Ciência no Copo: uma tarde de ciência, inovação e convívio

Mário Vilas, Jorge Maia Alves e Marta Sousa Silva.

Mário Vilas, Jorge Maia Alves e Marta Sousa Silva.

DCI CIÊNCIAS

Os carros solares em exposição no interior da oficina davam o cenário perfeito para uma tarde diferente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa). Entre gargalhadas, copos servidos e perguntas curiosas, estudantes e investigadores reuniam-se para o Ciência no Copo para falar sobre percursos improváveis, desafios da investigação e o caminho da ciência até à sociedade.

O convívio, organizado pela Oficina das Energias – Núcleo de Estudantes de Engenharia da Energia e Ambiente, em parceria com o Núcleo de Estudantes de Química e Bioquímica, integrou a Semana da Ciência e da Tecnologia da Ciência Viva. A atmosfera descontraída, onde se misturavam o aroma cítrico de gins tónicos com a curiosidade de jovens estudantes, deu o tom certo para uma tarde de ciência em modo informal.

Voucher bebida do evento.
Fonte  DCI CIÊNCIAS

Sob o mote “Do laboratório à sociedade”, dois convidados de peso tomaram o centro da sala. À esquerda, Jorge Maia Alves, professor associado do Departamento de Ciências da Terra e Energia, ex-Subdiretor da Faculdade e membro integrado no Instituto Dom Luiz, habituado a navegar entre a física e a inovação. À direita, Marta Sousa Silva, professora auxiliar do Departamento de Química e Bioquímica, investigadora principal no BioISI e recentemente distinguida com o Prémio Docência de Excelência. Entre ambos, Mário Vilas, presidente da Oficina das Energias, guiava a conversa.

Durante duas horas, os temas fluíram naturalmente — investigação, inovação, empreendedorismo, comunicação de ciência, ciência cidadã. E, ao ritmo das perguntas dos estudantes, as histórias pessoais começaram a surgir.

Marta contou como começou a estudar Biologia Vegetal, a trabalhar com camélias e lúpulo. Mas, com o tempo, descobriu uma nova paixão: problemas bioquímicos ao nível molecular, investigados com espectrometria de massa — uma técnica que permite analisar e identificar em detalhe compostos compostos químicos numa amostra. Hoje, Marta aplica estas ferramentas na descoberta de biomarcadores, moléculas que ajudam a identificar doenças, e no desenvolvimento de fármacos.

“Não me via a trabalhar com ratinhos ou rãs, como alguns dos meus colegas biólogos. Sempre gostei das plantas”, contou Marta Sousa Silva aos estudantes.

Jorge Maia Alves, por sua vez, começou a sua carreira na Física da Matéria Condensada e Ciência dos Materiais. Mas a curiosidade e a necessidade de explorar áreas aplicadas levaram-no ao estudo do armazenamento de energia e da energia solar, campos em que hoje se destaca. Recordou os momentos difíceis do percurso académico: chegou a ponderar desistir do curso.

“As decisões realmente importantes da vida raramente são programadas”, confessou Jorge Maia Alves.

Decidiu dar a si próprio um ano para reorganizar o percurso e encontrou na mentoria de um professor um farol que lhe mostrou que estava no caminho certo. Terminou o curso e tornou-se assistente estagiário na própria faculdade, dando aulas aos colegas — uma situação “caricata”, nas suas palavras, mas extremamente formativa. “O que mais me motivava era o desafio de trabalhar de forma autónoma e definir o meu próprio rumo”, explicou.

Participantes e oradores convidados em conversa.
Fonte  DCI CIÊNCIAS

O tema da inovação trouxe uma energia diferente à sala. Maia Alves traçou um retrato vívido da evolução da relação entre academia e empresas em Portugal. Durante décadas, a investigação era vista como um fim em si mesma, e pensar em aplicações práticas quase como um “pecado”. Submeter patentes era algo quase proibido para alguns investigadores, dificultando a transferência de conhecimento para a sociedade. Hoje, no entanto, o panorama mudou: o Tec Labs  — Centro de Inovação da Ciências ULisboa — tornou-se um motor de inovação, gerando spin-offs e estreitando a ponte entre a investigação académica e o mercado.

“Devemos ser a instituição nacional de ensino superior que gerou mais spin-offs de sucesso na última década”, afirmou Maia Alves, destacando a importância da visão aplicada da ciência.

A conversa também abordou o contraste de tempos entre empresas e academia. Para uma empresa, atrasar compromissos pode ser desastroso; para um investigador, prolongar um doutoramento por um ou dois anos é habitual. “É preciso vontade e confiança de ambas as partes”, explicou Maia Alves. Marta acrescentou que, embora muitas empresas ainda se fechem a colaborações, há sinais claros de aproximação: “Cada vez mais, as empresas vêm ter connosco. O diálogo está a aumentar e isso é essencial para transformar ciência em soluções concretas”.

Mário Vilas, Jorge Maia Alves e Marta Sousa Silva
Fonte  DCI CIÊNCIAS

Além da inovação, a discussão destacou a importância da curiosidade e da iniciativa própria. Aos estudantes — muitos prestes a terminar licenciaturas ou mestrados — foram deixadas mensagens de incentivo. Jorge Maia Alves sublinhou: “Uma das melhores métricas da qualidade de uma universidade é aquilo que os alunos fazem por iniciativa própria”.

Marta reforçou o papel da curiosidade: “Sem curiosidade, estamos apenas a seguir uma receita. Acreditem em vocês próprios, sigam os vossos sonhos e procurem as pessoas certas. A área científica não importa: cada um constrói o seu próprio percurso”.

Com o entardecer a entrar pelas janelas da oficina e os últimos copos pousados nas mesas, o sentimento geral era unânime: eventos como este deviam acontecer todas as semanas.

João Silva, Gabinete de Comunicação de Ciência da DCI CIÊNCIAS
jcmsilva@ciencias.ulisboa.pt
foto de grupo com mulheres homenageadas

O quarto volume do livro “Mulheres na Ciência”, editado pela Ciência Viva, conta com retratos de 101 cientistas portuguesas de diferentes gerações e áreas do conhecimento científico, onze delas investigadoras na Ciências ULisboa.

4 pessoas em frente de uma tela de apresentação

No âmbito da UC “Voluntariado Curricular”, realizaram-se no passado dia 19 de janeiro as apresentações dos projetos dos alunos. Esta UC promove a formação e o desenvolvimento pessoal dos estudantes, sensibilizando-os para as temáticas da solidariedade, tolerância, compromisso, justiça e responsabilidade social.

Henrique Leitão e José María Moreno

Henrique Leitão e José María Moreno Madrid, investigadores do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia (CIUHCT) ​​​​​​ganham (em ex-aequo) o prémio Almirante Teixeira da Mota pelo seu livro "Desenhando a Porta do Pacífico. Mapas, Cartas e Outras Representações Visuais do Estreito de Magalhães".

instrumento matemático

Está patente na Fundação Caixa Agrícola Costa Azul, em Santiago do Cacém, “O Cálculo de Ontem e de Hoje”, uma exposição didática concebida pelo Departamento de Matemática da Ciências ULisboa e pelo Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em parceria com o Centro de Ciência Viva do Lousal.

alimentos

O programa da Antena 1 intitulado “Os desafios da alimentação sustentável”, que contou com a colaboração da ULisboa, Universidade Nova de Lisboa e Universidade do Algarve, foi lançado a 6 de fevereiro. Envolvido neste projeto esteve Bruno Pinto, investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, polo da Ciências ULisboa.

Maria Manuel Torres

Maria Manuel Torres, professora do DM Ciências ULisboa, é a protagonista do quinto vídeo do projeto “Porquês com Ciência” sobre Matemática e Sustentabilidade.

pessoas numa exposição

A iniciativa “Café Ciências” está de regresso, após uma pausa forçada devido à pandemia. As sessões terão lugar às quartas-feiras, pelas 17h30, na Galeria Ciências, promovendo olhares cruzados sobre a exposição “A Porta do Pacífico: Uma viagem cartográfica pelo Estreito de Magalhães”.

Marta Panão no estudio FCCN

Marta Panão, professora do Departamento de Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia da Ciências ULisboa, é a protagonista do quarto vídeo do projeto “Porquês com Ciência”, disponível no YouTube da Faculdade. A pergunta “Como pensar a energia nos edifícios do futuro?” está diretamente relacionada com a licenciatura em Engenharia da Energia e Ambiente.

fotografia dos dois premiados

Dois estudantes da Ciências ULisboa receberam, em 2022, Bolsas de Investigação para Doutoramento Maria de Sousa, atribuídas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, em colaboração com a Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica.

Conceção artística de um buraco negro

Uma equipa internacional, da qual faz parte José Afonso, investigador no Departamento de Física da Faculdade e no Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, lançou a hipótese de que os buracos negros poderão ter a resposta para a expansão acelerada do Universo.

vários jovens numa foto de grupo

Leonor Gonçalves, estudante do 1º. ano do mestrado em Estatística e Investigação Operacional, fala sobre a sua missão e partilha a experiência enquanto embaixadora das Carreiras na União Europeia (UE), deixando um apelo aos estudantes da Ciências ULisboa com interesse e dúvidas sobre as carreiras da UE, para que entrem em contacto com ela.

mesa com computador, caneca de café e bloco de notas

A Sociedade Portuguesa de Autores atribuiu o Prémio de Jornalismo Cultural deste ano à jornalista Teresa Firmino, editora da secção de Ciência do jornal Público, e membro do Conselho de Escola da Ciências ULisboa.

frente da reitoria da ULisboa

Entrevista a James McAllister, filósofo e professor no Institute for Philosophy, na Universidade de Leiden, na Holanda, que estará a trabalhar na Faculdade durante este ano letivo como investigador visitante.

imagem do Perserverance em Marte

Carlos Mão de Ferro, estudante do doutoramento em Informática, relata a sua experiência de estágio na NASA, na Califórnia, EUA. O estudante está a participar num projeto cujo objetivo é lançar pequenos robots na superfície de Marte, a partir de um rover principal, formando uma rede de sensores inteligente, com o intuito de estudar a existência de água no planeta.

Carlos Castro a receber a nomeação

Carlos Nieto de Castro, professor catedrático jubilado do Departamento de Química e Bioquímica e investigador no Centro de Química Estrutural (CQE), foi eleito Fellow da International Association for Advanced Materials (IAAM), como reconhecimento pela sua contribuição na área da Termofísica de fluidos e materiais com aplicações energéticas. É o segundo investigador português a obter esta distinção.

Dr. Débora Katisa Carvalho, Primeira Dama de Cabo Verde, liberta um tubarão-martelo, espécie em vias de extinção, na baía de Sal Rei

Novo estudo recentemente publicado na revista Frontiers in Marine Science, desenvolvido por investigadores portugueses e cabo-verdianos, revela zona de berçário de tubarões na baía de Sal Rei, na ilha da Boa Vista, em Cabo Verde. Albergando juvenis de várias espécies ameaçadas, incluindo o icónico tubarão-martelo, trata-se de uma região única no Atlântico Este.

vistas da tibia, dinossauro e silueta humana

Trabalhos de investigação na jazida de Lo Hueco, Cuenca, em Espanha permitiram identificar restos fósseis de um dinossáurio carnívoro, com aproximadamente 75-70 milhões de anos, estreitamente relacionado ao grupo dos velocirraptorinos.

Galopim de Carvalho e Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou, em cerimónia no Palácio de Belém no passado dia 31 de janeiro, o professor catedrático jubilado António Galopim de Carvalho com as insígnias de Grande-Oficial da Ordem da Instrução Pública, ordem honorífica que reconhece a dedicação à causa da educação e do ensino.

mapa, com desenho de um dinossauro e vertebras caudais

Foi publicado recentemente na revista internacional Historical Biology um novo estudo sobre a diversidade dos dinossáurios saurópodes do Maastrichtiano da antiga ilha de Hațeg, que corresponde atualmente ao atual território da Roménia. O estudo foi liderado pelo paleontólogo Pedro Mocho, investigador no DG Ciências ULisboa, no Instituto Dom Luiz (IDL), e no Dinosaur Institute do Natural History Museum of Los Angeles County, na Califórnia.

Michele Vendruscolo, Ehud Gazit e Kresten Lindorff-Larsen

A propósito do arranque do projeto europeu TWIN2PIPSA, irá decorrer na Ciências ULisboa, entre os dias 1 e 3 de fevereiro de 2023, uma série de conferências plenárias, abertas a toda a comunidade académica, proferidas por especialistas das universidades parceiras do projeto: Michele Vendruscolo, da Universidade de Cambridge; Ehud Gazit, da Universidade de Tel Aviv; e Kresten Lindorff-Larsen, da Universidade de Copenhaga.

Artigo em homenagem ao professor do Departamento de Educação da Ciências ULisboa, Eduardo Veloso, falecido em dezembro de 2022, da autoria de Suzana Nápoles, professora aposentada do DM Ciências ULisboa.

Ana Marta de Matos

Novo artigo da autoria de Ana Marta de Matos, investigadora do Centro de Química Estrutural, do Institute of Molecular Sciences, sobre o potencial terapêutico dos antibióticos à base de açúcares, foi publicado a 24 de janeiro, na 4.ª edição da revista European Journal of Organic Chemistry, uma publicação dedicada à Química Orgânica. O artigo foi destacado na capa da revista.

Tarantula Nebula

Dois investigadores da Ciências ULisboa integram a nova direção da Sociedade Portuguesa de Astronomia, que tomou posse a 1 de janeiro.

espaço da exposição

Entrevista a José María Moreno Madrid, curador da exposição “A Porta do Pacífico: Uma viagem cartográfica pelo Estreito de Magalhães”, inaugurada no dia 3 de novembro de 2022. A exposição constitui uma mostra cartográfica sobre a construção da imagem do Estreito de Magalhães nos inícios da Idade Moderna. Pode ser visitada até junho de 2023, na Galeria de Ciências (Edifício C4).

Margarida Amaral

Margarida Amaral, professora do Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade e investigadora principal do grupo de investigação em Fibrose Quística, no BioISI, integra o Conselho de Acompanhamento Científico da Emiliy’s Entourage.

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