Alumna Bioquímica

“Cada caminho é único”

Sara Carvalhal distinguida com Medalha de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência

Sara Carvalhal no laboratório

No futuro Sara Carvalhal espera que a investigação fundamental possa abrir portas para compreender como a microcefalia ocorre no organismo

L'Oréal Portugal

Esta manipulação abre portas ao estudo da divisão celular e à forma como esta é afetada nas células neuronais, clarificando a influência desta dinâmica na microcefalia. Sara Carvalhal propôs-se olhar como um todo para as doenças raras que causam a microcefalia, um distúrbio que impede o desenvolvimento do cérebro e faz com que seja mais pequeno que o esperado, para compreender a relação destas com a mitose.

Sara Carvalhal, investigadora no Algarve Biomedical Center Research Institute (ABC-RI), na Universidade do Algarve, e alumna da Ciências ULisboa, é uma das quatro jovens cientistas portuguesas distinguidas na 18.ª edição das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência.

A cientista coordena um dos laboratórios do ABC-RI e  pretende estudar como é que os reguladores da mitose, um processo segundo o qual as células se multiplicam, funcionam no sistema neurológico, utilizando células estaminais pluripotentes induzidas e que se obtém a partir de células humanas diferenciadas, podendo originar qualquer tipo de célula no corpo humano.

“Estas doenças raras são muito diferentes entre si, mas partilham dois pontos em comum: a presença de microcefalia e alterações ao nível genético de reguladores da mitose’’, diz Sara Carvalhal, acrescentando que a causa desta interdependência está ainda por apurar.

O que mais gostou na Ciências ULisboa foi o estar exposta ao “desconfortável” e a “novos desafios”. Nem sempre foram fáceis de ultrapassar, mas Sara Carvalhal acredita que a tornaram numa melhor pessoa.

O interesse de Sara Carvalhal pelo ciclo celular e pela divisão celular surgiu no mestrado e foi evoluindo até a levar à microcefalia. “Foi numa palestra da professora Helena Soares… Ao ver um vídeo de uma célula a dividir-se fiquei com a certeza que queria fazer investigação em mitose e na divisão das células”, diz. Desde então tem vindo a estudar o processo de divisão celular.

Sara Carvalhal
Sara Carvalhal na bênção de finalistas
Imagem cedida por SC

Sara Carvalhal concluiu a licenciatura em Bioquímica, na Ciências ULisboa, em 2008 e o mestrado Bioquímica Médica, em 2010, também na Ciências ULisboa. “A junção de Biologia e Química foi o que primeiramente me levou a este curso. Ao longo do curso percebi que a Bioquímica vai muito para além disso”, comenta, acrescentando ainda que a licenciatura e o mestrado estão muito bem elaborados e preparam os estudantes para diferentes profissões.

“A nível de investigação, posso dizer que somos extremamente bem preparados ao sermos expostos a inúmeras técnicas e somos incentivados a pensar criticamente sobre artigos científicos, assim como a saber estar no laboratório. Mantenho no meu dia-a-dia muitas dessas aprendizagens e valores transmitidos. Embora tenha seguido a vida académica, acredito que muitos dos meus colegas de curso que hoje exercem muitas outras profissões beneficiam também dessas aprendizagens”, declara.

A este propósito, uma lembrança curiosa de Sara Carvalhal está relacionada com uma conversa que teve com a sua colega e professora Raquel P. Andrade, também bioquímica da Ciências ULisboa e agora investigadora principal no ABC. Para Sara Carvalhal, “há um sentimento de pertença a uma família e esse sentimento é comum e transversal entre as diferentes gerações de bioquímicos”.

Outra recordação importante está relacionada com o momento em que a professora Luísa Cyrne a aceitou no seu laboratório, durante alguns dias da semana, no primeiro ano de mestrado. “Quando fui fazer o meu estágio de mestrado já conhecia um pouco da dinâmica num laboratório e achei que isso facilitou a minha integração”, conta.

Sara Carvalhal com colegas e professora Margarida
Sara Carvalhal em Bioquímica experimental com a professora Margarida Amaral e os colegas Neuza Gonçalves, Adriana Gomes, Maria João Lima, Soraia Martins, Ana Filipa Ribeiro, Mariana Oliveira, Carlos Neves, Bruno Moraes, Armando Cruz
Imagem cedida por SC

Entre 2010 e 2011, Sara Carvalhal colaborou ainda no Centro de Química e Bioquímica da Ciências ULisboa. Helena Soares, sua supervisora de mestrado, no final desse período de estudos proporcionou-lhe a oportunidade única para fazer investigação no estrangeiro. “Estive a trabalhar com um colaborador próximo de Helena Soares num projeto que acabou por se mostrar bastante difícil com inúmeras dificuldades técnicas. Aprendi o significado de ser resiliente que é muito importante na vida académica”, refere. Depois dessas experiências seguiram-se outras.

Sara Carvalhal guarda muito boas memórias dos tempos passados na Ciências ULisboa, bons amigos e até o momento em que começou a namorar com o seu marido, também bioquímico. Sara Carvalhal tem 34 anos, é casada e mãe de uma menina de 3 anos.

Sara Carvalhal trabalhou na Faculdade de Medicina da Universidade de Cantabria, em Espanha; no Hospital Universitário Carl Gustav Carus Dresden, na Alemanha; no Instituto Gulbenkian de Ciência e na Escola das Ciências da Vida na Universidade de Dundee, no Reino Unido, instituição onde concluiu em 2016 o PhD em Filosofia, especialização em Ciências da Vida. No ABC-RI está desde 2020 e os seus dias são muitos distintos uns dos outros. Existem momentos em que está apenas na bancada, outros a escrever, outros só em reuniões ou em conferências.

Ao longo dos diferentes estudos que tem desenvolvido teve sempre a perceção que algumas proteínas que participam ou regulam o processo de mitose causam doenças raras.  Percebeu, de facto, que havia uma forte associação entre mutações nas proteínas que regulam a divisão celular e as doenças/síndromes raras que causam microcefalia.

“Acho isto bastante intrigante e interessante pelo facto destas proteínas serem necessárias para o processo de divisão celular, mas nestes contextos patológicos estão maioritariamente associados a problemas a nível cerebral”, explica.

Sara Carvalhal
O interesse de Sara Carvalhal pelo ciclo celular e pela divisão celular surgiu no mestrado
 Fonte L'Oréal Portugal

No futuro Sara Carvalhal espera que a investigação fundamental possa abrir portas para compreender como a microcefalia ocorre no organismo. “Nunca sabemos muito bem as portas que nos podem abrir, mas acredito que sem este conhecimento será muito difícil avançar com novas opções de terapia ou tratamento”, menciona.

Quando confrontada com um conselho para os jovens estudantes que queiram prosseguir uma carreira científica, Sara Carvalhal responde: “Cada caminho é único, e por isso acredito que não há uma escolha certa ou errada, nem uma fórmula ou receita mágica”.

Ana Subtil Simões, Gabinete de Jornalismo Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Troféu

Em 2021 a Ordem dos Engenheiros (OE) celebrou 85 anos e 152 anos enquanto associação representativa destes profissionais portugueses. Durante as comemorações, esta sociedade pública profissional distinguiu Ciências ULisboa com o Troféu OE pelo centenário da criação da licenciatura Engenharia Geográfica/Geoespacial, um dos 12 que foram atribuídos durante a Gala 85 Anos OE.

Campus da Faculdade - passagem

“O equilíbrio entre o pensamento holístico e o pragmatismo experimental, entre a intuição e a dedução, é difícil de atingir. A educação é o terreno próprio para não recearmos essa viagem”, escrevem Rui Malhó e Helder Coelho, a propósito da obra “Complexidade: implicações e políticas globais”, apresentada recentemente na Fundação Calouste Gulbenkian.

Logotipo da rubrica radar Tec Labs

Vigésima rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade. A empresa em destaque é a Shift.

1.ª edição das Medalhas de Mérito Científico REN - Ciência LP

Adyler Frota,  alumnus do mestrado integrado em Engenharia da Energia e Ambiente da Faculdade, foi galardoado este mês com o 2.º prémio das Medalhas de Mérito Científico REN - Ciência LP, na categoria jovens estudantes, pela tese “Otimização do Desempenho Ótico de amostras de silício cristalino por Metal Assisted Chemical Etching (MACE)” e que contou com os orientadores José Silva e Ivo Costa.

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A equipa de natação da AEFCL conquistou nove medalhas num total de 24 provas no Campeonato Nacional Universitário de Natação em Piscina Curta. A AEFCL conseguiu a sua melhor classificação de sempre nestes campeonatos.

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Um estudo liderado por um estudante do doutoramento em Biologia e Ecologia das Alterações Globais sobre a influência da temperatura da água do mar nos “divórcios” de uma população de albatrozes demostrou, pela primeira vez, uma influência direta do meio ambiente nas taxas de separação desta espécie monogâmica.

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“O esforço contínuo em inovar e cruzar saberes vale sempre a pena”, diz a cientista Maria Amélia Martins-Loução, distinguida com o Grande Prémio Ciência Viva 2021.

Brochuras e outros brindes

"A comunicação gera representações sociopsicológicas que são usadas para diferenciar, reconhecer e memorizar os seus bens, produtos e serviços, tornando-os singulares." Mais uma rubrica em jeito de editorial, da autoria de Ana Subtil Simões, editora da Newsletter de Ciências.

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"A Matemática serve para fazer magia", comenta Maria Manuel Torres, professora do Departamento de Matemática, a propósito da sessão sobre investigação em Matemática pura, realizada no âmbito do "Encontro com o Cientista", uma inicativa do Pavilhão do Conhecimento - Escola Ciência Viva. A Faculdade recebeu a visita de cerca de 45 alunos, com cerca de 10 anos, acompanhados pelas suas professoras e auxiliares, assim como por técnicos da Ciência Viva.

Reboot - closing this endless crisis [terminar esta crise interminável]

A Reboot é uma associação sem fins lucrativos formada em outubro de 2020 com a missão de criar uma comunidade focada no combate à crise climática. Circular 2021 é o próximo evento organizado pela Reboot, e decorre a 1 de dezembro, na Aula Magna da Reitoria da ULisboa.

Todas as semanas são boas para dar a conhecer os cientistas e o que investigam, assim como os seus contributos para o avanço do conhecimento, ainda assim há semanas mais especiais que outras, como é o caso da Semana da Ciência e da Tecnologia.

Imagem abstrata relacionada com o cartaz promocional do ranking

Alan Phillips é distinguido, pelo 4.º ano consecutivo, como um dos cientistas mais citados na área da Ciência Vegetal e Animal a nível mundial, pelo Highly Cited Researchers da Clarivate Analytics, uma empresa norte-americana especializada em gestão de informação científica.

musaranho-de-dentes-brancos

Investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar polo da Ciências ULisboa lidera descoberta sobre o comportamento social do musaranho-de-dentes-brancos.

Mulher escreve num quadro

Quer saber quem são os cientistas mais citados a nível mundial? Aceda gratuitamente aos dados da Mendeley, publicados na Elsevier. Portugal tem 481 cientistas no ranking referente ao impacto ao longo da carreira e 703 no ranking de 2020. Ciências ULisboa apresenta melhores resultados face a 2019.

4 pessoas com colete refletor

O Gabinete de Segurança, Saúde e Sustentabilidade da Ciências ULisboa promoveu a realização do primeiro simulacro no edifício do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente. O primeiro exercício na Faculdade ocorreu em dezembro de 2013. Até agora já foram realizados 19 simulacros.

João Carlos Ribeiro Reis, professor aposentado do Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade, e investigador do Centro de Química Estrutural, faleceu no passado dia 5 de novembro. A Faculdade apresenta sentidas condolências aos seus familiares, amigos e colegas.

Logotipo da rubrica radar Tec Labs

Décima nona rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade.

Seringas

Ensaio da autoria dos professores Manuel Carmo Gomes e Carlos Antunes.

uvas com a doença oídio

Estudo liderado por Ana Margarida Fortes, professora do DBV Ciências ULisboa e coordenadora de um dos grupos do BioISI Ciências ULisboa, está entre os cinco melhores artigos da Journal of Experimental Botany, uma prestigiada revista de investigação em plantas.

Maria Helena Carvalho de Sousa Andrade e Silva, professora aposentada da Ciências ULisboa, faleceu aos 94 anos, no passado dia 31 de outubro. A Faculdade apresenta sentidas condolências aos seus familiares, amigos e colegas.

Estrutura 3D da proteína S100B

Uma equipa internacional liderada pelo cientista Cláudio M. Gomes, professor do DQB Ciências ULisboa e coordenador do laboratório PMAB do BioISI, descobriu uma nova função para uma proteína do cérebro, que atrasa a formação de depósitos proteicos causadores de demências como a doença de Alzheimer. Guilherme Moreira, estudante de doutoramento em Bioquímica na Ciências ULisboa, orientado por Cláudio M. Gomes, é o primeiro autor do estudo.

 

Flores, livro e ampulheta

"Apesar de tudo, outubro foi um rico mês e novembro promete ser igual (...) O dia de amanhã, ainda que não esteja garantido, é uma série ininterrupta e eterna de instantes e é nosso". Mais uma rubrica em jeito de editorial, da autoria de Ana Subtil Simões, editora da Newsletter de Ciências.

Cérebro

"Para cada uma destas operações interessa estudar como nos vamos conduzir, e em que direção vamos prosseguir, logo quais são os princípios das coisas especulativas e os da imaginação",  in No Campus com Helder Coelho.

crianças numa visita ao laboratório

Ciências ULisboa recebeu, no passado dia 6 de outubro, 47 alunos do 4º ano, da Escola Básica Mestre Querubim Lapa, no âmbito do programa Escola Ciência Viva do Pavilhão do Conhecimento. A visita realizou-se no âmbito da atividade “Encontro com o cientista” e teve como anfitrião o professor do Departamento de Física, Rui Agostinho.

Campus da Faculdade

A Faculdade dá a conhecer uma vez mais a melhor ciência que se faz nesta centenária instituição. O Dia da Investigação da Ciências ULisboa realiza-se a 27 de outubro, no grande auditório, sito no edifício C3 e conta com uma sessão especial dedicada às Alterações Climáticas, área de investigação onde Ciências ULisboa é líder.

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