estas aves ‘divorciam-se’ com maior frequência. É o primeiro caso documentado deste tipo de comportamento numa população selvagem e mostra que mudanças no oceano podem refletir-se até na estabilidade social de espécies de vida longa.

Este cenário de transformação rápida coloca desafios complexos à gestão e governação internacional da região, que requerem novas soluções. Durante mais de seis décadas, os benefícios do ordenamento do espaço marinho, enquanto ferramenta-chave para o uso sustentável do oceano, não foram discutidos formalmente nas reuniões do Tratado da Antártida. Só recentemente o tema começou a integrar a agenda internacional, impulsionado por investigação que destaca a necessidade de preparar a gestão e a governança do Oceano Austral para um futuro marcado por mudanças nos ecossistemas bem como como nos usos e atividades do oceano que deles dependem, e potenciais novos conflitos de interesse. As tomadas de decisão na região exigem consenso entre dezenas de países, o que nem sempre é fácil.


Fonte Afonso Ferreira

Trabalhar na Antártida é testemunhar um continente em transformação e, ao mesmo tempo, compreender o papel que desempenha no planeta. A experiência acumulada ao longo de décadas de investigação no terreno, que inclui, nalguns casos, mais de vinte anos de trabalho contínuo e mais de quinze expedições, mostra como cada temporada de campo, cada amostra recolhida e cada série temporal acrescentam peças essenciais para compreender o Oceano Austral.

A Antártida não é apenas o fim do mapa. É o início da história que se escreve sobre o futuro. Proteger este continente é proteger a nossa própria capacidade de viver num planeta estável, seguro e habitável.

Vera Sequeira, Carlos Rafael Mendes, Bernardo Duarte, Paulo Catry e Catarina Frazão Santos (MARE), em colaboração com a DCI CIÊNCIAS
dci@ciencias.ulisboa.pt
Margarida Amaral

Margarida Amaral, professora do Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade e investigadora principal do grupo de investigação em Fibrose Quística, no BioISI, integra o Conselho de Acompanhamento Científico da Emiliy’s Entourage.

David Moreno, Vicente Miguel e Pedro Gil

A Fundação Calouste Gulbenkian atribuiu Bolsas Gulbenkian Novos Talentos a três estudantes de mérito da Ciências ULisboa das áreas de Matemática, Física e Biologia. David Moreno, Pedro Gil e Vicente Miguel vão participar no desenvolvimento de um projeto de investigação ao longo de um ano.

ilustração SARS-CoV-2

Um novo estudo liderado por Luís Graça, investigador principal Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) e professor catedrático da Faculdade de Medicina da ULisboa, e por Manuel Carmo Gomes, professor associado com agregação da Ciências ULisboa, ambos membros da Comissão Técnica de Vacinação contra a COVID-19 (CTVC) da Direção Geral de Saúde (DGS), publicado em janeiro na revista científica Lancet Infectious Diseases, mostra que a proteção conferida pela imunidade híbrida contra a subvariante de SARS-CoV-2 Omicron BA.5, obtida pela infeção de pessoas vacinadas, mantém-se até pelo menos oito meses após a primeira infeção.

grupo das raparigas e uma pessoa da organização

Estudantes da Ciências ULisboa representaram a Faculdade no Digital Health Summit 2022, um encontro internacional dedicado ao futuro dos cuidados de saúde, promovido pela empresa Premivalor. Os alunos, organizados em dois grupos, apresentaram os projetos “The Golgi Printer” e “Cloudia”, tendo este último ficado classificado em 3.º lugar no concurso de projetos H-INNOVA - Health Innovation HUB, uma empresa de inovação no sector da saúde.

Salão da Academia das Ciências de Lisboa

Em 2022 a Academia das Ciências de Lisboa elegeu para a sua Classe de Ciências novos membros efetivos e correspondentes nacionais. Entre eles estão os professores da Ciências ULisboa Fernando Ferreira, nomeado membro efetivo; João Duarte e Jorge Buescu, nomeados correspondentes nacionais.

salão nobre da Reitoria da ULisboa

Oito professores e investigadores da Ciências ULisboa foram agraciados com prémios e menções honrosas, na edição de 2022 dos Prémios Científicos ULisboa/Caixa Geral de Depósitos (CGD). Errata da notícia publicada em novembro.

vários barcos no mar

Cinco docentes e investigadores do IDL participaram no consórcio do projeto NAVSAFETY, cujo principal objetivo foi o desenvolvimento de uma plataforma digital de auxílio às entidades portuárias na gestão do tráfego marítimo. O projeto, coordenado pela Universidade de Aveiro, e financiado pelo programa Fundo Azul, terminou no mês de setembro.

três pessoas a assinar o protocolo

Ciências ULisboa celebrou um protocolo de cooperação com a Câmara Municipal de Lisboa, através do Regimento de Sapadores Bombeiros e do Departamento de Desenvolvimento e Formação. A assinatura do protocolo decorreu ontem, dia 19 de dezembro, nas instalações da Ciências ULisboa.

Boia na foz do estuário do Tejo

A Rede Portuguesa de Monitorização Costeira (CoastNet) integra o Programa da Década da Ciência dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável 2021-2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e representa Portugal neste programa da ONU. A CoastNet é uma infraestrutura de investigação do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), da Ciências ULisboa e da Universidade de Évora.

aves a voar com mar em fundo

Estudo, da autoria de quatro investigadores da Ciências ULisboa, que aborda as alterações ambientais em zonas húmidas e os impactos no habitat de aves limícolas costeiras, foi publicado na revista Science of the Total Environment.

paisagem da caatinga

O Prémio Científico Mário Quartin Graça 2022, na categoria de Tecnologias e Ciências Naturais, foi atribuído a Ana Cláudia P. Oliveira, aluna do doutoramento em Biologia e Ecologia das Alterações Globais na Ciências ULisboa e investigadora do cE3c.

Estepe na Patagónia Argentina

Para avaliar o impacto do pastoreio nas regiões áridas do planeta, uma equipa internacional com mais de uma centena de investigadores, destaque para Alice Nunes e Melanie Köbel, investigadoras do cE3c Ciências ULisboa, aplicou, pela primeira vez, o mesmo método de análise em 25 países de seis continentes.

rua interior à Alameda da Universidade, na Faculdade de Ciências

A 16 de novembro de 2022 foi instalado um sensor de tubo, na entrada da rua de acesso ao edifício C7 (rua interior à Alameda da Universidade), que permite detetar a passagem de bicicletas e trotinetes. Esta instalação insere-se na atividade do projeto europeu Tr @ nsnet – Um modelo de Living Lab Universitário para a Transição Ecológica

Campus da Faculdade

A cerimónia de entrega dos Prémios Científicos ULisboa/Caixa Geral de Depósitos (CGD) 2022, acontece no próximo dia 28 de novembro, pelas 17h30, no Salão Nobre da Reitoria da ULisboa.

grupo de pessoas

Ciências ULisboa coordena projeto europeu Twinning em colaboração com a Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, e a Universidade de Tel Aviv, em Israel, e em parceria com a Universidade de Cambridge, no Reino Unido. O objetivo é promover a investigação de excelência e a formação avançada em Bioquímica e Biofísica de Proteínas, com impactos e aplicações em Biomedicina e Biotecnologia.

Ibéria Medeiros

Ibéria Medeiros, professora do Departamento de Informática da Ciências ULisboa, é a protagonista do terceiro vídeo do projeto “Porquês com Ciência”, divulgado no YouTube da Faculdade a 3 de novembro.

estantes com livros e revistas na biblioteca do C4

"September 2022 data-update for 'Updated science-wide author databases of standardized citation indicators'” divulga as bases de dados com os nomes dos cientistas mais citados a nível mundial em 2021 e ao longo da carreira. Estas bases de dados publicadas recentemente pela Elsevier têm o contributo de John Ioannidis, professor da Universidade de Stanford, na Califórnia.

A Faculdade presta homenagem a Carlos Sousa Reis, antigo professor da Ciências ULisboa nos domínios da Ecologia Marinha, Recursos Vivos Marinhos, Pescas e Ordenamento do Litoral.

grande auditório no evento de 2021

“Este é um momento de celebração da qualidade da investigação e da inovação desenvolvidas na Ciências ULisboa, a ocasião ideal para a partilha de conhecimento e para o estabelecimento de colaborações", diz Margarida Santos-Reis, subdiretora da Ciências ULisboa para a área da investigação, a propósito do Dia da Investigação.

José Rebordão, Luís Carriço e Manuel Silva assinam o protocolo

A Faculdade e a FCiências.ID assinaram um protocolo de cooperação com a Cercal Power, uma sociedade da Aquila Clean Energy, a plataforma de energia renovável da Aquila Capital na Europa, dedicada ao desenvolvimento, construção e exploração da central fotovoltaica do Cercal, em Santiago do Cacém.

Imagem de um cérebro em fundo digital

"A linha de investigação em Filosofia da Inteligência Artificial e da Computação surgiu pela primeira vez em Portugal na Ciências ULisboa, nomeadamente, no Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa (CFCUL), com o intuito de contribuir para um debate que interessa à sociedade no seu todo", escrevem João L. Cordovil e Paulo Castro, investigadores do CFCUL Ciências ULisboa.

logotipo do projeto

O Gabinete de Apoio Psicológico (GAPsi) da Ciências ULisboa partilhou o primeiro episódio do podcast “Chá do Dia”, no passado dia 19 de setembro. O quinto episódio deste projeto inovador já está disponível na plataforma Spotify.

Estúdio da FCCN

João Telhada é um dos protagonistas do projeto "Porquês com Ciência", nomeadamente no vídeo “É seguro pagar online com cartão VISA?”, disponível no canal YouTube da Faculdade. Para o professor do DEIO Ciências ULisboa, “a cultura científica é um aspeto essencial no progresso e desenvolvimento de um país”.

grupo de pessoas

Tom Henfrey, Giuseppe Feola, Gil Penha-Lopes, Filka Sekulova e Ana Margarida Esteves publicam na Sustainable Development, no âmbito de relatório da rede ECOLISE, da qual Ciências ULisboa faz parte.

A Faculdade presta homenagem a Henrique Manuel da Costa Guimarães, antigo aluno e professor da ULisboa, especialista em investigação sobre o ensino da Matemática.

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