Temporada Portugal França 2022

Prémio Tremplin Mariano Gago para Alison Duncan e Sara Magalhães

Compreender como os parasitas prejudicam os seus hospedeiros é uma questão científica muito relevante ao nível da ciência fundamental e aplicada

Planta de tomate

É importante entender a relação dos ácaros com o seu ecossistema para conseguir prever o que vai acontecer às plantas de tomate

GJ Ciências ULisboa

“O efeito da competição e simbiose na virulência de um parasita de plantas" - um projeto coordenado pelas cientistas Alison Duncan e Sara Magalhães -, com a duração de dois anos e que irá receber um financiamento no valor de 21.000€, é um dos quatro projetos vencedores da 1.ª edição do Prémio Tremplin Mariano Gago.

Cientistas
Para Sara Magalhães o prémio simboliza uma homenagem a Isabelle Olivieri
Imagem cedida por SM

A cerimónia de entrega dos prémios acontece no próximo dia 21 de junho, na Academia de Ciências francesa, em Paris, no âmbito da Temporada Portugal França 2022, e quem o irá receber é a investigadora do Institut des Sciences de l’Evolution (ISEM) do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) da University of Montpellier, já que a professora do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa e investigadora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c), por motivos de agenda, não pode participar na cerimónia.

Para Sara Magalhães esta distinção é muito prestigiante. “Desde a Sociologia à Física Quântica, só houve quatro grupos portugueses e franceses a serem distinguidos com este prémio!”, diz.

A cientista portuguesa refere ainda que o prémio também simboliza uma homenagem a Isabelle Olivieri (1957–2016), com quem começou a trabalhar em 2004, e que orientou o seu pós-doutoramento, no ISEM/CNRS/UM e que consistiu em estudar a evolução e plasticidade fenotípica dos ácaros, nomeadamente a relação de um ácaro com a(s) planta(s). “Estou muito feliz com este prémio. Esta colaboração com o grupo francês faz parte da minha história. Parte de mim está em Montpellier e isto acontece agora porque houve esse momento anterior. É por isso uma homenagem à Isabelle e à forma como nos ‘criou’: para a Isabelle como para nós, os seus descendentes, a ciência é uma atividade colaborativa, e devemos evitar estar em competição uns com os outros, o importante é trabalharmos com pessoas de quem gostamos para juntos irmos mais longe. Para mim este prémio é uma valorização desse espírito”, conta.

Alison Duncan
Alison Duncan irá receber o prémio no próximo dia 21 de junho
Fonte cE3c Ciências ULisboa

Após terminar o pós-doutoramento, Sara Magalhães regressou a Portugal, mas continuou a trabalhar intensamente com Isabelle Olivieri. Ambas orientaram o pós-doutoramento de Alison Duncan, entre 2013 e 2014, sobre a alocação de sexo em ácaros, realizado no âmbito do projeto “Evolução da alocação de sexo em Tetranychus urticae, uma das principais pragas agrícolas (EVOLSEXALLOC)”, financiado pela FCT e pela Agence Nationale de la Recherche (ANR). Sara Magalhães comenta a brincar, que este prémio parece ter sido feito para estes dois grupos de trabalho, que nunca deixaram de trabalhar entre si.

“A nossa colaboração até ao momento investigou o papel da competição moldando a história de vida e a evolução da virulência num ácaro - Tetranychus urticae - em plantas hospedeiras. O atual projeto irá explorar a simbiose da Tetranychus urticae (Wolbachia) e do sistema imunológico do hospedeiro, sozinho e em combinação, na mediação de resultados com um competidor interespecífico, a Trypanosoma evansi”, explica Alison Duncan, mencionando ainda que este projeto também inclui Flore Zélé, investigadora do ISEM/CNRS/UM.

Flore Zélé chegou ao grupo de Ecologia Evolutiva e ao subgrupo MITE2 do cE3c Ciências ULisboa, ambos coordenados por Sara Magalhães, em 2013, para integrar a equipa do projeto EVOLSEXALLOC e realizar o pós-doutoramento sobre a bactéria Wolbachia e a alocação sexual em ácaros.  Esteve no grupo do cE3c quase oito anos.

Sara Magalhães
“Estou muito feliz com este prémio. Esta colaboração com o grupo francês faz parte da minha história", diz Sara Magalhães
Fonte GJ Ciências ULisboa

A Wolbachia é uma bactéria importantíssima, que altera algumas características dos ácaros e pode condicionar as pragas de cultura. Nesse sentido foram feitas várias experiências, inclusivamente no âmbito da consolidator grant do European Research Council (ERC), atribuída em 2017 a Sara Magalhães para explorar o sistema biológico composto por duas espécies de ácaro-aranha - Tetranychus urticae Tetranychus evansi -, que competem pela planta do tomate, trabalho esse que também contou com a colaboração do grupo francês.

“Os ácaros são parasitas de plantas. Se olharmos do ponto de vista da teoria das interações entre parasita e hospedeiro, podemos ver que há várias propriedades emergentes, que podem sair do facto de eles próprios terem um parasita ou não. Aquilo que se chama super parasitismo, isto é, um parasita que tem outro parasita, e observar como é que isso afeta a relação entre eles e o seu hospedeiro, mas também entre eles e os seus competidores”, explica Sara Magalhães.

Já existe bastante conhecimento sobre como um ácaro interage com a bactéria Wolbachia e como os dois ácaros interagem entre si, decorrente do trabalho realizado pelos investigadores do cE3c Ciências ULisboa - Inês Fragata e Diogo Godinho -, que tentaram perceber a relação de coexistência ou competição entre estes dois ácaros e a evolução dessas interações, através de várias experiências.

Também Flore Zélé em colaboração com a investigadora do cE3c Ciências ULisboa - Leonor Rodrigues -, que fez o doutoramento sob a orientação de Isabelle Olivieri e de Sara Magalhães, fizeram várias experiências relacionadas com a evolução da relação entre o ácaro e esta bactéria.

Apesar de todo o conhecimento acumulado existem ainda lacunas nesta área e compreender como os parasitas prejudicam os seus hospedeiros é uma questão científica muito relevante ao nível da ciência fundamental e aplicada, dado o impacto que pode ter na saúde humana e animal, na agricultura e no funcionamento do ecossistema.

laboratório
Os grupos voltam a olhar novamente para duas espécies de ácaros, com e sem Wolbachia e a realizar experiências minuciosas em laboratório
Fonte GJ Ciências ULisboa

Por isso, com este projeto as equipas voltam a olhar novamente para duas espécies de ácaros, com e sem Wolbachia e a realizar experiências minuciosas em laboratório. Uma parte do doutoramento em Biodiversidade, Genética e Evolução da aluna da Faculdade - Mariya Kozak - está inclusivamente relacionado com esta temática.

“É importante entender esta relação dos ácaros com o seu ecossistema para conseguir prever o que vai acontecer às plantas de tomate”, conclui entusiasmada Sara Magalhães.

A equipa do projeto premiado conta ainda com Sarah Grosjean.

Temporada Portugal França 2022 e o Prémio Tremplin Mariano Gago

É a primeira vez que o Prémio Tremplin Mariano Gago é atribuído e o seu objetivo é distinguir e aprofundar a cooperação científica existente entre grupos franceses e portugueses.

Os organizadores do prémio receberam 59 candidaturas, 31 delas foram avaliadas com o critério mais alto.

A Temporada Portugal França 2022 assinala a cooperação entre os dois países, nomeadamente nas áreas do ensino superior e da investigação, realizando uma série de iniciativas, destaque para o workshopBioinspiração - Quando a natureza inspira a humanidade", que aconteceu recentemente no Museu Nacional de História Natural e da Ciência.

Nesta edição, o júri selecionou quatro projetos. Os outros três projetos distinguidos com este galardão são "Metal-based contrast agents for specific visualisation of biomarkers in Magnetic Resonance Imaging", coordenados por Eva Jakab Toth e Mariette Pereira; "Secretomic fingerprint as Parkinson's disease early biomarker", coordenado por Thierry Galli e Nuno Raimundo; e "NanoXIMAGES", coordenado por Hamed Merdji e Marta Fajardo.     

As candidaturas apresentadas dizem respeito a programas de investigação baseados em resultados preliminares da colaboração realizada entre os grupos franceses e portugueses com detalhes objetivos e ambiciosos para o desenvolvimento desta cooperação. O valor total do prémio é 84.000€. O financiamento irá permitir entre outras atividades o intercâmbio de jovens estudantes, reforçando a colaboração entre os grupos.

Ana Subtil Simões, Gabinete de Jornalismo Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt

 Nos dias 29 e 31 de outubro de 2014 realiza-se uma reunião em Heildelberg, na Alemanha, com o intuito de apresentar os 106 novos membros ao EMBO Council.

Ano Internacional da Cristalografia 2014

O Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa associa-se à comemoração do Ano Internacional da Cristalografia.

MATEMÁTICA E ENSINO

De acordo com o Despacho do Senhor Diretor da Faculdade, a eleição do Presidente do Departamento de Matemática terá lugar no próximo dia 30 de Maio.

Conferência no dia 16 de Maio, 11h30, anfiteatro 3.2.15, Edifício C3, FCUL, Campo Grande, Lisboa.

Marta Lourenço

Marta Lourenço, membro do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia, da Secção Autónoma de História e Filosofia das Ciências e subdiretora do Museu Nacional de História Natural e da Ciência foi galardoada com a Medalha George Sarton pela Universidade de Gent.

Imagem de Octávio Pinto

O seminário integrado na disciplina de Agricultura e Florestas, do mestrado em Ecologia e Gestão Ambiental, realiza-se dia 7 de maio, pelas 11h15, no edifício C2, 2.º piso, sala 2.2.14.

Christoph Meyer

Christoph Meyer começou a trabalhar no Centro de Biologia Ambiental de Ciências, em fevereiro de 2009. A estadia em Ciências tem corrido bem.

Tectonics and Neotectonics of the western North America and Associated Hazards

Conferência no dia 29 de Maio, 12h00, sala 6.2.56, Edifício C6, FCUL, Campo Grande, Lisboa.

EuroGP2014

Stefano Ruberto, Leonardo Vanneschi, Mauro Castelli & Sara Silva foram distinguidos com o best paper award for EuroGP 2014, durante a "17th European Conference on Genetic Programming", ocorrida entre 23 e 25 de abril, em Granada, Espanha.

A Biblioteca do Conhecimento Online, celebra o seu 10.º Aniversário

“Nestas formações, ensina-se, entre outros aspetos, a detetar situações de paragem cardiorrespiratória precocemente, a saber ligar o 112 rapidamente, sabendo dizer o que é importante, e iniciar manobras básicas, como compressões torácicas para manter alguma circulação e oxigenação dos órgãos vitais até à chegada de ajuda”, explicou o formador do INEM, Rui Rebelo.

The biosphere-atmosphere interactions mediate the largest exchanges in the global carbon cycle. Understanding the role of climate and other environmental factors on the carbon cycle of terrestrial ecosystems is key for assessing vulnerabilities and future feedback into the climate system.

A reportagem multimédia “Sonhar com o futuro” inclui testemunhos de candidatos ao ensino superior e que participaram na edição do ano passado do Dia Aberto.

Carla Nunes, Maria M. M. Santos e Carlos Baleizão

Os desafios que os novos mecanismos de financiamento suscitam apelam à criação de equipas multidisciplinares e complementares que incrementem o impacto da investigação desenvolvida.

Com o objetivo de mostrar as funções, tarefas e responsabilidades do cientista, o Departamento de Química e Bioquímica, o Departamento de Biologia Vegetal  e o IBEB receberam nos seus laboratórios 12 alunos do 12.º ano do Colégio São João de Brito.

Imagem editada pelo DI

O project Lusica e a contribuição para a exposição Retro Computing no 

Pormenor do cartaz do Programa de Estímulo à Investigação 2013

Entre 1994 e 2013, a Fundação Calouste Gulbenkian atribuiu bolsas a 32 alunos da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa ao abrigo do Programa de Estímulo à Investigação. Na última edição Alexandra Symeonides e Sara Realista foram as felizes contempladas.

Alexandra Symeonides

“A Fundação Calouste Gulbenkian, com este incentivo, está a permitir-me começar uma atividade de investigação na área da análise estocástica mas, sobretudo, está a permitir-me ganhar bagagem para vir a explorar esta área em projetos a outros níveis”, reforça a investigadora do Grupo de Física Matemática da Universidade de Lisboa.

“Toda a minha formação académica - licenciatura e mestrado -, ocorreu na Faculdade e foi sem dúvida esta instituição que contribuiu para a obtenção deste prémio. Proporcionou-me os melhores ensinamentos tanto a nível pessoal como a nível científico, tendo em conta os excelentes profissionais que nela estão inseridos”, declara a cientista Sara Realista.

NASA, ESA, Hubble Heritage (STScI/AURA)-ESA/Hubble Collaboration, e A. Evans (University of Virginia, Charlottesville/NRAO/Stony Brook University)

O projeto internacional de “ciência cidadã” consiste numa plataforma online pioneira, que procura o envolvimento do público na classificação visual de milhões de galáxias.

Estudante de Ciências na biblioteca do C4

Entre os dias 14 a 21 de abril de 2014, inclusive, a biblioteca do C4 está aberta entre as 9h00 e as 17h00.

No total, contabilizaram-se 64.082 visitantes, entre estudantes, recém-licenciados e profissionais, uma subida de 19% face à edição anterior que registou 54.337 visitantes.

Pormenor gráfico do projeto NAADIR

A exposição está em exibição até 29 de junho de 2014.

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