Medalha de Mérito Científico 2023 para Salomé Pais

António Costa, Elvira Fortunato e Salomé Pais

Salomé Pais foi galardoada com a Medalha de Mérito Científico 2023, durante o Encontro com a Ciência e a Tecnologia em Portugal, decorrido no início de julho em Aveiro

Salomé Pais
Salomé Pais licenciou-se em Biologia na Ciências ULisboa, em 1961 e doutorou-se em Biologia Celular, na École Normale Supérieur, em Paris
Fonte Ciência 2023

Salomé Pais foi galardoada com a Medalha de Mérito Científico 2023, durante o Encontro com a Ciência e a Tecnologia em Portugal, decorrido no início de julho em Aveiro.

Para a professora catedrática aposentada do Departamento de Biologia Vegetal da Ciências ULisboa esta distinção “simboliza o reconhecimento de uma vida dedicada à ciência”.

Salomé Pais tem um carinho muito especial pelos anos ao longo dos quais foi acompanhando os desenvolvimentos científicos internacionais, nomeadamente os relativos à biologia celular de plantas, sua área de iniciação, na qual teve o grande privilégio de ser orientada por um vulto científico a nível mundial, Roger Buvat professor da École Normale Supérieure (Paris) que a acolheu no seu laboratório e a quem deve a iniciação na investigação científica incutindo-lhe princípios fundamentais de rigor, ética, paixão pela ciência e respeito mútuo que a têm acompanhado ao longo da sua vida.

Salomé Pais licenciou-se em Biologia na Ciências ULisboa, em 1961 e doutorou-se em Biologia Celular, na École Normale Supérieur, em Paris. Detentora de cerca de uma dezena de patentes, autora e coautora de centenas de trabalhos científicos, revisora e júri de revistas científicas, entre elas: os American Journal of Botany, International Journal of Plant Sciences e Journal of Experimental Botany, Salomé Pais foi agraciada, em 2015, com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, pelo importante contributo para o desenvolvimento da Ciência em Portugal. Atualmente preside ao Instituto de Altos Estudos da Academia das Ciências de Lisboa (ACL). Entre 2011 e 2021 foi secretária-geral da ACL.

Conselhos para os jovens cientistas

  • Se sonham vir a fazer ciência, alimentem esse sonho.
  • Pensem a ciência e a investigação como uma paixão.
  • Não vacilem face às dificuldades porque não há vida nem profissão sem elas.
  • Pratiquem o rigor e aspirem a excelência.
  • Sejam competitivos a nível nacional e internacional.
  • Sejam abertos, colaborantes, dialogantes e éticos.

Um outro período marcante de Salomé Pais foi o do reconhecimento do trabalho que desenvolveu após um período de pós doutoramento no Laboratório do professor Morel em Versalhes e que permitiu direcionar o seu laboratório para a área da cultura de células e tecidos e na, sequência, para a biotecnologia vegetal, área que levou à criação de um mestrado em Biologia da Secreção Vegetal  e de Biotecnologia Vegetal no DBV da Ciências ULisboa. Na sequência, em colaboração com o professor Júlio Maggiolly Novais do IST foi criado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia o programa dinamizador em Biotecnologia. “Quero deixar uma palavra de reconhecimento ao professor Jeff Schell do Max Planck Institut (Colónia) que aquando da participação numa reunião internacional me procurou para conversar a propósito das minhas aspirações em termos científicos. Estava-se em pleno desenvolvimento da Biologia molecular de plantas e foi então que procurei direcionar o meu Laboratório para esta área emergente que para meu grande orgulho veio a afirmar-se a nível mundial em biologia molecular de plantas lenhosas, à semelhança do que acontecera previamente com a biotecnologia vegetal e o vi integrar a rede europeia AMICA”, diz.

Salomé Pais esteve à frente de vários projetos na área da engenharia biológica e biotecnologia e recorda com nostalgia as defesas das teses de doutoramento dos seus discípulos, que continuaram as suas carreiras de investigação em Portugal ou no estrangeiro.

“Apesar de os portugueses por vezes desvalorizarem o que se faz em Portugal, em meu entender faz-se ciência de muita qualidade em diversas áreas do saber. Isto não quer dizer que, tal como acontece em tantos outros países, não haja recursos mal aproveitados e, por vezes, se desperdicem oportunidades por falta de visão estratégica e perspetivação face aos desafios e competitividade a nível internacional”, menciona, acrescentando que “a excelência não pode basear-se apenas nas capacidades individuais dos investigadores/professores. Depende em absoluto destas, mas não se compadece com falta de rigor e de ética nem com individualismos ou falta de visão no que se refere aos interesses nacionais situados no contexto mundial e das exigências face aos desafios com que a comunidade científica está permanentemente confrontada. Pensamos que os Laboratórios/institutos de investigação têm de ter dimensão crítica, atuando os seus grupos de maneira integrada e complementar de acordo com objetivos definidos na missão própria de cada um”.

Para Salomé Pais, a velocidade na publicação de novos resultados da investigação a nível mundial bem como a enorme competição num mundo onde a ciência não tem fronteiras, implica um empenho permanente e a realização de investigação de elevada qualidade que permita competir  a nível internacional e contribuir para o reconhecimento da qualidade científica dos professores/investigadores portugueses com a consequente valorização  por parte do tecido empresarial, que passará a reconhecer a sua indispensabilidade para o desenvolvimento tecnológico nacional.

“Em meu entender, para que os custos de formação e investigação possam ter retorno será importante ter conhecimento das áreas estratégicas de desenvolvimento nacional de modo a permitir maior definição/adequação das áreas científicas prioritárias em que deverá investir-se e assim criar condições para uma definição estruturada nas áreas a fortalecer”, conclui reiterando a sua convicção de que vale a pena abraçar desafios, lutar e correr atrás da ciência de qualidade.

Ana Subtil Simões, Gabinete de Jornalismo Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de novembro é com Emília Real, assistente técnica do Departamento Física de Ciências.

Nos últimos anos, a UNESCO financiou o projeto internacional - "Complex Systems Digital Campus (UniTwin)" - recorrendo a uma plataforma de e-Meeting, e esse exercício mostrou o caminho certo (alternativo aos massive open online courses ou MOOC) para esta nova experiência pedagógica da informática na educação. Quer isto dizer que a tecnologia, quando bem explorada, pode ser mesmo benéfica.

Em junho deste ano Alice Nunes terminou o programa doutoral em Biologia e Ecologia das Alterações Globais. Esta quinta-feira, durante o 16.º Encontro Nacional de Ecologia, a decorrer até amanhã no Salão Nobre da Reitoria da ULisboa, apresenta esse trabalho – “Plant functional trait response to climate in Mediterranean drylands: contribution to restoration and combat of desertification”, classificado em segundo lugar nesta primeira edição do Prémio da SPECO.

O prémio Nobel da Química foi atribuído em 2017, em partes iguais, a três investigadores, Jacques Dubochet (Universidade de Lausana, Suiça), Joachim Frank (Universidade de Columbia, Nova Iorque, EUA) e Richard Henderson (Laboratório MRC de Biologia Molecular, Cambridge, UK) pelo desenvolvimento da microscopia crioelectrónica que permite a resolução da estrutura de biomoléculas em solução com alta resolução.

Em 2017 a “Medalha Dr. Janusz Pawliszyn” foi atribuída a José Manuel Florêncio Nogueira, professor do Departamento de Química e Bioquímica, coordenador do grupo de Ciência e Tecnologia de Separação do Centro de Química e Bioquímica de Ciências e representante português na European Society for Separation Science.

Em 2017 o Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia celebra dez anos. Para comemorar a efeméride, a unidade de I&D realiza no próximo dia 8 de novembro, a partir das 18h00, no anfiteatro da FCiências.ID, sito no edifício C1, piso 3, a primeira distinguished lecture com Jürgen Renn, prestigiado historiador das ciências e diretor do Max Planck Institute for the History of Science.

A representação do campus da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa em 3D utilizando tecnologias inovadoras fornece dados de apoio à gestão e utilização de recursos.

“Nos meus projetos lido diariamente com a Biologia, a que aprendi na faculdade e ao longo da minha vida, e com o desenho que me acompanha como forma de olhar, entender e comunicar”, declara o ilustrador científico Pedro Salgado, antigo aluno de Ciências.

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Cerca de 39 alunos do BioSys participaram no segundo encontro de estudantes deste programa doutoral. O evento ocorreu em Beja este mês. Também em outubro terminam as candidaturas a 11 bolsas de doutoramento da próxima edição do BioSys.

Uma vez mais Ciências participou na Maratona Interuniversitária de Programação (MIUP), este ano organizada pela Universidade do Minho. A equipa de Ciências - Caracóis Hipocondríacos -, composta pelos alunos Nuno Burnay, Robin Vassantlal e Guilherme Espada, ficou em 3.º lugar, ao resolver quatro dos nove problemas da competição.

Imagina que tens um jarro vazio e um conjunto de pedras grandes, seixos, gravilha e areia. Agora, imagina que para encher o jarro, vais colocando primeiro a areia e a gravilha e só no fim, as pedras maiores... O que achas que acontece? Será que vai caber tudo e de que forma?... E se colocássemos as pedras grandes primeiro?

As alterações climáticas podem mudar a natureza do impacto do lagostim-vermelho-da-Louisiana (Procambarus clarkii) nos ecossistemas.

Recentemente, dois estudos sobre como pensamos, um do Instituto Max Planck (para a História da Ciência, Alemanha) e outro da Escola de Medicina de Harvard (EUA), de maio de 2017 (revista NeuroImage, de Elinor Amit e Evelina Fedorenko), clarificaram as diferenças que nós temos quando refletimos sobre alguma matéria, fazemos coisas, ou emulamos a realidade.

Ciências participa na KIC EIT Health que visa promover o empreendedorismo para o desenvolvimento de uma vida saudável e de um envelhecimento ativo. Os alunos podem inscrever-se na unidade curricular que lhes permite participar no projeto, sendo que uma parte é feita na Dinamarca.

A experiência ATLAS acontece há 25 anos e a data será celebrada com palestras, bem como com uma homenagem à responsável pela participação portuguesa na experiência, a cientista Amélia Maio.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de outubro é com Francisco Oliveira, assistente técnico do Núcleo de Manutenção do Gabinete de Obras, Manutenção e Espaços da Área de Serviços Técnicos de Ciências.

O Prémio Nobel da Física de 2017 foi atribuído a Rainer Weiss, Barry Barish e Kip Thorne. Francisco Lobo, investigador do Departamento de Física de Ciências e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, comenta o tema.

Há cinco anos o biólogo marinho Pedro M. Lourenço encontrou microfibras em dejetos de aves. Foi nessa ocasião que surgiu a ideia de avaliar a abundância de microplásticos nos estuários, iniciando assim um estudo sobre a poluição por plásticos.

“Para além da importância no contexto científico, este trabalho também tem uma forte importância no contexto industrial, pois permite otimizar os gastos de energia domésticos e industriais”, explica o investigador do Centro de Química Estrutural de Ciências, Francisco Bioucas.

Mais de 100 cientistas reúnem-se em Lisboa, na Faculdade de Ciências, para abordar a temática dos nanofluidos.

A origem dos raios cósmicos de elevada energia foi desvendada. O LIP, do qual Ciências faz parte, colaborou na obtenção dos resultados.

O minhocário será usado para investigar o processo de vermicompostagem, numa experiência piloto em parceria com o Gabinete de Segurança, Saúde e Sustentabilidade da Área de Serviços Técnicos de Ciências e com o Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c).

Há um mineral peculiar que pode ajudar a desvendar o contributo do vulcanismo de Decão sobre a extinção em massa e a morte dos dinossauros: a akaganéite. Os resultados do estudo foram publicados na Nature Scientific Reports.

Ciências participa com mais de 30 de atividades de divulgação de ciência, espalhadas por Lisboa, Lousal e até na ilha Terceira.

O primeiro Dia Internacional do Microrganismo foi celebrado a 17 de setembro, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, numa iniciativa conjunta da Sociedade Portuguesa de Microbiologia, Ordem dos Biólogos, Ciência Viva e Comissão Nacional da UNESCO.

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