Ontem tivemos um dia comparativamente calmo, depois de uma noite bem dormida. As operações de perfuração atingiram um ritmo inesperado. Após seis operações em que o corer regressou vazio ao convés, estávamos desalentados. Testámos tudo o que pudesse explicar os desaires, mas nada resultou. A única conclusão lógica foi a escassez de sedimento, que impedia o corer de adquirir suficiente sedimento para que este penetrasse o suficiente e estabilizasse no seu interior.
As três operações seguintes de recolha de sedimentos, marcadas em locais próximos, e semelhantes aos anteriores, foram coroadas de êxito, o que nos permitirá utilizar os nossos aparelhos (que trouxemos de Lisboa) em condições de exigência real, ou quase, de uma operação de prospecção mineral para sistemas hidrotermais extintos e/ou cobertos por sedimentos.
Entretanto prosseguem as restantes operações, tendo-se concluído a colocação dos vários tipos de sensores. Alguns irão ficar no fundo mais de dois meses, sendo recolhidos pela equipa que aqui volta em julho/agosto, a bordo do James Cook [na qual participa a Sofia]. Durante três dias, a ênfase é a medição das propriedades sísmicas da zona. De dez em dez segundos um sinal audível é emitido do navio, e detectado pelos numerosos OBS instalados.
Resta ampliar e refinar os vários tipos de cartografia, seja batimetria, magnetometria, medição de propriedades da água que possam indiciar actividade hidrotermal (Eh, pH, temperatura, etc.).
Aparte uma chuvada ontem de manhã, o tempo tem continuado bom, com agitação do mar em valores baixos a moderados. Durante o dia pouca ou nenhuma fauna se avista; à noite as luzes fortes atraem alguns, poucos, animais, porque com o fundo a mais de 3500 metros de profundidade a produtividade biológica deve ser baixa, e com escassos alimentos a cadeia alimentar é magra.
E por agora é tudo.
Fernando e Sofia
Nota da redação: os autores não seguem o atual Acordo Ortográfico.