Opinião

Porque nos preocupamos especialmente com alguns riscos?

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A nossa perceção subjetiva de risco aumenta à medida que o nosso medo cresce

unsplash - Marina Vitale
Cláudio Pina Fernandes
Cláudio Pina Fernandes
Fonte ACI Ciências ULisboa

Uma das memórias que guardo de modo mais vivo das aulas de Físico-Química do secundário é o Princípio da Incerteza de Heisenberg. A sua formulação atraiu-me de imediato, ao incluir um elemento probabilístico, ao contrário da noção determinística de muitos modelos.

A ideia central resume-se a que, se quiséssemos calcular a posição de um eletrão, segundo este princípio, não se poderia determinar a sua posição exata, mas apenas a probabilidade de ele se encontrar num certo ponto, num determinado momento.

Perdoem-me os colegas de Química e de Física a inocência do enunciado. Por inépcia assimilativa minha ou por menor rigor científico do professor, foi isto que ficou! Mas não foram exatamente as questões relativas à posição ou ao movimento dos eletrões que me fizeram o click. Este foi dado pela realização de que a incerteza está presente desde a escala atómica até aos grandes fenómenos.

Cada vez que tomamos uma decisão, cada vez que fazemos uma ação, cada vez que entramos em interação com o mundo, há um certo nível de incerteza em relação ao resultado. E o resultado pode ser mais positivo ou mais negativo. Só que a noção de resultado negativo, traz a noção de risco. Afinal, não queremos como consequência esse tipo de resultados. Temos receio ou medo! Deste modo, a incerteza, o risco e o medo passam a fazer parte de uma mesma equação.

Felizmente, para a maioria das situações, temos o nosso sistema de ponderação bem afinado. Afastamo-nos ou protegemo-nos quando a probabilidade de ocorrência de um risco é elevada e avançamos quando ela é baixa. Convivemos bem com imensas coisas que têm um risco associado, tanto que estão incorporadas nas nossas rotinas (exemplos: andar de carro, andar na rua ou comer uma refeição). Porquê? Porque o nosso sistema identifica como de baixa probabilidade de más ocorrências.

Mas, este sistema de ponderação pode ser enviesado. Basta que estejamos especialmente preocupados com algo. E a nossa perceção subjetiva de risco aumenta à medida que o nosso medo cresce. Como resposta, revelamos sinais de ansiedade e ativamos mecanismos de proteção contra a ameaça.

Em muitas situações, não quer dizer que os factos indiquem que há uma alteração de probabilidade de ocorrência ou que esta é elevada. Nesses momentos podemos desejar uma coisa, aquela que seria uma solução: colocar controlo sobre as coisas. Se tudo estivesse sobre controlo, tudo seria previsível. Pode ser muito tentador contrariar o Princípio da Incerteza de Heisenberg, mas corremos um outro risco, o de estar à procura de uma solução impossível, que apenas nos gera mais frustração e preocupação.

Face à incerteza, talvez devêssemos ter em atenção alguns aspetos

  • O Princípio da Incerteza é inerente à vivência humana.
  • Temos um sistema que nos permite fazer ponderações de risco. Fazemo-lo todos os dias com imensas coisas.
  • Se há algum tipo específico de preocupação, ele vai enviesar o sistema de ponderação.
  • O risco não aumenta, mas a nossa perceção subjetiva sim, logo a nossa reação emocional e a nossa conduta.
  • Passamos a estar mais vigilantes em relação a isso e a dar mais atenção. Fazemos aquilo que tão bem é captado numa frase de O Principezinho: “Aquilo que a tua rosa tem de tão especial é a atenção que lhe dás”.
Cláudio Pina Fernandes, Gabinete de Apoio Psicopedagógico da Área de Mobilidade e Apoio ao Aluno da Ciências ULisboa
ínfo.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Terreiro do Paço em Lisboa

A primeira iniciativa do ciclo Alterações Climáticas: Impactos Biológicos e Socioeconómicos é organizada por Ciências. O próximo evento desta rede ocorre em julho e está a ser preparado pelo Instituto Superior de Agronomia.

Centro Cultural de Montargil, Ponte de Sor

O Centro Ciência Viva do Lousal (CCVL) – Mina de Ciência recebeu o prémio Melhor Projeto Público 2017. A Faculdade é membro associado e fundador da Associação CCVL garantindo a atualização e o rigor dos conteúdos comunicados.

Marta Aido junto ao globo terrestre

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de junho é com Marta Aido, que trabalha no Instituto Dom Luiz.

Novos mapas de risco de incêndios florestais para 2018 resultam de um trabalho conjunto entre engenheiros florestais, estatísticos e climatólogos.

Fotografia do setup experimental

O professor do Departamento de Biologia Vegetal e membro da COST Action FA1306, que chegou agora ao fim, faz um balanço da rede transeuropeia e dá-nos a conhecer o projeto INTERPHENO e que poderá ser o primeiro passo para a constituição de uma rede nacional de fenotipagem.

Torre de pedras

"Associada à ideia de perfeccionismo surge a luta por objetivos elevados e irrealistas". Mais uma rubrica da psicóloga Andreia Santos.

Margarida Amaral

Nesta fotolegenda destacamos uma passagem da entrevista com Margarida Amaral, professora do DQB e coordenadora do BioISI e que pode ser ouvida no canal YouTube e na área multimédia deste site.

“The Medieval and Early Modern Nautical Chart: Birth, Evolution and Use”

Joaquim Alves Gaspar, distinguido em 2016 com uma starting grant, a primeira a ser atribuída a um membro de Ciências, volta a “encantar” o Conselho Europeu de Investigação.

Uma mão com enguias

Ciências organiza a primeira reunião do projeto europeu, na qual participam mais de 50 especialistas portugueses, espanhóis e franceses, com o objetivo de debater formas de recuperação da enguia-europeia.

José Avelino Pais Lima de Faria,o proeminente cientista de 92 anos, antigo aluno de Ciências - licenciou-se em Ciências Físico-Químicas em 1950 - volta colaborar com a Faculdade, com um artigo sobre a atividade científica, selecionando para o efeito um conjunto de eminentes personalidades. Dois dias após a publicação deste artigo, J. Lima-de-Faria faleceu. A Faculdade lamenta o triste acontecimento e apresenta as condolências aos familiares, amigos e colegas.

Oradores do Ignite IAstro na Assembleia da República

No âmbito da efeméride ocorreu uma sessão do Ignite IAstro na Assembleia da República. O Dia Nacional dos Cientistas é celebrado desde 2016.

Grande auditório

A nova direção de Ciências para os próximos quatro anos tomou posse a 15 de maio de 2018. Luís Carriço é o novo diretor e a sua equipa conta com cinco subdiretores: Margarida Santos Reis, Fernanda Oliveira, Jorge Maia Alves, Hugo Miranda e Pedro Almeida.

Logotipo

A final nacional da 14.ª edição das Olimpíadas de Química Júnior ocorreu a 12 de maio no Departamento de Química e Bioquímica de Ciências. Os melhores classificados podem vir a integrar a equipa portuguesa que participará na European Science Olympiad, em 2019.

Pint

O Pint of Science traz para bares portugueses e internacionais assuntos científicos de forma descomplicada.

Beatriz Lampreia

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de maio é com Beatriz Lampreia, assistente técnica do Instituto de Biofísica e Engenharia Biomédica.

Marés

Investigadores de Ciências identificaram um novo ciclo global de marés que ocorre ao longo de grandes escalas de tempo geológico.

Sara Silva

Sara Silva, investigadora do Departamento de Informática, do BioISI – Instituto de Biosistemas e Ciências Integrativas e investigadora convidada da Universidade de Coimbra, ganhou o EvoStar Award 2018, um galardão que reconhece a qualidade e o impacto mundial do trabalho desenvolvido ao longo da sua carreira na área da computação evolucionária.

Pedro Castro

Nesta fotolegenda destacamos uma passagem da entrevista com o engenheiro químico Pedro Castro e que pode ser ouvida no canal YouTube e na área multimédia deste site.

Alunos no Campus de Ciências

"É necessário um equilíbrio entre aquilo que eu e o outro precisamos", explica a psicóloga Andreia Santos, na sua rubrica habitual.

CAP

A 8.ª conferência Communicating Astronomy with the Public, ocorrida em março, no Japão, juntou mais de 450 comunicadores de ciência, de 53 países. João Retrê, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço foi um deles.

relógio solar

“O que é o Planeta Terra?” foi a questão que marcou o início dos workshops “Relógio Solar” e “Robot/Pintor” que decorreram no passado dia 9 de abril na Faculdade de Ciências e que contaram com a participação de 15 alunos do Colégio da Beloura em Sintra com idades entre os 4 e os 5 anos.

Rosto do investigador

O prémio é concedido pelos editores do Journal of Coordination Chemistry a um jovem químico, autor do melhor artigo do ano. Pela primeira vez é atribuído a um português, no âmbito de um trabalho realizado por investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, nomeadamente no Centro de Química e Bioquímica e no Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas .

Célia Lee

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de abril é com Célia Lee, que trabalha no suporte à investigação e à prestação de serviços no Instituto Dom Luiz.

 BARCOSOLAR.EU

Sara Freitas, doutoranda de Sistemas Sustentáveis de Energia, colabora no Festival Solar Lisboa, que acontece em maio e inclui muitas atividades gratuitas, tais como passeios num catamarã solar, semelhantes aos que ocorreram em abril no Parque das Nações e que contaram com a presença do grupo Energy Transition do Instituto Dom Luiz.

Erica Sá, bióloga, bolseira e membro da equipa do MARE, faleceu dia 11 de abril, aos 36 anos. A Faculdade lamenta o triste acontecimento, apresentando as condolências aos seus familiares, amigos e colegas.

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