Estatística, pilar transversal da ciência
Dia 20 de outubro comemorou-se o Dia Europeu da Estatística pelo 4.º ano consecutivo. O Centro de Estatística e Aplicações da Universidade de Lisboa juntou-se à celebração, numa sessão com três convidados de peso - Hygor Piaget, postdoc do Centro de Física Teórica e Computacional, Carlos da Camara, professor do Departamento de Engenharia Geográfica Geofísica e Energia e investigador do Instituto Dom Luiz, e Vitor Sousa, professor do Departamento de Biologia Animal e investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais -, que apresentaram de forma clara a Estatística como pilar transversal da ciência.
Recordámos Peter Diggle, ex-presidente da Royal Statistical Society: qualquer universidade que seja orientada para a investigação, como é o caso da Ciências ULisboa, deveria incluir um sólido instituto de estatística, com membros ligados a um departamento de estatística e às diferentes áreas fundamentais, permitindo assim a fertilização cruzada de ideias, promovendo o desenvolvimento da teoria estatística e suportando a investigação aplicada.
Vivemos numa sociedade em que a informação é poder.
Para obtermos conhecimento a partir de dados, hoje em dia recolhidos de forma automática e massiva, precisamos de duas disciplinas: a Informática, que processa os dados, e a Estatística, que os transforma em informação útil. A Literacia Estatística está na ordem do dia. Somos constantemente bombardeados com estatísticas que na realidade são difíceis de interpretar e muitas vezes nos induzem em erro.
Basta “surfar” na net para encontrar estudos com paragonas arrojadas: comer 76g de carne processada por dia, comparado com 21g, aumenta em 20% o risco de contrair cancro. Assustador, não é? A vida hoje em dia é assustadora. Mas e se a informação for tratada de forma menos sensacionalista e mais honesta? Os dados mostram que em cada 10000 pessoas do primeiro grupo, 40 foram diagnosticadas com um cancro, enquanto que mais oito, ou seja 48 pessoas, foram diagnosticadas com um cancro no segundo. Quer dizer que se comer três fatias de bacon todos os dias tenho uma probabilidade de contrair a doença de 0.0048, comparada com 0.004 se não o fizer? Muda a perspetiva… não é?