Crónicas em Ciências

Os peixes não indígenas

Investigação sobre as invasões biológicas

Siluro marcado na albufeira da Barragem de Belver por investigadores do projeto FRISK

Siluro marcado na albufeira da Barragem de Belver em março de 2019, por mim, pela doutoranda Esmeralda Pereira, pelo investigador Bernardo Quintella e pelo bolseiro Diogo Ribeiro

Alamal River Club/H. Henriques
Filipe Ribeiro com peixe
Eu e um siluro (Silurus glanis) de 1,32 metros (18 Kilos), capturado na albufeira da Barragem de Belver (Gavião e Mação) em janeiro de 2019. Esta espécie pode atingir 2,8 metros e 120 Kilos, sendo um dos maiores peixes de água doce da Europa
Fonte EFE/J.J. Guillén

Atualmente, as barreiras biogeográficas estão mais permeáveis ao movimento de espécies devido às atividades humanas. O comércio global crescente tem levado a um movimento enorme de carga, de pessoas e de espécies. Ora muitas destas espécies viajando encrustados nos navios contentores, transportados ativamente pelas pessoas, ou à boleia de um avião, de um barco ou de um carro, acabam por sobreviver e reproduzir para lá da sua distribuição natural, designando-se por espécies não indígenas nestes novos locais. Algumas destas espécies não indígenas são muito familiares no nosso dia-a-dia - espécies como a batata, o milho ou a galinha - outras espécies não indígenas são consideradas como espécies invasoras porque causam grandes impactos. Estas espécies invasoras podem constituir uma ameaça para a saúde pública (por exemplo através da transmissão de doenças), podem causar perdas económicas para a sociedade (por exemplo perda de produção agrícola), constituir uma ameaça para a conservação da natureza e da biodiversidade – sendo a segunda causa de perda de biodiversidade a nível mundial.

Em Portugal, todos já ouvimos falar da acácia ou da vespa asiática, porém nos ecossistemas fluviais de Portugal assiste-se a uma invasão aquática, discreta e desconhecida para a grande parte da população portuguesa. Na última década assistimos à chegada de 14 espécies de animais não indígenas nos ecossistemas fluviais, das quais cinco espécies são peixes. Isto representa três animais não indígenas a cada dois anos, sendo um deles um peixe não indígena. É essencial para a prevenção e fiscalização identificar os locais de primeiras ocorrências destas espécies e descrever quais foram os caminhos percorridos até à sua chegada.

O projeto FRISK tem como objetivo principal descobrir as rotas predominantes de chegada dos novos peixes não indígenas através da utilização integrada de ferramentas moleculares, modelação espacial, seguimento dos movimentos dos peixes e ciência cidadã com a ajuda dos pescadores desportivos.

O siluro (Silurus glanis), peixe originário da Europa central, chegou a Portugal em 2006/2008 através da sua dispersão (natural e assistida) ao longo do rio Tejo a partir de populações espanholas introduzidas no final do século XX. Esta tem sido a rota, através dos rios internacionais, mais comum e reconhecida oficialmente. Porém, outros peixes não indígenas têm ocorrido pela primeira vez em Portugal consistentemente no noroeste de Portugal, sem qualquer ligação a rios internacionais. Através de análises moleculares, que avaliam a proximidade entre as populações a nível europeu, identificámos que algumas destas novas espécies terão sido introduzidas diretamente de França, concretamente de rios da região de Bordéus. Esta nova informação, mostra que existe uma rota direta de França para Portugal provavelmente relacionada com a emigração de portugueses em França. Isto tem grandes implicações na eficiência das ações de fiscalização que deveriam ser conduzidas principalmente no verão, no interior de Portugal. Por outro lado, as nossas ações de sensibilização e divulgação do projeto têm sido bastante enriquecedoras, permitindo uma maior aproximação com os pescadores desportivos em Portugal e obtenção e informação quase em tempo real.

Atualmente, a investigação realizada pelo nosso grupo tem incidido na deteção de novos peixes não indígenas usando novas metodologias (projetos SONICINVADERS e ENVMETAGENOMICS) e determinação das suas rotas (projeto FRISK), avaliação de impactos dos peixes não indígenas nas redes tróficas (ISO-INVA), e em comunicação sobre a temática (LIFE-INVASAQUA).

Scripta manent. O que se escreve, fica, permanece.
Projeto Frisk na imprensa regional. Leia a notícia do Verdadeiro Olhar.
 

 

Filipe Ribeiro, investigador principal do FRISK e do polo de Ciências ULisboa do MARE
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt

Ciências será o palco de uma eliminatória regional do Famelab 2018, um dos maiores concursos internacionais de comunicação de ciência.

Ler Filosofia (através de Espinosa) permite olhar o mundo, de forma crítica e pensar em profundidade. Em Ciência, observar e refletir são indispensáveis, para caminharmos, abrindo novas linhas de pesquisa.

Vinte e três alunos estiveram na Faculdade de Ciências a estudar as bases metodológicas para a classificação sistemática de plantas. O curso inseriu-se no projeto HEI-PLADI, um programa ERASMUS + e ocorreu pela primeira vez em Portugal.

Parte do antigo bar do edifício C1 de Ciências dá agora lugar a um novo laboratório de investigação em Ecologia Evolutiva. Aqui vai ser explorado um sistema biológico composto por duas espécies de ácaro aranha, Tetranychus urticae Tetranychus ludeni, que competem por um alimento - a planta do tomate.

O livro Faça Sol ou Faça Vento reúne seis histórias infantojuvenis sobre energias renováveis. Todas elas são escritas por autores com ligação à Faculdade de Ciências da ULisboa.

Será possível ter uma pessoa dentro de um scanner e dizer-lhe para mudar a atividade de diferentes zonas do seu cérebro, com base no que estamos a observar num monitor desse mesmo scanner? Pode a Inteligência Artificial (IA) abordar e interatuar com a Neurociência, e vice-versa?

Quase a terminar o ano, surgem as frequentes resoluções de ano novo, um conjunto de ideias e desejos para aquele que se perspetiva ser um ano talvez igual ou melhor que o anterior. Existem assim duas perspetivas temporais: o ano que passou (o passado) e o que vem (futuro), e é sobre a integração destas duas perspetivas que gostaria de deixar uma reflexão.

Estas duas imagens foram produzidas por André Moitinho, Márcia Barros, Carlos Barata do Centro Multidisciplinar para a Astrofísica (CENTRA) e Hélder Savietto da Fork Research no âmbito da missão Gaia.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de dezembro é com Rodrigo Maia, técnico superior do Laboratório de Isótopos Estáveis do Departamento de Biologia Vegetal de Ciências.

A cidade é um bom exemplo de um sistema adaptativo, inteligente e complexo. Fala-se hoje muito em cidades espertas, onde os peões e os habitantes só encontram motivos para viverem contentes, porque tudo é pensado para os ajudar, graças à capacidade analítica sobre os dados das pessoas e das cidades. A sua manutenção é imprescindível, e a sua renovação deve obedecer à inteligência e jamais à usura. Nem sempre isso ocorre.

O projeto AQUA LINE, da empresa PEN Wave, vencedor do concurso MAREINOV Montepio, destina-se a produzir de forma inovadora microalgas e copépodes para o sector da aquicultura.

André Borges, Bernardo Tavares e Luis Martins, alunos do mestrado integrado em Engenharia da Energia e do Ambiente venceram o 1.º Hackathon de Transportes Internacional de Moscovo. A equipa classificada em 1.º lugar contou ainda com estudantes de Espanha e Colômbia.

O Prémio Luso-Espanhol de Química 2017 foi atribuído a Amélia Pilar Rauter, professora do Departamento de Química e Bioquímica e coordenadora do Grupo da Química dos Glúcidos do Centro de Química e Bioquímica de Ciências.

O quinto livro de António Damásio, colocado à venda a 3 de novembro, aborda o diálogo da vida com os sentimentos, como formadores da consciência e motor da ciência, e o que daí resulta, em especial para a cultura (ou ainda, sobre a estranha ordem, da sensação à emoção e depois ao sentimento). Os sentimentos são sinais da nossa vida e também os motivadores da criação intelectual dos homens. E, daí resultam multitudes de condutas, padrões variados de comportamentos. Enfim, os sentimentos facilitam a formação da nossa personalidade.

Uma das melhores decisões de Ricardo Rocha foi estudar Biologia em Ciências. Aqui fez amigos e aprendeu. Na entrevista que se segue fica a conhecer o antigo aluno de Ciências, membro do cE3c e investigador pós-doutorado da Universidade de Cambrigde, galardoado com o 1.º lugar do Prémio de Doutoramento em Ecologia - Fundação Amadeu Dias, lançado este ano pela primeira vez pela Sociedade Portuguesa de Ecologia.

A procrastinação é uma das grandes causas do insucesso académico e fonte de muito sofrimento e conflito interno. Para conquistar a procrastinação podemos começar por nos questionarmos: porque é que ando, constantemente a adiar.

Um estudo publicado na revista científica Science, do qual Vítor Sousa, investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c), é coautor, demonstra que há mais de 34 000 anos os grupos de seres humanos caçadores-recoletores desenvolveram redes sociais complexas para escolher parceiros e evitar riscos da endogamia.

No âmbito dos projetos “MoTHER – Mobilidade e Transição em Habitações Especiais e Reativas” e “HIPE – Habitações Interativas para Pessoas Excecionais”, Manuel J. Fonseca, Luís Carriço e Tiago Guerreiro, professores do Departamento de Informática e investigadores do Laboratório de Sistemas Informáticos de Grande Escala, irão desenvolver soluções tecnológicas para melhorar a qualidade de vida, nomeadamente a autonomização de pessoas com lesões vertebro medulares, alojadas em residências da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

A Associação Ciências Solidária foi constituída por escritura pública em 6 de abril de 2016, por iniciativa da Direção da Faculdade de Ciências, com o apoio de vários membros da comunidade. É um projeto de proximidade, baseado na responsabilidade social, com o fim de contribuir para a construção de uma comunidade mais justa e solidária.

A Semana da Ciência e Tecnologia celebra-se no país entre 20 e 26 de novembro. O ponto alto acontece a 24 com o Dia Nacional da Cultura Cientifica. Ciências junta-se à efeméride com dezenas de iniciativas.

A experiência destes anos mostra que as avaliações feitas pelos estudantes são um bom indicador da qualidade do ensino e que são úteis para a sua melhoria.

“Esta oportunidade deu-me uma valiosa experiência profissional e cada dia foi uma nova lição aprendida. Contudo, considero que o que se destacou foram as pessoas incríveis que aqui conheci”, declara Jake Smith, estudante de Francês, Espanhol e Português na Universidade de Nottingham, no Reino Unido e estagiário durante cerca de dois meses na Área de Mobilidade e Apoio ao Aluno da Faculdade de Ciências.

Na próxima sessão do 60 Minutos de Ciência convidamos o astrónomo Rui Agostinho para nos ajudar a responder à pergunta: Afinal… o que é a Estrela de Natal? A resposta será desvendada em mais uma sessão 60 Minutos de Ciência no MUHNAC-ULisboa, no dia 16 de novembro.

João Luís Andrade e Silva, professor catedrático aposentado da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, faleceu esta sexta-feira, dia 10 de novembro, aos 89 anos. A Faculdade lamenta o triste acontecimento, apresentando as condolências aos seus familiares, amigos e colegas.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de novembro é com Emília Real, assistente técnica do Departamento Física de Ciências.

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