Ensaio

Um novo composto de crípton

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Complexo não covalente de composição [KrSF5]+ (Fig. 1), que provem duma molécula estável, [KrSF6]+ (Fig. 2), em resultado da reação direta de hexafluoreto de enxofre com crípton ionizado

Complexo não covalente de composição [KrSF5]+ (Fig. 1), que provem duma molécula estável, [KrSF6]+ (Fig. 2), em resultado da reação direta de hexafluoreto de enxofre com crípton ionizado

Figuras cedidas por NB
Nuno Bandeira
Nuno A. G. Bandeira
Imagem cedida por NB

Os gases nobres são elementos que possuem a sua camada exterior de eletrões completa e que se situam na coluna mais à direita da Tabela Periódica. Este grupo 18 é constituído por hélio, néon, árgon, crípton, xénon, rádon e oganésson. Os gases nobres estão presentes no ar que respiramos, no entanto, a sua presença manteve-se desconhecida até ao final do século XIX. Mesmo depois de conhecidos e isolados, acreditava-se que, devido a terem a camada exterior de eletrões completa, a sua capacidade de formar compostos com outros elementos era reduzida ou mesmo nula. Em 1962, Neil Bartlett reportou a síntese, pela primeira vez, de um composto contendo xénon [1]. Estamos agora a comemorar os 60 anos desse grande marco da Química e esta história está apresentada de maneira sucinta, mas muito apelativa, num artigo publicado por Felice Grandinetti no número de 6 de junho de 2022 da revista Nature [2].

Os gases nobres têm imensas aplicações: o hélio é usado em balões e dirigíveis, em garrafas para mergulho a grande profundidade e em criogenia; o néon é usado em válvulas estabilizadoras de tensão e anúncios luminosos; o árgon é utilizado para se obter atmosferas inertes que permitem fundir determinados materiais e soldar metais; o xénon é usado na iluminação pública e na produção de flashes eletrónicos; e alguns deles, hélio néon e árgon, são usados em lasers.

Apesar dos muitos avanços verificados nestes 60 anos, ainda existe muito a descobrir sobre a química dos gases nobres. Têm existido importantes desenvolvimentos recentes e, por exemplo, talvez seja possível gerar num futuro próximo novas estruturas estáveis de gases nobres recorrendo a eletrófilos aniónicos [3].

A nossa equipa, que envolve investigadores do Centro de Química Estrutural (IST e Ciências ULisboa) e do BioISI, estuda a reatividade de gases nobres na fase gasosa, tentando entender quais os fatores que são importantes na química destes elementos.

Esses estudos são feitos experimentalmente recorrendo a espectrometria de massa de ressonância ciclotrónica de iões com transformada de Fourier [4] e também recorrendo a cálculos computacionais usando modelos teóricos avançados.

figura
Figura 3: O ião [KrSF6]+ com uma ligação Kr-F covalente
Fonte Figura cedida por NB

Num estudo publicado a 27 de maio deste ano, a equipa provou experimentalmente a existência de um complexo não covalente de composição [KrSF5]+ (Fig. 1), que provem duma molécula estável, [KrSF6]+ (Fig. 2), em resultado da reação direta de hexafluoreto de enxofre com crípton ionizado [5].

Sem entrar em pormenores demasiado técnicos, podemos dizer que se mostrou que o crípton ionizado reage com uma molécula neutra de SF6 dando origem a um composto até agora desconhecido.

Os cálculos computacionais permitiram uma interpretação da estabilidade da nova espécie e da sua precursora, aumentando o nosso conhecimento e capacidade de previsão da química dos gases nobres.

O grupo dos gases nobres é conhecido por demonstrar pouca reatividade. Juntamente com os cientistas Sandrina Oliveira, Joaquim Marçalo, João Paulo Leal, Leonor Maria, José Carretas, Bernardo Monteiro provámos experimentalmente, por intermédio da técnica espectrometria de massa, a existência dum complexo não covalente de composição [KrSF5]+ e cuja proveniência advém da molécula estável [KrSF6]+, representada na figura 3, resultado da reação direta do hexafluoreto de enxofre (SF6) com o crípton ionizado (Kr+). Estes resultados aumentam o nosso conhecimento da química dos gases nobres uma área ainda pouco explorada da Química Inorgânica e com enorme potencial para se expandir.

Referências

[1] Bartlett, N.; Xenon Hexafluoroplatinate(V) Xe+[PtF6]-; Proceedings of the Chemical Society, 1962, 218. DOI: 10.1039/PS9620000197

[2] Grandinetti, F.; 60 Years of Chemistry of the Noble Gases; Nature, 06 June 2022. DOI: 10.1038/d41586-022-01534-0

[3] Rohdenburg, M.; Azov, V. A.; Warneke, J.; New Perspectives in the Noble Gas Chemistry Opened by Electrophilic Anions; Frontiers in Chemistry, 2020, 8, 580295. DOI: 10.3389/fchem.2020.580295

[4] Marçalo, J.; A Espectrometria de Massa de Ressonância Ciclotrónica de Iões com Transformada de Fourier; Química - Boletim da Sociedade Portuguesa de Química, 1997, 66, 32-41. DOI: 10.52590/M3.P590.A3000807

[5] Oliveira, S.; Bandeira, N. A. G.; Leal, J. P.; Maria, L.; Carretas, J. M.; Monteiro, B.; Marçalo, J.; A New Krypton Complex – Experimental and Computational Investigation of the Krypton Sulphur Pentafluoride Cation, [KrSF5]+, in the Gas Phase; Physical Chemistry Chemical Physics, 2022, 24, 14631 -14639. DOI: 10.1039/D1CP05814B

Nuno A. G. Bandeira, investigador do DQB e do BioISI Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
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A Faculdade participou nos “Encontros com a Inovação em Saúde – 8.ª Edição” e na 4.ª Edição do “Mercado de Inovação em Saúde”.

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“Gostaria de continuar envolvida em projetos ligados às tecnologias médicas, que sejam inovadores e que procuram ter impacto e melhorar o bem-estar das pessoas”, conta Daniela Marques Godinho, a aluna de doutoramento em Engenharia Biomédica e Biofísica de Ciências ULisboa, distinguida com o 3.ª lugar do Best Student Paper, edição de 2018, durante o 12.º Congresso do Comité Português da URSI.

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A visita de Sang-Mook Lee a Portugal tem como objetivo científico a magnetometria em furos de sondagens e contempla passagens pelo campus de Aljustrel do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, Almina, Minas de Aljustrel e Mina de Ciência - Centro Ciência Viva do Lousal.

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A primeira imagem direta de um buraco negro foi divulgada esta quarta-feira, dia 10 de abril, em sete conferências de imprensa simultâneas, pela iniciativa internacional Event Horizon Telescope.

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Raquel Figueiredo, estudante de doutoramento em Sistemas Sustentáveis de Energia, é a primeira autora do artigo que será publicado na edição de junho do Journal of Cleaner Production e que avalia alternativas renováveis às centrais de carvão em Portugal.

"Torna-se urgente e imperativo travar e reverter todo este processo de destruição. Amemos ou odiemos os insetos, o certo é que será difícil sobrevivermos sem eles", escreve o cientista José Alberto Quartau.

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A feira de emprego de Ciências já vai na X edição e todos os anos mais empresas estão presentes assim como mais estudantes participam na iniciativa.

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O Prémio Ferreira da Silva 2018 da Sociedade Portuguesa de Química (SPQ) é atribuído a Maria José Calhorda, professora do Departamento de Química e Bioquímica de Ciências ULisboa, e será entregue durante o XXVI Encontro Nacional da SPQ, a ocorrer no Porto, de 24 a 26 de julho de 2019.

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Resultados preliminares da missão oceanográfica a bordo do RV METEOR parecem confirmar a presença de eventos catastróficos e que afetaram a costa portuguesa ao longo dos últimos 12 mil anos.

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"Robots mediating interactions between animals for interspecies collective behaviors" da autoria de Frank Bonnet, Rob Mills, Martina Szopek, Sarah Schönwetter-Fuchs, José Halloy, Stjepan Bogdan, Luís Correia, Francesco Mondada e Thomas Schmickl é um dos artigos da Science Robotics, publicado a 20 de março de 2019.

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A Direção da Faculdade visitou em fevereiro e março os dez departamentos de Ciências ULisboa. “Acho que foi muito positivo”, comenta Luís Carriço, diretor de Ciências ULisboa mencionando ainda que as reuniões permitiram a apresentação e discussão de ideias muito interessantes.

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“Recomendamos que as autoridades reconheçam este impacto alargado da produção de energia eólica e estabeleçam novas medidas reguladoras a aplicar em áreas importantes para a migração de aves planadoras que permitam conciliar a produção de energia eólica com a conservação da vida selvagem”, diz Ana Teresa Marques, estudante de doutoramento em Biodiversidade, Genética e Evolução e primeira autora do artigo “Wind turbines cause functional habitat loss for migratory soaring birds”, publicado no Journal of Animal Ecology.

Nélson Pinto

A Glintt - Global Intelligent Technologies conta já com mais de 1050 colaboradores, entre eles alguns ex-alunos de Ciências ULisboa, como é o caso de Nélson Pinto, licenciado em Engenharia Informática e mestre em Engenharia Informática, especialização em Sistemas de Informação. Leia o seu testemunho, fique a par das vantagens do curso e de como é que é trabalhar nesta empresa, que opera a partir de dez escritórios, sediados em seis países - Portugal, Espanha, Reino Unido, Irlanda, Angola e Brasil.

IEEE

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Pavilhão do Conhecimento

A Ciência Viva volta a homenagear as mulheres cientistas portuguesas, destaque para as personalidades de Ciências ULisboa - Cristina Branquinho, Cristina Máguas, Diana Prata, Margarida Santos-Reis, Margarida Telo da Gama,Maria Ivette Gomes e Vanda Brotas.

Lucanus cervus macho

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