Opinião

Letter na Science sobre envenenamento em massa de abutres

abutre

Jugudé Necrosyrtes monachus

Ana Coelho
Mohamed Henriques
Mohamed Henriques
Imagem cedida por MH

Numa carta publicada este mês de outubro na revista americana Science, um grupo internacional de investigadores e conservacionistas, no qual me incluo, alertou para o mais letal evento de envenenamento intencional de abutres do mundo, ocorrido este ano na Guiné-Bissau, tendo dizimado mais de 2000 jugudés (abutres da espécie Necrosyrtes monachus), uma espécie em perigo crítico de extinção, segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

No início de 2020 foram detetados casos massivos de mortalidade de abutres nas regiões de Bafatá e de Gabú, no Leste da Guiné-Bissau, tendo a população local alertado as autoridades guineenses responsáveis pela conservação da biodiversidade e pelos serviços veterinários. Apesar da falta de recursos e das dificuldades inerentes à pandemia da COVID-19, foram enviadas várias equipas para o terreno, de modo a averiguar a causa da mortalidade dos abutres – mais de 2000 indivíduos, conhecidos no país como jugudés – uma espécie emblemática para os guineenses.

Através da pronta reação da Direcção-Geral de Pecuária da Guiné-Bissau, dos Serviços Públicos de Veterinária, da Organização para a Defesa das Zonas Húmidas (ODZH) e do Instituto para a Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP), com o apoio de diversos especialistas nacionais e internacionais na conservação e investigação de abutres, rapidamente se percebeu que se tratava de um crime ambiental. Os abutres terão sido envenenados propositadamente para remover as suas cabeças para alimentar o comércio ilegal destinado à utilização de várias partes do seu corpo (cabeças, asas, unhas e patas) em práticas de feitiçaria em diversos países da África Ocidental. Centenas de cadáveres destes abutres encontravam-se sem cabeça, empilhados e intencionalmente escondidos sob arbustos.

As suspeitas de envenenamento intencional foram confirmadas pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, através das necropsias realizadas a alguns cadáveres recolhidos no local.

As análises de toxicologia demostraram inequivocamente que a causa de morte foi o envenenamento por metiocarbo, um inseticida vendido sob o nome comercial de Mesurol, que é, entre outros usos, frequentemente aplicado como controle de lesmas/caracóis e que foi recentemente banido na Europa devido à sua toxicidade para a vida selvagem, como indica José Pedro Tavares, diretor da Vulture Conservation Foundation, um dos coautores desta carta. Diversos habitantes locais confirmaram ainda que foram avistados indivíduos a colocar os iscos envenenados para atrair os abutres.

Na carta à revista Science, alertamos que a utilização de venenos é responsável por 30% das mortes de abutres no continente africano, e que na África Ocidental, em apenas 30 anos, desapareceram 60% a 70% das populações das várias espécies de abutres.

Paulo Catry, investigador e professor auxiliar do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE)/ISPA-Instituto Universitário, outros dos autores da carta refere que o jugudé está classificado como em perigo crítico de extinção na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza, a última categoria antes do nível de extinção. A Guiné-Bissau alberga mais de um quinto da população mundial desta espécie, sendo atualmente um dos países mais importantes para a conservação da espécie a nível mundial.

Na carta agora publicada é realçado que este evento catastrófico representa o desaparecimento de mais de 1% da população mundial desta espécie. Em vastas regiões de África, os abutres desempenham uma função essencial para os humanos e para o funcionamento dos ecossistemas. Na Guiné-Bissau, bem como em grande parte da África Ocidental, os jugudés são responsáveis por eliminar uma grande parte do lixo orgânico nas cidades e nas vilas do país, constituindo autênticas brigadas de saneamento na manutenção da limpeza das ruas. O seu papel é assim decisivo para evitar a proliferação de doenças e dos seus possíveis vetores de transmissão, como cães de rua e ratazanas que se alimentam do lixo urbano. Sem estes abutres, a saúde pública poderá estar em sério risco.

Esta carta procura ser uma forte chamada de atenção, alertando que este é um duro golpe para a conservação dos abutres, e que é necessária intervenção urgente. Ações de sensibilização junto das comunidades locais e das autoridades nacionais relativamente à importância na conservação dos abutres, a necessidade da aplicação e reforço das leis contra o envenenamento da vida selvagem e o aumento no controlo do comércio ilegal transfronteiriço de partes de abutres e outros animais para medicina tradicional estão entre as ações identificadas como as mais prioritárias. Pedimos à comunidade internacional a responsabilidade de apoiar os países africanos para desenvolver e implementar planos de conservação para evitar, enquanto ainda é possível, a extinção destas aves.

Mohamed Henriques, doutorando do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
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Maria de Sousa, imunologista, professora emérita da Universidade do Porto e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e investigadora honorária do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, faleceu durante a madrugada de dia 14 de abril. A Faculdade lamenta o triste acontecimento, apresentando as condolências aos familiares, amigos e colegas.

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Cláudio Pina Fernandes, coordenador do GAPsi Ciências ULisboa, escreve sobre a complexidade das emoções e alerta: "é importante termos estratégias que nos permitam regulá-las".

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“Pela 1.ª vez foi possível realizar um estudo completo e sistemático ao longo de um segmento da fronteira de placas Açores/Gibraltar”, diz João C. Duarte, professor do Departamento de Geologia (DG) da Ciências ULisboa, investigador do Instituto Dom Luiz (IDL) e um dos membros da equipa portuguesa presente na campanha oceanográfica M162 – GLORIA FLOW.

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“Um estudo isolado pode sempre, ser, apenas uma coincidência, uma imperfeição estatística, um acaso”, escreve Tiago Marques, professor do DBA Ciências ULisboa e investigador do CEAUL, num artigo que realça a importância dos jornalistas confirmarem as suas fontes.

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Rodrigo Amaro e Silva, Patrícia Jordão, Sérgio Chozas, Ana Cristina Pires e Miguel Inácio são os primeiros entrevistados no âmbito do projeto “O que faço aqui?”, lançado recentemente nas redes sociais e no site da Faculdade.

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“Portugal pode por isso estar certo de que, nesta época de crise, toda a comunidade da Ciências Ulisboa beneficia de um ambiente de trabalho seguro e sustentável, que não compromete a qualidade da sua missão”, escreve Pedro Almeida, subdiretor da Faculdade.

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No Tec Labs – Centro de Inovação e incubadora da Ciências ULisboa são várias as empresas, spin-off, proto-company e startups a trabalhar para encontrar soluções que ajudem doentes, profissionais, unidades hospitalares e autoridades governamentais nesta “luta”, que só poderá ser vencida pelo esforço conjunto.

Skype, Zoom e Houseparty são boas apostas para combinar eventos sociais

"Socializar por meio de momentos lúdicos, rir e partilhar ideias sobre novos projetos são excelentes formas de dirigir a nossa atenção para além da preocupação. Ajuda-nos a colocar o foco da nossa energia ao serviço daquilo que nos faz bem e sentirmo-nos ligados", escreve a psicóloga Andreia Santos.

Mapa

O Centro de Física Teórica e Computacional da Ciências ULisboa participa no desenvolvimento do mapa de risco de propagação da COVID-19 por contágio comunitário em Portugal, um projeto coordenado pelas Universitat Rovira i Virgili, em Tarragona, e Universidad de Zaragoza, em Zaragoza, ambas em Espanha e que em Portugal tem como parceiros a NOS, a Data Science Portuguese Association e a Closer Consulting.

Grupo de investigadores do HIT-CF Europe

Cerca de 502 pessoas com mutações raras de fibrose quística (FQ) foram recrutadas pelo projeto inovador HIT-CF Europe, financiado pela União Europeia através do Horizonte 2020 e que conta com a participação de Margarida Amaral, professora do Departamento de Química e Bioquímica da Ciências ULisboa, coordenadora do Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI) e líder do grupo português neste consórcio.

Medicamentos

Ao longo dos últimos dias, vários colegas da Ciências ULisboa e de outras faculdades entraram em contacto com Manuel Carmo Gomes, professor do Departamento de Biologia Vegetal, manifestando disponibilidade para contribuir com o seu conhecimento e meios no auxílio à análise dos dados, modelação e projeção do futuro da epidemia.

O Conselho Pedagógico da Ciências ULisboa preparou um conjunto de orientações relacionadas com as ferramentas de apoio ao ensino à distância, disponíveis no site da Faculdade e que visam ajudar os professores, investigadores e alunos durante este período de tempo sem aulas presenciais, uma medida implementada no âmbito do Plano de Contingência em Ciências COVID-19.

Imagem gráfica associada ao Plano de Contingência em Ciências COVID-19

A Direção da Ciências ULisboa determinou um conjunto de medidas que pretendem contribuir para a contenção da propagação do novo coronavírus e que vigoram até ao próximo dia 27 de março, podendo ser ajustadas conforme a necessidade e a evolução da situação.

Reunião de arranque do Colégio POLAR2E

O POLAR2E tem como objetivo criar sinergias em áreas como as ciências da criosfera, a modelação climática, a ecologia de ambientes extremos, a deteção remota, a construção em ambientes extremos, a astrobiologia e a engenharia aeroespacial dentro da Universidade.

Grupo de campus ambassadors da Jerónimo Martins, de diferentes faculdades de todo o país

No ano letivo de 2019/2020, todos os estudantes da Faculdade com interesse e dúvidas quanto aos Young Talent Programmes da Jerónimo Martins (JM) poderão contactar Catarina Bernardo, por email ou via LinkedIn! A aluna finalista de Biologia da Faculdade está disponível para responder a dúvidas sobre as várias oportunidades da JM para jovens universitários.

Imagem gráfica da rubrica Radar Tec Labs

Segunda rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade. A empresa em destaque é a UpHill.

Na sequência das orientações da Direção-Geral da Saúde e procurando evitar desta forma alarmismos desnecessários, sem descurar uma atuação prudente e responsável, Ciências ULisboa elaborou o Plano de Contingência em Ciências COVID-19.

Primeira reunião do IDEA-FAST

Tiago Guerreiro, professor do DI e investigador do LASIGE Ciências ULisboa, participa no IDEA-FAST, um projeto inovador na área da saúde digital, com um orçamento de 42 milhões de euros.

Estatística

“O CEAUL tem pessoas com uma contribuição notável para a Estatística em Portugal”, escreve o investigador Tiago Marques, a propósito do último congresso da Sociedade Portuguesa de Estatística.

Golfinhos

Que espécies encontrarão os cadetes do NRP Sagres? Que informação se esconde na cor do mar? Estas são algumas das questões a que o CIRCULARES, um projeto de ciência cidadã irá responder durante a viagem de circum-navegação, que deverá terminar em janeiro de 2021.

Ana Rita Carlos

Ana Rita Carlos, investigadora no polo da Faculdade do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c) e antiga aluna da Ciências ULisboa, é uma das quatro jovens cientistas portuguesas premiadas na 16ª edição das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência, com um estudo sobre os mecanismos que desencadeiam as distrofias musculares congénitas.

José Cabrita Freitas e João Pinto Coelho integram o grupo de trabalho dedicado ao encandeamento por <i>laser</i> no visível, efeitos e proteção

José Cabrita Freitas e João Pinto Coelho, investigadores do Departamento de Física e do Laboratory of Optics, Lasers and Systems da Ciências ULisboa, foram distinguidos com o Scientific Achievement Award e com o SET Panel Excellence Award, pelo Conselho de Ciência e Tecnologia da NATO.

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