Sergio Chozas, 45 anos
Doutorado em Biologia, especializado em Ecologia de Plantas (cE3c - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais / Ciências ULisboa)
Sergio Chozas cresceu em Espanha e é um dos muitos biólogos da sua geração que deve a Félix Rodrígues de la Fuente, e aos seus programas de televisão, a paixão pela natureza e pela ciência. Também nos seus tempos de lazer encontra tempo a “passear e identificar plantas e bichos em família”. Trabalha como investigador no cE3c, onde se dedica à integração dos dados da biodiversidade existente, fundamentais para toda a investigação científica. Aponta a perda da biodiversidade e as alterações climáticas com os dois grandes desafios futuros da ciência. É um consumidor ávido de podcasts (esta entrevista tem uma mão cheia de sugestões).
Que trabalho de investigação desenvolve? Que respostas pretende encontrar com a sua investigação?
Sérgio Chozas (SC) - Sou investigador no Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (CE3C). Atualmente sou bolseiro de pós-doutoramento no projeto “PORBIOTA, Portuguese E-Infrastructure for Information and Research on Biodiversity”. Este projeto tem como missão a integração dos dados de biodiversidade existentes, com o objetivo de prestar serviços à administração, à comunidade científica e à sociedade. Além disso, o PORBIOTA visa desenvolver programas de monitorização e indicadores globais capazes de detetar e analisar tendências da biodiversidade. Adicionalmente, estou interessado no estudo de pequenas formações naturais (SNF: small natural features), nomeadamente afloramentos rochosos, como soluções naturais (NbS, Nature-based solutions) capazes de aumentar a biodiversidade e, ao mesmo tempo, promover serviços do ecossistema e mitigar os impactos das alterações climáticas no montado.
Uma sugestão para quem nos lê (leitura / audição / visualização)...
Gosto de ouvir Princípio de Incertidumbre, podcast sobre ciência em espanhol, In Defense of plantas, podcast e blog sobre plantas em inglês. De leitura recomento qualquer um de Gerall Durrell ou Jared Diamond ("Colapso" seria a escolha certa para estes dias). De um autor português recomendo o livro do nosso colega Francisco Dionísio: “Uma tampa para cada tacho - Conflitos genéticos e evolução”.
Quando não estou a fazer ciência estou a...
Tomar conta dos meus filhos ;). Felizmente eles adoram natureza e junto a minha mulher, também bióloga, gostamos de passear ver e identificar plantas e bichos (já ouviram falar da app de Biodiversity4all?). Adoro história e ouvir podcasts de história (Histocast e Memorias de un tambor, ambos em espanhol).
Quais são para si os grandes desafios da ciência para as próximas décadas?
SC - O grande desafio é conseguirmos as ferramentas que permitam atingir um desenvolvimento sustentável. Sendo esta a única forma de travar os principais problemas que a humanidade enfrenta: as alterações climáticas e a perda da biodiversidade.
O que o trouxe para a Ciência?
SC - Sempre gostei da natureza e era uma criança muito curiosa, mas reconheço que sou um dos muitos biólogos espanhóis da minha geração que ficámos apaixonados pela natureza graças ao Félix Rodríguez de la Fuente e aos seus programas de televisão.
Que conselhos dá aos mais novos (alunos e/ou futuros alunos de Ciências) que pensam seguir a carreira de investigação?
SC - Comecem logo possível a trabalhar e colaborar com investigadores e professores das áreas que mais gostam. Esta experiência vai fazer, não só que adquiram conhecimentos técnicos, mas também vai ajudar-vos a perceber do que realmente gostam.
* Na rubrica "O que faço aqui?" compilamos entrevistas a investigadores do universo Ciências ULisboa, que nos falam sobre a investigação que fazem, os grandes desafios da ciência mas também de outras paixões que alimentam. Ler todas as entrevistas.