O percurso do professor Rui Agostinho foi celebrado numa sessão de homenagem com sala lotada, onde as cadeiras foram ocupadas por colegas de décadas e alunos de hoje, onde o carinho e a emoção pelo docente foram palpáveis.
À medida que a sala se ia enchendo, Rui Agostinho olhava com um misto de surpresa e emoção para as caras de quem já não via há muito tempo e outras que vê diariamente, acenando e cumprimentando colegas e alunos.
Nuno Araújo, presidente do Departamento de Física, iniciou a sessão, sublinhando o papel fundamental do professor na missão de contribuir para a formação em Física, a sua dedicação apaixonada ao ensino, à investigação e à divulgação de ciência.
Rui Agostinho guiou depois a audiência por uma viagem pelo seu percurso académico e pessoal, onde começou por salientar a realidade da astronomia em Portugal. “É importante pensar que a astronomia perdeu o comboio no final do século XIX e só em meados dos anos 80 voltou a aparecer”, referiu. Depois de voltar dos Estados Unidos da América, onde se doutorou na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, o professor foi responsável pela conceção e instalação da infraestrutura da Hora Legal do país no Observatório Astronómico de Lisboa, e pelo serviço de distribuição da Hora Legal em Portugal.
Com um papel fundamental no Mestrado do Ensino de Física e Química e no Mestrado de Cultura Científica e Divulgação das Ciências, o professor salienta que, para ele, “É uma paixão ensinar. É com grande carinho que ensinei, e é algo que me está enraizado no coração”. Rui Agostinho aproveitou o momento para relembrar a importância e o papel que as instituições de ensino superior devem ter na vertente de ensino nas suas licenciaturas. “Temos a obrigação de ensinar bem, e aproveitar as mentes brilhantes que a Faculdade tem.”
O sentido de humor do professor é bem conhecido de quem já passou pelas suas aulas. Uma fila de alunos atentos, reagiu com uma ruidosa gargalhada quando as frases “Está chumbado!” e “Bem-vindo ao ano letivo seguinte!” apareceram projetadas na parede, frases emblemáticas com que Rui Agostinho foi, ao longo dos anos, “assustando” os seus alunos, que logo de seguida ouviam em burburinho “Não te preocupes, eu nesta aula já chumbei cinco vezes!”, dito por alguém que conhecia já a brincadeira.
Já no final da sessão, antigos e atuais colegas fizeram questão de dedicar umas palavras ao professor. João Lin Yun surpreendeu todos, e em especial Rui Agostinho, ao ler, na íntegra, um e-mail trocado entre eles há 42 anos, quando ainda desenvolviam os seus trabalhos de doutoramento, nos Estados Unidos, e onde João Lin Yun desabafava as agruras do doutoramento, de o fazer tão longe de casa prometendo que lhe pediria ajuda para analisar “uns dados” assim que chegasse a Portugal.
Ainda assim, as surpresas não ficaram por aqui: “Esqueçam-se de mim”, começava assim o poema, da sua autoria, com que Rui Agostinho escolheu acabar a viagem pelo percurso da sua carreira, lido a uma plateia silenciosa, atenta e muito emocionada.