Entrevista a Cláudio M. Gomes

Cláudio M. Gomes

Cláudio M. Gomes

BeeIneditus

O mestrado em Bioquímica de Ciências visa proporcionar formação avançada em tópicos da Bioquímica com impacto na compreensão de processos moleculares, bioquímicos e celulares relevantes em problemas de vanguarda da Biologia e em Biomedicina, através da especialização em Bioquímica Médica. No site do curso encontra as saídas profissionais, a estrutura curricular e vários testemunhos. A primeira fase de candidaturas deste e de outros mestrados em Ciências termina a 11 de julho.

A ciência é global e colaborativa. Quem o diz é Cláudio M. Gomes, professor do Departamento de Química e Bioquímica e coordenador do FCUL Protein Folding and Misfolding Laboratory (FPFML) do Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI). Recentemente, juntamente com outros cientistas descobriu um novo mecanismo bioquímico nas células nervosas, que retarda a formação dos depósitos de agregados de proteína no cérebro, causadores da doença de Alzheimer. Na entrevista que se segue fica a conhecer os próximos passos desta investigação.

Começou a dar aulas em Ciências em 2015. Quais são as disciplinas que leciona e como está a correr esse trabalho?

Cláudio M. Gomes (CG) - Lecionar em Ciências está a ser um prazer, um desafio constante e uma oportunidade para verter na docência os saberes da investigação científica. No mestrado em Bioquímica leciono Estrutura e Função de Proteínas e Projeto Experimental I e II, disciplinas obrigatórias em que abordo conceitos e métodos relacionados com a minha área de especialização, a Bioquímica Estrutural e folding de proteínas. No ano letivo passado, lancei uma nova disciplina opcional, a Bioquímica da Neurodegeneração, que enquadra conteúdos com muita atualidade na intersecção da Bioquímica com a Biomedicina, e que teve uma excelente aceitação por parte dos alunos. Na licenciatura em Bioquímica coordeno a Bioquímica Experimental II, disciplina do 2.º ano focada no treino laboratorial, e já no próximo ano letivo terei um novo desafio: a docência de Bioquímica I, aos alunos do 1.º ano, no que constitui o seu primeiro contacto com uma disciplina de Bioquímica e onde ensinarei os fundamentos sobre proteínas e sua estrutura. Desde março sou também o coordenador do mestrado em Bioquímica, que estamos empenhados em dinamizar.

A investigação feita no FCUL Protein Folding and Misfolding Laboratory do BioISI é de cariz fundamental em Bioquímica Estrutural, com fortes implicações em Biomedicina. O grupo, coordenado por Cláudio M. Gomes, usa como modelos de estudo proteínas envolvidas em doenças como o Alzheimer, ELA e erros inatos do metabolismo mitocondrial. Atualmente, o grupo é composto por oito elementos: um investigador doutorado, três doutorandos, dois bolseiros investigação e dois alunos de mestrado.

Coordena o laboratório FPFML do BioISI desde quando?

CMG - Coordeno este laboratório desde 2003, mas com a minha vinda para Ciências em 2015 e integração no BioISI e no Departamento de Química e Bioquímica de Ciências, o laboratório também se mudou -  equipamentos e investigadores – para instalações laboratoriais próprias no C8, onde estamos desde essa data.

Qual o balanço que faz da atividade deste grupo de investigação?

CMG - Faço um balanço muito positivo. Em Ciências o laboratório deu continuidade à sua missão – Investigar e relacionar alterações na estrutura e folding de proteínas com processos fisiopatológicos em neurodegeneração e doenças metabólicas raras, as chamadas doenças do folding proteico. (…) Nos últimos anos, e também através de novas oportunidades no contexto do BioISI, o laboratório estabeleceu novas colaborações e consolidou a sua reputação com novas publicações, participação em projetos internacionais e treino de jovens investigadores. Este é aliás um aspeto que considero muito importante e cujo balanço desde que estamos em Ciências é muito favorável.

O grupo tem beneficiado da visibilidade de Ciências para alunos de mestrado e ERASMUS+ realizarem temas de investigação no laboratório, assim como das oportunidades de formação avançada através do programa doutoral BioSYS e do programa pós-doutoral do BioISI. Em breve teremos a defesa das primeiras teses de doutoramento made in Ciências. (…)


Alguns dos coautores do estudo, no laboratório da Faculdade e do BioISI, em 2016
Fonte JV

No que diz respeito ao estudo publicado no final de junho na Science Advances, descobriram um novo mecanismo bioquímico nas células nervosas que retarda a formação dos depósitos de agregados de proteína no cérebro, causadores da doença de Alzheimer. Como é que esta descoberta aconteceu?

CMG - O nosso trabalho anterior havia mostrado que a S100B, uma proteína de alarme produzida quando ocorre neurodegeneração, possui segmentos que favorecem a agregação que são expostos aquando da ligação de cálcio. De igual forma, sabe-se que a proteína S100B se acumula em elevadas quantidades junto das placas [depósitos] de amiloide nos cérebros com Alzheimer, ricos na proteína beta-amiloide agregada. A descoberta agora publicada resulta assim da pergunta: será que a acumulação da proteína S100B poderá ter um efeito sobre a formação de agregados de beta-amiloide.  De facto, o que o estudo mostra é que esta “coincidência” tem razão de ser, dado que descobrimos que a proteína S100B interage com a proteína beta-amiloide, atrasando a sua agregação, revertendo mesmo a toxicidade induzida por estes agregados, o que reforça este seu novo papel na defesa anti agregação.

Quais são as implicações desta descoberta?

CMG - A nova função que agora evidenciamos para a proteína S100B como regulador da agregação proteica no contexto de Alzheimer, estabelece um novo elo entre dois processos celulares que estão profundamente afetados em várias doenças neurodegenerativas: agregação proteica e neuroinflamação. Esta investigação desvenda novas funções das alarminas S100 que poderão ser até comuns entre patologias neurodegenerativas para além da doença de Alzheimer. Assim, abrem-se perspetivas sobre a possibilidade do conhecimento agora gerado poder vir a contribuir para o desenvolvimento futuro de terapias direcionadas para estes alvos.

Vão continuar a colaborar? Isto é, quais são os próximos passos desta equipa?

CMG - Vamos continuar a explorar as funções das proteínas S100B em neurodegeneração, agora recorrendo a ensaios com modelos animais. Estamos a testar uma biblioteca de anticorpos anti-S100 por forma a verificar se conseguimos amplificar o efeito antiagregação que agora demonstramos. O trabalho agora publicado ilustra a realidade da investigação científica atual: global e colaborativa. Assim, apesar destas investigações terem a sua génese no meu laboratório em Ciências, vamos continuar a colaborar com estes e outros membros da nossa rede colaborativa, nacional e internacional.

Mecanismo proposto para ação S100B sobre beta-amiloide
Mecanismo proposto para ação S100B sobre beta-amiloide
Fonte AAAS

Ana Subtil Simões, Área de Comunicação e Imagem de Ciências
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
fotografia de grupo

Foi assinado um protocolo de cooperação entre Ciências ULisboa, a FCiências.ID, o cE3c e a empresa dinamarquesa Copenhagen Infrastructure Partners, que visa a investigação e mitigação dos impactos da exploração eólica offshore ao largo da Figueira da Foz.

Logotipo da ACL

Cristina Branquinho e Isabel Trigo foram eleitas em 2023 respetivamente sócias correspondentes nacionais da Classe de Ciências -  Ciências Biológicas e Ciências da Terra e do Espaço – da Academia das Ciências de Lisboa (ACL).

O projeto EDUCOAST, promovido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera, desenvolve programas educacionais para diversos níveis de ensino e para profissionais, na área das geociências costeiras e marinhas, tendo como base o trabalho de campo e as práticas experimentais.

Conceção artística do telescópio espacial Euclid no espaço

A missão espacial Euclid da Agência Espacial Europeia (ESA) irá penetrar nos últimos 10 mil milhões de anos de história do Universo para tentar compreender pela primeira vez o que está a acelerar a expansão do Universo. O lançamento do telescópio espacial Euclid está previsto para 1 de julho. O telescópio vai observar durante seis anos mais de um terço do céu. A participação portuguesa na missão Euclid é coordenada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

João Pedro e Vera no laboratório

Ciências ULisboa integrou recentemente o projeto “Autonomia 21”, um projeto da Associação Pais 21 cujo objetivo é integrar jovens com Trissomia 21 no mercado de trabalho. O dinamizador desta ideia na Faculdade foi Federico Herrera, professor do DQB e investigador do BioISI. No âmbito deste projeto, Ciências ULisboa recebeu dois jovens que estão neste momento a estagiar num dos laboratórios da Faculdade.

José Pedro Granadeiro e Rui Rebelo

A expedição Selvagens 50 organizada pelo Instituto das Florestas e Conservação da Natureza da Madeira reuniu cerca de 40 especialistas de diversas instituições, entre os quais se incluem os professores do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa, José Pedro Granadeiro (aves marinhas) e Rui Rebelo (répteis terrestres).

Conceção artística de um exoplaneta semelhante a Vénus, em órbita da sua estrela

Uma equipa de investigadores escolheu um planeta a 106 anos-luz, com 1,37 vezes o diâmetro da Terra, descoberto em 2022, para apresentar a primeira simulação a três dimensões do clima de um planeta de tipo rochoso com as características que atualmente conhecemos em Vénus.

Grupo de alunos e professores

A 9.ª edição da final nacional das Olimpíadas Portuguesas da Geologia decorreu nos dias 3 e 4 de junho, no Centro Ciência Viva de Estremoz / Pólo de Estremoz da Universidade de Évora, com a participação de 25 estudantes vindos de diversas regiões do País, incluindo uma delegação dos Açores (São Roque do Pico).

Rádão

O professor do DQB Ciências ULisboa e investigador do BioISI Ciências ULisboa é o primeiro autor de um novo artigo publicado no jornal Physical Chemistry – Chemical Physics da Royal Society of Chemistry, onde foram estudados diferentes compostos de rádon e xénon - dois gases nobres – e onde as suas propriedades energéticas e de ligação química foram analisadas.

Fundo do oceano

Ricardo Melo, professor do Departamento de Biologia Vegetal da Ciências ULisboa e investigador do MARE, integra o júri do Prémio Mário Ruivo – Gerações Oceânicas. As candidaturas da 3.ª edição deste prémio decorrem até 31 de julho.

Carlos Nieto de Castro

Carlos Nieto de Castro chegou à Faculdade em 1982 com a missão de criar uma escola de Termodinâmica e Processos de Transporte. Em abril de 2019 jubilou-se. Ainda assim, o seu trabalho enquanto investigador continua: todos os dias úteis chega à Faculdade pelas 8h30/9h00. Conheça o percurso do cientista.

3 alunos numa mesa, na semana da sustentabilidade

Neste Dia Mundial do Ambiente recordamos a Semana da Sustentabilidade, organizada por núcleos de estudantes da Faculdade, com o apoio da Associação de Estudantes e do Laboratório Vivo para a Sustentabilidade.

José Guerreiro, docente do Departamento de Biologia Animal e investigador do MARE, iniciou funções esta quinta-feira, dia 1 de junho, como presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Miguel Miranda e a plateia

O professor e geofísico Jorge Miguel Miranda deu a sua última aula na passada sexta-feira, e despediu-se do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, laboratório do Estado que presidiu nos últimos dez anos.

pessoas numa sala com computadores

Esta segunda-feira, dia 29 de maio, Ciências ULisboa recebeu a visita de Oksana Zholnovych, ministra da Política Social da Ucrânia, e Miguel Fontes, secretário de Estado do Trabalho. Os governantes visitaram uma turma durante uma ação de formação do programa UPskill, com o intuito de ficar a conhecer melhor este projeto.

12 finalistas do 3 MT

Patrícia Chaves foi distinguida com o segundo lugar, na primeira edição da competição 3MT – Três Minutos de Tese dinamizada pela Universidade de Lisboa. O pódio ficou completo com Catarina Botelho, em primeiro lugar, e Matteo Pisano, em terceiro lugar, ambos do Instituto Superior Técnico. Os nossos parabéns aos vencedores e a todos os finalistas!

Auditório com pessoas

Ciências ULisboa está de parabéns! 100% dos seus ciclos de estudos avaliados no segundo ciclo de avaliação (2017-2022) foram acreditados sem condições, pelo período máximo (seis anos), pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES).

Grupo de pessoas

Entre os dias 13 e 17 de março deste ano realizou-se a excursão geológica de campo na Bacia Lusitânica (bacia sedimentar mesozóica na região centro-oeste de Portugal), a pedido da SHELL e organizada pela empresa GeoLogica (Portugal), do geólogo Pedro Barreto, antigo aluno de Geologia da Faculdade.

Jorge Miguel Miranda

No próximo dia 26 de maio, pelas 11h00, terá lugar no Grande Auditório da Faculdade a cerimónia de jubilação de Jorge Miguel Miranda, professor do Departamento de Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia na Ciências ULisboa, investigador do Instituto Dom Luís (IDL) e presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

oceano

José Guerreiro, professor do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa e investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), foi nomeado perito da World Ocean Assessment III junto da Division for Ocean Affairs and the Law of the Sea (DOALOS) – ONU.

Médicos avaliam funções respiratórias de bébe

Carlos Farinha, professor do Departamento de Química e Bioquímica da Ciências ULisboa e investigador principal do grupo de investigação em Fibrose Quística do Instituto de Biossistemas & Ciências Integrativas, foi distinguido com um financiamento de 220 mil USD (€ 204.100,57), pela associação Emily’s Entourage.

Filipa Rocha

A estudante de doutoramento na Ciências ULisboa e professora assistente no IST desenvolveu um sistema que utiliza blocos tangíveis para promover a aprendizagem digital inclusiva para crianças com deficiência visual, ensinando assim literacia digital e eliminando barreiras educativas.

cérebro

O primeiro grande modelo de Inteligência Artificial generativa para a língua portuguesa, para cada uma das variantes, do Brasil e de Portugal, gratuito, em código aberto e com acesso universal está disponível desde este mês e tem 900 milhões de parâmetros. "Trata-se de um marco histórico muito importante na preparação tecnológica da língua portuguesa para a era digital", diz António Branco, professor do DI Ciências ULisboa.

Joaquim Alvez Gaspar

Encontra a resposta a esta pergunta na exposição final do projeto Medea-Chart - As Cartas Náuticas Medievais e Renascentistas: origem, uso e evolução, inaugurada a 18 de maio, no Instituto Hidrográfico e em exibição até setembro deste ano. Joaquim Alves Gaspar, investigador principal do projeto, efetuou uma visita guiada à exposição.

Grande auditório com pessoas

A ULisboa é uma das melhores universidades portuguesas, segundo o portal Research.com, com 131 cientistas entre os mais influentes, dos quais 29 dizem respeito a investigadores, cujo trabalho tem sido realizado na Faculdade e nas suas unidades de investigação.

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