Em psicologia considera-se a existência de três instâncias do eu: o eu real, o eu obrigatório e o eu ideal
Neste texto gostaria de falar dos nossos “eus”. Em psicologia considera-se a existência de três instâncias do eu: o eu real, o eu obrigatório e o eu ideal.
Genericamente pode-se dizer que o eu real está relacionado com a forma como nos vemos (o autoconceito), sobre a qual fazemos avaliações e temos atitudes mais positivas ou negativas perante nós mesmos (autoestima).
O eu ideal corresponde às avaliações que fazemos sobre aquilo que desejamos ser ou sentir ou aquilo que gostaríamos de ser.
O eu obrigatório é aquele que acreditamos que devemos ser, onde está presente um sentimento de obrigação e dever de ser de determinada maneira. Aqui estão geralmente incluídas as expectativas que consideramos que os outros têm sobre nós.
Mas para que serve esta distinção? A distinção entre estas três instâncias ou se quisermos a discrepância entre elas, informa-nos sobre a maior ou menor satisfação connosco próprios.
Se pensarmos que a forma como eu me vejo (eu real) é semelhante à forma como eu gostaria de ser (eu ideal), é mais provável que me sinta mais satisfeita comigo própria. Pelo contrário, se verificar que existe uma discrepância significativa entre o eu real e o eu ideal, é mais provável o surgimento de determinadas emoções como: a frustração, desapontamento, tristeza ou zanga.
E qual é o papel do eu obrigatório? A presença de um “devias” é muitas vezes uma barreira à congruência entre o eu real e o eu ideal. O eu obrigatório é aprendido desde muito cedo e é produto da educação e da cultura, que caracterizou o nosso processo de socialização. Muitas vezes este “eu obrigatório” manifesta-se numa voz que diz: ”tu devias ser assim…, tu não devias sentir aquilo…, devias ter um emprego…, devias relacionar-te com as pessoas…”. É claro, que muitos de nós vão identificar algumas destas vozes, mas o problema está quando ela dirige a maior parte da vida criando uma sensação de insatisfação.
Pergunte a si mesmo: como é que eu me descrevo? Como eu é que deveria ou tenho de ser e o que é que eu gostaria ou desejaria ser?