Poderá ser útil, olhar para aquilo que estamos a precisar, alerta a psicóloga do GAPsi Ciências ULisboa
Estamos nos típicos meses de férias, ou o que resta deles e, ao contrário de outros anos, este período pode estar a ser vivido de forma diferente, dada a situação atual que se vive de pandemia.
Através das diferentes vivências que as pessoas vão partilhando, percebe-se que, por vezes, se está a colocar demasiada pressão ou expectativas neste período, como tendo de ser um período de total relaxamento ou que tenha de ser igual a outros anos. Desta forma, ao não se aceitar a realidade como ela é (e a sofrer com isso), gera-se frustração. Por outro lado, há pessoas que vivem uma espécie de “não preciso” de férias ou “não mereço” tirar férias, porque já estive em casa durante muito tempo, embora tenham estado a estudar ou a trabalhar.
De algum modo, ambas as situações podem ser reflexo da dificuldade em aceitar que se viveu e ainda se vive, uma realidade que por mais adaptada que a pessoa possa estar, foi e é uma realidade completamente nova. A adaptação teve de ser rápida, as pessoas mudaram de um dia para o outro as suas rotinas, métodos de trabalho e relação com os outros. Estas mudanças foram feitas na base da incerteza e na base do medo da contaminação. Estes são fatores que muitas vezes podem não ser vividos com ansiedade visível, mas consomem recursos físicos e emocionais. Para além da privação da liberdade e do contacto com o outro que decorreu durante muito tempo
O nível de cansaço sentido pelas pessoas a assistir a conferências, palestras através de um ecrã é também superior ao de assistir ao mesmo de forma presencial. No entanto, muitas vezes nem notamos esse cansaço.
Assim, poderá ser útil, olhar para aquilo que estamos a precisar, de forma realista e perguntar: “Daquilo que está ao meu alcance este ano, o que é que eu preciso para descansar?” Ou “Valorizando o que fiz e o impacto destes tempos em mim, qual o melhor uso que posso fazer das condições reais que me são oferecidas nestas férias?”.