No campus com Helder Coelho

Espaços da interdisciplinaridade

Helder Coelho

Porque é que a Informática gosta das outras disciplinas com as quais colabora assiduamente? Fala-se muito dos diálogos e dos impactos interdisciplinares, ou mesmo de fusões por motivos ainda mais fortes. Os casos da Neurofilosofia, Neuropsicologia, Bioinformática, Biomedicina, ou Robótica Cognitiva traduzem necessidades de médio prazo. Nos anos 50, quando a Tradução Automática estava quente, a Linguística Computacional (LC), a Inteligência Artificial (IA) e a Interação Homem/Computador (IHC) viviam em grande harmonia. Depois afastaram-se.

Os sistemas recentes Google Translate, RelateIQ e Facebook Graph colocaram na ordem do dia, quase 60 anos depois, os diálogos passados por causa da exigência de interfaces intuitivas e da complexidade de grandes sistemas inteligentes, como o Watson da IBM virado para os cuidados de saúde. Aparentemente, o processamento da língua natural está na origem desta aproximação, assim como os avanços recentes da tradução automatizada e interativa, e a necessidade da disseminação e assimilação.

Hoje, parece consensual que não haja tradução automática de qualidade, nem o homem (editor) possa ser colocado de fora da cadeia de processamento. Depois, na era digital, a complexidade e a enorme quantidade de dados estão presentes durante ainda muito tempo, e por isso a necessidade de interfaces intuitivas irá perdurar. Finalmente, a alta qualidade da tradução, com senso comum, parece ainda estar por assegurar.

A edição de textos é uma atividade típica da IHC, sendo a interação rápida, e tendo virado uma extensão inconsciente do utilizador. Anos atrás, essa já era a convicção de Alan Kay e de Yehoshua Bar-Hillel. O trabalho recente do grupo de Eric Horvitz, na Microsoft Research, em torno dos 12 princípios de projeto com iniciativa mista, parecem assegurar algum êxito na orientação do desenvolvimento dos próximos sistemas. Um desses princípios diz que os sistemas devem aprender observando os utilizadores, o que provocou menor edição e maior qualidade do produto final. A Predictive Translation Memory (PTM), de 2014, foi o grande passo em frente, assim como as inovações do processamento da língua natural (procura rápida, aprendizagem de parâmetros em direto), ou seja a melhoria da interface com o utilizador, um sonho eterno da Informática.

Os sistemas de tradução com iniciativa mista apareceram em 1952, mas nesse momento ainda a IA não tinha sido criada (só no verão de 1956). Seis décadas depois, graças aos seus recentes avanços, já garantimos traduções de melhor qualidade e os agentes inteligentes são capazes de complementarem as atividades humanas.

Olhemos agora para o lado da Economia. Em 1978, quando um dos pioneiros e fundadores da IA e prémio Turing, Herbert Simon, fez o discurso pela aceitação do prémio Nobel (sobre a escolha e a tomada de decisão) lamentou a inclusão crescente dessa disciplina na Matemática. Para Simon, essa situação dificultava a colaboração interdisciplinar (muito mais rica, segundo ele) entre a Psicologia, a Ciência das Organizações e a IA com a Economia.

Em 2011, o psicólogo Daniel Kahneman ganhava o prémio Nobel em Economia, porque durante anos se esforçara por ver a potência e a energia vital do trabalho interdisciplinar. Estes dois investigadores não foram os únicos a compreender que um novo campo científico, o da Ciência da Sociedade, se abria em torno do bem-estar das populações, e focado na sua felicidade (wellbeing).

A OCDE lançou em 2011 o projeto Better Life Initiative que permitiu que em 2013 fossem publicadas as orientações para a medição do bem-estar (algo subjetivo), apoiado em 11 domínios, cobrindo desde o rendimento, o trabalho, a saúde, as aptidões, a educação, a habitação, a segurança social, o empenhamento cívico ou o ambiente. Deste modo, a ideia de bem-estar inclui aspetos comportamentais, biológicos, psicológicos, ambientais e sociais.

A racionalidade (homem racional) é inalcançável, porque a escolha ótima (identificada a maior parte das vezes com a utilidade máxima individual) é demasiado perfeita. Em vez disso, a maior parte dos homens (agentes económicos) adota um programa interdisciplinar dirigido para a “inteligência”, e frequentemente apoiado em decisões feitas à pressa, com informação contraditória, incompleta ou em excesso, e, também, rodeada por turbulências sociais, financeiras e políticas. No entanto, no tempo de Simon, foram os modelos econométricos e matemáticos que levaram a melhor!

Ordenação dos 36 países da OCDE em 2013
1.º Austrália
2.º Suécia
6.º EUA
20.º Espanha
28.º Portugal
33.º Brasil

Em 2014 Portugal piorou e passou para 34.º, com uma satisfação de 5.1 (em 10), cuja média dos 36 países é 6.6. Em 2015 (com 38 países) e quanto ao trabalho, a Islândia ficou em 1.º, o Brasil está em 26º, Portugal em 33.º, a Espanha em 36.º e a Grécia em 38.º. Já no que respeita à satisfação de vida, a Noruega aparece em 1.º, o Brasil em 19.º, a Espanha em 22.º, a Grécia em 34.º e Portugal em 37.º. Dá que pensar. E, se olharmos para os dados do Observatório da Emigração (ISCTE), revistos em maio de 2016, deparamos com 110.000 em 2014 contra 70.000 em 2010 (vejam-se também os dados da Pordata de 2011 a 2015, onde Portugal está em 12.º em emigração a nível mundial).

Helder Coelho, professor do Departamento de Informática de Ciências
salão nobre da Reitoria da ULisboa

Oito professores e investigadores da Ciências ULisboa foram agraciados com prémios e menções honrosas, na edição de 2022 dos Prémios Científicos ULisboa/Caixa Geral de Depósitos (CGD). Errata da notícia publicada em novembro.

vários barcos no mar

Cinco docentes e investigadores do IDL participaram no consórcio do projeto NAVSAFETY, cujo principal objetivo foi o desenvolvimento de uma plataforma digital de auxílio às entidades portuárias na gestão do tráfego marítimo. O projeto, coordenado pela Universidade de Aveiro, e financiado pelo programa Fundo Azul, terminou no mês de setembro.

três pessoas a assinar o protocolo

Ciências ULisboa celebrou um protocolo de cooperação com a Câmara Municipal de Lisboa, através do Regimento de Sapadores Bombeiros e do Departamento de Desenvolvimento e Formação. A assinatura do protocolo decorreu ontem, dia 19 de dezembro, nas instalações da Ciências ULisboa.

Boia na foz do estuário do Tejo

A Rede Portuguesa de Monitorização Costeira (CoastNet) integra o Programa da Década da Ciência dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável 2021-2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e representa Portugal neste programa da ONU. A CoastNet é uma infraestrutura de investigação do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), da Ciências ULisboa e da Universidade de Évora.

aves a voar com mar em fundo

Estudo, da autoria de quatro investigadores da Ciências ULisboa, que aborda as alterações ambientais em zonas húmidas e os impactos no habitat de aves limícolas costeiras, foi publicado na revista Science of the Total Environment.

paisagem da caatinga

O Prémio Científico Mário Quartin Graça 2022, na categoria de Tecnologias e Ciências Naturais, foi atribuído a Ana Cláudia P. Oliveira, aluna do doutoramento em Biologia e Ecologia das Alterações Globais na Ciências ULisboa e investigadora do cE3c.

Estepe na Patagónia Argentina

Para avaliar o impacto do pastoreio nas regiões áridas do planeta, uma equipa internacional com mais de uma centena de investigadores, destaque para Alice Nunes e Melanie Köbel, investigadoras do cE3c Ciências ULisboa, aplicou, pela primeira vez, o mesmo método de análise em 25 países de seis continentes.

rua interior à Alameda da Universidade, na Faculdade de Ciências

A 16 de novembro de 2022 foi instalado um sensor de tubo, na entrada da rua de acesso ao edifício C7 (rua interior à Alameda da Universidade), que permite detetar a passagem de bicicletas e trotinetes. Esta instalação insere-se na atividade do projeto europeu Tr @ nsnet – Um modelo de Living Lab Universitário para a Transição Ecológica

Campus da Faculdade

A cerimónia de entrega dos Prémios Científicos ULisboa/Caixa Geral de Depósitos (CGD) 2022, acontece no próximo dia 28 de novembro, pelas 17h30, no Salão Nobre da Reitoria da ULisboa.

grupo de pessoas

Ciências ULisboa coordena projeto europeu Twinning em colaboração com a Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, e a Universidade de Tel Aviv, em Israel, e em parceria com a Universidade de Cambridge, no Reino Unido. O objetivo é promover a investigação de excelência e a formação avançada em Bioquímica e Biofísica de Proteínas, com impactos e aplicações em Biomedicina e Biotecnologia.

Ibéria Medeiros

Ibéria Medeiros, professora do Departamento de Informática da Ciências ULisboa, é a protagonista do terceiro vídeo do projeto “Porquês com Ciência”, divulgado no YouTube da Faculdade a 3 de novembro.

estantes com livros e revistas na biblioteca do C4

"September 2022 data-update for 'Updated science-wide author databases of standardized citation indicators'” divulga as bases de dados com os nomes dos cientistas mais citados a nível mundial em 2021 e ao longo da carreira. Estas bases de dados publicadas recentemente pela Elsevier têm o contributo de John Ioannidis, professor da Universidade de Stanford, na Califórnia.

A Faculdade presta homenagem a Carlos Sousa Reis, antigo professor da Ciências ULisboa nos domínios da Ecologia Marinha, Recursos Vivos Marinhos, Pescas e Ordenamento do Litoral.

grande auditório no evento de 2021

“Este é um momento de celebração da qualidade da investigação e da inovação desenvolvidas na Ciências ULisboa, a ocasião ideal para a partilha de conhecimento e para o estabelecimento de colaborações", diz Margarida Santos-Reis, subdiretora da Ciências ULisboa para a área da investigação, a propósito do Dia da Investigação.

José Rebordão, Luís Carriço e Manuel Silva assinam o protocolo

A Faculdade e a FCiências.ID assinaram um protocolo de cooperação com a Cercal Power, uma sociedade da Aquila Clean Energy, a plataforma de energia renovável da Aquila Capital na Europa, dedicada ao desenvolvimento, construção e exploração da central fotovoltaica do Cercal, em Santiago do Cacém.

Imagem de um cérebro em fundo digital

"A linha de investigação em Filosofia da Inteligência Artificial e da Computação surgiu pela primeira vez em Portugal na Ciências ULisboa, nomeadamente, no Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa (CFCUL), com o intuito de contribuir para um debate que interessa à sociedade no seu todo", escrevem João L. Cordovil e Paulo Castro, investigadores do CFCUL Ciências ULisboa.

logotipo do projeto

O Gabinete de Apoio Psicológico (GAPsi) da Ciências ULisboa partilhou o primeiro episódio do podcast “Chá do Dia”, no passado dia 19 de setembro. O quinto episódio deste projeto inovador já está disponível na plataforma Spotify.

Estúdio da FCCN

João Telhada é um dos protagonistas do projeto "Porquês com Ciência", nomeadamente no vídeo “É seguro pagar online com cartão VISA?”, disponível no canal YouTube da Faculdade. Para o professor do DEIO Ciências ULisboa, “a cultura científica é um aspeto essencial no progresso e desenvolvimento de um país”.

grupo de pessoas

Tom Henfrey, Giuseppe Feola, Gil Penha-Lopes, Filka Sekulova e Ana Margarida Esteves publicam na Sustainable Development, no âmbito de relatório da rede ECOLISE, da qual Ciências ULisboa faz parte.

A Faculdade presta homenagem a Henrique Manuel da Costa Guimarães, antigo aluno e professor da ULisboa, especialista em investigação sobre o ensino da Matemática.

Estátua de Alfred Nobel com flores por detrás

Os seis Prémios Nobel 2022 são anunciados entre 3 e 10 de outubro. A poucos dias de conhecer as personalidades que serão distinguidas este ano, recordamos os laureados em 2021, com a ajuda de professores e cientistas da Faculdade. Entre na breve e conheça os laureados da Fisiologia/Medicina e Física.

 

rapariga com vento no cabelo a ouvir música

"Que poder é este da música? Ela tem mesmo uma ligação com as emoções? Apesar de existirem posições contraditórias, a literatura aponta que a música é capaz de induzir emoções", escreve Marta Esteves, psicóloga no GAPsi Ciências ULisboa.

Sara Magalhães no estúdio da FCCN

Sara Magalhães é professora do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa desde 2016 e investigadora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c). “Os ácaros são assim tão feios, porcos e maus?” é o tema apresentado pela professora, que inaugura o projeto “Porquês com Ciência”.

mar

Nos dias 26 e 27 de setembro decorre na Ciências ULisboa o “Fórum Oceano: Atlântico, um bem comum, visões partilhadas franco-portuguesas”, uma iniciativa organizada pela Faculdade e pelo MARE, no âmbito da Temporada Portugal-França 2022.

“Saúde, Dança e Ciência na qualidade de vida sustentável”

No próximo dia 23 de setembro irá decorrer na Ciências ULisboa um workshop que pretende sensibilizar jovens e adultos para a importância do movimento na saúde e na qualidade de vida sustentável.

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