Pedro Mocho frequentou o curso de Geologia em Ciências ULisboa
Pedro Mocho lidera o estudo que identificou uma nova espécie de dinossáurio - Oceanotitan dantasi. Geologia sempre foi a sua paixão. Nos próximos seis anos continuará a estudar a história evolutiva dos dinossáurios saurópodes do Mesozóico Ibérico.
Como foi colaborar com Rafael Royo-Torres e Francisco Ortega?
Pedro Mocho (PM) - A colaboração com Rafael Royo-Torres (FCT-Dinópolis) e Francisco Ortega (Grupo de Biología Evolutiva UNED) foi de extrema importância no presente estudo. Para além deste estudo estar inserido naquilo que foi a minha tese de doutoramento sobre "A História Evolutiva dos Dinossáurios Saurópodes do Jurássico Superior da Bacia Lusitaniana (Portugal)" e defendida na Universidade Autónoma de Madrid, na qual foram os meus orientadores, Rafael e Francisco contribuíram com um importante conhecimento sobre os dinossáurios ibéricos. Este trabalho desenvolveu-se maioritariamente na Universidad Nacional de Educación a Distancia (Madrid), Sociedade de História Natural (Torres Vedras) e FCT-Dinópolis (Teruel) onde foram disponibilizadas todos as condições necessárias para desenvolver este estudo, incluindo a restauração deste material, laboratórios e acesso a importantes coleções de dinossáurios saurópodes.
Quais são os próximos passos da equipa?
PM - Neste momento temos vários projetos que se centram no estudo detalhado das faunas de dinossáurios do mesozóico da Península Ibérica, e no meu caso, no estudo particular dos dinossáurios saurópodes. Relativamente ao território português, continuamos a estudar vários exemplares inéditos que nos vão permitir conhecer melhor a composição das faunas do Jurássico Superior de Portugal e a sua relação com outras massas continentais como América do Norte e África. Por exemplo, as campanhas paleontológicas em Utah (EUA) realizadas pelo Natural History Museum of Los Angeles County (no qual realizei o meu pós-doutoramento em 2016-2018) e nas quais participamos, permitirão compreender melhor as relações filogenéticas e paleobiogeográficas destes grupos de dinossáurios.
Como foi estudar Geologia em Ciências ULisboa?
PM - Já passaram uns aninhos. Acabei o curso de Geologia nesta Faculdade em 2010. A Geologia sempre foi a minha paixão. Comecei a interessar-me pelo o estudo de fósseis nas aulas de Paleontologia em 2006 e como voluntário no Museu Nacional de História Natural. A esta academia devo a minha formação em Geologia.
Que expetativas tem para o futuro?
PM - Neste momento sou investigador de pós-doutoramento no Instituto Dom Luiz por seis anos financiados no âmbito do Concurso de Estímulo ao Emprego Científico da FCT. Nestes seis anos continuarei com a minha investigação no estudo da história evolutiva dos dinossáurios saurópodes do Mesozóico Ibérico. Uma destas linhas de investigação está centrada no estudo dos saurópodes do Cretácico Inferior e Superior de Espanha (mais precisamente da Comunidade de Castilla-La Mancha e Valencia) em projetos conduzidos pelo Grupo de Biologia Evolutiva UNED. Adicionalmente, continuar com o estudo do Jurássico Superior de Portugal é outro dos meus maiores objetivos, e em estreita relação com a Sociedade de História Natural de Torres Vedras da qual sou membro desde 2010. Outros projetos estão em aberto, nomeadamente campanhas paleontológicas nos EUA e na Península Ibérica estão no horizonte e irão permitir a descoberta de novos fósseis, novas ideias e nova hipóteses.