Entrevista com Ricardo Rocha

“A ciência em Portugal pode ser mais diversa”

Grande vencedor do Prémio de Doutoramento em Ecologia - Fundação Amadeu Dias

Ricardo Rocha com um morcego Phyllostumus hastatus

Oriol Massana

Uma das melhores decisões de Ricardo Rocha foi estudar Biologia em Ciências. Aqui fez amigos e aprendeu. Na entrevista que se segue fica a conhecer o antigo aluno de Ciências, membro do cE3c e investigador pós-doutorado da Universidade de Cambrigde, galardoado com o 1.º lugar do Prémio de Doutoramento em Ecologia - Fundação Amadeu Dias, lançado este ano pela primeira vez pela Sociedade Portuguesa de Ecologia.

Entrou em Biologia em 2004. Foi a primeira opção, porquê?

Ricardo Rocha (RR) - Na verdade entrei em Biologia em 2003 mas na Universidade da Madeira. Sou natural da ilha e na altura pareceu-me uma boa ideia fazer a licenciatura no arquipélago, uma vez que era lá que queria trabalhar. No entanto, não demorei muito a aperceber-me que para atingir os meus objetivos tinha de expandir os meus horizontes e foi aí que decidi pedir transferência para a FCUL. Foi sem dúvida uma das melhores decisões que já tomei!

Como foi estudar na FCUL?

RR - Foi muito enriquecedor. Fiz grandes amigos e aprendi imenso. Acho que teria sido difícil ter escolhido um melhor lugar para estudar Biologia em Portugal.

Que aulas é que recorda com especial entusiasmo?

RR - As que envolveram trabalho de campo! Recordo-me com particular carinho das saídas de campo ao Parque Natural de Doñana quando estava no 1.º ano e ao Parque Natural de Monfragüe quando estava no 3.º. Outra saída de campo muito marcante foi à Reserva Natural das Berlengas, com a cadeira de Ecologia Terrestre – foram sete dias de trabalho de campo na ilha, adorei!

E professores e colegas… Quer fazer referência a alguém que tenha sido especialmente importante no seu percurso académico?

RR - Foram muitas as pessoas que marcaram a minha passagem pela FCUL. O Professor Jorge Palmeirim (que acabou por ser um dos meus orientadores de doutoramento) foi sem dúvida aquele que mais influenciou o meu percurso durante a licenciatura. Ouvir as suas histórias sobre trabalho de campo em lugares exóticos em muito reforçou a minha vontade de seguir conservação/ecologia tropical. Mais recentemente, o meu orientador principal de doutoramento, Christoph Meyer, foi de uma enorme importância e o mesmo se aplica ao meu colega de doutoramento: Adrià López-Baucells. Quase todo o meu trabalho de campo de doutoramento (mais de dois anos na Amazónia brasileira) foi realizado com o Adrià. Ambos partilhamos a mesma paixão pela natureza, pela ciência e pela história natural. O Adrià tem sido uma enorme inspiração e apoio. Espero que todos tenham a sorte de encontrar um tão bom colega e amigo. Eu estou seguro que não poderia ter encontrado melhor pessoa com quem partilhar o doutoramento!


Ricardo Rocha com Adrià López-Baucells e um morcego Lasiurus egregius
Fonte Oriol Massana Valeriano

Qual o motivo para escolher o doutoramento em Biologia – especialização Biologia da Conservação?

RR - Quando tinha sete anos recebi um livro sobre lobos-marinhos (nome dado às focas monge na Madeira). O livro contava a história da quase extinção da espécie no arquipélago. Desde então queria trabalhar com animais, na prática não queria que desaparecessem. O doutoramento em Conservação sempre foi o objetivo, a dúvida era onde e com o quê, acabou por ser na FCUL e com morcegos amazónicos.

Quais foram os melhores momentos desse período?

RR - Os melhores momentos foram os trabalhos de campo. Os sons da Amazónia, a imensidão da floresta, a descoberta da rica biodiversidade. Foi um período mágico.

Como ultrapassou as dificuldades, caso tenham existido?

RR - Tal como muitos amigos meus, que fizeram doutoramento, tive uma fase menos boa quando estava a chegar ao último ano de doutoramento e vi que os anos tinham passado e que não tinha publicações científicas que refletissem o trabalho feito até então. Os níveis de stress andaram bem altos – noites praticamente sem dormir, etc.. Felizmente tive a brilhante ideia de tirar uma semana para ajudar uma colega no campo, foi a melhor terapia. Além disso ter um colega de doutoramento como Adrià e orientadores bastante disponíveis em muito ajudou a ultrapassar as dificuldades.

Quanto ao prémio da SPECO que acaba de receber, ficou surpreendido. O que sentiu com tal distinção?

RR - Como não poderia deixar de ser senti-me super feliz e muito honrado. É sempre bom ver o trabalho reconhecido e fiquei particularmente contente pela possibilidade de poder partilhar esta distinção com os meus orientadores e colegas de projeto. Embora o doutoramento seja individual, o projeto no qual estava inserido foi um esforço conjunto e muitas pessoas contribuíram para o sucesso do mesmo.

Além disso acho que o prémio é importante por uma outra razão. Foram muito poucos os cientistas portugueses negros com quem me cruzei enquanto estudava. Ter conseguido este prémio é sem sombra de dúvidas uma mais-valia para o meu CV mas espero acima de tudo que mostre que a ciência em Portugal pode ser mais diversa. Em muito se fala na importância da diversidade de género e no quão importante é ter cientistas do sexo feminino que sirvam de inspiração a jovens investigadoras. No meu ver o mesmo se aplica às comunidades afro-europeias (onde eu me insiro) e aos outros grupos menos representados na nossa sociedade.

Atualmente, é investigador na Universidade de Cambridge e também colabora com o cE3c. Conte-nos o que está a fazer neste momento?

RR - Atualmente estou a fazer um pós-doutoramento no projeto “Conservation Evidence” que visa avaliar quais as intervenções que são mais benéficas para a conservação da biodiversidade. Trabalhamos com todos os grupos taxonómicos em todos os habitats – é um projeto enorme. Além disso eu e o Adrià estamos a trabalhar com morcegos em Madagáscar e no Quénia. Recentemente começamos a colaborar com outro nosso colega, Diogo Ferreira, com morcegos dos Camarões e Guiné Equatorial.

Por fim, para si o melhor da ciência é?…

RR - Abrir uma janela para o mundo natural.

Ana Subtil Simões, Área de Comunicação e Imagem de Ciências
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
2.º lugar para Alice Nunes

Através de trabalho de campo detalhado na ilha de Santa Maria, nos Açores, investigadores descobriram elementos importantes para a compreensão da origem e evolução de ilhas vulcânicas.

O projeto RESISTIR iniciou-se em abril deste ano e visa criar até abril de 2019 um sistema de informação - inovador, modular, inteligente e adaptável - para apoiar a tomada de decisão clínica no domínio da vigilância epidemiológica, resistência aos antimicrobianos, controlo de infeção e gestão hospitalar.

O ClimAdaPT.Local coordenado pelo grupo CCIAM do cE3c chegou ao fim.

Ciências é oficialmente membro associado do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas. Para além disso, em 2017 a sede vai ficar mais próxima dos cientistas desta instituição.

No ensino universitário normal o aproveitamento/rendimento escolar é também motivo de preocupação em muitos países europeus, embora existam países onde esse rendimento se aproxima dos 100%. Em termos económicos, facilmente se percebe que quanto maior for a taxa de aprovação dos alunos, menor a desistência e a reprovação, mais justificadas estão as verbas públicas  (provenientes dos impostos) que o Estado investiu no sector da educação.

“Os valores associados ao desporto são complementares aos que são necessários para o sucesso académico”, diz Matilde Fidalgo, aluna de Ciências e jogadora de futebol da seleção feminina portuguesa.

Antes de se aposentar em 2014 a Ana Monteiro trabalhou na Biblioteca da FCUL durante alguns anos. Ontem, dia 15 de dezembro, faleceu.

Teve lugar a 27 de outubro no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa (ULisboa) o lançamento oficial do Colégio de Química, o primeiro colégio da ULisboa aprovado na área das Ciências Exatas.

O aumento da temperatura da água leva anfíbios omnívoros a adotar uma dieta mais herbívora. De acordo com o comunicado de imprensa emitido pelo cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Climáticas, “esta é a primeira vez que é estudada em vertebrados a assimilação de dietas mais ou menos ricas em proteínas em função da temperatura”.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O último Dictum et factum de 2016 é com Paulo Silva, técnico superior do Departamento de Física de Ciências.

O QTLeap—Quality Translation by Deep Language Engineering Approaches chega ao fim, mas a investigação em tradução automática continua. Leia a curta entrevista com António Branco, professor do Departamento de Informática de Ciências e coordenador deste projeto, iniciado em novembro de 2013.

“A Onda da Nazaré: um estímulo para a aprendizagem” é financiado pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants) e explica de forma simples e recorrendo a curtas animações os processos associados à existência da maior onda surfada em todo o mundo. 

O curso de Química Tecnológica celebra em 2017 os 35 anos da saída dos seus primeiros licenciados pelo que as próximas “Jornadas QT” realçarão esta efeméride.

Nos últimos anos da troika (2011-2015), a importância da Filosofia foi bastante apreciada, em particular a nível internacional. Este período não foi bom para Portugal, sobretudo porque os jovens licenciados foram colocados de lado e sem trabalho, os sem emprego (ou bolsa), os precários (com vencimento à hora de ocupação, os temporários, sem férias, direitos de saúde...), e os que estavam a mais (e, forçados a emigrar) juntaram a sua indignação e protestaram. Nem sempre com resultados bem visíveis e de pressão real sobre o poder.

A União Europeia das Geociências atribui anualmente um prémio que reconhece atividade científica de exceção a nível mundial, realizada por cientistas desta área na fase inicial da carreira. Este galardão foi atribuído pela primeira vez a um investigador a trabalhar em Portugal. João Duarte é investigador do Instituto Dom Luiz e do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e recebeu este prémio pelo seu trabalho na área da Geologia Marinha e Tectónica, bem como pela sua atividade na área da divulgação científica. 

Nos próximos cinco anos, Sara Magalhães vai explorar um sistema biológico composto por duas espécies de ácaro-aranha, Tetranychus urticae Tetranychus ludeni, que competem por um alimento - a planta do tomate, no âmbito do projeto “COMPCON - Competição sob construção do nicho”, com início previsto para maio de 2017 e desenvolvido em colaboração com investigadores da Universidade de Montpellier, em França.

Aplicações médicas e industriais a partir de organismos que produzem bioadesivos... Sim, é possível. No âmbito de uma Ação COST, a Rede Europeia de Especialistas em Bioadesão, trabalha para criar novos produtos.

O tempo tem demonstrado ser possível avançar na criação de mais e melhores condições de equidade para os alunos com Necessidades Educativas Especiais. Mas este é um desafio permanente para as instituições de ensino, como também o é para cada um de nós e a cada momento, num permanente processo de implicação pessoal em prol de algo que tanto prezamos: a igualdade de oportunidades.

Num desporto o treino é comum e faz parte de um plano para conseguir os melhores resultados, estimulando as capacidades físicas a superarem os desempenhos. Mas, também se podem treinar as mentes para fazer ciência.

O dia-a-dia de Luis Filipe Lages Martins divide-se entre a atividade de investigação em Metrologia com aplicação na Engenharia Civil e a gestão laboratorial da Unidade de Metrologia Aplicada do LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil. O primeiro estudante a obter o grau de doutor em Engenharia Física pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa nasceu em Lisboa e aos 34 anos acaba de ser distinguido com o Prémio Inovação em Metrologia.

Luís Filipe Lages Martins, bolseiro de pós-doutoramento do LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, é o vencedor da 1.ª edição do Prémio Inovação em Metrologia da Sociedade Portuguesa de Metrologia (SPMet).

Em parceria com a Universidade de Lisboa e outras instituições que lecionam o curso de Química, a Sociedade Portuguesa de Química atribui prémios de mérito aos alunos com melhores resultados alcançados nesta área científica.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O 11.º Dictum et factum é com Aurora Sardinha, assistente técnica do Tec Labs – Centro de Inovação de Ciências.

Já só faltam dois eventos para a digressão Ignite IAstro terminar. Amanhã acontece um deles, na Covilhã, o último irá ocorrer na Guarda, a 3 de dezembro.

Onde estou? Para onde vou? As células do lugar ajudam-nos a cartografar (guiar) as nossas viagens no mundo, e constituem uma espécie de andaime espaço/temporal/cerebral que suporta a memória autobiográfica. Como o cérebro computa? Não é com Java, mas com um outro tipo de linguagem ainda a descobrir. O caminho para a compreensão dos códigos neuronais da cognição está aberto, e o desafio está lançado simultaneamente à Biologia, à Ciência da Computação e à Filosofia.

Páginas