Todos os segundos lugares se prestam a sentimentos contraditórios, e Diogo Dias, dificilmente, poderia escapar ao famoso contraste emocional depois de se sagrar vice-campeão com a equipa da Universidade de Lisboa (ULisboa) no Campeonato Nacional Universitário de Badminton que teve lugar no dia 25 de novembro. “Estou feliz com o segundo lugar, mas isso não impede que alguém nesta situação também possa sentir que sabe a pouco”, responde o jovem de 22 anos, que é aluno de mestrado em Microbiologia Aplicada na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa). A final haveria de ditar a Associação Académica de Coimbra como campeã, mas não afetou a expectativa para o que pode vir aí. “Estou ansioso por continuar a trabalhar com a equipa para melhorarmos os resultados no próximo Campeonato Nacional Universitário”, garante.
Diogo Dias começou a cultivar o gosto pelo badminton pouco depois do berço. O pai, Nelson Dias, é treinador na modalidade, e naturalmente Diogo acabou por lhe seguir as pisadas com a estreia nas primeiras competições aos 8 anos de idade. Hoje, o jovem de Sintra divide rotinas entre aulas em Ciências ULisboa e treinos na Sociedade de Instrução Musical de Porto Salvo, no concelho de Oeiras, que representa nas competições nacionais que não são universitárias. “Requer organização para conciliar os diferentes horários, mas quem faz o que gosta encontra sempre forma de dar um jeito”, sublinha.
Só que, nesta historia, há mais um Diogo que também aprendeu a conciliar horários de treinos de badminton e curso universitário – e que já se tinha sagrado campeão nacional antes de ir ao Porto e vencer a final de equipas universitárias para a Associação Académica de Coimbra. Neste caso trata-se de Diogo Glória – e está longe de ser um desconhecido para Diogo Dias, devido ao percurso de ambos nas competições nacionais, e também pelo facto de os dois se terem defrontado na final universitária. Nessa ocasião, estavam previstos encontros nas vertentes de singulares de senhoras, singulares de homens, pares femininos, pares masculinos e pares mistos. A equipa da ULisboa ganhou os encontros de singulares de senhoras e pares de senhoras, enquanto a Associação Académica de Coimbra venceu as restantes três vertentes.
O encontro entre Diogo Dias e Diogo Glória teve lugar na prova de singulares masculinos e na prova de pares mistos – e em ambas as ocasiões, o representante de Coimbra levou a melhor. Em pares mistos, Diogo Dias fez equipa com a vice-campeã nacional Marta Sousa, mas do lado de lá da rede estava alguém que tem outro tipo de rodagem na arte de não deixar cair a pena no chão. E o mesmo cenário acabou por se impor em singulares masculinos. “Não costumo jogar em pares mistos e por isso não tenho tanta experiência nessa vertente. Mas ao dizer isto não quero tirar mérito ao campeão universitário”, explica o aluno de Ciências ULisboa.
É verdade que ainda não foi campeão universitário, mas Diogo Dias já sabe o que é sagrar-se campeão nacional. Em 2020, depois de presenças assíduas nos diferentes escalões das principais provas de badminton, ganhou o título nacional de sub17 em pares masculinos, fazendo equipa com Rodrigo Dias. “É uma modalidade que permite ganhar dinheiro quando se tem sucesso em competições internacionais. Sei que a Federação Portuguesa de Badminton está a trabalhar para ter mais apoios e tornar o desporto conhecido, mas não sei se vai ser tão conhecido que permita viver só da prática deste desporto”, descreve Diogo Dias.
Conhecidas as perspetivas de carreira no badminton, Diogo Dias não perde de vista as oportunidades que poderão surgir depois do mestrado em microbiologia: “Dá experiência prática e teórica que pode ajudar a entrar na indústria farmacêutica ou em laboratórios de microbiologia de vários sectores da indústria”. Até lá, seguramente, que Diogo vai continuar a somar pontos.
