Entrevista com Ana Gonçalves

Nova espécie de abelha em Portugal

Protosmia lusitanica

Protosmia lusitanica

Nicolas Vereecken

O mestrado em Biologia da Conservação existe com esta designação e estrutura desde 2006/2007. Em 2016 o curso foi revisto e aprovado pela A3ES.

Para Rui Rebelo, professor do Departamento de Biologia Animal de Ciências ULisboa e coordenador do curso, os principais pontos fortes desta formação de acordo com os seus alunos e docentes são vários: atualidade e importância do tema; grande motivação dos estudantes; combinação de conhecimentos teóricos sólidos e de trabalho de campo em mais de metade das disciplinas, destaque para a estação de campo na serra de Grândola que permite a imersão numa experiência real de trabalho de campo ao longo de vários dias; ambiente de ensino/aprendizagem informal; parcerias com várias instituições e individualidades, que interagem com os estudantes de diferentes formas “De um modo geral os alunos apresentam elevada frequência às avaliações, com classificações muito satisfatórias”, comenta Rui Rebelo a propósito dos resultados positivos deste mestrado. “A produção de trabalho reconhecido internacionalmente é-nos indicada pelo bom desempenho dos alunos que passam deste ciclo para o seguinte em território nacional ou no estrangeiro, assim como dos que integram o mercado de trabalho”, conclui.

Sabia que em Portugal existe uma nova espécie de abelha? Chama-se Protosmia lusitanica e até agora apenas se conhece um único exemplar, uma fêmea coletada por Ana Gonçalves, na primavera de 2016, no Parque Natural do Vale do Guadiana, nas margens do Rio Vascão, em Mértola.

“É uma descoberta interessante no sentido em que as abelhas são, como se sabe, importantes polinizadores, mas encontram-se em declínio”, diz a jovem que concluiu a licenciatura em Biologia na Universidade de Coimbra e estuda agora em Ciências ULisboa, no mestrado em Biologia da Conservação.

“Saber quais as espécies que existem é fundamental para qualquer esforço de conservação futuro. Além disso, há uma lacuna enorme no conhecimento taxonómico dos invertebrados e esta espécie só vem confirmar a riqueza biológica de Portugal, que tanto urge proteger e dar a conhecer”, refere Ana Gonçalves.

Octávio S. Paulo, professor do Departamento de Biologia Animal de Ciências ULisboa e seu orientador, comenta que “encontrar novas espécies para a ciência é sempre um acontecimento da maior relevância científica” - acrescentando que - “uma das funções primordiais dos biólogos é de facto descrever a biodiversidade que nos rodeia. É através do conhecimento da biodiversidade que se promove a sua conservação e divulgação junto do público não especialista, público esse que em última análise é crucial para tornar eficaz a conservação das espécies e dos habitats”.

Ana Gonçalves ingressou no mestrado em Biologia da Conservação em 2016. No grupo CoBiG2 do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c), liderado por Octávio S. Paulo, desenvolve um projeto acerca de um grupo de dípteros endémicos da Península Ibérica e foca-se nas relações filogenéticas, taxonomia, ecologia e biogeografia destas espécies. “É nas instalações do cE3c que tenho feito a grande maioria do trabalho, sobretudo a parte molecular e descrição das espécies.  De resto, apesar de ter começado a frequentar o mestrado em 2016, entrei em contacto com o meu orientador em finais de 2014 e logo aí comecei a fazer algumas análises exploratórias ao nível da genética”, conta Ana Gonçalves.


Até agora apenas se conhece um único exemplar da fêmea coletada por Ana Gonçalves, na primavera de 2016, no Parque Natural do Vale do Guadiana, nas margens do Rio Vascão, em Mértola
Imagem cedida por AG

Octávio S. Paulo refere ainda que a descoberta de Ana Gonçalves é muito relevante pois promove a conservação dos polinizadores, fundamentais nas atividades agrícolas e na segurança alimentar. “Tem sido cientificamente muito fácil trabalhar com a Ana Gonçalves, que tem grande iniciativa e capacidade de definir aquilo que lhe interessa”, comenta o docente mencionando que a sua intervenção tem sido a de simplesmente ajudar no planeamento do projeto e contribuir para a interpretação dos dados, exatamente as duas coisas que mais gosta de fazer na atividade científica.

O artigo “Uma nova espécie de Protosmia (Protosmia) lusitanica nov.sp. descoberta em Portugal” da autoria de Gérard Le Goff e Ana Gonçalves está online na ZOBODAT.

Na entrevista que se segue fica a conhecer a investigação de Ana Gonçalves e os seus planos para o futuro.

Ana Gonçalves com uma coleção de Diptera
Ana Gonçalves com uma coleção de Diptera
Fonte Rui Andrade

O tema da tese está relacionado com o projeto que está a desenvolver no grupo CoBiG2?

Ana Gonçalves (AG) - Sim. O tema da minha tese é acerca de um pequeno projeto, que integra estudos sobre a taxonomia, genética e ecologia de um grupo de moscas endémicas de Portugal e que inclui espécies que não estavam descritas. Em 2014 eu participei no curso de filogeografia dado pelo professor Octávio e perguntei se tinha interesse em fazer análises genéticas às moscas que eu já andava a coletar. Ele ficou interessado e deu-me a oportunidade de começar a trabalhar no grupo CoBiG2. Quando me candidatei ao mestrado de Biologia de Conservação foi com o objetivo de avançar com esse trabalho no grupo, sendo também a minha tese de mestrado.

Como está a correr o mestrado?

AG - O mestrado está a correr muito bem e a parte letiva foi uma excelente oportunidade para ganhar conhecimentos e experiência no âmbito da conservação das espécies e dos ecossistemas em que se inserem. É um mestrado muito diverso e relativo a uma temática ampla (o que abre muitas portas) que é cada vez mais fundamental. A par com as aulas, o trabalho de campo foi especialmente interessante e recompensador.

A tese também está a ser uma boa experiência e os resultados têm sido muito positivos. Tenho tido bastante apoio dos colegas do grupo com mais experiência. Tenho aprendido bastante sobre a componente prática e teórica da genética, que é um tema que não é abordado profundamente no mestrado. Assim tenho a possibilidade de obter uma formação um pouco mais completa de acordo com os meus interesses.

Quais são os seus planos para curto/médio prazo?

AG - Neste ano que se segue à conclusão do meu mestrado, começarei a trabalhar na elaboração da Lista Vermelha dos Invertebrados de Portugal. Eu vou trabalhar sobretudo com a avaliação do estado de conservação dos dípteros. É uma excelente oportunidade para conciliar os meus conhecimentos em entomologia com o que aprendi no mestrado. A minha participação a tempo total será até setembro de 2019 porque o meu objetivo é continuar a fazer investigação na área da genética e taxonomia. Estou interessada em participar num mestrado com componentes muito fortes de evolução e sistemática, na Universidade de Munique, na Alemanha. Penso que me dará ferramentas complementares muito boas para depois tirar o melhor partido do doutoramento. Entretanto, tenho trabalho de campo planeado para coletar insetos durante este ano. Coleto frequentemente em Portugal e Espanha, mas por vezes há viagens a locais mais distantes. As expedições mais importantes, das quais gostaria de fazer parte, serão à Namíbia, Mongólia e Guiana Francesa. A da Namíbia está garantida, as restantes dependerão do tempo e fundos disponíveis.

Ana Subtil Simões, Área de Comunicação e Imagem Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt

Quando falamos de um mecanismo o que queremos dizer de facto?

O Nutriageing é um projeto a pensar nos cidadãos que se interessam por temas como nutrição, partindo de argumentos científicos simples. O seu site é composto por vídeos, receitas, explicações e dicas nutricionais.

Um novo estudo genético demonstra que as populações de duas espécies de golfinhos (Tursiops aduncus e Sousa spp.) que habitam as águas da Baía de Bengala, no Bangladesh, são diferentes do ponto de vista genético quando comparados com populações de golfinhos das mesmas espécies que vivem em áreas vizinhas.

Teresa Graça Costa Antunes Pereira da Costa, professora aposentada do Departamento de Biologia Vegetal (DBV) e ex-membro do antigo Centro de Biologia Ambiental de Ciências, faleceu aos 69 anos, no dia 23 de janeiro de 2017. A Faculdade lamenta o triste acontecimento, apresentando as condolências aos seus familiares, amigos e colegas.

Novo estudo demonstra pela primeira vez que é possível integrar à escala global os resultados obtidos através dos dois métodos mais utilizados no mundo para avaliar a “saúde” dos ecossistemas a partir dos líquenes que neles se encontram.

A 7.ª cadeira funcionou pela primeira vez no ano letivo de 1840/1841, caracterizando-se pela abordagem histórico-natural das matérias lecionadas que pouco se modificaram ao longo dos anos.

O ESNF2017 é o primeiro simpósio europeu dedicado apenas ao tema nanofluidos. Os organizadores pretendem que este momento fomente a colaboração entre cientistas, engenheiros e empresas.

Está a nascer um laboratório vivo de permacultura (PermaLab) na FCUL, uma zona que convida a implementação de projetos propostos pela permacultura e sua monitorização com metodologias científicas.

Maria Isabel Cordeiro Sevinate Pinto Rebelo Lopes, professora aposentada do Departamento de Biologia Vegetal e ex-membro do antigo Centro de Biologia Ambiental de Ciências, faleceu aos 67 anos, no dia 12 de janeiro de 2017. A Faculdade lamenta o triste acontecimento, apresentando as condolências aos seus familiares, amigos e colegas.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O primeiro Dictum et factum de 2017 é com Ânia Finuras, bolseira de gestão da Área de Comunicação e Imagem de Ciências.

Adaptar para a mudança. Este foi o lema do AdaptForChange, um projeto que teve início em abril de 2015 e que ao longo de quase dois anos contribuiu para um conhecimento profundo do estado das florestas do Alentejo e que culminou com o desenvolvimento do Plano de Adaptação de Mértola às Alterações Climáticas, a implementar nos próximos anos.

Cerca de 2783 árvores, arbustos e herbáceas vão ser plantados no Estádio Universitário, até ao próximo mês de março.

O recente falecimento abre mais uma lacuna na geração dos cientistas e professores que muito contribuíram para o desenvolvimento da Química em Portugal.

Maria Inês Correia Gonçalves Macias Marques, professora aposentada da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, faleceu aos 79 anos, no dia 1 de janeiro de 2017. A Faculdade lamenta o triste acontecimento, apresentando as condolências aos seus familiares, amigos e colegas.

Inseridos no Programa de Atividades Conjuntas, do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização , o IBEB e o BioISI de Ciências – em conjunto com outros grupos nacionais -, vão explorar o conhecimento acerca do cérebro.

O grupo de investigadores da Masaryk University, na República Checa; da Mykolas Romeris University, na Lituânia; das universidades Politécnica de Madrid e de Oviedo, em Espanha; do Centro de Estudos Geográficos do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território e do Instituto Dom Luiz analisaram a evolução da temperatura nas dez estações da Península Antártica desde o início da década de 1950 até 2015.

Através de trabalho de campo detalhado na ilha de Santa Maria, nos Açores, investigadores descobriram elementos importantes para a compreensão da origem e evolução de ilhas vulcânicas.

O projeto RESISTIR iniciou-se em abril deste ano e visa criar até abril de 2019 um sistema de informação - inovador, modular, inteligente e adaptável - para apoiar a tomada de decisão clínica no domínio da vigilância epidemiológica, resistência aos antimicrobianos, controlo de infeção e gestão hospitalar.

O ClimAdaPT.Local coordenado pelo grupo CCIAM do cE3c chegou ao fim.

Ciências é oficialmente membro associado do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas. Para além disso, em 2017 a sede vai ficar mais próxima dos cientistas desta instituição.

No ensino universitário normal o aproveitamento/rendimento escolar é também motivo de preocupação em muitos países europeus, embora existam países onde esse rendimento se aproxima dos 100%. Em termos económicos, facilmente se percebe que quanto maior for a taxa de aprovação dos alunos, menor a desistência e a reprovação, mais justificadas estão as verbas públicas  (provenientes dos impostos) que o Estado investiu no sector da educação.

“Os valores associados ao desporto são complementares aos que são necessários para o sucesso académico”, diz Matilde Fidalgo, aluna de Ciências e jogadora de futebol da seleção feminina portuguesa.

Antes de se aposentar em 2014 a Ana Monteiro trabalhou na Biblioteca da FCUL durante alguns anos. Ontem, dia 15 de dezembro, faleceu.

Teve lugar a 27 de outubro no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa (ULisboa) o lançamento oficial do Colégio de Química, o primeiro colégio da ULisboa aprovado na área das Ciências Exatas.

O aumento da temperatura da água leva anfíbios omnívoros a adotar uma dieta mais herbívora. De acordo com o comunicado de imprensa emitido pelo cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Climáticas, “esta é a primeira vez que é estudada em vertebrados a assimilação de dietas mais ou menos ricas em proteínas em função da temperatura”.

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