Entrevista com Nuno Araújo e Vasco Braz

"O que foi mais importante para mim foi a possibilidade, ainda na licenciatura, de começar a fazer investigação"

Estudo da UCL e do CFTC Ciências ULisboa pode ser útil no controlo de ecossistemas microbióticos e no desenvolvimento de dispositivos médicos

Propagação de bactérias (E.coli) num meio com obstáculos. Cada linha representa a trajetória de uma bactéria diferente

UCL

Propagação de bactérias (E.coli) num meio com obstáculos. Cada linha representa a trajetória de uma bactéria diferente
Vasco Braz e Nuno Araújo
Os resultados do estudo publicado na revista Nature Communications contribuem para o conhecimento de uma das áreas mais ativas da Física da Matéria Condensada - o estudo de matéria ativa em ambientes complexos. Vasco Braz e Nuno Araújo assinam o artigo juntamente com outros três investigadores da UCL

"Perceber como a dinâmica coletiva compete com a interação com os obstáculos é o próximo passo", diz em entrevista Nuno Araújo, professor do Departamento de Física, investigador do Centro de Física Teórica e Computacional (CFTC) e orientador de Vasco Braz, estudante do mestrado em Física em Ciências ULisboa e um dos autores do artigo “Enhanced propagation of motile bacteria on surfaces due to forward scattering”, publicado recentemente na revista Nature Communications. Saiba mais sobre o jovem estudante, e a participação do CFTC Ciências ULisboa neste trabalho lendo a entrevista que se segue.

Como surgiu a hipótese de colaborar com o grupo do professor Giorgio Volpe, da University College London (UCL)?

Nuno Araújo (NA) - Em setembro de 2018 fui convidado para dar um seminário na UCL. Durante a minha estadia lá, visitei o grupo do professor Giorgio Volpe e ele falou-me dos resultados experimentais do seu grupo. Na mesma altura, o Vasco estava a começar a trabalhar na sua tese de mestrado no mesmo tópico.

Esta parceria é para continuar?

NA - Sim. Há dois projetos (um nacional e outro europeu) a serem desenvolvidos no CFTC, nos quais o professor Giorgio Volpe é colaborador.

Quais são os próximos passos desta investigação?

NA - A maioria dos estudos experimentais e teóricos sobre partículas ativas assumem condições bastantes simples. Para atingirmos o nível de desenvolvimento tecnológico desejável é preciso perceber como estes sistemas se comportam em situações mais realistas. Este trabalho é um primeiro passo nessa direção. Por simplicidade, consideramos apenas situações em que temos uma única bactéria. No entanto, em condições biológicas reais, temos uma comunidade de bactérias que, para além de interagirem com os obstáculos também interagem entre si. Perceber como a dinâmica coletiva compete com a interação com os obstáculos é o próximo passo.

“O Vasco é um estudante motivado, com uma formação sólida e uma capacidade de trabalho ímpar. Uma colaboração deste tipo não é fácil. A comparação com os resultados experimentais implica constante validação e atualização dos modelos teóricos. O Vasco mostrou estar ao nível do desafio.”
Nuno Araújo

Como tem sido estudar em Ciências?

Vasco Braz (VB) - Em muitos aspetos tem sido desafiante. Gostei particularmente dos últimos dois anos em que estive no mestrado. No geral o trabalho é feito de forma mais autónoma, e isso permitiu-me desenvolver um maior gosto pelos temas, assimilar o conhecimento de uma forma mais coesa e desenvolver ferramentas de trabalho que penso que serão importantes se continuar a trabalhar nesta área.

Vasco Braz
"Tínhamos uma pergunta inicial, à qual tentámos e conseguimos dar resposta", conta Vasco Braz
Fonte ACI Ciências ULisboa

O melhor desta faculdade é…

VB - Uma das coisas que acho interessante é o facto de haver vários cursos diferentes. Nos primeiros anos o contacto que estabelecemos com colegas de outros cursos é enriquecedor e permite-nos estar a par de diferentes temas e até diferentes métodos de trabalho científico. Nos últimos anos o que foi mais importante para mim foi a possibilidade, ainda na licenciatura, de começar a fazer investigação aqui no CFTC.

Como correu esta investigação?

VB - Penso que correu bem. Tínhamos uma pergunta inicial, à qual tentámos e conseguimos dar resposta. A nossa participação foi importante para justificar teoricamente os resultados experimentais observados, acho que a publicação deste artigo demonstra o sucesso da investigação.

É o primeiro artigo que publica?

VB - Sim.

Como ultrapassou as dificuldades deste trabalho?

VB - Uma vez que existe uma grande disponibilidade dos membros do CFTC Ciências ULisboa para discutir os problemas que vamos encontrando, uns com os outros, muitas das vezes os problemas são resolvidos, pelo menos parcialmente, nestes momentos de discussão, quer com outros colegas de mestrado ou doutoramento ou com professores e investigadores do Centro. A parceria com o grupo experimental também foi importante não só pela partilha dos dados experimentais, mas também pela discussão e comparação entre os modelos que construímos e as observações experimentais.

Vasco Braz
"Nos primeiros anos o contacto que estabelecemos com colegas de outros cursos é enriquecedor e permite-nos estar a par de diferentes temas e até diferentes métodos de trabalho científicos", comenta Vasco Braz
Fonte ACI Ciências ULisboa

Quais são os planos para curto prazo?

VB - No imediato terei de defender a minha tese que é sobre o tema publicado no artigo. No futuro gostaria de continuar os meus estudos fazendo o doutoramento aqui no CFTC Ciências ULisboa.

Vasco Braz, nascido em 1994, concluiu a licenciatura em Física em 2017. No âmbito do seu mestrado trabalhou na dinâmica de partículas ativas em meios complexos. Tem como interesse de investigação o estudo de sistemas fora do equilíbrio, em particular matéria ativa.

Ana Subtil Simões, Área de Comunicação e Imagem Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt

A procrastinação é uma das grandes causas do insucesso académico e fonte de muito sofrimento e conflito interno. Para conquistar a procrastinação podemos começar por nos questionarmos: porque é que ando, constantemente a adiar.

Um estudo publicado na revista científica Science, do qual Vítor Sousa, investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c), é coautor, demonstra que há mais de 34 000 anos os grupos de seres humanos caçadores-recoletores desenvolveram redes sociais complexas para escolher parceiros e evitar riscos da endogamia.

No âmbito dos projetos “MoTHER – Mobilidade e Transição em Habitações Especiais e Reativas” e “HIPE – Habitações Interativas para Pessoas Excecionais”, Manuel J. Fonseca, Luís Carriço e Tiago Guerreiro, professores do Departamento de Informática e investigadores do Laboratório de Sistemas Informáticos de Grande Escala, irão desenvolver soluções tecnológicas para melhorar a qualidade de vida, nomeadamente a autonomização de pessoas com lesões vertebro medulares, alojadas em residências da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

A Associação Ciências Solidária foi constituída por escritura pública em 6 de abril de 2016, por iniciativa da Direção da Faculdade de Ciências, com o apoio de vários membros da comunidade. É um projeto de proximidade, baseado na responsabilidade social, com o fim de contribuir para a construção de uma comunidade mais justa e solidária.

A Semana da Ciência e Tecnologia celebra-se no país entre 20 e 26 de novembro. O ponto alto acontece a 24 com o Dia Nacional da Cultura Cientifica. Ciências junta-se à efeméride com dezenas de iniciativas.

A experiência destes anos mostra que as avaliações feitas pelos estudantes são um bom indicador da qualidade do ensino e que são úteis para a sua melhoria.

“Esta oportunidade deu-me uma valiosa experiência profissional e cada dia foi uma nova lição aprendida. Contudo, considero que o que se destacou foram as pessoas incríveis que aqui conheci”, declara Jake Smith, estudante de Francês, Espanhol e Português na Universidade de Nottingham, no Reino Unido e estagiário durante cerca de dois meses na Área de Mobilidade e Apoio ao Aluno da Faculdade de Ciências.

Na próxima sessão do 60 Minutos de Ciência convidamos o astrónomo Rui Agostinho para nos ajudar a responder à pergunta: Afinal… o que é a Estrela de Natal? A resposta será desvendada em mais uma sessão 60 Minutos de Ciência no MUHNAC-ULisboa, no dia 16 de novembro.

João Luís Andrade e Silva, professor catedrático aposentado da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, faleceu esta sexta-feira, dia 10 de novembro, aos 89 anos. A Faculdade lamenta o triste acontecimento, apresentando as condolências aos seus familiares, amigos e colegas.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de novembro é com Emília Real, assistente técnica do Departamento Física de Ciências.

Nos últimos anos, a UNESCO financiou o projeto internacional - "Complex Systems Digital Campus (UniTwin)" - recorrendo a uma plataforma de e-Meeting, e esse exercício mostrou o caminho certo (alternativo aos massive open online courses ou MOOC) para esta nova experiência pedagógica da informática na educação. Quer isto dizer que a tecnologia, quando bem explorada, pode ser mesmo benéfica.

Em junho deste ano Alice Nunes terminou o programa doutoral em Biologia e Ecologia das Alterações Globais. Esta quinta-feira, durante o 16.º Encontro Nacional de Ecologia, a decorrer até amanhã no Salão Nobre da Reitoria da ULisboa, apresenta esse trabalho – “Plant functional trait response to climate in Mediterranean drylands: contribution to restoration and combat of desertification”, classificado em segundo lugar nesta primeira edição do Prémio da SPECO.

O prémio Nobel da Química foi atribuído em 2017, em partes iguais, a três investigadores, Jacques Dubochet (Universidade de Lausana, Suiça), Joachim Frank (Universidade de Columbia, Nova Iorque, EUA) e Richard Henderson (Laboratório MRC de Biologia Molecular, Cambridge, UK) pelo desenvolvimento da microscopia crioelectrónica que permite a resolução da estrutura de biomoléculas em solução com alta resolução.

Em 2017 a “Medalha Dr. Janusz Pawliszyn” foi atribuída a José Manuel Florêncio Nogueira, professor do Departamento de Química e Bioquímica, coordenador do grupo de Ciência e Tecnologia de Separação do Centro de Química e Bioquímica de Ciências e representante português na European Society for Separation Science.

Em 2017 o Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia celebra dez anos. Para comemorar a efeméride, a unidade de I&D realiza no próximo dia 8 de novembro, a partir das 18h00, no anfiteatro da FCiências.ID, sito no edifício C1, piso 3, a primeira distinguished lecture com Jürgen Renn, prestigiado historiador das ciências e diretor do Max Planck Institute for the History of Science.

A representação do campus da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa em 3D utilizando tecnologias inovadoras fornece dados de apoio à gestão e utilização de recursos.

“Nos meus projetos lido diariamente com a Biologia, a que aprendi na faculdade e ao longo da minha vida, e com o desenho que me acompanha como forma de olhar, entender e comunicar”, declara o ilustrador científico Pedro Salgado, antigo aluno de Ciências.

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Cerca de 39 alunos do BioSys participaram no segundo encontro de estudantes deste programa doutoral. O evento ocorreu em Beja este mês. Também em outubro terminam as candidaturas a 11 bolsas de doutoramento da próxima edição do BioSys.

Uma vez mais Ciências participou na Maratona Interuniversitária de Programação (MIUP), este ano organizada pela Universidade do Minho. A equipa de Ciências - Caracóis Hipocondríacos -, composta pelos alunos Nuno Burnay, Robin Vassantlal e Guilherme Espada, ficou em 3.º lugar, ao resolver quatro dos nove problemas da competição.

Imagina que tens um jarro vazio e um conjunto de pedras grandes, seixos, gravilha e areia. Agora, imagina que para encher o jarro, vais colocando primeiro a areia e a gravilha e só no fim, as pedras maiores... O que achas que acontece? Será que vai caber tudo e de que forma?... E se colocássemos as pedras grandes primeiro?

As alterações climáticas podem mudar a natureza do impacto do lagostim-vermelho-da-Louisiana (Procambarus clarkii) nos ecossistemas.

Recentemente, dois estudos sobre como pensamos, um do Instituto Max Planck (para a História da Ciência, Alemanha) e outro da Escola de Medicina de Harvard (EUA), de maio de 2017 (revista NeuroImage, de Elinor Amit e Evelina Fedorenko), clarificaram as diferenças que nós temos quando refletimos sobre alguma matéria, fazemos coisas, ou emulamos a realidade.

Ciências participa na KIC EIT Health que visa promover o empreendedorismo para o desenvolvimento de uma vida saudável e de um envelhecimento ativo. Os alunos podem inscrever-se na unidade curricular que lhes permite participar no projeto, sendo que uma parte é feita na Dinamarca.

A experiência ATLAS acontece há 25 anos e a data será celebrada com palestras, bem como com uma homenagem à responsável pela participação portuguesa na experiência, a cientista Amélia Maio.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de outubro é com Francisco Oliveira, assistente técnico do Núcleo de Manutenção do Gabinete de Obras, Manutenção e Espaços da Área de Serviços Técnicos de Ciências.

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