Opinião

+Biodiversidade@CIÊNCIAS

Mobilizar a comunidade para a promoção da sustentabilidade no campus

Campus Ciências

A conservação da biodiversidade é uma prioridade do país e do mundo e deve ser assumida por todos

Imagem cedida pelos autores
 Patricia Tiago e Sergio Chozas
 Patrícia Tiago e Sergio Chozas
Imagens cedidas pelos autores

Brudtland, em 1987, definiu sustentabilidade como a “motivação ética e moral que visa garantir a satisfação das necessidades humanas atuais sem comprometer a satisfação das necessidades futuras”.

Para atingi-la é necessário ter em conta a componente social, a económica e a ambiental.

A componente social está ligada à distribuição equilibrada dos recursos naturais entre as gerações presentes e as futuras e a económica à capacidade de produção, distribuição e utilização equitativa das riquezas produzidas pelo homem.

A componente ambiental é a que está mais diretamente ligada com o presente projeto e associa-se à conservação e proteção do ambiente natural.

A biodiversidade, i.e. a variedade e variabilidade da vida na Terra, é um elemento fundamental desta componente, sendo um pilar que sustenta tanto os ecossistemas como os seus serviços e, consequentemente, o bem-estar humano. A biodiversidade está atualmente sob grande pressão e são muitas as espécies que se extinguem a uma velocidade sem precedentes, ao mesmo tempo que espécies invasoras ocupam cada vez mais novos habitats.

O Painel Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços dos Ecossistema identificou no seu último relatório uma perda da biodiversidade global sem precedentes tornando a monitorização da biodiversidade uma obrigação crescente de todos os países. Sendo o ser humano responsável pelo desaparecimento de muitas destas espécies, devido à crescente urbanização, à prática intensiva da agricultura, à destruição das florestas, à proliferação de espécies invasoras ou à poluição, torna-se imprescindível monitorizar o estado da biodiversidade a nível global. De facto, a conservação da natureza e da biodiversidade, assumem-se como uma prioridade mundial, tal como se encontra já refletido em diversos documentos estratégicos internacionais.

A conservação da biodiversidade é uma prioridade do país e do mundo e deve ser assumida por todos. São apresentados diversos motivos para a sua proteção, relacionados com razões de várias naturezas: éticas - o ser humano tem o dever moral de proteger outras formas de vida, como espécie dominante no Planeta; estéticas - as pessoas apreciam a natureza e gostam de ver animais e plantas no seu estado selvagem; económicas - a diminuição de espécies pode prejudicar atividades fulcrais na nossa economia quer a nível atual, quer a nível de uma futura utilização; funcionais - a redução da biodiversidade leva a perdas incalculáveis no funcionamento dos ecossistemas, tais como a regulação do clima; a purificação do ar; a proteção dos solos e das bacias hidrográficas contra a erosão; o controlo de pragas, entre tantos outros.

Várias fotograficas
 Patricia Tiago e Sergio Chozas pretendem aplicar o conceito de sustentabilidade nos espaços verdes da Ciências ULisboa e caracterizar e monitorizar a sua biodiversidade ao longo do tempo, envolvendo tanto a comunidade da Faculdade como os cidadãos que vivem e trabalham na área
Imagens cedidas pelos autores

Até 2030, 60% da população mundial viverá em áreas urbanas. Esta urbanização é tanto um desafio quanto uma oportunidade para gerir os serviços dos ecossistemas globalmente. As cidades podem apresentar uma importante riqueza em biodiversidade e manter o funcionamento de ecossistemas urbanos pode melhorar significativamente a saúde e o bem-estar humanos. Os serviços dos ecossistemas urbanos e a biodiversidade podem ajudar a contribuir para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas e devem ser integrados com as políticas e planeamento urbano. As cidades oferecem, igualmente, oportunidades únicas para aprender e educar sobre um futuro resiliente e sustentável e têm, em si, um enorme potencial para gerar inovações e ferramentas de governança, podendo assumir um papel de liderança no desenvolvimento sustentável. Dentro do espaço urbano, as denominadas estruturas verdes assumem hoje em dia uma importância fundamental na qualidade de vida das populações, e surgem como uma necessidade para o equilíbrio ecológico sustentável do meio urbano. Estes espaços incluem todas as áreas “plantáveis” da cidade como parques e jardins urbanos, ruas arborizadas, sebes, cemitérios, zonas agrícolas e florestas residuais, entre outras.

É essencial que os cidadãos tenham consciência da importância da biodiversidade urbana e do seu valor. É neste sentido que surgiram os projetos “FCUL+Verde” e “BioComunidade: juntos descobrimos a biodiversidade em Ciências”, agora unidos sob o nome “+Biodiversidade@CIÊNCIAS: Mobilizar a comunidade de CIÊNCIAS para a promoção da sustentabilidade no Campus”.

A equipa deste projeto é muito abrangente, englobando vários departamentos da Faculdade, investigadores, docentes, funcionários e alunos. Esperamos desta forma trazer para o projeto diferentes visões do campus e dos serviços que a biodiversidade nos proporciona. Ao mesmo tempo, serão estabelecidas novas ligações entre a comunidade de Ciências, a comunidade envolvente e o meio ambiente, esperando contribuir, com este projeto para processos mais participativos e democráticos.

Estes projetos surgiram como resposta ao desafio lançado pela Faculdade na forma da primeira edição do Concurso de Ideias para a Sustentabilidade. Este concurso “visa identificar e promover iniciativas de membros de Ciências que possam contribuir para a sustentabilidade, nas suas várias vertentes, no campus e na sua interação com a cidade de Lisboa”. Neste contexto, e com a fusão de ambos projetos, propomos aplicar o conceito de sustentabilidade nos espaços verdes da Ciências ULisboa e caracterizar e monitorizar a sua biodiversidade ao longo do tempo, envolvendo tanto a comunidade de Ciências como os cidadãos que vivem e trabalham na área. Para tal pretendemos recorrer a levantamentos clássicos da biodiversidade (florística e faunística),a sofisticados equipamentos de monitorização e à ciência cidadã. A ciência cidadã é o envolvimento dos cidadãos nos processos científicos, permitindo-lhes adquirir conhecimentos em diferentes áreas e um maior desenvolvimento do sentido de análise e sentido crítico. O envolvimento destes não profissionais na investigação científica e na monitorização ambiental tornou-se também uma nova abordagem científica. Esta componente será dinamizada na plataforma BioDiversity4All – www.biodiversity4all.org, através da qual, todos, comunidade de Ciências e quem viva ou trabalhe perto, poderão contribuir com registos de espécies, aumentando o conhecimento sobre a diversidade do campus, sobre os seus valores naturais e serviços de ecossistema, avaliando as tendências face a um cenário de alterações climáticas. O BioDiversity4All é uma plataforma online e de acesso livre, em que qualquer cidadão pode contribuir com observações de animais, plantas, cogumelos ou qualquer outro ser vivo. A base de dados segue o conceito da Web 2.0 e está acessível a todos os cidadãos, incluindo, por exemplo, cientistas, público escolar ou gestores, que podem fazer download de dados de biodiversidade de acordo com os seus interesses ou para dar resposta a um problema em concreto. A plataforma online tem atualmente mais de 388 781 registos, referentes a mais de 11 900 espécies, tem cerca de 8 000 utilizadores registados, 5 600 validadores e mais de 8 700 seguidores no Facebook. Pretendemos ainda proceder à avaliação de alguns dos serviços de ecossistema fornecidos pela biodiversidade no campus, (e.g. stock de carbono) por forma a definir estratégias de gestão, incluindo revegetação, sementeiras, etc., para melhorar os espaços verdes do campus e os serviços de ecossistema que possam prestar.

 

Patrícia Tiago e Sergio Chozas, vencedores da 1.ª edição do Concurso de Ideias para a Sustentabilidade
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
pessoas numa escavação numa jazida de fósseis

Novo estudo publicado na revista Zoological Journal of the Linnean Society descreve um novo dinossáurio saurópode que viveu na Península Ibérica há 122 milhões de anos. Esta nova espécie de dinossáurio, apelidada de Garumbatitan morellensis, foi descrita a partir de restos descobertos em Morella (Castelló, Espanha) por uma equipa de paleontólogos portugueses e espanhóis e permitiu ampliar a diversidade de dinossáurios conhecida num dos melhores registos fósseis do Cretácico Inferior da Europa.

sensor de radiação no topo de um veículo

Um novo estudo desenvolvido por investigadores da Ciências ULisboa e do Instituto Dom Luiz com a colaboração de parceiros em França (Mines Paris - PSL) e Luxemburgo (LIST), publicado na revista Progress in Photovoltaics: Research and Applications, explora o potencial em ambiente urbano de veículos solares em 100 cidades em cinco continentes.

auditório lotado

18 de setembro foi o primeiro dia de aulas para mais de 800 novos alunos matriculados nas licenciaturas da Ciências ULisboa na 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso. A sessão de boas-vindas aos novos alunos decorreu às 11h30, no auditório 3.2.14.

Luís Fernando Marques Mendes foi um biólogo inteiramente dedicado à Entomologia, desde que se licenciou em 1971 pela Ciências ULisboa. Faleceu na passada quinta-feira, 14 de setembro, após prolongada doença. A Faculdade lamenta o triste acontecimento, apresentando as condolências aos seus familiares, amigos e colegas.

Laje rochosa - primeiras evidências de vertebrados do fundo do mar

A descoberta de fósseis extremamente raros, que representam as primeiras evidências de peixes de águas profundas, atrasa a invasão da planície abissal em 80 milhões de anos. Estas descobertas foram publicadas este mês num novo estudo na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Grupo de pessoas

A 13ª Conferência Internacional SedNet - Continuum Sedimentar: aplicando uma abordagem de gestão integrada realizou-se na Ciências ULisboa, entre 5 a 9 de setembro. O programa intensivo de cinco dias começou com workshops sobre a gestão dos sedimentos a diferentes níveis, incluiu apresentações e uma visita de campo ao Porto de Lisboa e às dunas e praias de Cascais.

O Departamento de Matemática da Ciências ULisboa e o Museu Nacional de História da Ciência juntam-se numa homenagem que marca o centenário do nascimento do professor João Santos Guerreiro, a realizar no próximo dia 23 de setembro, entre as 14h00 e as 18h00, no Anfiteatro Manuel Valadares, no MUHNAC.

peixes

Os organismos estão a tornar-se mais pequenos através de uma combinação de substituição de espécies e mudanças dentro das espécies: trata-se da conclusão de um novo estudo publicado na revista Science, que analisou dados de todo o mundo dos últimos 60 anos e de diversas espécies de animais e plantas.

Filipe Rosas

​Filipe Rosas é o novo coordenador do Instituto Dom Luiz (IDL).

Susana Custódio com alunos

Portugal obteve uma medalha de prata e três medalhas de bronze na 16.ª edição da International Earth Science Olympiad (IESO 2023), que assinala a 8.ª participação portuguesa. A SGP e a CNOG agradecem à Faculdade o apoio científico prestado no âmbito do programa de preparação da equipa portuguesa para a 16.ª edição da IESO.

3 homens sentados

MARGINS surgiu com o objetivo de estudar as interações socioecológicas entre comunidades humanas e ambiente na zona costeira da Guiné-Bissau e compreender a inter-relação de arrozais e mangais como parte de uma unidade afetada pelas mudanças climáticas. No projeto estão envolvidos docentes, investigadores do IDL e cE3c e estudantes da Faculdade.

Auditório com pessoas

Este ano, na 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao ensino superior concorreram aos 16 cursos da Faculdade 5086 candidatos, tendo sido colocados 872 novos alunos em Ciências ULisboa, 527 em 1.ª opção. Até 5 de setembro decorre a apresentação da candidatura à 2.ª fase. A sessão de boas-vindas aos novos alunos de 2023/2024 acontece no dia 18 de setembro.

abelha mumificada

Um novo estudo publicado na revista internacional Papers in Paleontology dá conta da descoberta de centenas de abelhas mumificadas no interior dos seus casulos, num novo sítio paleontológico descoberto no litoral de Odemira.

mural

Há um novo mural no campus da Faculdade, para apreciar junto à FCULresta, que celebra os dois anos corridos desde a primeira semente lançada. "Só em Portugal, inspirados também pela FCULresta, foram criados ou melhorados um total de 6 espaços verdes resilientes" escrevem os responsáveis pelo projeto, neste artigo de opinião sobre a minifloresta. 

ratinho ruivo

O ratinho-ruivo (Mus spretus) aprende a identificar que novos alimentos é seguro incluir na sua alimentação através do cheiro presente no hálito de outros ratinhos da sua espécie, segundo o artigo “Interaction time with conspecifics induces food preference or aversion in the wild Algerian mouse”, da autoria das cientistas Rita S. Andrade, Ana M. Cerveira, Maria da Luz Mathias e Susana A. M. Varela, publicado em agosto na revista Behavioural Processes.

vista de uma ilha para outra (Açores)

O Prémio Frederico Machado 2022-2023, o primeiro de índole científica a ser atribuído nos Açores, foi ganho pelas equipas lideradas por Mariana Andrade, aluna da Ciências ULisboa e investigadora do Instituto Dom Luiz (IDL), na área das Geociências, e por Pedro Afonso, investigador do Instituto de Investigação em Ciências do Mar da Universidade dos Açores (OKEANOS), na área das Ciências do Mar.

plantas com QR code do Relatório de Sustentabilidade

O primeiro Relatório de Sustentabilidade da Ciências ULisboa resulta da monitorização e análise de um conjunto de atividades enquadradas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), entre 2019 e 2021.

banner do evento

A EUPVSEC 2023 realiza-se de 18 a 22 de setembro de 2023, no Centro de Congressos de Lisboa. João Serra, professor do Departamento de Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia da Ciências ULisboa, foi novamente convidado a ser o chairman da maior e mais importante conferência europeia dedicada à energia fotovoltaica. 

copa das arvores vista de baixo

Já são conhecidos os três vencedores da edição de 2023 do Prémio de Doutoramento em Ecologia Fundação Amadeu Dias, um prémio da Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO) e da Fundação Amadeu Dias que procura valorizar o trabalho de recém doutorados ao longo do seu programa doutoral. No pódio estão duas alumnae da Ciências ULisboa.

apresentação do livro

Foi concluído recentemente o projeto “Aqua – O uso eficiente da água nos jardins da idade moderna”, um trabalho interdisciplinar que cruza as áreas da História da Ciência, a Engenharia Hidráulica e a Arquitetura Paisagista.

uma rapariga e um rapaz

Todos os anos a Faculdade atribui diplomas e prémios de mérito académico aos seus estudantes, com o apoio de várias entidades e empresas, que valorizam a missão da Faculdade e que passa por investigar, ensinar e estimular a transferência do conhecimento e da inovação e a abertura à sociedade civil.

Exoplaneta e núvens

A Agência Espacial Europeia validou o desenho dos instrumentos científicos da missão Ariel, que conta com a participação do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço. A missão vai observar a composição química de mil planetas em órbita de outras estrelas, e transformar a compreensão sobre como se formam e evoluem os sistemas planetários.

foto de grupo

No passado dia 26 de julho o Tec Labs - Centro de Inovação recebeu a visita de uma comitiva de representantes da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, Brasil, com o objetivo de conhecer em profundidade o ecossistema de empreendedorismo e inovação nacional e os seus principais stakeholders.

árvores no campus da Faculdade

Ciências ULisboa vai implementar no ano letivo de 2023/2024 o projeto “Ciências em Harmonia”. Comprometida com o bem-estar da sua comunidade estudantil e a promoção de competências individuais e sociais dos seus estudantes, a Faculdade vai procurar dar resposta a uma preocupação: a do bem-estar no ensino superior, envolvendo toda a comunidade académica na celebração da diversidade e promoção de inclusão. As atividades têm início já em setembro e vão prolongar-se durante todo o ano letivo.

logotipo do CWTS

ranking de Leiden, que avalia a produção científica de instituições de ensino superior a nível mundial, posicionou a ULisboa na liderança da Península Ibérica, colocando-a na 28.ª posição na Europa e no 131.º lugar a nível mundial.

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