Cinco populações de saramugo 'recém-desaparecidas' detetadas através de ADN ambiental

Foto de dois saramugos.
ICNF / Carlos Carrapato

Um estudo publicado na revista Freshwater Biology demonstrou que cinco populações de saramugo (Anaecypris hispanica), até agora consideradas extintas em Portugal, continuam a deixar vestígios genéticos em vários afluentes do Guadiana. Os dados foram obtidos através de uma abordagem baseada em ADN ambiental, que permitiu detetar a presença da espécie com maior sensibilidade do que os métodos tradicionais.

O estudo foi coordenado por Filipe Ribeiro (MARE/ARNET) e Ana Veríssimo (CIBIO/BIOPOLIS). “O estudo permitiu detetar DNA do saramugo em amostras de água com grande precisão. Fizemos várias análises para garantir a robustez dos testes positivos. Estamos confiantes na deteção das populações ‘recém-desaparecidas’”, afirma Ana Veríssimo.

Carlos Carrapato, técnico superior do ICNF, sublinha: “Nas monitorizações realizadas regularmente desde o início do século nunca foram capturados exemplares de saramugo, o que apontava para a sua extinção local, sendo o objetivo deste estudo avaliar a sua persistência nestes locais”.


Fonte  MARE / Christos Gkenas

Este estudo resulta de uma colaboração entre investigadores do MARE/ARNET de CIÊNCIAS, CIBIO/BIOPOLIS da Universidade do Porto, CE3C de CIÊNCIAS, MUHNAC, CEF do ISA e o ICNF, com financiamento do POSEUR, Fundo Ambiental, FCT e Horizonte 2020.

A recolha de amostras decorreu em 70 locais da bacia do Guadiana, em maio de 2022, e revelou resultados positivos em 19 pontos — vários dos quais localizados em sub-bacias onde a espécie já não era detetada há mais de duas décadas. Estas novas deteções ampliaram significativamente os parâmetros geográficos usados para avaliar o risco de extinção, como a área de ocupação e o número de localizações.

“A localização destes testes positivos é muito consistente, e espacialmente coerente com a distribuição da espécie no final do século passado. Isto significa que a espécie ainda está lá e que devemos monitorizar todas as dez populações existentes em Portugal. A monitorização deve ser feita com esta nova técnica, mas também com pesca científica, usada há várias décadas, pois só assim podemos determinar a evolução das populações no futuro”, reforça Ana Veríssimo.

Filipe Ribeiro, do MARE/ARNET, que tem vindo a acompanhar esta espécie desde o início da sua carreira, alerta: “O saramugo continua a desaparecer e é urgente ter um plano de recuperação efetivo para a espécie! É essencial que haja compromisso do Estado Português na proteção e recuperação desta espécie, tal como aconteceu com outras espécies mais carismáticas”.

Filomena Magalhães, coordenadora do Livro Vermelho dos Peixes, professora de CIÊNCIAS e investigadora do CE3C, acrescenta: “Apesar da área de ocorrência da espécie não ter mudado muito desde 2005, as cinco populações agora detetadas são muito frágeis e, muito provavelmente, não serão viáveis a médio prazo se não forem reforçadas e os seus habitats recuperados localmente”.


O saramugo é um pequeno leuciscídeo que se encontra nos afluentes do rio Guadiana e num local na bacia do Guadalquivir. A sua longevidade máxima é de 3 anos, alimenta-se de pequenos insetos aquáticos e zooplânton. Em Portugal, as populações mais estáveis ocorrem nas ribeiras de Odeleite, Foupana e Vascão, localizadas no Algarve, e nos afluentes da margem esquerda do Guadiana, rios Ardila e Chança. As populações mais ameaçadas encontram-se no rio Xévora (Campo Maior), nas ribeiras do Caia (Arronches), do Álamo (Reguengos de Monsaraz), da Pardiela (Redondo e Évora) e de Carreiras (Mértola e Almodôvar). Trata-se de um dos peixes mais ameaçados de Portugal.


Saiba mais sobre este assunto nos média

Vera Sequeira (MARE), em colaboração com a DCI CIÊNCIAS
dci@ciencias.ulisboa.pt
 BARCOSOLAR.EU

Sara Freitas, doutoranda de Sistemas Sustentáveis de Energia, colabora no Festival Solar Lisboa, que acontece em maio e inclui muitas atividades gratuitas, tais como passeios num catamarã solar, semelhantes aos que ocorreram em abril no Parque das Nações e que contaram com a presença do grupo Energy Transition do Instituto Dom Luiz.

Erica Sá, bióloga, bolseira e membro da equipa do MARE, faleceu dia 11 de abril, aos 36 anos. A Faculdade lamenta o triste acontecimento, apresentando as condolências aos seus familiares, amigos e colegas.

Centro de Dados da FCUL

"Wittgenstein coloca (em 1934) a pergunta “Pode uma máquina pensar?”, 16 anos antes de Alan Turing (no artigo “Computing Machinery and Intelligence” da revista Mind, novembro, 1950). E, essa especulação feita no campo da Filosofia tem um significado interessante nos dias de hoje, aparecendo como uma previsão significativa (Oliveira, 2017)", escreve Helder Coelho em mais um ensaio.

Imagem da Orion A

A missão Gaia dedica-se a observar estrelas. A sua finalidade é mapear a Via Láctea em 3D. O primeiro lançamento de dados ocorreu em 2016. O próximo acontece a 25 de abril e corresponde à primeira entrega com distâncias, velocidades e vários outros parâmetros astrofísicos para a maioria das estrelas.

Trabalho em Bio Hacking

Ciências colabora com o módulo Bio Hacking na iniciativa Young Creators 2018. Esta é a segunda vez que a Faculdade integra o projeto.

Equipa de trabalho CEAUL

O Centro de Estatística e Aplicações da Universidade de Lisboa realizou o seu primeiro workshop no dia 17 de março.

Homem a espreguiçar

Sabendo que no nosso dia-a-dia, por motivos laborais ou outros, ficamos sentados muito tempo, que medidas deveremos tomar para minimizar os seus efeitos?

Pormenor da Lua

Martin Schilller e Martin Bizzarro, investigadores da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca e Vera Assis Fernandes, investigadora do Museu de História Natural de Berlim, na Alemanha e colaboradora do Instituto Dom Luiz, desafiam a teoria dominante sobre a formação dos corpos planetários do sistema solar e a própria origem do sistema Terra - Lua.

Conceção artística de um exoplaneta a passar (transitar) em frente da sua estrela

A missão Ariel tem como objetivo descrever as atmosferas dos exoplanetas. A equipa de investigação é composta por 12 investigadores, sete deles têm ligação a Ciências.

Imagem de motivação

Uma das formas de lidar com a ansiedade e o medo é ganhar perspetiva.

Rosto de Henrique Cabral

Nesta fotolegenda destacamos uma passagem da entrevista com o biólogo Henrique Cabral e que pode ser ouvida no canal YouTube e na área multimédia deste site.

Edifício C2

A primeira reunião do projeto PROSEU “PROSumers for the Energy Union: mainstreaming active participation of citizens in the energy transition”, financiado pelo Horizonte 2020 e com a duração de três anos, realiza-se no campus de Ciências, nos dias 22 e 23 de março.

Carrinho

Dez empresas discutem os últimos avanços no sector da mobilidade sustentável.

Sala de aulas

Parece razoável inferir que queremos ter estudantes que saibam como aprender e que conheçam como descobrir a informação que precisam a partir de uma variedade de fontes.

Papel ardido

Saí da FCUL ao fim da tarde rumo ao meu fim de semana. Para trás ficou um edifício imponente a fervilhar de vida, e ao mesmo tempo já a minha casa! A casa que nos ampara, nos ensina e, a mim, permitia uma entrada num mundo tão fortemente diferente do vivido por mim noutro lugar.

Pessoas na Politécnica recuperam objetos no rescaldo do incêndio

Ainda durante o rescaldo do incêndio iniciaram-se as operações de salvamento e recuperação do que ainda fosse possível salvar e recuperar.

Imagem abstrata

Dez países juntam-se para o estudo do património dos materiais plásticos.

Edifício da Escola Politécnica

Politénica (FCUL)... escrever e ou pensar sobre “ELA”, hoje, ainda me emociona...

Pormenor de uma palmeira

Agora era diferente. No fim da Ferreira Borges surgia sempre a mesma dúvida que me tolhia o passo: onde são as aulas hoje? E eu, traído pela minha própria desorganização, fazia todos os dias o mesmo esforço para encontrar uma qualquer lógica que me ajudasse a decidir para onde ir naquele dia. Politécnica? 24 de Julho? É claro que ter um horário comigo ajudaria...

Rosto de Marta Antunes

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de março é com Marta Antunes, técnico superior do Departamento de Geologia de Ciências.

Escola Politécnica

Passaram 40 anos do incêndio da “outra” Faculdade. São já poucos os que vivenciaram, alguns os que ficaram marcados. Para os mais novos, o “fogo na Politécnica” é apenas uma história que ouviram contar.

Bombeiro apaga fogo

Era madrugada e o edifício da Faculdade de Ciências de Lisboa, na rua da Escola Politécnica, ardia. Dezoito de março, seriam duas horas da madrugada. Um salto da cama, um vestir rápido e uma fuga apressada ao encontro das labaredas.

Mar

Qual o impacto das poeiras provenientes do Sahara na produtividade marinha do Oceano Atlântico tropical, particularmente nos coccolitóforos (fitoplâncton calcário)? Esta é a principal questão que irá marcar o trabalho de Catarina Guerreiro, investigadora do MARE.

pilhas de compostagem

O compostor da FCUL foi inaugurado há pouco mais de um ano, em 27 de novembro de 2016, numa parceria entre a HortaFCUL, o Gabinete de Segurança, Saúde e Sustentabilidade da FCUL e o cE3c - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.

Gabriella Gilli

Gabriella Gilli, investigadora do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, pretende usar um novo modelo teórico tridimensional, análogo ao que é usado para descrever a atmosfera de Vénus, para antecipar as futuras observações de exoplanetas quentes de tipo terrestre.

Páginas