Livro Vermelho revela que um terço das espécies de mamíferos em Portugal está ameaçado

mamífero toirão

A última avaliação dos mamíferos tinha sido feita em 2005 e publicada no Livro Vermelho dos Vertebrados

Dave Collins [iStock]

O novo Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental, apresentado esta terça-feira, atualiza o conhecimento sobre as espécies de mamíferos terrestres e marinhos da fauna de Portugal Continental e faz uma revisão dos estatutos de ameaça das espécies.

Os resultados da avaliação dos mamíferos realizados no âmbito do projeto “Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental” revelam que das 82 espécies avaliadas, um terço estão ameaçadas de extinção. Dessas 27 espécies destacam-se o boto, a orca e o morcego-rato-pequeno, mamíferos na categoria mais elevada de ameaça, avaliados como Criticamente em Perigo.

Classificadas como Em Perigo (EN) estão 10 espécies como o lobo, o lince-ibérico, o gato-bravo e o toirão nos carnívoros; a toupeira-de-água, o musaranho-anão-de-dentes-vermelhos e o musaranho-de-dentes-brancos-pequeno nos insetívoros e três espécies de morcegos (morcego-de-ferradura-mediterrânico, morcego-de-ferradura-mourisco e o morcego-lanudo). Nesta categoria, verifica-se que há um aumento da percentagem das espécies relativamente a 2005 vs 2022 (2,2% vs. 9,2%).

Na categoria de ameaça Vulnerável (VU) estão incluídas 14 espécies como o coelho-ibérico e a lebre-ibérica que agravaram o seu estatuto desde a última avaliação e há um aumento da percentagem das espécies de roedores nesta categoria.

Numa análise comparativa com a anterior avaliação dos mamíferos de Portugal, publicada em 2005 no Livro Vermelho dos Vertebrados, verifica-se agora um agravamento de 22,8% para 29,7% das categorias Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN), Vulnerável (VU) e Quase Ameaçada (NT). Isto resulta do maior conhecimento sobre as espécies, mas também da degradação ambiental dos habitats adequados para a manutenção de populações estáveis. Mantém-se o estatuto de Regionalmente Extinto (EX) já anteriormente atribuído ao urso-pardo e uma diminuição para cerca de metade da percentagem de espécies com Informação Insuficiente (DD) de 27,2% vs. 13,9% (2005 vs 2022, respetivamente). Em todas as categorias de ameaça (CR, EN, VU, NT) há um aumento da percentagem de espécies de cetáceos ameaçadas.

Novas espécies

capa do livro
A versão digital da publicação final do projeto está disponível para consulta online.
Fonte LVMPC

O novo Livro Vermelho dos Mamíferos apresenta 14 novas espécies para Portugal Continental, em relação à lista analisada na avaliação anterior, incluindo 5 espécies só muito recentemente identificadas: o morcego-hortelão-claro, o rato-das-neves e três cetáceos (golfinho-pintado-do-atlântico, baleia-de-bico-de-sowerby e baleia-de-bico-de-true).

Adicionalmente às 14 espécies, foram avaliados e identificados pela primeira vez, como espécies distintas, outros cinco mamíferos, através da aplicação de novas técnicas de análise ou de revisões taxonómicas: o musaranho-de-água, o morcego-de-franja do Sul, o rato-do-campo-lusitano, o rato-dos-lameiros e a baleia-piloto.

Fatores de ameaça

A degradação e a destruição e fragmentação dos habitats naturais, devido à atividade humana, são os principais fatores de ameaça identificados para os mamíferos. A estes, acrescem as alterações climáticas, consideradas previsivelmente como um fator de ameaça à sobrevivência e manutenção de populações estáveis para a maioria das espécies analisadas no âmbito do projeto.

A aplicação de pesticidas ou outros agrotóxicos é igualmente apontada como causa direta ou indireta de redução populacional, no caso dos morcegos, roedores e insectívoros. A contaminação dos cursos de água por elementos orgânicos ou inorgânicos é também preocupante para a sustentabilidade das espécies associadas aos meios aquáticos. O controlo de predadores é um fator de ameaça identificado para o grupo dos carnívoros, enquanto que a sobrepesca ou a morte acidental em artes de pesca são fatores de ameaça para os pequenos cetáceos.

Medidas de conservação

A implementação prioritária de medidas de conservação para as espécies ameaçadas passa pela recuperação de habitats, criação de mosaicos de habitats naturais ou seminaturais, reabilitação das áreas florestais autóctones, controlo e prevenção dos fogos florestais e adoção de práticas e sistemas de produção mais sustentáveis. Para as espécies associadas aos meios aquáticos, preconiza-se o controlo de ações com influência direta na alteração e poluição dos cursos de água. Para os morcegos cavernícolas, em particular, é fundamental a proteção legal e física dos abrigos, que dificultem o acesso de pessoas mas permitam a circulação dos morcegos.

O projeto

Este projeto é co-financiado pelo POSEUR, Portugal 2020, União Europeia – Fundo de Coesão e pelo Fundo Ambiental. Tem como beneficiário a FCiências.ID - Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciências e como parceiro o ICNF - Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. A coordenação científica é do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e conta como parceiros de execução com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Universidade de Aveiro (UA), Universidade de Évora (UE), ICETA - Instituto de Ciências, Tecnologias Agrárias e Agroambiente da Universidade do Porto (CIBIO-InBIO) e Mesocosmo - Consultoria, Tecnologia e Serviços Científicos. Todas as entidades integram uma Comissão técnico-científica que acompanha e orienta o desenvolvimento dos trabalhos e questões de natureza metodológica do projeto.

GJ Ciências ULisboa com Lurdes Dias, Comunicação Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Centro de Testes

“Em cada turno processamos uma quantidade significativa de amostras e é sempre importante conseguirmos fazê-lo eficientemente, para que os resultados sejam conseguidos num curto espaço de tempo”, diz Catarina Lagoas, voluntária no Centro de Testes Ciências ULisboa.

Teclado para invisuais

“A tecnologia deve poder ser usada por todas as pessoas!”, diz Carlos Duarte, professor do Departamento de Informática, investigador do LASIGE Ciências ULisboa, e recentemente membro do World Wide Web Consortium (W3C) e da Ação COST LEAD-ME -Leading Platform for European Citizens, Industries, Academia and Policymakers in Media Accessibility.

 olho de choco

Um grupo de investigadores da Ciências ULisboa a trabalhar no Laboratório Marítimo da Guia do MARE conseguiu mostrar que chocos acabados de eclodir (até cinco dias) são capazes de ter uma aprendizagem social. O estudo publicado na  Animal Cognition tem como primeiro autor Eduardo Sampaio, estudante de doutoramento em Biologia (ramo Etologia).

ETAR de Gaia Litoral

A análise de mais de 200 amostras de águas residuais das cinco ETAR monitorizadas no âmbito do projeto COVIDETECT comprova a presença de material genético nos afluentes que chegam às ETAR e evidencia a ausência de deteção do material genético do vírus SARS-CoV-2 nos efluentes tratados.

National Cancer Institute

Investigadores do LASIGE Ciências ULisboa, INESC TEC e Universidade do Minho apresentam uma nova técnica de deduplicação de dados baseado em semelhanças e padrões encontrados nos ficheiros de sequenciação de genomas humanos e uma codificação das alterações para a recuperação desses dados.

logotipo

Sétima rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade. A empresa em destaque é a Keep on Care.

Computador

“O período de confinamento pode ser encarado como um primeiro grande teste à integração de renováveis no sistema elétrico, prelúdio do que se prepara com a transição energética global em curso”, escreve o cientista Miguel Centeno Brito.

Conceção artística do telescópio espacial Athena (Advanced Telescope for High-Energy Astrophysics)

“Ciências ULisboa tem vindo a aumentar a sua capacidade e a sua intervenção no desenvolvimento científico e tecnológico de alguns dos projetos mais importantes para o avanço da Astrofísica, não só nos próximos anos, mas nas próximas décadas”, diz o cientista José Afonso.

post it

Cristina Luís, investigadora do Departamento de História e Filosofia das Ciências e do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia (CIUHCT), é a responsável em Portugal pelo projeto “Citizen Science as the new paradigm for Science Communication (NEWSERA)”, coordenado por Rosa Arias, fundadora da Science for Change e que visa estudar como a ciência cidadã pode mudar o paradigma da comunicação da ciência.

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Entrevista com o cientista Carlos Cordeiro, que lidera o SAFE Coating, um projeto que tem a Biomimetx e o Hospital Curry Cabral como parceiros e que em seis meses procurará implementar uma tecnologia capaz de inativar o SARS-CoV-2 em superfícies, impedindo a sua viabilidade fora do hospedeiro humano e consequentemente, eliminando uma importante via de transmissão viral.

Lusovenator, a nova espécie pertence ao grupo dos carcharodontossáurios - dinossáurios carnívoros, alguns dos maiores predadores do planeta Terra. A sua descoberta mostra que estes dinossáurios estavam presentes no hemisfério norte 20 milhões de anos antes do que indicava o registo conhecido. O estudo foi liderado por Elisabete Malafaia, investigadora do IDL, polo da Ciências ULisboa.

O Roteiro Nacional de Infraestruturas de Investigação de Interesse Estratégico (RNIE) 2020 inclui 56 infraestruturas. Ciências ULisboa coordena a CoastNet, a PORTULAN CLARIN e a RNEM, integrando ainda outras sete infraestruturas.

A fase de implementação da Rede Portuguesa de Monitorização Costeira (CoastNet) terminou recentemente, segundo comunicado de imprensa emitido pela Faculdade recentemente. A apresentação pública da CoastNet coordenada por José Lino Costa, professor do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa, acontece a 7 de julho, num evento a decorrer por videoconferência.

O projeto MarCODE visa desenvolver uma ferramenta multidisciplinar para potenciar o rastreio e a rotulagem ecológica de espécies marinhas de interesse comercial, segundo comunicado de imprensa emitido pela Faculdade. O estudo iniciado este mês de julho deverá terminar daqui a três anos.

Sexta rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade. A empresa em destaque é a Nevaro.

Cláudio Pina Fernandes, coordenador do GAPsi Ciências ULisboa, escreve sobre o Princípio da Incerteza e chama a atenção para alguns aspetos.

O mundo de hoje é completamente dominado pela necessidade imperiosa de saber recolher e analisar dados, escrevem os cientistas Tiago A. Marques e Soraia Pereira. Leia o artigo dedicado ao roteiro serológico nacional, uma iniciativa promovida pelo Instituto Gulbenkian de Ciência e que conta com a colaboração do Centro de Estatística e Aplicações da Universidade de Lisboa, da autoria destes investigadores.

Ciências ULisboa volta a participar com equipas de estudantes no Global Management Challenge (GMC). No passado dia 16 de junho começou a 1ª fase do GMC 2020, que conta com quatro equipas desta faculdade compostas por alunos dos mestrados integrados em Engenharia Biomédica e Biofísica, em Engenharia da Energia e do Ambiente e em Engenharia Física, assim como alunos das licenciaturas em Matemática Aplicada e Tecnologias de Informação.

teste

Cerca de 194 milhões de aves e 29 milhões de mamíferos podem ser atropelados por ano nas estradas europeias, de acordo com a estimativa de uma equipa internacional de investigadores liderada por Clara Grilo, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), polo da Ciências ULisboa, com sede na Universidade de Aveiro. Os resultados estão publicados na revista científica Frontiers in Ecology and Environment.

“A História do Pi em hipervídeo” está na Internet e pode ser consultada por todos e em toda a parte. O hipervídeo integra de forma estruturada e interativa vídeo e outros tipos de informação, nomeadamente, textos, imagens, áudio e animações. Saiba mais sobre este projeto lendo a entrevista com as professoras Suzana Nápoles e Teresa Chambel.

A dinâmica das epidemias é descrita por sistemas de equações diferenciais. Jorge Buescu, professor do Departamento de Matemática da Ciências ULisboa, apresenta neste artigo o modelo epidemiológico desenvolvido em 1927 por Kermack e McKendrick.

No próximo ano letivo, Ciências ULisboa irá utilizar novos modelos de ensino/aprendizagem, todos com horas de contacto entre docentes e alunos, mas que se diferenciam pela existência e forma da componente presencial, anunciou a Faculdade em comunicado de imprensa.

Um grupo de cientistas da Ciências ULisboa e da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, membros do CENTRA - Centro de Astrofísica e Gravitação participa no desenvolvimento do METIS (Mid-infrared ELT Imager and Spectrograph), um poderoso instrumento que vai equipar o maior telescópio do mundo - o Extremely Large Telescope.

A equipa do projeto Lista Vermelha de Invertebrados Terrestres e Dulçaquícolas de Portugal Continental preparou a campanha de ciência cidadã - “Invertebrados da Lista Vermelha procuram-se” -, cujo lançamento ocorre esta sexta-feira, dia 5 de junho.

Duas pessoa dão as mãos

"A nossa necessidade de conexão e de afeto é singular, no sentido em que precisamos e procuramos o contacto com outros seres humanos", escreve Inês Ventura, psicóloga do GAPsi Ciências ULisboa.

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