Biografia

Glaphyra Silva Vieira: a primeira mulher assistente no Laboratório de Física da Ciências ULisboa

Dia Internacional de Mulheres e Raparigas na Ciência

Cartaz com fotografias de várias mulheres

Recordemos Glaphyra Silva Vieira, a primeira mulher assistente no Laboratório de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Nasceu em Lisboa a 24 de fevereiro de 1912 e faleceu em Lisboa a 20 de janeiro de 1995 com 82 anos. Licenciou-se em Ciências Físico-Químicas em 1937, tendo sido aprovada a sua contratação como assistente na sessão do Conselho Escolar de 12 de fevereiro de 1940.

Iniciou logo, a par da lecionação, a investigação em Física Nuclear no palpitante ambiente do eminente Centro de Estudos de Física da FCUL. Este Centro, criado de modo oficial em 1940, existia já na forma de um grupo de docentes que fazia investigação desde meados dos anos 20. Os seus maiores, no início dos anos 40, eram os professores Cyrillo Soares e Amorim Ferreira e os assistentes doutores Manuel Valadares, Aurélio Marques da Silva, Amaro Monteiro, Manuel Telles Antunes e os colegas Francisco Mendes, Armando Gibert e Lídia Salgueiro. Durante os seus anos na FCUL, Glaphyra conviveu ainda com Otília Guilhermina Trigo de Sousa, que dedicou muito do seu tempo em trabalhos de Raios X com Valadares no Instituto José Figueiredo, onde também privou com a bióloga Maria Ramos Valadares, assistente de Zoologia e Antropologia nos anos 1945-47. Privou também com Maria Augusta Perez Fernandez, matemática e geofísica, irmã do arquiteto Ignazio Perez Fernandez, que partilhava o atelier de arquitetura com o irmão de Glaphyra, Dário Vieira, e a assistente de Química da FCUL, Marieta da Silveira fez igualmente parte do seu núcleo geracional. A este grupo temos de acrescentar Maria Helena Blanc de Sousa, assistente no Laboratório de Física em meados da década de 40 e por certo a já sénior doutora Branca Edmée Marques, primeira catedrática em Química.

Em 1946, o professor Cyrillo Soares comunica ao Conselho Escolar que Glaphyra “houve de abandonar as respectivas funções por não ter ainda adquirido o grau de doutor”, mas considerando que as suas funções docentes foram “exercidas com muita competência, zêlo e assiduidade; e considerando que a trabalhos de investigação científica se tem dedicado com persistente aplicação de que se esperam resultados interessantes” (Ata da Sessão de 23-5-1940), aquele professor propõe que lhe seja concedido o título de assistente extraordinária de Física.

Efetivamente, a sua investigação conduziu a publicações como: Vieira, Glaphyra “Figures de distribution du depot actif sur des plaques metalliques”, Portugaliae Physica 3,1-4 (1947) ; Vieira, Glaphyra “Spectres de raies positives et négatives du Ra (D+M+F)”. In Comptes Rendus de l’Académie des Sciences (1948) ; Salgueiro, Lídia e Glaphyra Vieira. “Nouvelle détermination des intensités des groupes de structure fine de la transmutation AcC → ( αγ) AcC”, Comptes rendus des séances de l’Académie des Sciences de Paris, 234 (1952): 1765-67.  E mais tarde: Francisco Mendes, Marieta da Silveira, Glaphyra Vieira, “A estrutura fina dos halos pleocróicos e a possibilidade da existencia na natureza da família do neptúnio” in Garcia da Orta, vol 6, (1960) pgs 113-125. Este estudo tinha sido apresentado no XXIII Congresso Luso-Espanhol para o Progresso das Ciências, celebrado na cidade de Coimbra de 1 a 5 de Junho de 1956/ Associação Portuguesa para o Progresso das Ciências. Coimbra: APPC, 1956. - Tomo V, 4ª secção-Ciências Naturais, 1ª subsecção-Mineralogia e Geologia, 2ª subsecção-Botânica, p. 131-136.

Colaboradora ativa da Revista Gazeta de Física, desde o início em 1946, Glaphyra teve a seu cargo a rubrica sobre os Exames Universitários. Apresentava as resoluções dos exames de disciplinas da Secção de Física. Esta atividade manteve-se até 1955.

Era a sócia nº 179 da Sociedade Portuguesa de Matemática afiliação que quase todas as suas contemporâneas tinham para além da Sociedade Portuguesa de Química e Física (no Boletim Nº 1 da Sociedade Portuguesa de Matemática).

Em 1989 participou na cerimónia de jubilação do professor José Gomes Ferreira, que teria sido seu aluno quando ela era assistente, proferindo um bonito testemunho que está publicado, com outros de colegas do seu tempo, como Helena Blanc, Maria Augusta Fernandez, num opúsculo financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pelo Instituto Nacional de Investigação Científica.

Era casada com o engenheiro Paulo Augusto Ferreira de Lemos, matemático e engenheiro geógrafo pela FCUL, um numismata de renome, que lhe sobreviveu. Glaphyra era irmã do arquiteto Dário Vieira e cunhada da escultora Constança Vieira. Teve dois sobrinhos e vários sobrinhos-netos.

Alguns dos dados foram gentilmente cedidos pela famíla. Na imagem temos para além de Glaphyra Vieira (em destaque) algumas das suas contemporâneas na FCUL, da esquerda para a direita: Marieta da Silveira, química (1917-2004),; Mª Helena Blanc, física (1921-2011); Mª Augusta Fernandez, matemática e geofísica (1921-2009); Lídia Salgueiro, física (1917-2009); Mª Ramos Valadares, bióloga (1904-1985); Branca Edmée Marques, química (1899-1986) e Seomara Costa Primo, bióloga (1985-1986).

Nota da redação:

Ciências ULisboa reconhece o papel fundamental exercido pelas mulheres e pelas raparigas na ciência e na tecnologia. O Dia Internacional de Mulheres e Raparigas na Ciência, estabelecido pela Assembleia Geral das Nações, a 22 de dezembro de 2015, é celebrado a 11 de fevereiro pela UNESCO e pela ONU-Mulheres, em colaboração com instituições e parceiros da sociedade civil. Ciências ULisboa partilha também no Instagram, Facebook e Linkedin os testemunhos de outras mulheres extraordinárias da Ciências ULisboa - Ana Fernandes, Ana Prata, Cristina Branquinho, Daniela Godinho, Dulce Borges, Filipa Rocha, Ioana Santos, Júlia Alves, Margarida Santos-Reis, Rita Fortunato e Teresa Chambel. Esta efeméride é uma oportunidade para promover, de forma plena e igualitária, o acesso à ciência e a participação de mulheres e raparigas nessa área. A igualdade de género é uma prioridade global da UNESCO.

Maria da Conceição Abreu e Paula Contenças, Sociedade Portuguesa de Física
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Robô e criança

"Revendo as discussões nos últimos anos sobre a Inteligência Artificial (IA), a ideia da superinteligência (super-homem) e da frieza dos comportamentos dos agentes artificiais, quando comparados com os seres humanos, concluímos que o medo à IA só será ultrapassado com uma nova postura da IA, virada para a enfâse nos benefícios", escreve Helder Coelho, professor do DI Ciências ULisboa.

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O novo livro de Jorge Buescu, professor do Departamento de Matemática de Ciências ULisboa é apresentado ao público em dezembro. Leia a entrevista com o matemático e escritor que através da Matemática "rasga horizontes e abre novos mundos a mentes sequiosas".

Logotipo

"Até agora, os cientistas cidadãos das comunidades GROW implementaram/instalaram 2.000 sensores com o intuito de avaliar a humidade, temperatura e radiação solar do solo nos diferentes GROW Places. No próximo ano deverão ser implementados cerca de 10.000 sensores. Este é considerado o maior levantamento de dados de diversas propriedades do solo na Europa, realizado por cidadãos", escreve em artigo de opinião Gil Penha-Lopes, investigador do DBV Ciências ULisboa e cE3c.

Livros

O projeto “NitroPortugal -Strengthening Portuguese research and innovation capacities in the field of excess reactive nitroge” promove livro infantil “A história do azoto, bom em pequenino e mau em grande”.

Adrià López Baucells

A British Ecological Society anunciou esta sexta-feira, dia 30 de novembro, os vencedores do concurso anual de fotografia Capturing Ecology. Entre as várias fotografias premiadas encontram-se as de Adrià López Baucells, estudante do programa doutoral Biodiversidade, Genética e Evolução e investigador do polo de Ciências ULisboa do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.

Ilustração de um buraco negro ativo no centro de uma galáxia

Cientistas portugueses estiveram envolvidos na primeira medição espacial do redemoinho de massa que orbita um buraco negro de centenas de milhões de massas solares.

C6

Soraia Pereira, investigadora do Centro de Estatística e Aplicações da Universidade de Lisboa e antiga aluna de Ciências ULisboa, vence Prémio Sociedade Portuguesa de Estatística 2018.

Representação esquemática da bicamada fosfolipídica da membrana e da sua alteração, após ação do antibiótico (à esquerda) e visualização da membrana danificada por ação de uma dose inferior à concentração mínima letal (à direita)

Uma equipa liderada por Ciências ULisboa descobriu antibióticos derivados de açúcares, que matam células de espécies de Bacillus spp, incluindo Bacillus anthracis, um micróbio causador da doença antrax, que ataca animais e seres humanos e é um agente de bioterrorismo.

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No Dia Nacional do Mar trazemos à memória os 20 anos da EXPO’98 e da Ponte Vasco da Gama e a reabilitação daquela área, na qual participaram vários professores de Ciências ULisboa e investigadores do extinto Instituto de Oceanografia, atual MARE.

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Estudo coordenado por Ana Duarte Rodrigues, investigadora do DHFC e do CIUHCT, demonstra que plantas autóctones do Algarve são mais sustentáveis do que as espécies exóticas introduzidas na paisagem e que esgotam os recursos hídricos da região.

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“A Federação Europeia de Ecologia (FEE) tem objetivos muito claros – um deles é o de alargar o conhecimento ecológico à Europa”, diz Cristina Máguas, primeira portuguesa a ser eleita presidente da rede europeia de ecólogos. A tomada de posse ocorre em janeiro de 2019.

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O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências ULisboa? O Dictum et factum de novembro é com Ana Subtil Simões, técnica superior da Área de Comunicação e Imagem de Ciências ULisboa.

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Ciências ULisboa organiza no seu campus a competição internacional destinada a treinar equipas multidisciplinares de estudantes universitários para a inovação e o empreendedorismo na área da saúde. A equipa vencedora irá participar no EIT Health Winners Event, em Londres, nos próximos dias 11 e 12 de dezembro.

Diego Rubiera-Garcia

Aos 14 anos o investigador do polo de Ciências ULisboa do IA deslumbrou-se com um livro “A criação do Universo” e a teoria do big-bang. O que mais gosta de fazer é simples: pequenos cálculos sobre ideias que lhe vêm à mente!

líquenes

O 1.º Prémio de Doutoramento em Ecologia Fundação Amadeu Dias foi atribuído a Paula Matos. A investigadora do cE3c do polo de Ciências ULisboa irá apresentar a tese em Biologia e Ecologia das Alterações Globais no 17.º Encontro Nacional de Ecologia.

João Alexandre Medina Corte-Real, professor jubilado da Universidade de Évora, docente em Ciências ULisboa durante mais de 30 anos, faleceu a 31 de outubro. A Faculdade lamenta o triste acontecimento, apresentando as condolências aos familiares, amigos e colegas.

Burnout

Saiba mais sobre a síndrome de burnout, na rubrica habitual da psicóloga do GAPsi, Andreia Santos.

Pormenor de simulação de matéria a orbitar perto de um buraco negro

Há um buraco negro supermassivo, escondido, no centro da Via Láctea anunciou o ESO. O GRAVITY, que tornou possível esta observação, foi desenvolvido por um consórcio internacional, do qual fazem parte investigadores de Ciências ULisboa e da FEUP, integrados no CENTRA.

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Ciências ULisboa, através do cE3c e do IDL, é um dos 37 membros fundadores do Centro de Competências na Luta contra a Desertificação criado pelo Governo este verão.

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Contributo da HortaFCUL para a sustentabilidade do campus em 2017/2018.

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Novo ano escolar… Vida nova para muitos caloiros… Recorde a sessão de boas-vindas aos novos alunos de 2018/2019 e conheça as histórias de alguns deles.

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O novo doutoramento da ULisboa foi concebido no âmbito do Colégio Food, Farming and Forestry e junta 42 professores de 17 faculdades e institutos da ULisboa. A primeira edição conta com 14 alunos.

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