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Entrevista com… António Castelo

António Castelo, Aidnature
António Castelo

Planear projetos em toda a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), preparar propostas em reuniões com potenciais financiadores, escrever guiões, editar filmes e captar imagens dos locais, fauna e flora, são as atividades desenvolvidas pelo biólogo de Ciências, António Castelo, na organização Aidnature. Neste desafio, classifica como muito importantes os ensinamentos adquiridos em Ciências: “para escrever os guiões e interpretar o que está a acontecer no campo, os conhecimentos de Biologia são fundamentais. Uma grande parte aprendi com a experiência, na verdade, mas as duas coisas andam de mãos dadas. É um processo de feedback constante entre o que está armazenado algures na cabeça e os estímulos que vamos tendo de trabalho de campo. A experiência e o conhecimento teórico alimentam-se mutuamente e esse processo é muito enriquecedor e satisfatório”.

Fique a saber mais sobre a experiência do antigo aluno de Ciências na entrevista a seguir apresentada.

Ciências - Porque escolheu a FCUL e o referido curso?

AC - Na altura estava nos Açores a fazer Biologia Marinha, e foi nessa altura que me comecei a interessar-me mais pela Biologia Evolutiva em concreto, e como essa especificidade não havia lá, voltei para Lisboa. A FCUL era a escolha mais óbvia.

Ciências - O que recorda da Faculdade?

AC - Recordo-me sobretudo dos professores e da matéria que dava nas aulas. A minha "pancada" com evolução é forte e já nessa altura era. Ainda hoje nada me dá mais prazer do que aprender e compreender como funciona a vida na terra. Tive muito bons professores durante o curso e isso foi fundamental até quando, mais tarde, saí para fazer o mestrado em Inglaterra.

Ciências - Recorda-se de algum professor que o tenha marcado?

AC - Um professor que me marcou foi o professor Octávio Paulo. Tinha uma postura totalmente acessível nas aulas e estava mesmo preocupado com a transmissão da informação. Além disso, foi com ele que tive a oportunidade de fazer uma bolsa de iniciação à investigação e trabalhar sob a sua orientação. Foi uma ótima experiência!

Ciências – Quer partilhar connosco um ou outro momento inesquecível desses tempos?

AC - Lembro-me de ter percebido, às tantas, que não queria fazer trabalho de laboratório. Estava a trabalhar na bolsa de iniciação à investigação, e a minha função naquele momento era procurar um parasitismo celular em emacias de Lacerta montícola, e era preciso estofo para aquilo. É preciso um perfil muito específico, quase estoico, para fazer trabalho de investigação e eu percebi que, naquela fase, não era o que eu queria fazer.

Ciências - Algum dia pensou em voltar a estudar em Ciências?

AC - Sim, absolutamente. Quanto mais aprendo sobre trabalho de campo mais sei o quanto não sei, e seria extremamente útil para mim vir a aprender mais e desenvolver um projeto de monitorização ou conservação de uma ou outra espécie em território português através de uma universidade, e Ciências seria uma ótima escolha.

Ciências - De que forma os conhecimentos adquiridos em Ciências são importantes para o projeto que agora integra?

AC - São muito importantes. Para escrever os guiões e interpretar o que está a acontecer no campo os conhecimentos de Biologia são fundamentais. Uma grande parte aprendi com a experiência, na verdade, mas as duas coisas andam de mãos dadas. É um processo de feedback constante entre o que está armazenado algures na cabeça e os estímulos que vamos tendo de trabalho de campo. A experiência e o conhecimento teórico alimentam-se mutuamente e esse processo é muito enriquecedor e satisfatório.

Ciências - É uma atividade bastante apelativa pelo contacto constante com a natureza. Haverá, por certo, vários colegas seus a desejar assumir as mesmas tarefas. O que faz em concreto na organização, como é o dia-a-dia de um biólogo que trabalha na Aidnature?

AC - Neste momento faço tudo. Todos fazemos tudo, aliás. Agora começamos a tentar especializarmo-nos mais e focarmo-nos naquilo em que cada um é melhor, mas ainda não está totalmente instalado esse sistema. Planeio projetos em toda a CPLP, o que me obriga a investigar e tentar saber mais do que existe nesses territórios. Preparo e apresento as propostas em reuniões com potenciais financiadores. Escrevo os guiões e edito os filmes. Mas o que gosto mais de fazer, e o que faço quando estamos no nosso mundo, é captar imagens dos locais, fauna e flora para os nossos documentários. Passamos muito tempo em filmagens e é isso que mais gosto de fazer.

Ciências Que razão o leva a afirmar que filmar é o que lhe “dá mais gozo” neste projeto?

AC - Cada animal, cada comportamento é um desafio. O momento em que conseguimos a imagem de que estamos à espera e que imaginámos na nossa cabeça é de uma adrenalina enorme, que contrasta com a paz que é estar horas no campo à espera. É um trabalho muito emotivo na verdade.

Ciências - Que dificuldades são sentidas durante a concretização dos vídeos e documentários?

AC - A vida selvagem é sempre imprevisível, tal como é o clima. É muito difícil concretizar um plano à risca e essa é talvez a maior dificuldade para quem produz um trabalho deste tipo.

Ciências - Para além dos vídeos e documentários, desenvolvem ainda design gráfico, sites, livros e fotografia, correto?

AC - Sim, é importante tentar comunicar através de vários media. A informação relacionada com o consumo é veiculada através de design super-apelativo, vídeos super-emotivos, sites super-direcionados – a informação relacionada com a conservação e sensibilização ambiental tem que ser nos mesmos formatos, senão nem sequer capta a atenção das pessoas, que já estão insensíveis a tudo o que não seja um super-estímulo.

Ciências - Os trabalhos que são encontrados no vosso portal, partem todos de um pedido específico de determinada instituição ou são por vós idealizados?

AC- Há de tudo. Há documentários que são idealizados por nós e para os quais procuramos parceiros logísticos ou financeiros e há também trabalhos que são comissionados por ONG, empresas ou outras instituições que queriam produzir conteúdos que estejam em linha com o que nós fazemos.

Ciências - Houve algum dos trabalhos que o tenha marcado particularmente?

AC - O vale do Tua foi um lugar que me marcou muito. Por várias razões, uma das quais por ter a sensação que estava a visitar um lugar que vai desaparecer em breve.

Ciências - Há alguma situação caricata que tenha ocorrido durante o seu trabalho e que queira partilhar connosco?

AC - Justamente no vale do Tua aconteceu-me uma boa. Estava num abrigo móvel, que consiste numa cadeira com uma coberta camuflada, à espera de conseguir filmar um guarda-rios que nós sabíamos que visitava um certo charco. Estava sozinho. Era muito cedo, umas 6h00 da manhã, e estava muito frio, embora estivéssemos em agosto. De repente senti uma comichão na perna, pensei que não era nada e ignorei, mas depois voltei a sentir qualquer coisa. Quando abanei a perna, senti uma pressão e foi aí que olhei para baixo e vi que estava uma cobra a subir-me pelas calças a dentro. Assustei-me mas não reagi, e ela saiu devagarinho e foi-se embora. A partir daí, comecei a pôr as calças para dentro das meias sempre que estou nos abrigos.

Ciências - Que conselhos deixa aos seus colegas de Ciências que agora começam a procurar por trabalho na área da Biologia?

AC - O meu conselho é que tentem perceber mesmo o que gostam de fazer, isso é o mais difícil.

Raquel Salgueira Póvoas, Gabinete de Comunicação, Imagem e Cultura
info.ciencias@fc.ul.pt

Sexta rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade. A empresa em destaque é a Nevaro.

Cláudio Pina Fernandes, coordenador do GAPsi Ciências ULisboa, escreve sobre o Princípio da Incerteza e chama a atenção para alguns aspetos.

O mundo de hoje é completamente dominado pela necessidade imperiosa de saber recolher e analisar dados, escrevem os cientistas Tiago A. Marques e Soraia Pereira. Leia o artigo dedicado ao roteiro serológico nacional, uma iniciativa promovida pelo Instituto Gulbenkian de Ciência e que conta com a colaboração do Centro de Estatística e Aplicações da Universidade de Lisboa, da autoria destes investigadores.

Ciências ULisboa volta a participar com equipas de estudantes no Global Management Challenge (GMC). No passado dia 16 de junho começou a 1ª fase do GMC 2020, que conta com quatro equipas desta faculdade compostas por alunos dos mestrados integrados em Engenharia Biomédica e Biofísica, em Engenharia da Energia e do Ambiente e em Engenharia Física, assim como alunos das licenciaturas em Matemática Aplicada e Tecnologias de Informação.

teste

Cerca de 194 milhões de aves e 29 milhões de mamíferos podem ser atropelados por ano nas estradas europeias, de acordo com a estimativa de uma equipa internacional de investigadores liderada por Clara Grilo, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), polo da Ciências ULisboa, com sede na Universidade de Aveiro. Os resultados estão publicados na revista científica Frontiers in Ecology and Environment.

“A História do Pi em hipervídeo” está na Internet e pode ser consultada por todos e em toda a parte. O hipervídeo integra de forma estruturada e interativa vídeo e outros tipos de informação, nomeadamente, textos, imagens, áudio e animações. Saiba mais sobre este projeto lendo a entrevista com as professoras Suzana Nápoles e Teresa Chambel.

A dinâmica das epidemias é descrita por sistemas de equações diferenciais. Jorge Buescu, professor do Departamento de Matemática da Ciências ULisboa, apresenta neste artigo o modelo epidemiológico desenvolvido em 1927 por Kermack e McKendrick.

No próximo ano letivo, Ciências ULisboa irá utilizar novos modelos de ensino/aprendizagem, todos com horas de contacto entre docentes e alunos, mas que se diferenciam pela existência e forma da componente presencial, anunciou a Faculdade em comunicado de imprensa.

Um grupo de cientistas da Ciências ULisboa e da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, membros do CENTRA - Centro de Astrofísica e Gravitação participa no desenvolvimento do METIS (Mid-infrared ELT Imager and Spectrograph), um poderoso instrumento que vai equipar o maior telescópio do mundo - o Extremely Large Telescope.

A equipa do projeto Lista Vermelha de Invertebrados Terrestres e Dulçaquícolas de Portugal Continental preparou a campanha de ciência cidadã - “Invertebrados da Lista Vermelha procuram-se” -, cujo lançamento ocorre esta sexta-feira, dia 5 de junho.

Duas pessoa dão as mãos

"A nossa necessidade de conexão e de afeto é singular, no sentido em que precisamos e procuramos o contacto com outros seres humanos", escreve Inês Ventura, psicóloga do GAPsi Ciências ULisboa.

Mulher sentada em banco junto ao rio Tejo

Um grupo multidisciplinar de cientistas propõe a criação de um roteiro nacional para a realização de testes serológicos em Portugal e defende que a avaliação rigorosa e concertada da prevalência da doença COVID-19 é a única forma de conhecer a real vulnerabilidade da população e monitorizar a dinâmica da epidemia.

Logotipo da rubrica Rardar

Quinta rubrica Radar Tec Labs dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade. A empresa em destaque é a THEREUS.

ETAR de Serzedelo

A primeira etapa do COVIDETECT já está concluída e com sucesso anunciou esta quarta-feira a AdP - Águas de Portugal. Ciências ULisboa assegura a coordenação científica do projeto, financiado através do programa Compete 2020.

Papel e caneta, num ato de estudo

"Estudar em tempos da COVID-19 é novo e exigente. No entanto, temos recursos para tomar as rédeas, mesmo numa situação desta dimensão, e retomar o controlo", escreve Madalena Pintão, estagiária académica do GAPsi Ciências ULisboa. Conheça as suas sugestões...

Médicos e enfermeiros

"Independentemente das soluções adotadas, a crise sanitária da COVID-19 vem inequivocamente demonstrar que a Bioética, para além de uma vertente mais teórica e fundamental, tem uma vertente prática que atua no terreno e dá um contributo importante para a estabilização do funcionamento dos sistemas de saúde." Opinião de Jorge Marques da Silva, professor do Departamento de Biologia Vegetal da Ciências ULisboa e investigador do polo da Faculdade do BioISI. 

Centro de Testes

O Centro de Testes da Ciências ULisboa atualmente inteiramente dedicado à investigação, diagnóstico e rastreio do SARS-CoV-2 e suas variantes começou a sua atividade a 1 de maio, tendo já realizado mais de mil testes de diagnóstico à COVID-19, com a ajuda de cerca de 50 voluntários, sendo que mais de 300 pessoas manifestaram interesse em colaborar voluntariamente nesta nova infraestrutura da Faculdade.

Pormenor do protótipo da câmara de descontaminação transportável

A Delox foi distinguida recentemente com o Born from Knowledge (BfK) Awards no âmbito do protótipo de uma câmara de descontaminação transportável, que permitirá reutilizar máscaras respiratórias e que está a desenvolver em parceria com o Exército Português. A propósito desta distinção entrevistamos um dos fundadores da spin-off fundada há cerca de dois anos – Fernando Antunes, professor do DQB e investigador do polo da Faculdade do CQE.

Porta entreaberta

"Estar em casa, da forma como se tem estado, pode surgir como o 'único lugar' seguro, dando uma forte sensação de proteção. Em oposição, a ideia de sair torna-se ameaçadora. Esta é uma ideia que é preciso cuidar, para que não se torne avassaladora e angustiante no processo de retomar, no encontro entre o 'mundo cá dentro' e o 'mundo lá fora'", escreve a psicóloga Andreia Santos.

Páginas de livros

"Neste exercício permanente de experimentar será que ganhamos uma impressão do que é uma Teoria Geral da Complexidade?" Mais um ensaio "No Campus com Helder Coelho", em destaque no Dia Nacional dos Cientistas.

“A nossa Faculdade tem uma oferta vasta, diversificada e de enorme qualidade”, diz Fernanda Oliveira, subdiretora da Faculdade em comunicado de imprensa emitido recentemente a propósito dos dias virtuais que têm como público alvo sobretudo candidatos ao ensino superior e que acontecem nos dias 21 de maio e 3 de junho de 2020.

Figura humana em destaque

"No restabelecimento do contacto com o mundo alguns receios e ansiedades poderão estar presentes, a recuperação fisiológica e emocional é um processo, e como tal, leva o seu tempo." Mais um artigo do GAPsi, com nova sugestão, convidando a refletir sobre aquilo que era a vida de cada um de nós, exatamente, há um ano atrás.

4th International Conference on the Computational Processing of Portuguese

Rodrigo Santos, atualmente estudante de doutoramento em Informática na Ciências ULisboa, foi galardoado este ano com o prémio da melhor dissertação de mestrado sobre o Processamento de Língua Portuguesa no período de 2017-2019, durante a PROPOR – “14th International Conference on the Computational Processing of Portuguese”, ocorrida em Évora. 

Conceção artística do telescópio Euclid

O consórcio da missão Euclid, um telescópio que irá penetrar no lado escuro do Universo e que tem lançamento previsto para 2022, atribuiu o prémio Euclid STAR 2020 na categoria “equipa” a um dos grupos do consórcio com uma forte participação portuguesa, nomeadamente de investigadores do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e da Ciências ULisboa.

Balões com sorrisos

"Embora a realidade externa seja muito semelhante para todos, a forma como olhamos para ela não é igual. Por isso, alguns de nós estão desejosos que este período de isolamento termine e outros (secretamente ou não) desejam que a vida pudesse seguir um rumo parecido ao que se vive atualmente", escreve a psicóloga Inês Ventura na habitual rubrica do GAPsi.

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