Novos métodos de aprendizagem em Ciência


João Telhada e Lisete Sousa
Fonte DEIO-FCUL

A docência e os resultados da aprendizagem representam um elemento fulcral da atividade da FCUL. A evolução na diversidade do corpo discente coloca desafios permanentes, aos quais a FCUL deve dar a melhor resposta. Sendo certo que a qualidade do ensino que a FCUL ministra tem um nível assinalável, tal como confirmam os inquéritos pedagógicos, não deixa de constituir um desafio relevante a melhoria constante dessa importante e substancial parte da missão da FCUL.

Foi no quadro descrito que promovemos a sessão intitulada "Novos Métodos de Aprendizagem em Ciência", que teve lugar no passado dia 19 de junho, na FCUL. Esta sessão, incentivada fortemente pela Direção da FCUL, pretendeu estimular a troca de ideias sobre a importante temática do ensino e da aprendizagem, no contexto da aquisição de competências nas áreas do domínio da FCUL. Desde o início, ficou definido que a sessão deveria constituir um espaço informal de debate e partilha de opiniões e experiências sobre a temática. Os objetivos definidos para o evento foram claramente atingidos, tendo ficado a ideia generalizada entre os presentes de uma provável e desejável continuação do debate agora iniciado, focando outros tópicos e permitindo a troca e geração de ideias.

Para o sucesso do evento contribuíram de modo significativo os palestrantes convidados, que trouxeram para o debate temas de especial interesse. O engenheiro Pedro Fernandes (Instituto Gulbenkian de Ciência) efetuou uma apresentação intitulada "Bases para utilização de métodos e recursos abertos no Ensino", que focou ferramentas e processos já existentes de distribuição online de conteúdos científicos. A professora Maria Amélia Martins-Loução (FCUL) trouxe elementos sobre o método Inquiry Based Science Education (IBSE), focando aspetos da sua aplicação nos vários níveis de ensino, numa apresentação sob o título "O IBSE no ensino superior: será possível a sua aplicação?". Para comentar estas duas contribuições, bem como outros temas relevantes, estiveram presentes os professores Cristina Catita (DEGGE-FCUL), Jorge Relvas (DG-FCUL) e Luís Peralta (DF-FCUL), numa mesa-redonda moderada pela subdiretora da FCUL, professora Fernanda Oliveira. O debate foi profícuo e abordou diversas questões suscitadas em torno do ensino da Ciência.

De facto, o ensino tem um papel central na atividade da FCUL. O propósito primeiro da FCUL é servir os alunos, através do fornecimento de competências distintivas e diferenciadoras, atingindo por esse meio um papel de excelência na criação de valor para a sociedade. Nesse processo, importa não esquecer a formação no campo da cidadania e da capacidade de intervir em matérias de relevância social.

Por outro lado, interessa sublinhar a crescente competitividade interuniversitária, particularmente agravada pelo efeito demográfico que aponta para uma substancial diminuição da procura. Esse fenómeno é hoje em dia amplificado por força da crise económica e financeira. Pesa adicionalmente, se bem que de uma forma ainda disfarçada, o abandono escolar precoce no ensino superior, certamente induzido pelas existentes dificuldades financeiras. De resto, o próprio CRUP já reconheceu, no início do corrente ano, essa realidade como um fenómeno a observar com preocupação.

A competitividade assim resultante deve ser encarada como um estímulo para a melhoria continuada do ensino que oferecemos, a qual deverá assentar na excelência de conteúdos mas também, sobretudo, na qualidade da metodologia de ensino, sem a qual o primeiro propósito se torna inconsequente. Paralelamente, a aposta na melhoria da qualidade do ensino poderá ainda permitir reforçar a qualificação dos diplomados enquanto recursos inseridos no tecido económico, com os evidentes efeitos na melhoria do nível de competitividade da economia nacional. Para além desse aspeto, essa via induzirá igualmente um fortalecimento da capacidade instalada para investigação científica, capaz de ultrapassar a falta de uma condução estratégica efetiva, registada no passado recente a diversos níveis. Por seu turno, o reforço da habilitação científica do corpo docente, e a investigação científica no geral, tem um papel coadjuvante essencial na missão da FCUL. Logo, importa atuar no cerne da questão que é a contínua melhoria e adaptação do ensino ministrado, vistas as importantes consequências já apontadas. Os processos deverão ter por base um crescente aumento da eficiência e da rentabilização do esforço docente colocado ao serviço dos alunos, o que levantará novas questões sobre a forma como é medido o serviço docente e de que forma é que o mesmo é ponderado no contexto da atividade de docência no ensino superior.

É neste quadro que se coloca um primeiro desafio identificado no evento do passado dia 19 de junho. Trata-se de encontrar os mecanismos que permitam centrar de modo efetivo o interesse e a preocupação dos docentes na problemática do ensino. O sistema atual promove um distanciamento desta realidade, seguindo um histórico dos últimos anos de financiamento indireto, sujeito a arbitrariedades e a desfasamentos, e artificialmente colocando a preocupação em outras atividades. Urge compreender como reequilibrar as preocupações e como equacionar as subsequentes medidas, sublinhando a importância do ensino, sem o qual toda a atividade da FCUL perde relevância.

Imagem de professores a debater novos métodos de aprendizagem em Ciências
Pedro Fernandes, Fernanda Oliveira, Maria Amélia Martins-Loução, Luís Peralta, Jorge Relvas e Cristina Catita abordaram diversas questões suscitadas em torno do ensino da Ciência
Fonte DEIO-FCUL

Um outro plano focado significativamente no debate foi o da falta geral de preparação dos alunos nas chamadas soft skills e, também, na integração de competências. A qualidade da formação será tão mais diferenciada quanto mais os seus graduados forem capazes de integrar habilmente as diversas competências que assimilaram no seu percurso académico. Para além desse aspeto, é nesse processo de intersecção que resultam as criações de novo valor, cuja transferência para a economia deve ser uma constante preocupação da FCUL.

Surge, nessa sequência, o segundo desafio identificado que foi o de descobrir processos de implementar nas atuais fórmulas curriculares espaços que promovam a integração de competências ou, por outras palavras, soluções "horizontais". Esses espaços poderão constar dos planos de estudos dos cursos ou, simplesmente, constituir atividades extracurriculares suficientemente apelativas para que os alunos a elas adiram.

Como ficou bem patente por estas breves palavras, o tema do ensino e da aprendizagem da Ciência tem um caminho longo, mas aliciante, para percorrer em termos de debate, de inovação e de concretização. Estamos certos que nesta matéria a FCUL, tal como em outras ocasiões, saberá responder afirmativamente de modo a criar exemplos e modelos a seguir. Para tal, à semelhança de outros desígnios a dar resposta, será essencial construir uma coesão institucional sólida e robusta.

João Telhada e Lisete Sousa, professores do Departamento de Estatística e Investigação Operacional da FCUL
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
saída de campo da Geologia

A Faculdade tem um novo ciclo de estudos acreditado pela  Agência e Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), para substituição dos mestrados na área da Geologia com 90 ECTS. O novo mestrado em Geologia tem a duração de dois anos, com 120 ECTS.

Pedreira

O mestrado em Geologia tem como objetivo formar profissionais com uma formação sólida em áreas chave das Ciências da Terra e que possam responder aos desafios da sociedade do século XXI. Artigo de opinião do Departamento de Geologia a propósito deste novo plano de estudos.

Mesa com vários oradores no grande auditório da Faculdade

A sessão de abertura do 30th International Carbohydrate Symposium foi antecipada e presencial, tendo sido gravada em Ciências ULisboa, para ser apresentada internacionalmente a 10 de julho, primeiro dia do simpósio. A cientista Amélia Pilar Rauter, nesta crónica, descreve o que aconteceu nessa sessão, o antes e depois… O simpósio termina a 15 de julho e segundo a presidente da International Carbohydrate Organisation  serão apresentadas as invenções e descobertas mais recentes, muitas delas relevantes para a sociedade.

dois alunos no laboratório

Doze alunos do Clube Ciência Viva da Escola Secundária Padre António Vieira visitaram um dos laboratórios da Faculdade. A visita foi organizada pelo professor Octávio Paulo, orientada por dois alunos da Faculdade.

Imagem do palco do evento com oradores em destaque

“A iniciativa alcançou o sucesso científico desejado, prontamente reconhecido pela maioria dos seus participantes, (...) o que confirma o interesse crescente que os temas dos riscos urbanos têm vindo a suscitar, no seio da comunidade técnica e científica internacional”, escreve Paula Teves-Costa, presidente da Comissão Organizadora da ICUR2022.

evento da ECFS com pormenor para sigla da sociedade

Carlos M. Farinha, professor do Departamento de Química e Bioquímica da Ciências ULisboa e investigador do Grupo de Investigação em Fibrose Quística, incluído no Grupo de Genómica Funcional e Proteostase do BioISI, foi eleito membro do Conselho de Direção da Sociedade Europeia de Fibrose Quística (ECFS sigla em inglês).

Dua jovens observam espécies no campus da Faculdade

"O BioBlitz é uma metodologia para realizar uma avaliação rápida da biodiversidade de um local num determinado período de tempo", escrevem Patrícia Tiago e Sergio Chozas, coordenadores do +Biodiversidade @CIÊNCIAS. Há cerca de um mês dinamizaram um BioBlitz no campus da Faculdade. Leia a crónica dos cientistas sobre o assunto.

Imagem de satélite da erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai

Estudo publicado na Nature e liderado por investigadores do Instituto Dom Luiz da Ciências ULisboa e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) explica o mecanismo por detrás da geração e propagação do tsunami incomum, ocorrido após a explosão colossal do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai, em Tonga.

Imagens relacionadas com o mestrado em Bioquímica e Biomedicina

"Há importantes mudanças no plano de estudos. Simplificámos o percurso formativo, abolindo áreas de especialidade, mas dando grande liberdade aos alunos para a escolha das optativas que mais lhes interessam e ampla escolha", escrevem Cláudio M. Gomes, Margarida Gama Carvalho e Carlos Cordeiro, membros da Comissão de Coordenação do Mestrado em Bioquímica e Biomedicina.

Imagens do campus, laboratórios e salas de aula

Entrevista com os professores Cláudio M. Gomes, Margarida Gama Carvalho e Carlos Cordeiro - membros da Comissão de Coordenação do Mestrado em Bioquímica e Biomedicina -, sobre o mestrado em Bioquímica e Biomedicina. Até maio de 2022, cerca de 165 alunos concluíram com sucesso este mestrado, criado em 2009.

bioplásticos

O BioLab Lisboa é palco do evento Young Creators – BioLab Edition, que se realiza entre 4 e 8 de julho e cujas inscrições terminam a 2 de julho. O programa destina-se a pessoas com mais de 12 anos. O objetivo desta iniciativa é incentivar a criatividade e o desenvolvimento de novas ideias, através do acesso a equipamentos e ao conhecimento na área da Biotecnologia.

Jovem em frente ao computador

A 1.ª fase de candidaturas aos mestrados da Faculdade decorre até 11 de julho. Esteja atento às redes sociais da Faculdade e conheça os testemunhos de quem frequenta estes cursos. Para Fernanda Oliveira, subdiretora da Direção, “a Faculdade tem uma oferta formativa muito diversificada”.

Complexo não covalente de composição [KrSF5]+ (Fig. 1), que provem duma molécula estável, [KrSF6]+ (Fig. 2), em resultado da reação direta de hexafluoreto de enxofre com crípton ionizado

Este ano comemora-se os 60 anos da descoberta da reatividade dos gases nobres nomeadamente do xénon. Nuno A. G. Bandeira, investigador do Departamento de Química e Bioquímica e do BioISI Ciências ULisboa, escreve sobre os gases nobres, suas aplicações e um estudo recente da sua autoria e de cientistas do Centro de Química Estrutural e que apresenta um novo composto de crípton.

Logotipo GMC

A primeira fase de decisões da primeira volta do Global Management Challenge 2022 terminou no passado dia 14 de junho. Em competição estiveram 206 equipas a nível nacional - compostas por estudantes, quadros de empresas ou mistas -, duas delas incluem estudantes da Ciências ULisboa.

Grande auditório da Faculdade com pessoas

Vale a pena recordar os 111 anos comemorados no grande auditório da Faculdade no canal YouTube, numa viagem imaginária a Marte, com a tradicional entrega de prémios e distinções e outros momentos singulares, assim como conhecer a opinião daqueles que participaram no evento.

sao jorge ao fundo e logotipo da iniciativa

“Andamentos da Ciência” é o novo ciclo de conferências da Ciências ULisboa que arranca no próximo dia 22 de junho. Nesta iniciativa, especialistas de diferentes áreas do conhecimento vão partilhar o saber sobre os temas mais atuais da sociedade, na forma de comunicações inspiradas nas palestras TED.

quatro estudantes

O Departamento de Geologia atribuiu 14 cartas de reconhecimento de mérito aos melhores alunos da licenciatura em Geologia de 2019/2020 e de 2020/2021. O Gabinete de Jornalismo entrevistou alguns dos estudantes distinguidos na ocasião. Saiba o que pensam sobre o curso que frequentaram na Faculdade e o que estão a fazer neste momento.

conjunto de pessoas no palco

Numa cerimónia realizada durante a Feira Nacional da Agricultura 2022, em Santarém, foi apresentado e contratualizado o projeto AdaptForGrazing, inscrito no Plano de Recuperação e Resiliência. O projeto é coordenado por Cristina Branquinho, professora do Departamento de Biologia Vegetal da Faculdade e investigadora do cE3c.

Praia

No próximo dia 17 de junho, na praia de Albarquel, em Setúbal, decorrem as atividades “Ida à Maré e Festa na Praia”, promovidas pelo projeto bLueTIDE. Estas atividades contam com a participação de investigadores do MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, polo da Ciências ULisboa, com o apoio da Incubadora do Mar & Indústria da Figueira da Foz.

Ato solene da atribuição do título no Centro Cultural Alcazaba de Mérida

Ricardo Trigo, professor do Departamento de Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia e investigador do Instituto Dom Luiz, recebe título doutor honoris causa da Universidade da Extremadura, numa cerimónia que teve lugar no Centro Cultural Alcazaba de Mérida, em Badajoz, Espanha, no passado dia 1 de junho.

Galardoados com os Prémios Verdes

O COVIDETECT é o vencedor dos Prémios Verdes na categoria investigação. “É uma distinção que muito nos honra e que reforça o caráter inovador e visionário do projeto”, diz Mónica Vieira Cunha, professora do Departamento de Biologia Vegetal da Ciências ULisboa, investigadora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c) e coordenadora científica do consórcio.

lancha hidrográfica leva os alunos para o rio

Durante o mês de maio, uma turma de alunos do 3.º ano, finalistas do curso de Engenharia Geoespacial deslocou-se em trabalho de campo até à Praia de Santo Amaro, em Oeiras, para realizar um levantamento topo-hidrográfico da praia. O trabalho constitui o projeto final da disciplina de Hidrografia, ministrada pelo professor Carlos Antunes.

Anfiteatro com os participantes da homenagem

Este ano a celebração do Dia Mundial da Terra no Departamento de Geologia foi ainda mais especial:organizaram a conferência “A evolução da Geologia costeira em Portugal e principais desafios futuros” com o objetivo de surpreender e homenagear César Andrade, professor na Faculdade há 43 anos. A reportagem inclui vários testemunhos de colegas e antigos alunos.

Joana Ribeiro, Bárbara Henriques e Filipa Carvalho no simpósio

A Sociedade Portuguesa de Doenças Metabólicas (SPDM) atribuiu uma bolsa de apoio à investigação Dr. Aguinaldo Cabral, no valor de 10.000€, a Bárbara Henriques, investigadora do Departamento de Química e Bioquímica e investigadora principal do Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI), polo da Ciências ULisboa. É a primeira vez que um investigador da Ciências ULisboa recebe este prémio.

Cinco alumni e logotipo da rubrica

Esta foi a pergunta feita a cinco alumni da Ciências ULisboa durante o mês de maio. A primeira série de lives transmitidas em direto no Instagram também está disponível no canal YouTube da Faculdade. Estas primeiras cinco conversas descontraídas e enriquecedoras contaram com a presença de Eduardo Matos, Dário Hipólito, Ana Prata, Margarida Ribeiro e João Graça Gomes.

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