Hannah S. Davies, J. A. Mattias Green e João C. Duarte publicam na Global and Planetary Change

Back to the future

Investigação decorre no âmbito do programa doutoral Earthsystems

Fotografia de Sven Fischer da Unsplash

O principal objetivo do doutoramento de Hannah S. Davies é desenvolver modelos de maré globais no presente ciclo dos supercontinentes, desde a separação da Pangaea, no passado, até à formação do próximo hipotético supercontinente

Sven Fischer Unsplash

Vários autores tinham já proposto diferentes cenários para a formação do próximo supercontinente, a que chamaram Pangea Ultima, Novopangea, Aurica e Amasia.

Em “Back to the future: Testing different scenarios for the next supercontinent gathering”, alvo de comunicado de imprensa no primeiro dia de agosto, são apresentadas quatro novas imagens do supercontinente, que se irá formar na Terra nos próximos milhões de anos.

Este artigo é o primeiro a apresentar e a discutir em conjunto os diferentes cenários, permitindo assim estabelecer comparações entre os mesmos. Por isso, a principal conclusão deste trabalho é a de que o próximo supercontinente poderá ter elementos da Pangea Ultima, Novopangea, Aurica e da Amasia.

Para João C. Duarte a natureza é complexa e gosta de misturas. “É como se cada modelo do próximo supercontinente fosse uma das cores primárias que aprendemos na escola, no entanto, e muito provavelmente o próximo supercontinente terá uma cor complexa com vários tons que resultam da mistura destas cores primárias”, explica.

Os cientistas querem explorar a forma como os supercontinentes se separam e se voltam a juntar, pois isso obriga a pensar nos processos que controlam este fenómeno e a compreender como estes processos interagem entre si.

“Com estes modelos conseguimos compreender que qualquer que seja o modo de formação do próximo supercontinente, este irá implicar uma grande reorganização da convecção do manto, isto é, da forma como o manto mais fluido se move no interior da Terra. Isto abre novas perspetivas e dá pistas para a idealização (e desenho) de novos modelos mais complexos que deverão incorporar não só a tectónica de placas mas também os movimentos internos de convecção do manto da Terra”, conclui João C. Duarte.

A circulação oceânica é um dos principais reguladores do clima da Terra. Um estudo realizado no âmbito do programa doutoral Earthsystems conseguiu estabelecer uma nova ligação entre a disposição dos continentes e o clima da Terra.

Para modelar e compreender as alterações climáticas é necessário ter bons modelos, que tenham em conta os diferentes mecanismos, que podem controlar o clima a diferentes escalas de tempo.

Back to the future: Testing different scenarios for the next supercontinent gathering” da autoria de Hannah S. Davies, J. A. Mattias Green e João C. Duarte foi publicado na Science Direct a 26 de julho e é um dos temas da edição impressa do próximo mês de outubro da Global and Planetary Change.

A primeira autora deste artigo é aluna do programa doutoral  Earthsystems, desde 2017, e é orientada por João C. Duarte, geólogo tectonista, investigador do Departamento de Geologia e do Instituto Dom Luiz de Ciências ULisboa e por J. A. Mattias Green, oceanógrafo, especialista em marés, professor da Universidade de Bangor, no Reino Unido, tendo começado a trabalhar com ambos durante o mestrado em Bangor.

O principal objetivo do doutoramento de Hannah S. Davies é desenvolver modelos de maré globais no presente ciclo dos supercontinentes, desde a separação da Pangaea, no passado, até à formação do próximo hipotético supercontinente. Hannah S. Davies começou por rever os modelos propostos para a formação do próximo supercontinente e agora encontra-se a desenvolver os modelos de maré.

“O que nós propomos é que o ciclo das supermarés, controlado pelo ciclo dos supercontinentes, pode exercer um controlo de primeira ordem sobre o clima da Terra e como tal este mecanismo forçador (do clima) terá de ser tido em conta nos nossos modelos climáticos. Ora, tal não acontecia porque este ciclo das supermarés era simplesmente desconhecido. Neste momento, estamos a começar a discutir com os climatólogos que trabalham em escalas de tempo muito longas, como poderemos incorporar os resultados dos nossos modelos de marés nos modelos de clima globais do passado”, explica João C. Duarte, que leciona disciplinas do 1.º e do 3.º ciclo no Departamento de Geologia de Ciências ULisboa e é um dos coordenadores do programa doutoral Earthsystems.

 “Back to the future: Testing different scenarios for the next supercontinent gathering” sucede outros dois artigos.

The future of Earth’s oceans: consequences of subduction initiation in the Atlantic and implications for supercontinent formation”, publicado na “Geological Magazine” e no qual os autores – João C. Duarte, Wouter P. Schellart e Filipe M. Rosas - exploram um novo cenário alternativo para a formação do próximo supercontinente Aurica.

Is there a tectonically driven super-tidal cycle?”, publicado na Geophysical Research Letters da American Geophysical Union, em abril passado, e através do qual os autores - J. A. Mattias Green, J. L. Molloy, Hannah S. Davies e João C. Duarte – propõem um novo ciclo de supermarés. Neste artigo, os cientistas conseguiram demonstrar que a intensidade das marés oceânicas é controlada pela disposição dos continentes e que a sua intensidade varia à medida que os continentes se movem. Assim, quando se forma um supercontinente a intensidade das marés baixa, mas quando os continentes se encontram separados a intensidade das marés pode aumentar drasticamente (devido a fenómenos de ressonância) dando origem a supermarés.

Será que os atuais modelos de clima são bons, completos e previsíveis?

João C. Duarte refere que os modelos funcionam bem a escalas de tempo curtas, no entanto, é praticamente desconhecido o impacto destes processos a longas escalas de tempo e esse impacto pode ser enorme, exemplificando com o ciclo das supermarés, que poderá ter um impacto enorme na dispersão e mistura de nutrientes essenciais à vida nos oceanos.

“É possível que grandes variações das marés no passado (devido ao movimento dos continentes), possa ter causado grandes períodos de extinção em massa e/ou de especiação. A passagem da vida animal dos oceanos para os continentes pode estar relacionada com um período de supermarés”, comenta referindo que estão a colaborar com outros investigadores nestes temas pelo que esta será outra componente importante do doutoramento de Hannah S. Davies.

A bolsa da Fundação para a Ciência e a Tecnologia termina no primeiro semestre de 2021, data em que Hannah S. Davies deve entregar a tese de doutoramento, intitulada “Is the Earth currently in a global tidal maximum? 500 Ma of coupled tectonic and tidal modelling”.

O Earthsystems é interdepartamental e multidisciplinar e inclui uma escola de verão e uma saída de campo. “Tem sido um enorme sucesso”, conta João C. Duarte, referindo que estas duas atividades em particular “permitem desenvolver um forte espírito de grupo”. No âmbito do programa doutoral foram atribuídas 40 bolsas de doutoramento. Mais de 40 alunos, incluindo vários estudantes estrangeiros têm estudado temas relacionados com as alterações climáticas (incluindo fogos), recursos naturais, energias renováveis, desastres naturais, fronteiras do oceano profundo, entre outros.

“A maioria destes temas só pode ser desenvolvido através de estudos multidisciplinares e para tal é necessário que haja permeabilidade entre os diferentes departamentos. Este programa doutoral tem sido absolutamente essencial neste papel, permitido aos novos alunos crescerem num meio em que esta colaboração é natural”, indica João C. Duarte, que destaca ainda a “estreita ligação ao IDL”, o que permite que “os estudantes entrem em contacto muito cedo com “a investigação de ponta que é feita na casa”, desenvolvendo colaborações internacionais e que são “essenciais” no desenvolvimento de uma carreira científica.

“O grande motor atual deste trabalho é o facto de estarmos a usar estes modelos tectónicos dos supercontinentes como condições de fronteira (ou como uma base) para modelos de marés oceânicas. No artigo da Geophysical Research Letters publicámos um destes modelos de maré modelado sobre o cenário do supercontinente Aurica. A ideia agora é usar estes quatro modelos tectónicos revistos neste novo artigo como base para novos modelos de marés. Este será o trabalho futuro da Hannah S. Davies.”
João C. Duarte

Supercontinentes
Este novo estudo é o primeiro a apresentar e a discutir em conjunto os diferentes cenários, permitindo assim estabelecer comparações entre os mesmos. O próximo supercontinente poderá ter elementos da Pangea Ultima, Novopangea, Aurica e da Amasia
Fonte Hannah S. Davies

 

Ana Subtil Simões, Área de Comunicação e Imagem de Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Carla Silva com membros da ULisboa e da CGD

Carla Silva é professora no Departamento de Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia e investigadora no Instituto Dom Luiz, no RG5 – Energy Transition. Este ano foi distinguida pela ULisboa e pela Caixa Geral da Depósitos com uma menção honrosa, na área de Engenharia do Ambiente e Energia. Leia a entrevista com a cientista e saiba o que pensa sobre esta distinção e em que consiste a sua investigação.

Rita Margarida Cardoso e membros da ULisboa e CGD

Rita Margarida Cardoso é investigadora no Departamento de Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia e investigadora no Instituto Dom Luiz (IDL), no RG1 – Climate change, atmosphere-land-ocean processes and extremes. Este ano foi distinguido pela ULisboa e pela Caixa Geral da Depósitos (CGD) com uma menção honrosa, na área das Ciências da Terra e Geofísica. Leia a entrevista com a cientista e saiba o que pensa sobre esta distinção e em que consiste a sua investigação.

Vladimir Konotop e membros da ULisboa e da CGD

Vladimir Konotop é professor no Departamento de Física e investigador no Centro de Física Teórica e computacional da Ciências ULisboa. Este ano foi distinguido pela segunda vez, pela ULisboa e pela Caixa Geral da Depósitos (CGD) com um prémio científico, na área de Física e Materiais. O primeiro prémio científico atribuído pela ULisboa e pela CGD ao cientista ocorreu em 2017. Leia a entrevista com o cientista e saiba o que pensa sobre esta distinção e em que consiste a sua investigação.

José Ricardo Paula

José Ricardo Paula, investigador auxiliar júnior no Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa e no Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), é o vencedor da 4.ª edição do FLAD Science Award Atlantic, atribuído pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD). De acordo com o comunicado de imprensa emitido pela FLAD, “José Ricardo Paula irá receber 300 mil euros de financiamento, em três anos, para desenvolver uma ideia inovadora, nomeadamente, o projeto ‘ATLANTICDIVERSA’, que pretende contribuir para compreender o papel dos mutualismos de limpeza na conservação da Biodiversidade do Atlântico, com recurso a tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial”.

Movimento de partículas ativas em meios desordenados

Sabia que quando um conjunto de robots ou bactérias se move num espaço onde há vários objetos livres, esses robots ou bactérias desviam esses objetos para poderem passar? Um grupo de investigadores da Ciências ULisboa e das universidades de College of London (Reino Unido) e de Gothenburg (Suécia) conseguiu mostrar que o rasto deixado por esse movimento contribui para a formação de grupos, funcionando como um mecanismo efetivo de comunicação entre eles.

Fotografia de Catarina Frazão Santos

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Num artigo publicado na revista científica Astronomy & Astrophysics, uma equipa internacional liderada por Rodrigo Carvajal, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e da Ciências ULisboa, e que inclui dez investigadores do IA, apresenta um método de aprendizagem automática (machine learning) que reconhece galáxias superluminosas no início do Universo.

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O projeto de investigação miThic-eSwitch na área da Virologia – Infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Adquirida/ Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, coordenado por Margarida Gama Carvalho, professora do DQB e líder de um dos grupos do BioISI, foi um dos vencedores da 9.ª edição do Programa Gilead GÉNESE, com um prémio no valor de 34 mil euros.

Fotografia de António M. Vallêra

“Neste ensaio analiso a descarbonização simultânea dos transportes terrestres e do sistema elétrico, tomando Portugal como um caso de estudo, e comparo os resultados de vários modelos possíveis para esta transição”, diz António M. Vallêra, autor do livro “The Transition”.

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O estudo coordenado por Carlos Marques da Silva, professor do Departamento de Geologia da Ciências ULisboa e investigador do Instituto Dom Luiz (IDL), venceu a 2.ª edição do Prémio Paleontologia e Estratigrafia de Portugal, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Paleontologia (SPdP) e pela empresa Chronosurveys.

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Daniel Pais, estudante de doutoramento em Geologia na Ciências ULisboa, é um dos autores do  artigo - “Benchmarking satellite-derived shoreline mapping algorithms” - publicado na Communications Earth & Environment, e que apresenta uma avaliação inédita da precisão na deteção da linha de costa, através de imagens satélites disponíveis ao público.

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várias pessoas sentadas em volta de uma mesa

No dia 6 de novembro, o MARE ULisboa recebeu nas suas instalações Tibor Králik, embaixador da Eslováquia em Portugal, numa reunião preparatória da visita de estado a Portugal da presidente daquele país, Zuzana Čaputová, agendada para os dias 5 e 6 de dezembro.

Zita numa sala com livros

"Portugal é mais mar que terra”, diz a professora cientista - Maria José Costa – bióloga marinha, nesta curta entrevista a propósito do Grande Prémio Ciência Viva 2023, que lhe é atribuído, pela sua colaboração na disseminação da cultura científica nas áreas da biodiversidade marinha, ambiente e literacia do oceano.

Alan Phillips, investigador no Departamento de Biologia Vegetal da Ciências ULisboa e no Laboratório de Genómica e Microbiologia Translacional, no Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI), foi novamente distinguido na lista de investigadores altamente citados de 2023 da Clarivate Analytics, na categoria de Ciência Vegetal e Animal. O investigador Alan Philips desenvolve trabalho na área da Microbiologia e foi, este ano, reconhecido pela 6ª vez consecutiva pela Clarivate como um dos investigadores mais citados a nível mundial.

Atribuição dos prémios BfK

"Em Ciências ULisboa decidimos candidatar à edição deste ano do BfK o projeto “Block-Based Accessible Tangible System” desenvolvido por Filipa Rocha, estudante de doutoramento em Informática no LASIGE Ciências ULisboa e participante no Impact Program do nosso ScienceIN2Business. A ideia do projeto é tornar a aprendizagem digital mais acessível às crianças com dificuldades visuais". Leia a crónica do Tec Labs sobre o assunto.

Einstein com estudantes da Lincoln University

"Ao longo destas décadas, a presença da Filosofia da Ciência tem sido enriquecedora no trajeto de muitos nesta Faculdade e um elemento diferenciador relativamente a outras escolas", escreve João L. Cordovil, coordenador científico do Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa.

Foto de grupo com delegação chinesa e representantes da Ciências ULisboa

A 10 de novembro a ULisboa recebeu a visita de uma delegação chinesa de altos dignitários, professores, investigadores e estudantes de doutoramento, durante a qual foi renovado o protocolo entre a ULisboa e a Universidade de Xangai. Após uma sessão de abertura na reitoria da Universidade, a delegação visitou Ciências ULisboa e o Instituto Superior Técnico.

11 estudantes

Este ano 11 estudantes da Ciências ULisboa foram premiados com Bolsas Gulbenkian Novos Talentos, nas áreas da Biologia, Física, Matemática e Ciências Sociais.

Representação de cinco estrelas e de braço humano

Os rankings “Times Higher Education (THE) World University Rankings 2024 by Subject”, “QS World University Rankings by Subject 2023” e “ShangaiRanking’s Global Ranking of Academic Subjects 2023” atribuem à ULisboa posições de destaque nas áreas de ensino e investigação da Faculdade.

Bombeiro e participante a apagar um fogo com extintor no campus

Em outubro, Ciências ULisboa organizou um conjunto de ações de sensibilização dedicadas à segurança no campus da Faculdade. A iniciativa “Ciências em Segurança”, promovida pela Associação de Estudantes, contou com a ajuda do Gabinete de Segurança, Saúde e Sustentabilidade  e do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa. 

Catarina Frazão Santos

O Conselho Europeu de Investigação atribui bolsa de arranque, no valor de 1,499,819.00 euros, a Catarina Frazão Santos, investigadora e docente no Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa e investigadora integrada no Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, pelo seu projeto “Planeamento do Uso Sustentável do Oceano na Antártida num contexto de Alterações Ambientais Globais (PLAnT)”.

imagem ilustrativa de inteligencia artificial

"Conceitos que no passado eram aplicados exclusivamente à mente e ao cérebro humano estão agora a ser aplicados aos sistemas computacionais", escreve Klaus Gärtner, investigador do Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa.

"Este acontecimento é uma oportunidade para divulgar e celebrar a qualidade da investigação e da inovação desenvolvidas na Ciências ULisboa”, diz Margarida Santos-Reis, subdiretora da Faculdade para a área da investigação, a propósito da 5.ª edição do Dia da Investigação e Inovação.

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