Entrevista a José María Moreno Madrid

A Porta do Pacífico: Uma viagem cartográfica pelo Estreito de Magalhães

espaço da exposição

A exposição está patente até junho de 2023

DCI Ciências ULisboa
José Madrid
José María Moreno Madrid
Fonte DCI Ciências ULisboa

Entrevista a José María Moreno Madrid, curador da exposição “A Porta do Pacífico: Uma viagem cartográfica pelo Estreito de Magalhães”, inaugurada no dia 3 de novembro de 2022. A exposição constitui uma mostra cartográfica sobre a construção da imagem do Estreito de Magalhães nos inícios da Idade Moderna. Pode ser visitada até junho de 2023, na Galeria de Ciências (Edifício C4).

A exposição é realizada no âmbito do projeto “Making the Earth Global: Early Modern Nautical Rutters and the Construction of a Global Concept of the Earth (RUTTER)”. José María Moreno Madrid é aluno de doutoramento em História e Filosofia das Ciências e investigador no Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia (CIUHCT).

 

Em que consiste o projeto RUTTER?

José María Moreno (JMM) - O projeto RUTTER “Making the Earth Global” é um projeto financiado pelo European Research Council (ERC) com uma Advanced Grant e liderado pelo professor Henrique Leitão. O nosso objetivo principal é, através do estudo de documentação náutica dos séculos XVI-XVIII, principalmente roteiros portugueses e espanhóis, explorar e entender fenómenos naturais e científicos que ilustram o processo de globalização que começou na Idade Moderna.

Quem são as entidades e pessoas envolvidas?

JMM - O projeto RUTTER depende do European Research Council (ERC), e é formado por um amplo grupo de especialistas e académicos de vários países (Portugal, Espanha, Itália, Alemanha). Os seus perfis e linhas de investigação podem ser consultados no site do projeto.

Sobre que tema se debruça a sua tese de doutoramento?

JMM - Na minha tese de doutoramento analiso as relações entre ciência, nomeadamente ciência náutica, e império na Idade Moderna, com especial atenção aos impérios ibéricos no século XVI. Estou concentrado em como as viagens oceânicas de longa distância se tornaram entidades tecnológicas definidas, incluindo enquadramentos legais, técnicos, científicos e logísticos muito particulares.

Na exposição são exibidos 22 mapas, que documentam a evolução da representação do Estreito de Magalhães ao longo de 100 anos (de 1520 a 1620). Como surgiu esta ideia de expor estes documentos na Galeria de Ciências da Faculdade?

JMM - A ideia vem diretamente de um livro que escrevi em coautoria com o professor Henrique Leitão – “Desenhando a Porta do Pacífico. Mapas, cartas e outras representações visuais do Estreito de Magalhães, 1520-1671”. A exposição é, em certa medida, uma reflexão museográfica das ideias que explorámos no livro.

pessoas na inauguração da exposição
A inauguração da exposição decorreu no passado dia 3 de novembro
Fonte DCI Ciências ULisboa

Como foi trabalhar com o professor Henrique Leitão na edição dos dois livros: “Atravessando a Porta do Pacífico” e “Desenhando a Porta do Pacífico”?

JMM - Foi um verdadeiro luxo! Aprendi e desfrutei muito na escrita de ambos os livros. Estamos atualmente a trabalhar num novo projeto sobre a questão da longitude como problema científico no início do século XVI, que esperamos seja publicado em breve.

Para além dos mapas, que mais podemos encontrar na exposição?

JMM - Um dos objetivos da exposição é mostrar que houve muitos outros objetos visuais, para além dos mapas, no processo de construção da imagem do Estreito de Magalhães. Por isso apresentam-se também esboços e desenhos mais rudimentares feitos por pilotos, e até planos de fortificações desenhados por engenheiros para proteger o passo do Estreito. Na mesma lógica são apresentados vários roteiros, isto é, documentos náuticos redigidos por pilotos com indicações para as suas navegações que, em muitas ocasiões, serviam como base para o desenho dos mapas.

Na tour virtual explica que há uma ideia de um certo determinismo na evolução dos mapas cartográficos, mas que a ideia não é assim tão correta. Pode explicar porquê?

JMM - É tentador pensar que, à medida que a ciência cartográfica avançava e o nível tecnológico das expedições aumentava, o nível de precisão geográfica dos mapas que representam o Estreito de Magalhães iria aumentar de maneira simultânea. Mas, na verdade, não foi isto que aconteceu. Fatores como as informações utilizadas para desenhar os mapas, o tipo de objeto cartográfico que se está a desenhar ou a própria complexidade do Estreito resultaram em mapas de diversas “qualidades”, independentemente da cronologia em que estiveram a ser desenhados.

O que mais o fascina na história dos descobrimentos marítimos e rotas náuticas?

JMM  - Desde o ponto de vista da história da ciência e da tecnologia, são processos realmente fascinantes. Surgiram novos problemas científicos nunca antes levantados - tais como o controle da navegação de longa distância ou os desafios derivados da navegação astronómica -, e, portanto, soluções completamente novas, que ainda precisam de ser estudadas em pormenor. Estes novos problemas são eminentemente tecnológicos, mas outras vezes são também de teor conceptual.

O que diria a quem ainda não visitou a exposição?

JMM  - Recomendo imenso fazer uma visita, especialmente àquelas pessoas que não estejam muito familiarizadas com o tópico. Não só pela beleza dos documentos e objetos apresentados, mas pelo substrato técnico e científico que os tornou possíveis. Assim, a mostra permite perceber um pouco melhor os processos de construção visual de um espaço geográfico nos inícios da Idade Moderna, quando ainda não existiam GPS’s ou Google Earth.

 

 

 

Marta Tavares, Gabinete de Jornalismo Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
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Décima oitava rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade. A empresa em destaque é a Sowé.

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Investigação conjunta entre o BioISI Ciências ULisboa, a CIC NanoGUNE e a Universidade de Glasgow permite um avanço no conhecimento sobre quimioterapias com óxidos de molibdénio e realça as nuances pelas quais os sucessivos equilíbrios de pH controlam a ação oncocida aparente do {Mo7}.

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O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e a Ciências ULisboa assinaram recentemente um contrato de cooperação para desenvolvimento de viveiros de espécies dunares.

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Como será o clima da Terra quando o próximo supercontinente se formar? Ana Pires, comunicadora de ciência do IDL Ciências ULisboa, escreve sobre a nova publicação que tem em conta o impacto da tectónica de placas, da rotação do planeta e da radiação solar no clima futuro da Terra. Este novo trabalho publicado na revista Geochemistry, Geophysics, Geosystems da American Geophysical Union é da autoria dos cientistas Michael Way, Hannah Davies, João C. Duarte e Mattias Green.

Uma aplicação mais recente da fotogrametria é a robótica com base em câmaras estéreo, usada em veículos autónomos terrestres e espaciais, como é o caso do Perseverance

"Não é de mais dizer, que hoje em dia, a fotogrametria é indispensável na cartografia da Terra e que leva a Engenharia Geoespacial até à superfície de Marte", escreve Paula Redweik, professora do DEGGE Ciências ULisboa, por ocasião das comemorações do centenário do curso de Engenharia Geográfica/Geoespacial.

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"A comunicação tem múltiplas funções num organismo. Uma boa prática, por exemplo, passa por acautelar a reputação dessa estrutura, e para que tal aconteça quem trabalha numa organização deve conhecer esse organismo, nomeadamente a sua missão, visão e lema; e o conjunto de pessoas que constituem esse grupo de trabalho", escreve Ana Subtil Simões, editora da Newsletter de Ciências.

Cumprimento entre Bernardo Duarte e o Reitor da ULisboa

A 26 de julho comemorou-se o Dia da ULisboa. A sessão decorreu na Aula Magna, e contou com a Cerimónia de Entrega de Prémios Científicos ULisboa/CGD das edições de 2019 e 2020. Num conjunto de 18 prémios e 23 menções honrosas, nesta edição de 2020, foram atribuídos quatro prémios e quatro menções honrosas a docentes e investigadores da Ciências ULisboa.

Trabalho a decorrer no âmbito da campanha oceanográfica EMSO-PT Leg 1

O Instituto Dom Luiz (IDL) da Ciências ULisboa é responsável pelo desenvolvimento e construção de estações sísmicas de fundo oceânico (OBS).

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Mais uma crónica por ocasião das comemorações do centenário do curso de Engenharia Geográfica/Geoespacial, desta vez da autoria de Ana Cristina Navarro Ferreira, professora do DEGGE Ciências ULisboa.

Jorge Relvas

Jorge Relvas, professor do Departamento de Geologia da Ciências ULisboa e investigador do Instituto Dom Luiz, é o primeiro português a ser distinguido com a medalha da Society for Geology Applied to Mineral Deposits.

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