Opinião

Anotações de J. Lima-de-Faria

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J. Lima-de-Faria
J. Lima-de-Faria
Fonte Fernando Barriga

José Avelino Pais Lima de Faria, proeminente cientista de 92 anos e antigo aluno de Ciências - licenciou-se em Ciências Físico-Químicas em 1950 -, faleceu no dia 27 de maio de 2018. A Faculdade lamenta o triste acontecimento e apresenta as condolências aos familiares, amigos e colegas.

Há vários tipos de cientistas

Muitos tipos de homens se dedicam à ciência, e nem todos em prol da ciência. Há alguns que vêm ao seu “templo” porque lhes é oferecida uma oportunidade de mostrarem os seus talentos particulares. Para este tipo de homens a ciência é uma espécie de desporto na prática do qual se entusiasmam tal como o atleta se exulta no exercício das suas proezas musculares. Há uma outra classe de homens que vêm ao "templo" para fazer a oferta do seu cérebro na esperança de receberem uma boa recompensa. Estes homens são cientistas só pelo acaso de algumas circunstâncias que se lhe ofereceram quando escolheram uma carreira. Se as circunstâncias tivessem sido diferentes poder-se-iam ter tornado políticos ou gestores de negócios. Se um anjo de Deus descesse à Terra e retirasse do “templo da ciência” todos os que pertencem a estas categorias que mencionei, receio que o "templo" ficasse quase vazio. Mas ainda ficariam uns poucos devotos alguns dos tempos antigos e outros do nosso. A esta última categoria pertence o nosso Planck. E é por isso que o amamos (Einstein).

A descoberta científica

Pensando sempre nelas [descobertas]. Mantenho o assunto constantemente na minha mente e espero que a pouco e pouco apareçam as primeiras revelações até à luz plena (Newton).

A imaginação é mais importante que o conhecimento (Einstein).

A descoberta consiste em ver o que toda a gente viu e pensar naquilo que as pessoas não pensaram (Szent-Gyorgyi). Portanto, a tarefa é não tanto ver o que os outros não viram, mas pensar o que ainda ninguém pensou acerca daquilo que todos viram (Schrödinger).

A escolha do problema científico

Uma das maiores qualidades de um cientista consiste em saber julgar quais os problemas que estão amadurecidos para análise, decidir quando é altura de explorar de novo uma velha área e retomar questões pouco tempo antes consideradas resolvidas ou insolúveis. É, em grande parte, à segurança do julgamento neste domínio que corresponde a criatividade da ciência (François Jacob).

Sempre me dediquei a estudar problemas simples (Debeye).

A sorte em ciência

No campo da observação, a sorte só favorece as mentes que estão preparadas (Louis Pasteur).

A oportunidade em ciência

Aquele que agarra o momento certo é o homem certo (Goethe). Schoenflies foi o mais influente, estava no lugar certo, no tempo certo, e o seu trabalho foi publicado em alemão (Marjorie Senechal).

As ideias revolucionárias

Quando uma coisa era nova, as pessoas diziam: “Não era verdade”.  Mais tarde, quando a verdade se tornou óbvia, as pessoas disseram: “De qualquer forma, não é importante”, e quando a sua importância não pôde ser negada as pessoas ripostaram: “De qualquer forma, não é nova” (William James).

A dificuldade reside, não nas ideias novas, mas no escapar às ideias antigas, que se ramificam em todos os recantos das nossas mentes, como acontece àqueles que tiveram a educação que a maior parte de nós teve (Keynes).

Quanto mais os homens aprendem, mais eles enchem as suas mentes de conhecimento, e menos estão preparados para examinarem de um ponto de vista crítico o fundamento dos pensamentos que deram forma às suas concepções sobre as coisas. É neste sentido que se tem correctamente afirmado que é o que nós sabemos que nos impede de descobrir o que não sabemos (Maurice De Broglie).

O amanhã é dos loucos de hoje (Fernando Pessoa).

Autoridade

Uma inovação científica importante raramente se desenvolve vencendo e convertendo gradualmente os seus opositores. É raro que Saul se torne Paulo. O que acontece é que os seus opositores vão morrendo gradualmente, e a geração que surge se familiariza com as ideias desde o princípio (Planck).

A simplicidade na ciência

Na sua essência a ciência é simples (Dirac).

Se um assunto de Física não pode ser explicado a uma empregada de bar, é porque não é boa Física, não faz sentido (Rutherford).

Ideias novas e velhas

Não é uma nem duas vezes, mas um sem número de vezes que a mesma ideia surge no mundo (Aristóteles).

Factos

A ciência é feita de factos, como uma casa é feita de pedras. Mas uma colecção de factos não é de maneira nenhuma ciência, tal como um montão de pedras não é uma casa (Henri Poincaré).

Especialização

Porque a vida é curta e o tempo passa depressa; se nos aperfeiçoamos numa coisa e se a compreendemos bem, o que se ganha é a compreensão e o conhecimento de muitas outras coisas (Vincent Van Gogh).

Na vida somos sempre um amador. Não há tempo para sermos outra coisa (Charlie Chaplin).

Liberdade em ciência

A liberdade está para a ciência como o ar para um animal (Henri Poincaré).

Beleza em ciência

Toda a Física deve estar impregnada da beleza Matemática (Dirac).

Teoria

Nada é tão prático como a teoria (Oppenheimer).

Classificação

A classificação, tal como o autor insiste, provou não ser somente parte importante, mas uma parte integrante da actividade científica (Kathleen Lonsdale).

Ensino

Só se ensina bem o que se faz, e quem não investiga não ensina a investigar (Cajal).

História da ciência

Estudar só o presente é equivalente a procurar desenhar um gráfico dispondo de um só ponto (S. G. Lipson e H. L. Lipson).

Publicação

Pouca, mas madura (Gauss).

O erro em ciência

O homem fará sempre erros bastando que se empenhe em qualquer coisa (Goethe).

Se não temo o erro é porque estou sempre pronto a corrigi-lo (Bento de Jesus Caraça).

A ciência é uma actividade colectiva

Se vi um pouco mais longe do que os outros foi porque pude subir aos ombros de gigantes (Newton).

Limite da ciência

Um assunto científico nunca se esgota. Um cientista é que se pode sentir esgotado perante ele (Einstein).

Nota da redação:o autor não segue o atual Acordo Ortográfico.

Referências:

  • Aristóteles (384-322 a.C.) em Mackay, Alan (1981) The harvest of a quiet Eye. Selection of scientific quotations. The Institute of Physics, Londres, p.7.
  • Broglie, Maurice De (1951) Les Premiers Congrés de Physique Solvay. Albin Michel, Paris, p.10.
  • Cajal, Ramon y (1946) Los tonicos de la voluntad, Buenos Aires, p.177.
  • Caraça, Bento de Jesus, escrito na parede do edifício B.J. Caraça, do Instituto Superior de Economia e Gestão, Lisboa.
  • Chaplin, Charles (1952) no filme  As luzes da ribalta
  • Dirac, Paul, citado por Corbi e H. E Helge, K. Paul Dirac et la Beauté de la Physique, na revista “Pour la Science” nº189, Julho de 1993, p.78.
  • Einstein, Albert , em Planck, Max, (1933), Where is science going?. Edit. George Allen Unwin, Londres, p.9; também  Acta Crystallographica, 1961, vol. 1, art 8, p.902.
  • Gauss, Carl Friedrich, citado por Gibs, J. Willard Frederich (1926)  Principes Elementaires de Mécanique Statistique.  Lib. Scientifique, J.Hermann, Paris (na introdução).
  • Goethe, Johann Wolfgang, em Planck, Max, (1933)  Where is science going?.  Edit. George Allen Unwin, Londres, p.25
  • Jacob, François (1981) O jogo dos possíveis. Gradiva , Lisboa, p.26.
  • James, William , em Mackay, Alan (1981) The harvest of a quiet Eye. Selection of scientific quotations. The Institute of Physics, Londres, p.81.
  • Keynes, John Maynard, em Mackay, Alan (1981) The harvest of a quiet Eye. Selection of scientific quotations. The Institute of Physics, Londres, p.87.
  • Lipson, S. G. e Lipson H.L., (1969) Optical Physics, University Press, Cambridge, p.1.
  • Lonsdale, Kathleen (1967) Origins of the science of crystals, Chemistry and Industry, January,  p.57.
  • Newton, Isaac, em Mackay, Alan (1990) A Dictionary of Scientifique Quotations.The Institute of Physics, p.39.; e citado por Bento de Jesus Caraça (1970) Conferências e outros escritos. Edit. Minerva, Lisboa, p.284.
  • Oppenheimer, Robert, citado na revista Finisterra, 1985, XX, vol. 39, Lisboa. P.159.
  • Pasteur, Louis, em Mackay, Alan (1981) The harvest of a quiet Eye. Selection of scientific quotations. The Institute of Physics, Londres, p.116.
  • Pessoa, Fernando, em Dionísio, Mário (1963) Introdução à Pintura. Publicações Europa-América, Lisboa, p.26.
  • Planck, Max , em Mackay, Alan (1981) The harvest of a quiet Eye. Selection of scientific quotations. The institute of Physics, Londres,p. 119.
  • Poincaré, Henri, (1943) La Science et L’Hypothèse. Ernest Flamarion, Paris, p.2. ; e Mackay, Alan (1990) A Dictionary of Scientifique Quotations, The Institute of Physics, p.42.
  • Rutherford, Ernest , citado em A difícil arte de comunicar ciência. Em Espaço Ciência, 22 a 29 de Outubro de 1994.
  • Schrödinger, Erwin, em Mackay, Alan (1990) A Dictionary of Scientific Quotations, The Institute of Physics, p. 46.
  • Senechal, Marjorie, em Lima-de-Faria, José (1990) Historical Atlas of Crystallography, Kluwer Academic Publishers, Dordrecht, p.48.
  • Szent-Gyorgyi, Albert, em Mackay, Alan (1981) The harvest of a quiet Eye. Selection of scientific quotations. The institute of Physics, Londres, p. 144.
  • Van Gogh, Vincent, em Lettres a son frère Théo, Editions Grasset, 1937, p.25.
J. Lima-de-Faria, Prémio Gulbenkian de Ciência 1976
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O Air4, um protótipo para medição de gases indicadores da qualidade do ar, associado a um modelo de análise de mapas e a uma aplicação mobile, ficou em 2.º lugar no 1.º Hackathon de Tra

No Dia da Criança Galopim de Carvalho lança “O Avô e os Netos Falam de Geologia”, editado pela Âncora Editora e apresentado durante a Feira do Livro de Lisboa.

Foi em setembro do ano passado que a HortaFCUL decidiu abraçar o projeto de ajudar a construir uma Horta Pedagógica na Escola Básica de Santo António em Alvalade, em parceria com Direção e Associação de Pais da Escola e apoiado pelo programa de estímulo à aprendizagem financiado pela Gulbenkian.

Miguel Centeno Brito, professor do DEGGE, foi um dos participantes das II Jornadas da Energia, que ocorreram em abril passado, tendo sido um dos convidados do programa da Rádio Renascença Insónia.

Este ano as Jornadas celebraram a efeméride dos 35 anos da criação da licenciatura em Química Tecnológica.

 É necessário estabelecer redes de monitorização mais robustas e de larga escala para avaliar o impacto das alterações climáticas e da poluição atmosférica na Bacia do Mediterrâneo, refere comunicado de imprensa do cE3c - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.

A primeira abordagem a uma reconstituição tridimensional da circulação atmosférica de Vénus pode ser lida no artigo “Venus's winds and temperatures during the MESSENGER's flyby: An approximation to a three-dimensional instantaneous state of the atmosphere”, publicado na Geophysical Research Letters.

O ano passado “The Sphere of the Earth” integrou a exposição “Formas & Fórmulas”, patente no Museu Nacional de História Natural e da Ciência. De lá para cá e por sugestão de José Francisco Rodrigues, um dos comissários desta mostra, Daniel Ramos começou a atualizar o referido programa tornando-o ainda mais rico em termos de funcionalidades e design, com uma multitude de visualizações cartográficas e da geometria da esfera e pela primeira vez em Português. Assim surgiu Mappae Mundi.

As plantas estão por todo o lado, são-nos indispensáveis de diversas formas, mas a nossa consciência, individual e coletiva, da sua importância, é ainda muito limitada.

“Não só quero continuar a adquirir competências, como quero passar a mensagem de que a Comunicação de Ciência é essencial para que a ciência seja compreendida e bem sucedida. É nosso dever informarmos a sociedade dos progressos científicos que vão sendo alcançados”, declara Rúben Oliveira, aluno do mestrado em Biologia da Conservação, finalista do concurso FameLab Portugal.

“O que realmente me aqueceu o coração foi o facto de que, depois da apresentação, algumas pessoas dedicaram tempo a dirigirem-se a mim para discutir o tema em mais profundidade, explicar-me os seus pontos de vista e opiniões”, declara Helena Calhau, aluna do 2.º ano da licenciatura em Física.

Ao serviço de quem está a ciência e a tecnologia? Devemos ter medo das suas utilizações? Há mesmo o perigo de uma superinteligência fazer-nos mal? Em 2014 e 2015, um conjunto de personalidades pôs em causa o controlo (ou a sua falta) da disciplina da Inteligência Artificial (IA) e abriu o debate com os temas da superinteligência e do domínio dos humanos por máquinas mais inteligentes. Graças a Elan Musk, Bill Gates, Stephen Hawking, Nick Bostrom e Noam Chomsky podemos estar mais descansados com o alerta (na singularidade defende-se que a Inteligência Artificial ultrapassará a humana para criar uma IA geral ou forte), mas mesmo assim cuidado.

“Sempre achei as áreas da educação e comunicação bastante interessantes, sonho desde jovem em incorporar um pouco destas duas áreas na minha carreira científica”, declara Hugo Bettencourt, aluno do mestrado integrado em Engenharia Biomédica e Biofísica.

“O Malcolm Love é uma pessoa incrível e ensinou-nos muitas coisas, desde como agir numa entrevista, como contar uma história de forma fascinante, como controlar o nervosismo e principalmente como cativar o público quando falamos”, conta Andreia Maia, aluna do mestrado em Biologia Molecular e Genética, finalista do concurso FameLab Portugal.

A que cheira a sardinha? Cheira bem, cheira a Portugal. Na próxima quinta-feira, 18 de maio, junte-se a Miguel Santos e a Susana Garrido, dois investigadores do IPMA envolvidos no processo de avaliação do estado dos recursos da pesca em águas nacionais e internacionais para mais uma sessão de 60 Minutos de Ciência, desta vez no Edifício Caleidoscópio.

Cristina Branquinho e Paula Matos propõem utilização dos líquenes como um novo indicador ecológico global.

Mais de mil alunos do ensino secundário visitaram o campus de Ciências no dia 3 de maio.

Assunção Bispo

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de maio é com Assunção Bispo, assistente técnica do Departamento de História e Filosofia das Ciências.

Andreia Maia, Helena Calhau, Hugo Bettencourt e Rúben Oliveira são os alunos de Ciências que apresentam assuntos científicos de forma simples e descomplicada em três minutos, na edição 2017 do FameLab Portugal.

Pela 13ª vez, realizou-se em Ciências a fase de semifinal das Olimpíadas de Química Júnior. 67 alunos dos 8.º e 9.º anos conheceram a Faculdade, o Departamento de Química e Bioquímica e testaram conhecimentos de Química, em provas escritas e experimentais.

A 8.ª edição da feira anual de emprego de Ciências aconteceu em abril. Esclarecimento de dúvidas através do contacto pessoal com empresas, workshops, treino de entrevistas de emprego e análises de currículos foram algumas das atividades que marcaram os dois dias.

“Alargar horizontes, mudar atitudes” é o lema do “Girls in ICT @CienciasULisboa” que acontece este sábado, dia 6 de maio de 2017, em Ciências.

A pergunta “Pode uma máquina pensar?” abre a busca por agentes inteligentes capazes de interatuarem com os seres humanos através de linguagens (a proposta do jogo de imitação como teste de inteligência), e sobretudo de serem autónomos em ambientes sofisticados.

Realiza-se este mês a 7th International Conference on Risk Analysis, em Chicago. Nela, a professora de Ciências Maria Ivette Gomes é homenageada pelo seu trabalho na área da Análise de Risco.

Faltam poucos dias para o Dia Aberto. A Faculdade volta a abrir portas aos alunos do ensino secundário no próximo dia 3 de maio.

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